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“Leva a coleção completa encadernada ao preço da uva mijona”, ouvimos Nuno Canavez dizer a um cliente. Nada feito. O homem só quer o fascículo em falta na sua estante. “Eu arranjo, mas tem de arrotar aí uns 20 euros”, contrapõe Canavez, 82 anos, cabelos e barbas brancas, sotaque de Trás-os-Montes como se de lá nunca tivesse saído. Como se não vivesse e trabalhasse no número 10 da Rua dos Mártires da Liberdade, no coração do Porto, desde o dia 3 de outubro de 1948. O dia em que, com 13 anos, foi admitido como marçano na centenária Livraria Académica.
Perguntamos como é que vai o negócio.
“Péssimo.”
É um otimista. Por isso, quando diz que em 69 anos de trabalho como alfarrabista nunca viu o negócio tão mau, há que acreditar. “Estar dias sem vender um livro é vulgar agora. O desinteresse é muito grande.” Desinteresse na leitura? “Na leitura e na aquisição de livros”, acrescenta. “Nós tínhamos clientes já com uma certa idade que apareciam e compravam. Hoje, desapareceram. Uns porque já morreram, outros porque perderam o interesse, ou porque já não têm espaço, ou porque não têm dinheiro.”
O que não seria dramático, se houvesse uma renovação de clientela. Não há. “É a crise propriamente dita, mas também há essa máquina que deu uma machadada que nem imagina”, explica. A máquina é o computador. Aquele que matou as enciclopédias, porque pesquisar informação agora é tão fácil — “estes 23 volumes de enciclopédia custavam 2.500€. Por 100€ ninguém lhe pega”. Aquele onde pesquisar por qualquer livro é tão mais rápido do que percorrer prateleiras de alfarrabistas. A máquina de conteúdo infinito que tanto tempo tem roubado à leitura.
Não se deve travar o progresso, diz o homem de 82 anos. “É preciso andar sempre em frente.” No caminho, os alfarrabistas estão a encontrar outra dificuldade, criada pela nova Lei das Rendas. Com os centros de Lisboa e Porto na mira dos investidores, que querem lucrar com o boom turístico, alguns negócios históricos foram despejados pelos senhorios, que depois optam por vender os edifícios ou adaptá-los a fins mais rentáveis. No início do ano, soube-se que o prédio onde funciona a Livraria Sousa & Almeida, de portas abertas na Rua da Fábrica desde 1956, foi comprado pelos proprietários do Hotel Infante Sagres, a sociedade The Fladgate Partnership. Joaquim de Oliveira Almeida, um dos fundadores, e a mulher, Maria de Fátima Cruz, estão a fazer as últimas arrumações. “Vamos fechar em fins de setembro”, confirmou ao Observador Maria de Fátima.
Mais antiga que a Académica, só mesmo a Livraria Moreira da Costa. O mais antigo alfarrabista do Porto foi fundado em 1902 e o Observador sabe que correu, recentemente, risco de fechar as portas. Miguel Carneiro, sócio gerente e descendente de quinta geração do fundador José Moreira da Costa, prefere não entrar em detalhes. Esclarece apenas que o edifício não é seu, ou seja, é arrendatário. E suspira de alívio por ter visto a histórica livraria ser “salva graças ao programa Porto de Tradição”, criado pela Câmara Municipal do Porto. Em junho, a autarquia divulgou uma lista inicial de 37 lojas, entre livrarias, cafés, mercearias, farmácias, restaurantes e ourivesarias, cuja importância histórica as entidades envolvidas no programa consideram que deve ser protegida.
“Não sei em que é que isso se vai traduzir, eles ainda estão a trabalhar. Vamos lá ver”, sublinha Nuno Canavez, que viu a Livraria Académica entrar na lista inicial de negócios que merecem ser protegidos. O programa encontra-se em fase de discussão pública e, em setembro, deverá ser aprovado em Assembleia Municipal. Tal como nos casos da Moreira da Costa e da Sousa & Almeida, o edifício da Académica é propriedade alheia. Neste caso, o dono é Fernando Guimarães Ribeiro. “Quis comprar isto mais do que uma vez, mas o senhorio não vendeu nem me deixou fazer obras para abrir a sala até lá ao fundo”.
“Sou um otimista, na medida em que me disseram que, depois da morte, a gente já não pensa em mais coisa nenhuma”, brinca, para logo a seguir vaticinar, “com certeza, o futuro encerramento de mais alfarrabistas”. O otimista acredita que o livro nunca vai acabar, e se o livro não vai acabar, os alfarrabistas também podem sobreviver, ao proporcionarem a venda de livros mais baratos. Será suficiente?
