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Maria de Jesus viveu até aos 115 anos, tornando-se a pessoa mais velha de que há registos em Portugal
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Maria de Jesus viveu até aos 115 anos, tornando-se a pessoa mais velha de que há registos em Portugal

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Maria de Jesus viveu até aos 115 anos, tornando-se a pessoa mais velha de que há registos em Portugal

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A portuguesa mais velha de sempre viveu 115 anos. A história de Maria de Jesus, a mulher que resistiu ao tempo

Maria de Jesus chegou a ser a pessoa mais velha do mundo. Viveu todo o século XX, sofreu com a fome na Grande Guerra e não perdoou Salazar pela pobreza. Adorava arroz doce — e chegou saudável aos 115.

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Quando, no final de novembro de 2008, Maria Madalena recebeu aquele telefonema, percebeu que não ia ter descanso nas semanas seguintes: a aldeia de Corujo, onde vivia, a dez minutos de Tomar, seria subitamente catapultada para as páginas dos jornais internacionais. Nos Estados Unidos, tinha morrido Edna Parker, que, aos 115 anos de idade, era a pessoa mais velha do mundo. Telefonaram-lhe para lhe dar a notícia de que o título de “Decana da Humanidade” passava agora, por isso, para a mulher de quem Maria Madalena cuidava todos os dias: a sua mãe, Maria de Jesus, também com 115 anos. A partir do dia 26 de novembro de 2008, uma portuguesa era, oficialmente, a pessoa mais velha do mundo.

Seguiram-se dias frenéticos. “Quando ela foi declarada a mais velha, não paravam de ligar jornalistas”, conta ao Observador Pedro Miguel Costa, um dos muitos bisnetos de Maria de Jesus, neto de Maria Madalena. “Foi meio constrangedor. Foi muito cansativo para a minha avó, que tinha de abrir a porta às pessoas, arranjava sempre alguma coisa para comerem. E não eram só jornalistas. Eram também pessoas estranhas que passavam lá, paravam o carro e queriam visitá-la.”

Maria de Jesus tornara-se uma atração até para turistas — embora não o tenha chegado a perceber. “Telefonaram-me a dar a notícia, mas eu nem vou dizer nada à minha mãe porque ela não ia entender”, desabafou Maria Madalena ao Correio da Manhã em 2008, quando o caso de Maria de Jesus se tornou globalmente noticiado. Pedro Miguel Costa, hoje jornalista da SIC, recorda que a bisavó esteve bastante lúcida e autónoma até por volta dos 112 anos, mas os últimos três anos foram “um bocadinho mais difíceis”. Na reta final de uma vida tão longa que até para a própria era “estranho” ter aquela idade, Maria de Jesus já não chegou a ter “noção” da marca mundial que alcançou.

Maria de Jesus viveu até aos 115 anos na aldeia de Corujo, perto de Tomar

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O título de “Decana da Humanidade” duraria pouco mais de um mês. A 2 de janeiro de 2009, Maria Madalena chamou uma ambulância para a mãe. A supercentenária tinha acordado tranquila, tomara o pequeno-almoço como sempre e não tinha propriamente grandes problemas de saúde (o bisneto conta que a bisavó tomava apenas meio comprimido por dia até ao final da vida), mas a filha desconfiava de um ligeiro inchaço nas mãos de Maria de Jesus, que se sentia fraca. Já não chegaria ao hospital de Tomar: morreu aos 115 anos dentro da ambulância.

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Maria de Jesus viveu em três séculos diferentes. Testemunhou o final da monarquia portuguesa, a fome provocada pela Primeira Guerra Mundial, o surgimento do fenómeno das aparições de Fátima, a pandemia da Gripe Espanhola, a Segunda Guerra Mundial e o surgimento do Estado Novo. Já idosa, celebrou o 25 de Abril e nunca perdoou a Salazar pela pobreza a que condenou o país. Mais tarde, seria a visitante mais velha da Expo 98. Primeiro, foi uma “figura de referência” da família, que começou a achar graça à longevidade da mulher depois da festa do 100.º aniversário. Depois, tornou-se uma figura para o país, colocando um nome português na lista das pessoas com maior longevidade da história humana. Nunca deixou de comer arroz-doce em abundância, mas rejeitava a carne, lembra o bisneto.

