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Sir Richard Branson Rings Opening Bell As Virgin Galactic Holdings Joins NYSE
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Richard Branson, de 70 anos, antecipou-se a Jeff Bezos e vai ao espaço este domingo, 11 de julho

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Richard Branson, de 70 anos, antecipou-se a Jeff Bezos e vai ao espaço este domingo, 11 de julho

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Branson estreia este domingo as viagens turísticas ao espaço. É mais um passo na história, mas com muitos riscos

Richard Branson prepara-se para fazer história ao ir passear ao espaço este domingo. Perda de pressão na cabine ou até mesmo a explosão da aeronave são alguns dos riscos desta viagem espacial.

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“Sempre fui um sonhador. A minha mãe ensinou-me a nunca desistir e a alcançar as estrelas.”

A afirmação é de Richard Branson, o fundador do grupo Virgin — com negócios que vão desde a música à aviação e, cada vez mais, viagens aeroespaciais –, quando anunciou no início deste mês que iria no próximo voo até ao espaço da empresa que criou em 2004, a Virgin Galactic. Se tudo correr conforme o previsto — e convém realçar que os riscos, como em qualquer viagem até ao espaço, existem e são bastantes —, o empresário britânico de 70 anos vai concretizar, este domingo, o seu sonho de alcançar as estrelas e, com isso, tornar-se no bilionário a dar mais um pequeno passo na história da humanidade: o início do turismo espacial.

Branson conseguiu mesmo ultrapassar o fundador da Amazon e da Blue Origin, Jeff Bezos, que tinha antes anunciado a sua viagem para o dia 20 de julho. Na corrida pelo espaço, está ainda Elon Musk e a sua SpaceX.

Mas, apesar do otimismo de uma viagem que pode ser histórica, o risco estará sempre presente. Desde o motor do foguete que pode não arrancar, até à despressurização na cabine — um fenómeno de perda de pressão que pode levar a uma embolia — até à explosão da aeronave. Cenários extremos, mas que, numa viagem ao espaço, onde o imprevisível pode sempre acontecer, têm de ser levados em conta. E que, também por isso, vão colocar milhares de pessoas presas à emissão em direto da viagem de Branson (que o Observador também seguirá em direto).

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A viagem tem início previsto às 14h00 (hora de Portugal Continental), com origem em Las Cruces, no Novo México, nos Estados Unidos. O acontecimento histórico será transmitido nas páginas de Twitter, Youtube e Facebook da Virgin Galactic, e terá como anfitrião especial o comediante Stephen Colbert.

"Aqui, os riscos são menores, porque apesar de Branson ir aos limites do espaço, não entra em órbita. E é muito mais difícil entrar em órbita do que ir aos limites do espaço, portanto, os voos subortinais, além de mais baratos, são mais seguros"
Paulo Gil, professor de Mecânica Aplicada e Aeroespacial no Instituto Superior Técnico

“O espaço é uma experiência arriscada por si só, porque há muitas coisas que podem falhar”, sublinha ao Observador Paulo Gil, investigador e professor de Mecânica Aplicada e Aeroespacial no Instituto Superior Técnico, em Lisboa. “Estamos a falar dos limites das possibilidades, portanto os propelentes são muito agressivos e isso às vezes é difícil de controlar”, acrescenta, referindo-se a possíveis problemas nos motores ou nos depósitos.

A Virgin Galactic está ciente dos riscos e tem bem presente na memória o acidente trágico de 2014, quando o VSS Enterprise, onde seguiam piloto e copiloto, sofreu um acidente depois de um dos mecanismos ter sido ativado antes de tempo, com o aparelho a despenhar-se no deserto de Mojave, na Califórnia. O copiloto morreu e o piloto ficou ferido, salvando-se graças à ativação do paraquedas.

Virgin Galactic SpaceShipTwo Crashes During Test Flight In Mojave Desert Virgin Galactic SpaceShipTwo Crashes During Test Flight In Mojave Desert

Destroços do VSS Enterprise, que se despenhou no deserto de Mojave, na Califórnia

Getty Images

Desde então, a Virgin Galactic garante ter aperfeiçoado a sua tecnologia para evitar que acidentes semelhantes aconteçam. Este aperfeiçoamento técnico, sublinha Paulo Gil, limita os riscos. “Aqui, os riscos são menores, porque apesar de Branson ir aos limites do espaço, não entra em órbita. E é muito mais difícil entrar em órbita do que ir aos limites do espaço. Portanto, os voos subortinais, além de mais baratos, são mais seguros”, garante.

