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O projeto “Saúde sem Teto" surgiu em julho de 2016 para dar assistência psicológica e médica à comunidade mais vulnerável de Viseu. Neste momento, acompanha 18 pessoas em consultas num edifício no centro da cidade
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O projeto “Saúde sem Teto" surgiu em julho de 2016 para dar assistência psicológica e médica à comunidade mais vulnerável de Viseu. Neste momento, acompanha 18 pessoas em consultas num edifício no centro da cidade

IGOR MARTINS / OBSERVADOR

O projeto “Saúde sem Teto" surgiu em julho de 2016 para dar assistência psicológica e médica à comunidade mais vulnerável de Viseu. Neste momento, acompanha 18 pessoas em consultas num edifício no centro da cidade

IGOR MARTINS / OBSERVADOR

“A ansiedade não vai embora de uma hora para a outra.” O projeto de ajuda emocional que apoia pessoas frágeis e sem abrigo em Viseu

Depressão, ansiedade e muita solidão. O projeto “Saúde sem Teto” dá apoio psicológico a quem vive em grande fragilidade económica e social em Viseu.

Adelino Pereira desfia a sua história, que quer arrumar e fechar no passado para seguir em frente. Fá-lo pausadamente como se sentisse o peso e o significado de cada palavra que pronuncia. “O que este corpo já passou… não tenho 57 anos, tenho 157”, diz no fim da conversa. Teve o corpo destroçado e a cabeça em pedaços. Lidou com a separação de uma primeira relação, revoltou-se com a morte da mulher de um segundo relacionamento, viveu na rua, dormiu em carros, consumiu drogas e álcool. “Uma pessoa fica sem chão, uma pessoa acumula, degrau a degrau, vai acumulando, vai acumulando, vai acumulando… quando damos conta estamos metida numa coisa sem saber ler nem escrever.” A pessoa é ele. “A ansiedade não se vai embora de uma hora para a outra, foram muitos anos de maus-tratos ao corpo.”

Estava sozinho, era um homem sem-abrigo a estacionar carros em Viseu por trocados que gastava em álcool, em cigarros, em droga. “Estava mesmo em baixo”, recorda. Sem ninguém e sem família. Foram ter com ele e levaram-no para uma casa de acolhimento temporário. Decidiu tratar-se para tentar agarrar a vida novamente, há sete anos que tem apoio psicológico no projeto “Saúde sem Teto”, que quinzenalmente presta assistência médica e emocional à população mais vulnerável da cidade. De duas em duas semanas, Adelino Pereira não falha as consultas. “A gente fica com muita coisa entalada dentro que quer desabafar para que não volte a aparecer, para tirar aquilo que tem cá dentro… e é muita coisa…”

“Aqui, neste lugar, foi o espaço onde me consegui encontrar”, conta Solange Soares. Está em Viseu há cinco anos, viveu tempos complicados quando estava grávida, perdeu a casa e o trabalho

IGOR MARTINS / OBSERVADOR

Antónia Silva é ligeiramente mais nova, tem 52 anos, também não falta às consultas médicas e ao apoio psicológico do “Saúde sem Teto”. A ajuda faz-lhe diferença, demorou tempo a levantar-se. “Sinto-me muito melhor”, garante. Recua alguns anos para explicar o estado depressivo em que se encontrava. “Era muito fechada, muito desleixada, não tinha vontade para nada, não me apetecia comer, não me apetecia falar com ninguém, só queria estar no escuro.”

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Retrocede mais ainda, à infância. Tinha sete anos, estava na escola primária, escrevia com a mão esquerda. “Era canhota e a professora batia-me.” De nada valeu a ida dos pais à escola porque nada mudava, continuava a apanhar. “Levaram-me a um psicanalista que disse que quanto mais me batiam, pior seria, que eu não conseguia fazer nada com a mão direita.” Assim era, mas o aviso do médico não produziu efeito, a professora não entendia, insistia, forçava e batia. Nessa altura, Antónia começou a ser seguida na psiquiatria e a ser medicada para a depressão. Até hoje.

O “Saúde sem Teto” acolhe e acompanha pessoas em grande vulnerabilidade económica e social, que precisam de ajuda. Não precisam de apresentar declaração de rendimentos ou outras "provas burocráticas". Oferece acompanhamento médico e de enfermagem e apoio psicológico e psiquiátrico. Todos os utentes passam por uma avaliação de saúde mental. 