Pessoa mais velha do mundo morre aos 117 anos

A tomarense continua a deter o recorde oficial da pessoa mais velha a ter vivido em Portugal (alguns registos apontam para uma mulher que terá morrido no início do século XVIII com 130 anos de idade, mas são impossíveis de verificar) e continua a ser um caso de estudo para aqueles que se dedicam ao estudo da longevidade extrema e à manutenção do ranking das pessoas mais velhas do mundo. Maria de Jesus lidera a lista dos 33 supercentenários (ou seja, que viveram mais de 110 anos) portugueses registados e chegou mesmo a estar no topo da lista de pessoas vivas mais velhas do mundo — um ranking atualmente encabeçado pela japonesa Tomiko Itooka, de 116 anos, na sequência da morte, na semana passada, da espanhola María Branyas, de 117 anos.

"A minha bisavó foi sempre aquela figura de referência de que nos lembrávamos, que acompanhámos numa fase de envelhecimento, aos 80, aos 90. Depois, chegando aos 100, começou a ter alguma piada. Ela foi ficando entre nós e, a partir dos 100, começámos a vê-la de outra maneira. Acaba por se tornar uma figura maior à medida que vai resistindo ao tempo"
Pedro Miguel Costa, bisneto de Maria de Jesus

Das memórias da Primeira Guerra Mundial à antipatia por Salazar

D. Carlos I ainda era rei de Portugal quando Maria de Jesus nasceu, a 10 de setembro de 1893, em Urqueira, no concelho de Ourém. Filha de uma mãe solteira e com poucas posses, não foi à escola e começou a trabalhar na agricultura logo aos 12 anos. Segundo o bisneto, Maria de Jesus conservaria até praticamente ao final da vida muitas memórias da sua juventude, sobretudo do tempo da Primeira Guerra Mundial e das aparições de Fátima. “Até aos 112 anos, ela conseguia ir buscar essas histórias. Viveu muito bem, com muita qualidade de vida até ao final”, conta Pedro Miguel Costa, que recorda as muitas conversas que manteve com a bisavó quando a visitava em Tomar.

“Contava-me histórias de quando tinha 18 anos. Quando lhe perguntava como é que era namorar na altura, ela respondia-me: ‘Eu queria era bailar!’ É uma expressão de que me lembro bem”, relata o bisneto, que conta como a bisavó ficou profundamente marcada pela Primeira Guerra Mundial, que começou quando Maria de Jesus tinha 20 anos. “Lembrava-se muito bem dos tempos da fome e do racionamento. Muitas pessoas passaram por isso e para as pessoas que viviam no campo era muito difícil.”

Maria de Jesus guardou também as memórias muito vivas do início das romarias a Fátima. Tinha 23 anos em maio de 1917, quando os três pastorinhos relataram as aparições na Cova da Iria, a menos de 20 quilómetros da aldeia onde Maria de Jesus nasceu. “Lembrava-se de Fátima e de como, logo após a altura do milagre, as pessoas começaram a rumar àquele sítio”, recorda Pedro Miguel Costa. “Contava-me como as pessoas se juntavam, iam pelos campos e se reuniam à volta da azinheira que lá estava, que era o ponto de encontro. Lembrava-se perfeitamente de, a seguir a esses anos de 1917, as pessoas começarem a passar a informação de boca em boca e de se dirigirem ao local, num movimento espontâneo.”

Devota de Nossa Senhora de Fátima, Maria de Jesus rezava o terço todos os dias e chegou a ser levada até ao altar do Santuário de Fátima numa celebração

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Ainda durante a juventude, um acidente fez com que Maria de Jesus ficasse cega de uma vista, algo que afetaria toda a sua vida — embora o bisneto garanta que, já centenária, a bisavó ainda era capaz de “enfiar uma linha numa agulha”.

Na idade adulta, Maria de Jesus testemunhou não só a Segunda Guerra Mundial como o surgimento do Estado Novo e a ascensão de Salazar. Viveu praticamente toda a sua vida adulta em ditadura — e foi também durante a ditadura que perdeu o marido, José dos Santos. Viúva aos 57 anos, Maria de Jesus era já mãe de seis filhos e nunca voltaria a casar.

