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Serb Nationalists In Bosnia Rally In Support Of Russia
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Um homem beija uma estátua do czar russo Nicholas II, na Bósnia, durante uma manifestação de grupos nacionalistas sérvios pró-russos

Getty Images

Um homem beija uma estátua do czar russo Nicholas II, na Bósnia, durante uma manifestação de grupos nacionalistas sérvios pró-russos

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A Rússia alertou a Bósnia-Herzegovina para consequências em caso de adesão à NATO. Porquê?

Moscovo não foi de meias palavras e avisou que a Bósnia não devia aderir à NATO, correndo o risco de se repetir o “exemplo da Ucrânia”. Uma resposta do Kremlin à aproximação de Sarajevo ao Ocidente.

O aviso chegou esta quinta-feira: “A Bósnia-Herzegovina tem direito de decidir se quer juntar-se à NATO, mas Moscovo reserva o direito de reagir a tal possibilidade. Já mostrámos aquilo que pensamos com o exemplo da Ucrânia. Se houver uma ameaça, nós iremos reagir”. As palavras são de Igor Kalabukhov, o embaixador russo na Bósnia, que considera que o Ocidente está a acicatar tensões nos Balcãs.

É um aviso alarmante, numa altura de conflito armado na Ucrânia, mas não surpreendente. Já no ano passado, a embaixada russa em Sarajevo ameaçou reagir, dizendo que uma adesão à NATO seria vista como um “ato hostil”. Porquê? Na altura, a embaixada justificou esta postura afirmando que o objetivo da NATO é “lutar contra a Rússia” e que, ao juntar-se à aliança, a Bósnia estaria a posicionar-se de um dos lados de um “confronto político-militar”.

O alerta foi levado com seriedade, mas não impediu a Bósnia de manter a sua vontade de adesão à NATO — já faz parte do Plano de Ação para Membros da NATO, um programa de aconselhamento e assistência criado para os países que querem aderir. E, desde então, a União Europeia e a NATO têm feito diversos alertas sobre possíveis desestabilizações nos países Balcãs.

A postura mais agressiva da Rússia não está a passar despercebida, e cada vez mais países pedem para aderir a estas organizações. O caso mais recente foi o do Kosovo.

A postura mais agressiva da Rússia não está a passar despercebida, e cada vez mais países pedem para aderir a estas organizações. O caso mais recente foi o do Kosovo, que esta quinta-feira pediu ao Presidente dos Estados Unidos que colabore ativamente para a sua integração na NATO, uma adesão que para a antiga província do sul da Sérvia se tornou “imperativa” devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.

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Forças europeias duplicam presença na Bósnia

Mas o que mudou agora, para que Moscovo tivesse reforçado a ameaça, dando a Ucrânia como exemplo? Não só a NATO tem anunciado um contínuo reforço militar nos Balcãs, como esta quarta-feira o chefe da diplomacia europeia fez o que já foi descrito como um alerta velado à Rússia para que deixasse de tentar interferir na Bósnia, ainda que sem nunca fazer uma referência direta a Moscovo. Em Sarajevo, Josep Borrell disse às forças de manutenção de paz da União Europeia que sua presença ali “é mais importante que nunca”. “Neste momento crítico, a vossa presença aqui para apoiar as autoridades a manterem um ambiente seguro, tornou-se ainda mais importante. Mais importante do que nunca. Foi por isso que quase duplicámos a nossa presença no terreno (…) Neste momento tenso, quero afirmar às pessoas da Bósnia-Herzegovina o nosso inabalável compromisso em manter a segurança e a estabilidade”, disse.

O volume de intervenções ocidentais neste sentido levou o site EUObserver a dar conta de que se levantou “um coro de alertas sobre a interferência da Rússia na Bósnia”.

Tanto Borrell como Stoltenberg têm mostrado preocupação com a atitude do Kremlin em relação a estes países, com Borrell a afirmar mesmo ter receio de que “algo possa acontecer novamente nos Balcãs”.