Antónia tinha 11 anos quando a mãe morreu, sentiu-se a cair num buraco escuro, sem fundo, desamparada. “Passei por umas fases que foram muito complicadas.” Cresceu, mudou de cidade, desleixou-se, alheou-se do mundo, da vida, de si. “Isto é uma coisa muito antiga, já vem de miúda”, relembra. Até a verem na rua, de robe vestido por cima do pijama, olhar perdido, sem querer saber de nada, sem saber para onde ia. Com a cabeça num trapo, vieram as doenças no corpo e, com elas, o diagnóstico de cancro, a radioterapia e a quimioterapia. Perdeu o cabelo. No apoio médico e psicológico do “Saúde sem Teto” foi encontrando razões para não deixar escapar a sua vida, com o marido, Fernando Ferreira sempre a seu lado.

A vida de Solange Soares já deu muitas voltas, apesar de ainda ser curta. Tem 22 anos e há cinco saiu de São Tomé, veio para Portugal, morou em Lisboa pouco tempo, mudou-se para Viseu. Arranjou casa, trabalho, até que perdeu o chão, o teto, a alegria. Estava grávida e sem o companheiro e sem emprego. “Não tinha aquele ânimo, eu não era eu, estava triste”, recorda. A Cáritas deu-lhe a mão, arranjou-lhe um lugar para ficar, foi referenciada para o “Saúde sem Teto”. “Aqui, neste lugar, foi o espaço onde me consegui encontrar”, conta. Conseguiu alugar uma casa, arranjar um trabalho. É mãe há um ano.

Vera Romão é médica, Jéssica Cardoso é enfermeira, prestam assistência aos utentes e escutam o que querem contar. Dão conforto e companhia

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Adelino, Antónia, Fernando e Solange são quatro das 18 pessoas atualmente acompanhadas pelo projeto “Saúde sem Teto”, da organização não governamental Saúde em Português, instituição particular de solidariedade social que direciona as suas ações para comunidades vulneráveis e em risco. O projeto surgiu em julho de 2016, primeiro para a população sem-abrigo na sua definição mais restrita, pouco depois decidiu alargar para um conceito mais lato de forma a estender a intervenção à comunidade em grande vulnerabilidade económica e social.

Desde o início, foram apoiadas mais de trinta pessoas, referenciadas de várias maneiras e por diversas vias, pela Cáritas paroquial e diocesana, pela Refood, pelos médicos de família, pelo hospital de Viseu, pelo serviço de apoio à habitação da câmara municipal. Várias estão desde o início, são acompanhadas sempre que necessário. De qualquer forma, basta aparecer e bater à porta.

Às quartas-feiras, de quinze em quinze dias, a delegação regional do centro da Saúde em Português tem as portas abertas a partir das quatro da tarde num espaço no centro da cidade, no Largo Major Teles, a dois passos da câmara e junto à Misericórdia. Há consultas marcadas e atende-se quem chega sem aviso. Joana Andrade é médica e coordenadora do projeto dirigido a pessoas sem condições de habitabilidade, em situação económica severa, em grande vulnerabilidade social. “Não temos burocracia, bastar bater à porta e dizer que precisa de ajuda”, diz a responsável. Também não há burocracia de prova em relação ao contexto económico, não é necessário mostrar declarações de rendimentos, acredita-se na palavra. “É um projeto de grande proximidade, de porta aberta, sem formulários.”

Dar colo e aconchego, conversar e desabafar

Quem ali chega, ao edifício revestido a pedra por dentro e madeira no teto, precisa de apoio. “São pessoas que vêm de um lugar de muito sofrimento emocional, de lugares de solidão, de depressão, de ansiedade”, diz Joana Andrade. “A maior parte não precisa de consulta médica, precisa de colo, precisa e conversar. Nós somos o mais próximo que têm da família.” Há histórias de consumos problemáticos, de toxicodependência, de alcoolismo. “São pessoas muito sozinhas, mesmo quando conseguem colmatar as questões de habitação, roupa, alimentação, ainda assim, vêm muito sós, com pouco suporte familiar.” Muitas vezes, os problemas emocionais são mais evidentes do que as dores físicas, do que as doenças que carregam no corpo. “Há um isolamento e uma solidão muito grandes”, adianta a coordenadora do projeto.

Todos passam por uma avaliação de saúde mental. Tiago Cruz é psicólogo voluntário da equipa, trabalha no serviço de psicologia e psiquiatria da Unidade Local de Saúde de Viseu Dão-Lafões, faz parte da equipa comunitária de saúde mental, está no atendimento duas vezes por mês. “São pessoas em situação de pobreza e de exclusão social.” Os perfis são diversos: sem-abrigo, ex-reclusos, gente em processo de luto, pessoas com traumas de infância, com historial de dependências, doentes oncológicos. “São pessoas que estão sozinhas, em grande solidão, que acabam por ventilar os seus problemas e dificuldades.”