Trabalhou sempre na agricultura e foi numa vida passada no mundo rural que teve não só os seis filhos, mas também os onze netos. Durante a ditadura, sofreu com a pobreza. “Ela ‘comeu o pão que o Diabo amassou’ numa altura em que ‘meia sardinha era o sustento de uma família à refeição’. Era o que havia, muito pouco ou nada, mas a minha mãe nunca virou a cara à luta e conseguiu criar os seis filhos que teve”, contou a filha, Maria Madalena, ao Diário de Notícias em 2008, numa reportagem a propósito do 115.º aniversário de Maria de Jesus. “O Portugal de então era muito pobre e lembro-me bem de que andávamos todos descalços, sem possibilidades de ir à escola, sem luz elétrica, sem nada.”

“Ela nunca gostou nem perdoou ao Salazar pelo sofrimento que causou ao povo”, sinalizou a filha de Maria de Jesus nessa reportagem.

O bisneto, Pedro Miguel Costa, também lembra a antipatia da bisavó relativamente a Salazar, embora a atitude fosse diferente em relação a Marcello Caetano. “Foi com Marcello Caetano que começou a ganhar a pensão e ficou muito contente”, recorda o jornalista. “Dizia que não gostava de Salazar, mas tinha simpatia por Marcello Caetano, por causa da pensão.” Em 1974, quando o Estado Novo caiu com a revolução do 25 de Abril, Maria de Jesus era já octogenária — mas ainda viveria mais 35 anos.

Maria de Jesus quando tinha 111 anos

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“Uma figura que ia resistindo ao tempo”

O jornalista conheceu a bisavó na casa da aldeia de Corujo onde Maria de Jesus viveria até ao fim dos seus dias. Nessa altura, a imprensa ainda não se tinha interessado pelo caso de Maria de Jesus, uma idosa como tantas outras. “Ela era uma avó, não tinha esse peso de ser maior de 100 anos”, lembra o bisneto, que conserva desses primeiros tempos memórias como a maioria das pessoas normais: era uma bisavó que adorava arroz doce, que cozinhava sonhos de abóbora, que tinha passado uma vida na agricultura e que gostava de passar tempo ao sol, sentada à porta de casa.

A transformação da bisavó numa figura quase mítica “foi acontecendo” com o tempo, lembra o bisneto. “A minha bisavó foi sempre aquela figura de referência de que nos lembrávamos, que acompanhámos numa fase de envelhecimento, aos 80, aos 90. Depois, chegando aos 100, começou a ter alguma piada”, recorda Pedro Miguel Costa. “Ela foi ficando entre nós e, a partir dos 100, começámos a vê-la de outra maneira. Acaba por se tornar uma figura maior à medida que vai resistindo ao tempo.”

A família de Pedro visitava Tomar com frequência. Além do Natal, que era sempre passado na companhia na bisavó, as idas à aldeia eram frequentes ao longo do ano. “Sempre nos habituámos a ter aquela figura como referência, uma figura que ia resistindo ao tempo e a tudo”, explica. Quando Maria de Jesus completou 100 anos, a família percebeu que tinha ali uma figura especial. “À medida que ia passando o tempo, havia muita atenção mediática. E isso mobilizava a família para a homenagear. Sempre que fazia anos íamos lá”, recorda o bisneto.

Maria de Jesus na celebração do seu 113.º aniversário

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Foi por essa altura que a história de Maria de Jesus chegou ao conhecimento de Filipe Prista Lucas, um jovem jurista que dedicava os tempos livres a investigar casos de longevidade extrema.