Na viagem, Richard Branson estará acompanhado por uma experiente tripulação: Beth Moses, uma engenheira aeroespacial e instrutora chefe da Virgin Galactic; Sirisha Bandla, vice-presidente para os assuntos governamentais; e Colin Bennett, engenheiro de operações especiais. Os pilotos serão Dave Mackay e Michael Masucci.

A corrida ao espaço de Jeff Bezos, Richard Branson e Elon Musk. Quem vai ganhar?

A ida de Richard Branson ao espaço culmina num longo processo de testes e operações da Virgin Galactic, que desde a sua fundação se tem dedicado ao desenvolvimento tecnológico para aprimorar as visitas ao espaço. O VSS Unity, também conhecido como SpaceShipTwo, o avião foguete que levará o empresário ao espaço este domingo, conforme conta a CNN, já completou três voos suborbitais bem sucedidos até ao momento, um deles em 2019, com a presença de Beth Moses.

Do avião-mãe ao espaço sideral, para quatro minutos de gravidade zero e uma vista sobre a curvatura da Terra

Importa, por isso, perceber como vai funcionar todo o processo. Ao contrário do que está previsto, por exemplo, na viagem de Jeff Bezos, o avião foguete onde seguirá Richard Branson não descola pelos seus próprios meios. Será levado por um avião-mãe, o WhiteKnightTwo, ou VMS Eve (curiosamente, a mãe de Richard Branson chamava-se Eve), até uma altura de 50 mil pés. Só depois disso, o avião foguete liga os motores e acelera até três vezes mais a velocidade do som, o equivalente a 3,7 mil quilómetros por hora, até chegar às 50 milhas (pouco mais de 80 quilómetros), marco onde é atingido o espaço sideral, de acordo com o governo norte-americano.

Conforme explica ao Observador Rui Moura, professor do Instituto Geofísico e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, um pouco antes de chegar ao ponto mais alto, já com o motor desligado no momento em que começa a trajetória descendente, o avião foguete entra em gravidade zero, o que dará aos passageiros cerca de quatro minutos de ausência de peso devido à força gravitacional.

“Deve ser fascinante ver o negro do espaço, por um lado, em contraste com a nitidez da Terra e a sua curvatura. A partir daquela altitude, já há a noção perfeita de que há uma curvatura da Terra notável"
Rui Moura, professor do Instituto Geofísico e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

“Depois, a cauda do avião foguete dobra a 90 graus, e ele cai da alta atmosfera do espaço até às camadas mais baixas da atmosfera, ainda dentro da estratosfera, como se fosse uma pena de badminton, de forma estável”, acrescenta o especialista, referindo que o processo termina com a cauda do avião a regressar à posição original, o que permitirá aterrar na pista como se fosse um avião normal.

A missão deverá durar entre 90 minutos a duas horas, e proporcionará uma experiência única aos tripulantes, que, além de experimentarem a gravidade zero, terão uma vista privilegiada sobre a curvatura do planeta, ainda que a mesma dure escassos quatro minutos.

MOJAVE, CA - FEBRUARY 19: Shown is Virgin Galactic's new SpaceS

O VSS Unity, ou SpaceShipTwo, da Virgin Galactic

The Washington Post via Getty Im

“Deve ser fascinante ver o negro do espaço, por um lado, em contraste com a nitidez da Terra e a sua curvatura. A partir daquela altitude, já há a noção perfeita de que há uma curvatura da Terra notável, e, portanto, é já é uma altitude em que a pessoa tem a sensação que está no espaço exterior à Terra”, afirma Rui Moura.

Depois da Virgin Galactic, a Blue Origin, de Jeff Bezos

Se tudo correr bem, a Virgin Galactic prevê fazer mais três testes este ano, antes de dar início aos serviços comerciais. No entanto, já há pelo menos 600 pessoas em lista de espera, dispostas a pagar 250 mil dólares pelo bilhete que lhes permite viajar ao espaço. De acordo com a Business Insider, entre os pretendentes a alcançar as estrelas, estão celebridades como Tom Hanks, Leonardo DiCaprio, Justin Bieber ou Lady Gaga.

E a Virgin Galactic não está sozinha na exploração deste novo mercado que começa este domingo a dar os primeiros passos. Nove dias depois de Richard Branson voar até ao espaço, Jeff Bezos, que recentemente deixou a liderança da Amazon para dedicar mais tempo à Blue Origin, será o próximo bilionário a voar até às estrelas.