"A minha depressão, este ano, nem se constou", garante Antónia, que casou com Fernando há dois anos. A equipa do projeto organizou a cerimónia. Adelino Pereira também é utente

IGOR MARTINS / OBSERVADOR

As condições de vida vão-se refletindo no estado emocional dos utentes do projeto. “Não têm dinheiro, não têm o que comer, não têm suporte social, não têm as condições básicas de vida”, diz o psicólogo. Por vezes, sai da sala onde habitualmente faz os atendimentos e vai para o exterior, faz passeios terapêuticos pelos jardins e pelas ruas da cidade, um lanche num café, passa as conversas para um banco de pedra encostado a uma capela, a dois passos da sala de atendimento, e para outros locais ao ar livre mais resguardados. “Adaptamos a nossa intervenção que não é feita num contexto hospitalar, não é dentro de um gabinete.”

Adelino Pereira está grato a essa equipa que o ajudou a encarar a vida de outra forma. “São uma família que arranjei aqui sem contar. Se estamos bem, eles estão bem, se eles estão bem, eu estou bem.” Telefonam-lhe com frequência para saberem dele, como está, como anda, se precisa de roupa, se precisa de comida. “São um coração que apareceu na minha vida.” O tempo de sem-abrigo não se esquece, aos poucos vai fazendo parte do passado. “Estive na rua, mas dei a volta por cima, tenho um teto para dormir, uma casa para tomar banho.”

“São pessoas que vêm de um lugar de muito sofrimento emocional, de solidão, de depressão, de ansiedade”, diz Joana Andrade, médica e coordenadora do projeto. “A maior parte não precisa de consulta médica, precisa de colo, precisa e conversar.” 

Trabalhou como jardineiro na junta de freguesia, acabou o contrato, veio para o desemprego, frequentou várias formações, de jardinagem, de agricultura. Aguarda uma nova formação em primeiros socorros, vai tratando da vida doméstica, vive sozinho. “Limpo a casa e faço o meu comer.” Continua a falar devagar como quem precisa de tempo para voltar ao que viveu. “Já ando bem, estou impecável, foi tudo à vida, estou curado do álcool há oito anos.”

Solange Soares refez a vida, o filho já fez um ano, o batizado foi organizado pela equipa do “Saúde sem Teto”. “Graças a deus, já estou bem. ” Não foi fácil, nada fácil, sentia-se desfeita por dentro. Estava grávida e sozinha, sem família por perto, sem rede. “Era um misto de sentimentos, não tinha ninguém para me ajudar, não tinha trabalho.” Estava de rastos quando começou a ser acompanhada pelo projeto. “Ajudaram a levantar-me, deram-me segurança para seguir em frente, apoio psicológico. É uma família, sem dúvida.”

Tiago Cruz é psicólogo voluntário do "Saúde sem Teto". Joana Andrade, médica e coordenadora do projeto, fala de sofrimento emocional e de solidão dos utentes, alguns acompanhados há vários anos

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As histórias são complexas. Na primeira consulta, o psicólogo Tiago Cruz debruça-se sobre o historial clínico, as dificuldades vividas no momento, como começaram e como se desenvolveram. “Mais do que os problemas físicos que têm, as pessoas precisam de ventilar”, afirma o psicólogo que adianta que “situações de ansiedade e de depressão são muito frequentes.” Regra geral, as consultas de psicologia são mais demoradas do que o apoio médico e de enfermagem. Tiago Cruz dá tempo, 50 minutos, uma hora, nesse suporte psicológico e emocional.

É uma rede que funciona entre várias instituições de Viseu. “Juntamos sinergias e partilhamos muitos utentes”, constata Joana Andrade. No início do projeto, a ajuda financeira chegava do apoio ao associativismo da Junta de Freguesia de Viseu, agora é totalmente suportado pela Saúde em Português, das quotas dos associados, campanhas de angariação de fundos e bens conforme as necessidades. A equipa é constituída por cerca de 10 profissionais de saúde: médicas, enfermeiras, psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, fisioterapeuta. Todos em regime de voluntariado.