Ainda na infância, Filipe tinha começado a explorar a sua própria árvore genealógica, a descobrir que partilhava características físicas e tiques com os seus antepassados e a interessar-se pela ideia de reconstituir as linhas familiares. Através de pesquisas na internet, chegou ao Gerontology Research Group (GRG), associação norte-americana que se dedica à investigação da longevidade e à manutenção de um ranking das pessoas mais velhas do mundo. Filipe sabia que, dias antes, tinha havido notícias na imprensa portuguesa sobre Catarina Carreiro, uma mulher que acabara de completar 112 anos — mas reparou que o nome da portuguesa não constava do ranking do GRG. O jurista enviou um email para a associação a alertar para a falha, o que lhe valeu um convite para se associar ao GRG como investigador correspondente em Portugal: passaria a colaborar com o  GRG no processo de descoberta e validação dos casos de longevidade extrema.

O primeiro nome português a entrar no ranking foi justamente o de Catarina Carreiro, após um processo de validação que obriga a que haja três documentos emitidos em datas diferentes que atestem a data de nascimento (incluindo certidões de batismo ou de casamento, documentos de identidade, entre outros). “Mal coloquei o nome de Catarina Carreiro na lista, recebi um mail de uma jornalista que me disse: ‘Conheço uma senhora em Vila Nova de Gaia que é mais velha.’ Era a Maria do Couto Maia. Facilmente encontrei essa senhora também”, contou Filipe Prista Lucas ao Público em 2008. “Mais ou menos na mesma altura, saiu no jornal que Maria de Jesus tinha feito 110 anos, o que a tornava elegível para entrar.”

Filipe contactou a família “a pedir alguns dados pessoais” e rapidamente conseguiu comprovar a idade de Maria de Jesus. “Bastou pedir a certidão de batismo, de 1893, a certidão de casamento de 1919 — onde se diz de facto que em 1919 Maria de Jesus casou com 26 anos — e o assento de nascimento de uma filha, de 1924, que comprova que naquela data nasceu a filha de Maria de Jesus, que tinha então 31 anos.” Em julho de 2004, Maria de Jesus entrou oficialmente para a lista mundial dos supercentenários com 110 anos de idade. Quatro anos depois, chegaria ao topo dessa lista, tornando-se a pessoa mais velha do mundo (embora não tenha batido o recorde da francesa Jeanne Calment, que morreu em 1997 com 122 anos, sendo a pessoa mais velha alguma vez registada).

"Bastou pedir a certidão de batismo, de 1893, a certidão de casamento de 1919 — onde se diz de facto que em 1919 Maria de Jesus casou com 26 anos — e o assento de nascimento de uma filha, de 1924, que comprova que naquela data nasceu a filha de Maria de Jesus, que tinha então 31 anos."
Filipe Prista Lucas, o responsável por colocar Maria de Jesus na lista das pessoas mais velhas do mundo

Na altura, Filipe Prista Lucas contava ao Público que Portugal era um caso curioso no que toca à longevidade extrema — havendo mais portugueses na lista de supercentenários do que representantes de países com maior população, como Espanha. Mesmo não sendo especialista em gerontologia, o investigador do GRG especulava uma possível explicação: “O clima, os hábitos alimentares, a história política e social, nunca fomos palco de nenhum grande conflito.” “Em termos psicológicos, são pessoas muito despreocupadas e sempre muito bem-dispostas”, disse noutra ocasião o responsável por colocar Maria de Jesus na lista das pessoas mais velhas do mundo. “Estas pessoas parecem ter 70 quando têm 90.”

Perante uma pessoa que vive mais de um século, há uma pergunta inevitável: qual é o segredo? O bisneto de Maria de Jesus reconhece que essa foi uma questão que a família da supercentenária colocou várias vezes. “Dávamos por nós à procura de um porquê, de um ‘como é que se faz, como é que se chega lá’”, conta Pedro Miguel Costa.

Há alguns elementos que talvez possam ajudar a explicar, ainda que parcialmente, a longevidade de Maria de Jesus: trabalhou sempre no campo, viveu numa aldeia perto da natureza, nunca fumou, não bebia álcool, não bebia café e não comia carne. “Preferia sempre o peixe”, lembra o bisneto. “Mas a minha avó fazia um arroz doce fantástico e, se ela o tivesse cozinhado, a minha bisavó comia bastante. Comia mais do que eu.” Além disso, “apanhava muito sol”, diz ainda Pedro Miguel Costa. “O que ela mais gostava era sentar-se cá fora, ao sol, à porta.”

