Há quatro classes de ativos pelos quais os investidores podem optar: depósitos, obrigações, ações e imobiliário. Depois, há ainda os fundos de investimento, que basicamente consistem em diferentes combinações destas quatro classes de ativos.
A Casa de Investimentos tem vindo a realizar uma Masterclass com o objetivo de contribuir precisamente para a educação financeira, dando a conhecer quais os melhores ativos para aplicar as poupanças. Emília Vieira, CEO e fundadora deste projeto, admite que, hoje, os depósitos têm um parco nível de rendimento. “Tradicionalmente, os depósitos perdem dinheiro para a inflação”, disse a executiva. “O rendimento associado a investimentos de curto prazo é sempre muito baixo”.
Já nas obrigações, depende da maturidade das mesmas, como explicou Emília Vieira. “Podemos estar a falar de uma obrigação a 10 anos, ou seja, estarmos a emprestar dinheiro a alguém – seja empresa ou governo – a uma década”. Mesmo assim, devemos ter a consciência de que, nas circunstâncias atuais, mesmo numa obrigação a 10 anos, vamos receber um valor muito baixinho. “Na obrigação alemã, não vamos receber nada. Vamos pagar para emprestar dinheiro à Alemanha.”, exemplifica Emília Vieira.
No caso das obrigações, há obviamente algum risco associado, desde logo o risco de crédito, ou seja, se a entidade tem condições de devolver o capital. “Uma obrigação é uma promessa – vale o que vale quem a faz […] Este é um risco muito importante na obrigação porque importa saber se quem está do outro lado tem condições de fazer face ao serviço da dívida”, esclarece a CEO.
Há ainda o risco de taxa de juro – caso as taxas de juro subam, estes ativos perdem valor, fruto terem sido emitidos com taxas de juro mais baixas, de resto o que tem vindo a acontecer. A verdade é que as pessoas tomam decisões de investimento muito pela história recente. Nos últimos 35 anos, as taxas de juro a nível mundial estiveram a cair, tornando as obrigações num bom investimento, pelos ganhos por via do preço. Hoje, o movimento é inverso. “As taxas estão a subir e o preço das obrigações cai.”
Para além do risco do emitente e da taxa de juro, há ainda outra questão que, segundo Emília Vieira, muitos investidores não ponderam. “Muitas vezes, o setor financeiro investe o dinheiro em fundos de obrigações emitidas em outra moeda. Por exemplo, hoje, para ter algum rendimento, investem em mercados emergentes, que habitualmente são emitidas em dólares. O que acresce o risco cambial”. A CEO deu como exemplo o facto de euro versus dólar poder ter variações ao longo do ano de 20%.
Investimento em imobiliário está sobrestimado
Relativamente ao imobiliário, um estudo detalhado por Robert Shiller e Karl Case, que aborda 125 anos de retorno neste mercado nos Estados Unidos, mostra que o rendimento das casas foi de apenas 0,3% acima da inflação. “As pessoas pensam que têm um rendimento muito mais elevado na área do imobiliário porque não contam todas as despesas, como o custo de reposição, conservação, impostos, … O rendimento no imobiliário está sobrestimado”. Apesar de tudo, Emília Vieira admite que o imobiliário tende a ser um bom investimento para acompanhar a inflação.
Por outro lado, e relativamente aos investidores individuais, este tipo de ativos têm ainda outros problemas associados, desde logo a pouca liquidez. “o investidor pode ter que comprometer uma parte muito grande do seu património num imóvel em determinada localidade que pode perder valor”. Aliás, outro estudo citado pela CEO – de Elroy Dimson e David Chambers, que observa o mercado desde 1900 até 2015 –, comprova que um pouco por todo o mundo o imobiliário também não foi um bom investimento.
Assim, as ações, independentemente da geografia – este mesmo estudo aborda 21 países, incluindo Portugal – foram a melhor classe de ativos para investir. Nos Estados Unidos, por exemplo, estiveram 6,5% acima da inflação. Se tivesse que organizar por risco e retorno, Emília Vieira admite que os depósitos são os que têm liquidez imediata, mas muito pouco rendimento associado. Depois, há o imobiliário, que apesar dos riscos as pessoas sentem algum conforto. Por último, as ações, com um rendimento muito mais elevado, “sendo de longe a melhor classe de ativos para investir” a longo prazo.
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