Amazon CEO And Blue Origin Founder Jeff Bezos  Speaks At Air Force Association Air, Space And Cyber Conference

Jeff Bezos, da Blue Origin, tem a viagem ao espaço marcada para 20 de julho

Getty Images

O voo da Blue Origin, no foguetão New Shepard, marcado para 20 de julho, tal como o da Virgin Galactic, será suborbital, mas irá descolar pelos próprios meios (sem recorrer a um avião-mãe, como acontece no caso do SpaceShipTwo). Além disso, a nave será totalmente automatizada (sem piloto) e será a primeira vez que a empresa fará um lançamento com pessoas a bordo, com a experiência a ser semelhante à de Richard Branson, permitindo que os turistas espaciais vejam a curvatura da Terra e possam experimentar a gravidade zero.

Richard Branson e Jeff Bezos vão ao espaço em julho — e Bezos vai levar uma mulher de 82 anos que não pôde ser astronauta

Na viagem, Jeff Bezos estará acompanhado pelo seu irmão, Mark Bezos, por Wally Funk, uma mulher de 82 anos a quem na década de 1960 foi negada a possibilidade de ser astronauta por ser mulher, e uma pessoa, cuja identidade não foi revelada, que ganhou um leilão onde pagou 28 milhões de dólares para fazer parte desta aventura da Blue Origin. Trata-se igualmente de uma viagem suborbital, mas deverá ir mais longe do que Richard Branson, sendo expectável que atinja uma altitude de 100 quilómetros.

Cápsula da SpaceX com quatro astronautas a bordo chega à Estação Espacial Internacional

Nesta corrida espacial está ainda a SpaceX, de Elon Musk, o fundador da Tesla, cujos foguetes já levaram astronautas à Estação Espacial Internacional, e que prevê começar a levar turistas ao espaço em breve, entre agosto e setembro.

Um mundo de possibilidades que se abre, mas com riscos e indefinição

Com estes avanços, o turismo espacial passa a ser uma realidade, embora permaneça acessível apenas a que tem dezenas de milhares de dólares para pagar pela experiência. Se Branson, Bezos e Musk forem bem sucedidos é expectável que o número de voos suborbitais com passageiros continue a aumentar. E a Virgin Galactic prevê que os próximos sejam sem a presença de uma tripulação de cabine para garantir a segurança da experiência dos passageiros. O que, admite Rui Moura, que além de geofísico é piloto de aviões nos tempos livres, levanta algumas preocupações.

“A sensação para quem não está habituado a voar nesse tipo de aeronaves pode levar a que as pessoas fiquem bloqueadas ou em choque. E não havendo alguém que seja capaz de gerir a situação, as pessoas podem entrar em pânico”, alerta o professor do Instituto Geofísico e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. A aposta da Virgin Galactics, mas também das outras empresas que concorrem nesta área, é investir na formação dos turistas antes da viagem, de forma a garantir que tudo decorre com segurança, e que, no momento certo, estes sejam capazes de retirar os cintos e, depois de verem a vista, regressar aos respetivos lugares.

Afinal, onde vai parar o Tesla que Elon Musk enviou para o espaço?

Paulo Gil nota que quanto mais voos forem feitos, menores serão os riscos no futuro, uma vez que as falhas poderão ser corrigidas gradualmente. Contudo, existe sempre o risco de, numa dessas viagens com turistas espaciais, que pagaram milhares de dólares para ali estar, poder acontecer um acidente, o que poderá ter graves consequências.

“É evidente que o primeiro que falhar e matar pessoas, pode também matar o mercado. O risco não é muito elevado, porque as pessoas esforçam-se para que esse risco seja minimizado, mas o risco existe sempre”, sublinha o professor de Mecânica Aplicada e Aeroespacial no Instituto Superior Técnico.

Jeff Bezos será um dos passageiros no primeiro voo espacial da Blue Origin

O turismo espacial ainda dá os primeiros passos, mas muitas questões começarão a ser levantadas nos próximos tempos, nomeadamente os seguros para os passageiros, conforme nota a Reuters. Estarão as seguradoras dispostas a entrar neste negócio? Quanto tempo até uma viagem suborbital acarretar o mesmo risco de uma viagem de avião? A viagem de Richard Branson e da sua tripulação neste domingo, que tem como objetivo testar a “experiência do consumidor”, marcará uma nova etapa na procura de respostas. A corrida ao espaço dos bilionários está em curso.

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