“115 anos e 114 dias é, apesar de tudo, uma bela marca”

Em 1998, Maria de Jesus, já com 105 anos de idade, tornou-se a pessoa mais velha a visitar a Expo 98. Notícias da altura dão nota de que a centenária recebeu um tratamento VIP por ser a visitante mais idosa da exposição — e uma limusina foi buscá-la a casa para a levar a Lisboa.

Nunca quis sair da casa onde viveu praticamente toda a vida, em Corujo, Tomar. “A minha bisavó, até aos 112, foi bastante autónoma e fazia a sua higiene”, lembra o bisneto. Ainda assim, foi a filha Maria Madalena, com a ajuda de IPSS locais, quem cuidou da mãe até aos últimos dias. “A minha avó às vezes ficava cansada”, diz Pedro Miguel Costa, lembrando o “desgaste” provocado não só pelos cuidados que prestava à mãe, mas sobretudo pela intensa atenção mediática a que a bisavó era sujeita à medida que envelhecia. Ainda assim, Maria Madalena recusou sempre internar a mãe num lar para idosos.

"O Portugal de então era muito pobre e lembro-me bem de que andávamos todos descalços, sem possibilidades de ir à escola, sem luz elétrica, sem nada. Ela nunca gostou nem perdoou ao Salazar pelo sofrimento que causou ao povo."
Maria Madalena, filha de Maria de Jesus

Maria de Jesus nunca aprendeu a ler nem a escrever, embora em 1994 tenha havido um movimento na aldeia para ensinar a centenária. Um professor ainda lhe deu aulas durante alguns meses, mas já não foi possível aprender muito.

A partir dos 112 anos de idade, Maria de Jesus foi-se apagando. Durante a sua vida, viu três dos seus filhos morrer. Pedro Miguel Costa recorda o enorme sofrimento da bisavó “uma vez que um filho dela morreu atropelado”. Nos últimos três anos, a supercentenária já tinha dificuldade em reconhecer os netos e os bisnetos. Católica devota, não abdicava de ouvir o terço na Rádio Renascença todas as tardes. Recebeu até ao final da vida uma curta pensão de 370 euros, já contando com todos os apoios extra da Segurança Social.

O bisneto recorda que, a partir de certa altura, a idade avançadíssima de Maria de Jesus começou a ser estranha até para a própria. “Nós metíamo-nos com ela e ela tinha uma expressão: ‘O que é que eu ando cá a fazer?’ Ela reconhecia a muita idade que tinha e mesmo para ela era estranho. Quando ela dizia isto, nunca senti que fosse porque estava deprimida ou triste. Era estranho, mesmo para ela, a idade que tinha.”

Nos últimos meses de vida, incluindo no curto período em que foi a pessoa mais velha viva do mundo, Maria de Jesus tinha já pouca consciência do que acontecia à sua volta. “Filhos, netos e bisnetos vieram no dia de Natal e almoçámos todos juntos, mas nem se apercebeu bem do que se passava à sua volta, pois não reconheceu bem os netos e bisnetos”, contou Maria Madalena ao Diário de Notícias em janeiro de 2009. “Era já como se fosse um bebé, tinha de a lavar, vestir e de lhe dar a comida à boca.”

Maria de Jesus com a filha, Maria Madalena, que cuidou da supercentenária até ao fim da vida

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No dia 2 de janeiro de 2009, Maria de Jesus acordou e “tomou o pequeno-almoço bem, mas estava enfraquecida”, relatou na altura a filha. A supercentenária “não tinha problemas de saúde”, mas Maria Madalena decidiu chamar uma ambulância “por precaução, devido a um ligeiro inchaço que lhe apareceu nas mãos”. A filha apanhou boleia de um vizinho e seguiu para o Hospital de Tomar atrás da ambulância. Já não voltaria a ver a mãe: quando chegou ao hospital, soube que Maria de Jesus tinha morrido subitamente na ambulância.

Quando morreu, Maria de Jesus tinha 11 netos, 16 bisnetos e cinco trinetos. “Esteve sempre bem até ao último dia”, resumiu Maria Madalena ao Público. “115 anos e 114 dias é, apesar de tudo, uma bela marca.”

 
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