De “casa de meninas” a casa de letras
Aos quase 105 anos de vida, a fachada da Académica mete inveja a muita livraria nova. Pintada de branco, com a pedra polida e flores nas janelas, é uma casa típica da cidade, que convida a entrar. Os clientes só veem uma divisão, com prateleiras a toda a volta cheias de livros trabalhados, feitos num tempo em que as lombadas se queriam todas iguais, como uma coleção. Também há livros mais recentes, desde Richard Zimler a Paulo Coelho. Todos usados, claro. Os clientes especiais podem atravessar as duas portas laterais, onde os livros se amontoam, de forma anárquica.para olhos alheios. O andar de cima, outrora a casa de família de Joaquim Guedes da Silva, também está cheio de livros, desde o primeiro degrau das escadas até à última divisão. Há ainda uma sala com uma mesa e cadeiras que convida a tertúlias entre amigos, rodeada de livros, claro, mas também de fotografias de Nuno Canavez com Mário Soares e com outros amigos, uma pintura que alguém fez de si, reportagens sobre a livraria emolduradas e bustos de Eça de Queirós.
A história da Académica começa no dia 16 de novembro de 1912. Depois de trabalhar em algumas livrarias, o portuense Joaquim Guedes da Silva decidiu abrir a sua, nos números 75 e 77 da Rua das Oliveiras, onde atualmente fica o bar Pipa Velha. Quatro anos depois (e não um, como julgou em tempos Nuno Canavez), Guedes da Silva precisou de encontrar um espaço maior e mudou-se para poucos metros mais à frente. Desde 1916 que a Académica tem a mesma morada.
Por vezes, alguns clientes da casa antiga iam lá bater à porta, à noite. Joaquim Guedes da Silva, que morava por cima, descia para abria a porta. Os homens olhavam para dentro, viam livros, davam meia volta e nunca mais voltavam. “Antes funcionava aqui uma espécie de taberna que tinha umas meninas [risos].”
Nuno dos Santos Canavez já não é desse tempo. Nasceu na aldeia de Vale de Juncal, em Mirandela, no dia 8 de maio de 1935. O pai quis dar-lhe uma vida melhor e mandou-o para o Porto, em outubro de 1948, com 13 anos, para trabalhar de dia e estudar à noite. Já tinha feito o mesmo ao filho mais velho e estava a correr bem. E correr bem significa fugir à perspetiva de uma vida de miséria na lavoura, em Trás-os-Montes. Nesse dia, Nuno calçou sapatos pela primeira vez, entrou na carroça do pai e foram os dois até à estação de comboio, para juntos fazerem a viagem. Dali a uns dias, apenas o pai regressaria a Mirandela. Isto porque não demorou muito a arranjar emprego para o filho.
“No domingo, o meu pai comprou o Jornal de Notícias e vinha lá um anúncio para marçano na Livraria Académica. E eu vim aqui.” Ao mesmo lugar onde está agora. Naquele dia, havia mais “três ou quatro garotos” a concorrer para a vaga. Joaquim Guedes da Silva chamou-o na sua vez e perguntou-lhe: “Então rapaz, tu gostas de ler?”. Nuno Canavez explicou que, na aldeia, não tinha grande acesso a livros. Surpreendentemente, o alfarrabista chamou a assistente e ordenou-lhe que mandasse os outros rapazes embora. Estava escolhido o marçano, que começou a trabalhar naquela mesma tarde. O balcão, que hoje é do lado direito de quem entra, era ao centro, entre as duas portas e as duas inscrições que ainda hoje se mantêm: “Livraria Académica J. Guedes da Silva” de um lado, “Casa fundada em 1912” do outro.
“Mais tarde comecei a questionar-me sobre o porquê de ele me ter escolhido a mim. Acho que era por eu ser um miúdo da aldeia, sem vícios, que podia ser moldado conforme ele queria. Julgo que foi isso.” Saiu da Académica para fazer o serviço militar e durante esse período o patrão ia-lhe mandando um dinheirito. 18 meses depois, estava de volta ao Porto e à Livraria, já com outra maturidade e outros objetivos.
“Dois ou três anos depois, houve um cliente que tinha uma grande biblioteca pessoal e que me propôs abrir uma livraria no número 477 da Rua de Cedofeita.” Era a sua oportunidade de emancipação. Juntos abriram a Livraria Lusa, onde o jovem trouxe o progresso aos alfarrabistas do Porto. É que, no final dos anos 50, teve a ideia de reunir as obras mais interessantes da Livraria Lusa num catálogo. Foi um sucesso. Atento, o ex-patrão Joaquim Guedes da Silva foi buscá-lo quatro anos depois, com um aumento de salário — 1.500 escudos por mês — e uma percentagem de 10% em todas as vendas. Foram os únicos anos de trabalho que Nuno Canavez passou longe da Livraria Académica. Os catálogos que ali passou a fazer aumentaram muito as vendas, o que lhe dava um ordenado muito simpático. Continuou a fazer catálogos periódicos impressos — cerca de 500 enviados para clientes especiais, alguns no estrangeiro –, mais tarde colocou-os na Internet. A Internet não trouxe grandes resultados e Nuno Canavez vai voltar a fazer o esforço financeiro de imprimir o papel e enviar a listagem pelos correios.