No final de fevereiro, as forças de manutenção de paz europeias foram reforçadas na Bósnia, de 600 efetivos para 1.100, sendo esta uma forma de a UE mostrar o seu compromisso com a “união, integridade territorial e soberania da Bósnia-Herzegovina”, justificou Borrell. O próprio secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, já disse também que “países como a Geórgia, Moldávia e Bósnia-Herzegovina” precisam de ser mais apoiados para “seguir o caminho que escolheram livremente”.

Tanto Borrell como Stoltenberg têm mostrado preocupação com a atitude do Kremlin em relação a estes países, com Borrell a afirmar mesmo ter receio de que “algo possa acontecer novamente nos Balcãs”. E, neste contexto, a Bósnia destaca-se, sendo um dos poucos países dos Balcãs ocidentais que não faz ainda parte da NATO.

Putin e os secessionistas sérvios

Apesar da vontade oficial da Bósnia para aderir à NATO e à União Europeia, esta não é uma matéria consensual no país, composto por três grandes grupos étnicos: bósnios, croatas e sérvios — e estes últimos, apoiados pela Rússia e que representam cerca de 30% da população, querem o país numa posição neutra e fora da aliança atlântica. E, por isso, uma adesão à NATO não viria apenas irritar Moscovo, podendo também desestabilizar o país.

Analistas explicaram à Al Jazeera que o desfecho da guerra entre a Ucrânia e a Rússia pode ter reflexos internos na Bósnia-Herzegovina, um país que desde outubro está a braços com uma crise política. Tudo gira em torno do sérvio-bósnio Milorad Dodik, um dos membros da Presidência da Bósnia-Herzegovina: Dodik anunciou que a Republika Srpska (República Sérvia), uma das duas entidades políticas em que está dividido o país, vai abandonar as instituições estatais e criar instituições próprias, incluindo um exército sérvio.

"A Rússia percebeu que um conflito congelado representa um risco de segurança para a NATO e a UE, e a Rússia é o maior apoiante de manter as coisas como estão".
Željko Komšić, membro croata da Presidência da Bósnia

Uma rápida vitória de Putin vai incentivar os seus ‘proxies’ a tentarem usar violência para atingirem os seus objetivos políticos. Isto é especialmente verdade no caso de  Milorad Dodik e Dragan Covic, os aliados de Putin na Bósnia”, explicou Reuf Bajrovic, co-presidente da Aliança EUA-Europa. A comunidade internacional acredita que Dodik tem como objetivo final separar a Republika Srpska da Bósnia-Herzegovina e juntá-la à Sérvia.

Dodik nega estar sob influência russa ou ter projetos secessionistas, mas ainda esta terça-feira afirmou que a Bósnia está “incompleta, inacabada e impossível” e culpou o “nacionalismo muçulmano” pela instabilidade no país, de acordo com o EUObserver.

Já Željko Komšić, membro croata da Presidência da Bósnia, diz que esta é uma tensão que interessa a Moscovo: “A Rússia percebeu que um conflito congelado representa um risco de segurança para a NATO e a UE, e a Rússia é o maior apoiante de manter as coisas como estão”.

Neste contexto de tensão política, há quem acredite que a guerra na Ucrânia é o momento ideal para o Ocidente reforçar sua presença na Bósnia, aproximando o país de instituições como a NATO e a UE, e afastando-o da influência russa, exercida através de figuras como Milorad Dodik.

No final de fevereiro Reuf Bajrovic, da Aliança EUA-Europa, resumiu a posição Ocidental deste modo: “[A Bósnia] tem uma oportunidade de se livrar da influência da Rússia e dar o último passo para ser membro da NATO (…) O Ocidente tem de ajudar as forças pró-NATO na Bósnia a derrotarem a oposição”. Foi uma mensagem que não passou despercebida a Moscovo.

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