“São pessoas muito frágeis com histórias de vida difíceis”

Vera Romão é uma das médicas voluntárias, está desde o início do projeto, faz consultas, atende os utentes, gere medicações e faz ajustes necessários, monitoriza condutas. Escuta o que lhe querem contar, por vezes além das doenças que sentem no corpo, muitas vezes feridas na alma. “Vêm mais à procura de conforto, de companhia, de uma conversa, aqui acabam por se sentirem protegidos.” São momentos que extravasam a promoção da saúde, indicações para tomas certinhas, avisos para a importância do exercício físico. É mais do que prestar apenas cuidados preventivos e de vigilância da saúde. “São pessoas muito frágeis com histórias de vida difíceis”, comenta a médica.

Jéssica Cardoso é enfermeira, dá apoio às médicas nas consultas, fala de cuidados de saúde na tentativa de mudar hábitos, como deixar de fumar ou ter uma alimentação saudável. Muitas vezes, quando não é necessária na consulta, está na sala de espera a conversar com quem ali aguarda pela sua vez. Dá orientações e escuta. “São pessoas que precisam de muito apoio, pessoas com fragilidades económicas que precisam de incentivos para resolver pequenos problemas.” “Além dos cuidados de saúde, é estimulá-los para que cuidem deles próprios”, acrescenta.

O projeto envolve voluntários na área da saúde que utilizam as suas competências e experiência para intervir na saúde física e psicológica de pessoas vulneráveis e em risco. Surgiu em 2016 pela Associação Saúde em Português que tem trabalho em ajuda humanitária e de emergência, ações de sensibilização, intervenção e integração social e comunitária.

Lembra-se bem da primeira consulta de Antónia Silva. “Veio de pijama e de robe, num estado muito depressivo, agora anda sempre arranjada, recebeu colo, demos colo ao longo destes anos, sente que tem pessoas que se interessam por elas.” E é disso que mais precisam, garante Jéssica Cardoso. Colo, atenção, companhia, sem dedos apontados. “Não estamos aqui para os julgar, já são julgados pela sociedade, estamos aqui para melhorar as suas vidas”. Na saúde e no bem-estar mental e emocional. “Nós damos, mas também recebemos muito, é perceber que se vive com pouco e que precisam de ferramentas para serem felizes.”

Na sala das consultas, com secretárias e mesas, estantes ao lado com material médico e medicamentos, conversa-se sobre a vida. Mais do que o número de atendimentos ou de pessoas, a médica Vera Romão realça o impacto do que ali acontece. “Muitas vezes, não é a abrangência numérica que é o mais importante, há sempre os que nos fogem, se conseguirmos fazer a diferença na vida de uma pessoa já valeu a pena.” São vidas desarrumadas, desestruturadas, doenças no corpo, dramas na cabeça. “Aqui acabam por sentir aconchego, conforto, e nós sentimos que estamos a fazer a diferença na vida deles.”

A equipa: Joana Lemos, Tiago Cruz, Jéssica Cardoso, Carolina Ferreira, Joana Andrade, Mariana Belo, Sílvia Antunes, Vera Romão e Mário Bernardino

IGOR MARTINS / OBSERVADOR

Antónia Silva agradece a “família” que ali encontrou. “Se me vou abaixo, telefono, se preciso do psicólogo, ligo. A minha depressão, este ano, nem se constou”, diz com um sorriso. Ao lado está o marido Fernando Ferreira. Estão juntos há 16 anos, casaram-se há dois, a equipa do projeto tratou da cerimónia, da festa, da noite da lua-de-mel num hotel da cidade com pequeno-almoço incluído. O casal não esquece o gesto, Joana Andrade foi a madrinha de casamento.

Fernando está sempre com ela, na saúde e na doença. “Ele conta muito na minha vida, se me atura nos maus momentos, também é bom para me aturar nos bons”, diz Antónia. Fernando é reservado, os pais separaram-se quando era criança, arranjou vários trabalhos, aos 11 anos estava numa quinta a tratar de animais, andou nas obras, na altura em que se carregava sacos de cimento de cinquenta quilos às costas, foi arranjando biscates ao longo da vida, sobretudo nas obras. “Sou uma pessoa muito calma. Gosto muito de estar no meu canto, cada um no seu canto”, diz de cara alegre. É o porto seguro de Antónia que continua a fazer tudo com mão esquerda, dá apenas um pequeno jeito com a direita a passar a ferro. “Aqui têm-nos apoiado muito, não podíamos estar melhor”, assegura ela. Fernando concorda.

Mental é uma secção do Observador dedicada exclusivamente a temas relacionados com a Saúde Mental. Resulta de uma parceria com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e com o Hospital da Luz e tem a colaboração do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos e da Ordem dos Psicólogos Portugueses. É um conteúdo editorial completamente independente.

Uma parceria com:

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