Joaquim Guedes da Silva, satisfeito com o aprendiz, acabaria por dar-lhe sociedade. À sua morte, nos anos 1970, a viúva herdou um negócio de que não percebia e deixou Canavez nos comandos. Em testamento deixou-lhe depois a Académica, como reconhecimento do seu bom trabalho e lealdade. “Foi um bom patrão”, reconhece, agradecido. Não lhe pagava muito enquanto era empregado — “era a tendência dos patrões” –, mas quando Nuno Canavez quis finalmente cumprir o que o pai quis para ele, que era prosseguir os estudos à noite, Joaquim Guedes da Silva deu-lhe a mão. “’Muito bem. Quando chegar a tua hora, dizes-me, pegas nos livros e vais à tua vida’, disse-me ele. Isto não era vulgar.” Foi então fazer o curso geral do Comércio, na Escola Comercial de Oliveira Martins, onde conheceu o amigo Germano Silva. “Quando eu precisava de livros ele dava-mos.”
Miguel Torga “era muito agarrado”, Mário Soares gastava centenas de contos
Naqueles tempos, uma livraria fazia-se, sobretudo, da curadoria e do conhecimento de quem estava atrás do balcão. E foi graças a Joaquim Guedes da Silva que a Académica recebia visitantes como Teixeira Rêgo, Teixeira de Pascoaes, Jaime Cortesão, o Visconde de Vila-Moura, João de Araújo Correia, Miguel Torga ou José Régio. “Ele foi um grande mestre. Um homem que só tinha a quarta classe, que começou a trabalhar em livrarias aqui do Porto e que depois se estabeleceu ali na Rua das Oliveiras. Dizia-me: ‘Olha rapaz, tu nunca passes indiferente pelos livros. E vai lendo.'” O grande amor que Guedes da Silva tinha pelos livros passou-o para Nuno Canavez. Lê todas as noites. Miguel Torga, Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco e Aquilino Ribeiro, mesmo que este último “não seja de leitura fácil”, são os seus autores favoritos. Adora poesia. “Encanta-me”, exclama.
Houve tempos muito bons para este alfarrabista que faz parte da memória cultural da cidade. Manuel Pinto de Azevedo, presidente do Conselho de Administração do jornal O Primeiro de Janeiro, foi cliente assíduo até morrer, em 1959. “Queria coisas boas, primeiras edições, em feiras do livro comprava tudo. Quer fossem 100, 200 ou 300 contos, ele trazia sempre o dinheiro no bolso. Na altura de pagar, virava-se para um canto para tirar o maço de notas. Se não chegava, tirava outro maço do outro bolso e entregava-me discretamente o dinheiro, para eu conferir.”
José Régio só se lembra de o ver por ali “uma vez ou duas”. “Quem vinha muitas vezes era o irmão Júlio dos Reis Pereira, que como pintor assinava Júlio e como poeta assinava Saúl Dias.” Miguel Torga também por lá passava. “Era muito agarrado!”, que é como quem diz, o oposto de Manuel Pinto de Azevedo no que a largar notas diz respeito. “Não se limitava a ficar nesta divisão, queria ver tudo. Tal como o Mário Soares.” Um dia, andava o jovem Nuno Canavez a arrumar livros, quando o genro de Joaquim Guedes da Silva lhe pediu para olhar para o outro lado da montra. “Estás a ver aquele homem? É o escritor Miguel Torga.” Entrou na Académica e, a certa altura, perguntou ao rapaz de 15 anos se gostava de ler. “Gosto, sr. doutor”, respondeu. “Até já li uma parte de um livro do sr. doutor, Um Reino Maravilhoso“, sobre Trás-os-Montes. Ao perceber que o garoto era um transmontano como ele, Miguel Torga, por norma carrancudo, sorriu. “Sempre que cá vinha e não me via perguntava: ‘O meu conterrâneo, onde é que está?’.
Nuno Canavez não sabe como é que Mário Soares descobriu a sua livraria. Mas o ex-Primeiro-Ministro e ex-Presidente da República já costumava encomendar livros antes mesmo de ter lá ido pessoalmente. “Veio cá muitas vezes. Gostava de percorrer tudo, tudo!”. Em 1992, celebrou o 80.º aniversário da Livraria Académica incluindo-a no seu roteiro oficial de visita ao Porto enquanto Presidente da República. Nas compras favoritas de Soares estavam sempre livros de constitucionalismo, queda da Monarquia e implantação da República, recorda o alfarrabista, mas também autores portugueses conceituados, como Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós. Poesia também.
“Era um colecionador, procurava manuscritos, primeiras edições, livros com dedicatórias, com autógrafos… Uma vez apresentei-lhe a primeira edição de Só, do António Nobre, editada em Paris em 1892, com uma dedicatória a um advogado célebre da época, Alexandre Braga. Era um livro valioso, já não me recordo de quanto lhe pedi, e ele respondeu-me: ‘Isso é para a bolsa do Américo Amorim’ [risos].” Aquele não vendeu ao presidente, mas lembra-se que era um bom cliente. “Deixar aqui 200 ou 300 contos era banal.”
Hoje tem tantas raridades quanto clientes. Poucas. Mas vai a uma das salas reservadas buscar uma delas: a primeira edição de O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós. Custa 5.000 euros. “Em 69 anos de trabalho só tive dois exemplares na mão”, afirma, para atestar a raridade. Uma vez, há coisa de 50 anos, vendeu uma primeira edição de Os Lusíadas. “Acho que foi por 200 contos.” Uma fortuna na época. Nem de propósito, liga um cliente habitual para falar sobre O Crime do Padre Amaro. Se não tiver na sua coleção, vai comprar.
“É fácil perguntar quem vai manter isto aberto, mas só é possível se for sustentável”
O telefone toca novamente. Nuno Canavez atende e não demora a dizer ao interlocutor que “isto está péssimo”. Mas o alfarrabista não resiste. “Pronto, senhor Romariz, traga lá os livros para eu ver.” Passados 30 minutos, o homem chega com livros num saco. Valor para cima, valor para baixo, Nuno Canavez compra. Sem saber se terá algum dia retorno.
“Eu já me disse a mim mesmo: não compro mais. Não compro mais! Mas é o vício de comprar…” Compra porque aprendeu que sem investimento, sem novidades para mostrar à clientela, não se faz uma casa. O problema é que a clientela é cada vez mais escassa. E os livros são cada vez mais. Para além das várias salas cheias de livros na Académica, Nuno Canavez tem ainda um armazém na mesma rua, maior que a própria Académica, mais duas garagens. São cerca de 100 mil livros. Todos para vender. “Não sou colecionador. Não se pode ser as duas coisas, ou se é vendedor ou se é colecionador, senão estraga tudo”, ensina, sereno.
Os melhores clientes da Académica nem eram os políticos ou os escritores de nomes sonantes. Era a classe médica, os “senhores doutores”. Hoje, o público está diluído. Os muitos turistas que passam à porta não ajudam ao negócio. “Passam com a malinha a bater no chão, tá tá tá tá tá tá [imita as rodas a passarem no pavimento lá fora], não dá nada, rigorosamente nada.”
O filho de Nuno Canavez, que do pai herdou o mesmo nome, tem memórias de, em pequeno, ir depositar 100 contos — 500 euros — por dia ao extinto Banco Borges & Irmão. Hoje a Académica faz 100 contos por mês. Quando perguntamos ao pai se acredita que alguém irá continuar o negócio um dia, deposita as esperanças no filho que ali está. “É uma profissão lindíssima, estamos sempre a aprender.” Passados uns minutos, o pai ausenta-se para ir lanchar e Canavez filho abre o jogo que o pai, otimista, não abriu. Por mês, saem do orçamento 4.000 euros só para manter o negócio aberto. “É fácil perguntar quem vai manter isto aberto, mas só é possível se for sustentável”, lamenta. Atualmente, não é. A continuar assim, não haverá Porto de Tradição que salve a Académica.
O proprietário regressa. Ainda há tempo para um pouco mais de conversa, antes do final de mais um dia. Quem passa uma tarde na companhia de Nuno Canavez acaba, mais cedo ou mais tarde, a ouvi-lo falar de Trás-os-Montes. Nas férias, que se aproximam, gosta de descobrir novas aldeias, sobre as quais depois escreve e publica informação. Nem 69 anos de residência no Porto abalaram o amor pela terra onde nasceu. Voltar para lá em vida, nunca pensou. Mas, na morte, é para lá que quer ir. “Já disse aos meus filhos que gostava de ali ficar, na minha aldeia, Vale do Juncal. É lá que estão os meus familiares mais próximos, nomeadamente o meu pai, que foi a pessoa que eu mais adorei em toda a minha vida. Julgo que me irão fazer a vontade.”
Reforma é coisa em que não pensa. Nem hesita: “Enquanto puder, é aqui.” Ali, junto de toneladas de papel, de lombadas coloridas, antigas e modernas. Ali, onde se fizeram as memórias que agora partilha. “Às vezes à noite durmo mal, vêm-me à cabeça os problemas, o negócio. Mas mal me levanto, faço a barba, tomo banho, chego aqui e esqueci tudo. Estar aqui, mexer nos livros, falar com as pessoas, é o meu melhor remédio.”