Ricardo Araújo Pereira chega a Seia, distrito da Guarda, ao volante do seu carro. Estaciona à porta do cine-teatro, no centro da cidade, descarrega uns caixotes cheios de livros que traz na bagageira (para oferecer a todos os espectadores) e entra na sala com capacidade para cerca de 300 pessoas, distribuindo cumprimentos aos técnicos que o aguardam para os testes de som e luz. Faz tudo isto em poucos minutos. Quem não souber que hoje há ali um espetáculo com um dos mais reputados comediantes do país, também não é pelo aparato que o vai perceber. “Às vezes a malta da organização diz-me que vai reservar uma série de lugares de estacionamento e pergunta quantos são. Como se eu fosse os Rolling Stones. Na verdade é só o meu carro. É uma coisa sem qualquer espécie de glamour”, confessa ao Observador, entre risos, no pequeno camarim atrás do palco da Casa da Cultura de Seia, enquanto janta uma sandes mista e uma garrafa de água. “Gastronomia tradicional aqui da Serra da Estrela”, brinca.
No camarim, uma pequena sala de paredes brancas com um sofá azul, antigo e gasto, duas cadeiras de madeira, uma mesa e um espelho, Ricardo prepara-se para a segunda noite do espetáculo solidário “Uma conversa sobre assuntos”, uma digressão que vai percorrer ao longo do próximo mês várias localidades do centro do país que foram afetadas pelos incêndios deste ano. O dinheiro angariado (cada bilhete custa 10 euros e os espetáculos até ao final de novembro já estão todos esgotados) reverte na íntegra para as vítimas da tragédia.
“E o que é que é maravilhoso? É que um senhor, que quer manter-se anónimo, perguntou-nos quanto é que nós contávamos angariar — nós contabilizámos o número de pessoas nas salas já confirmadas — e ofereceu outro tanto. Com isto já ultrapassámos largamente a barreira dos seis dígitos. Não é muito, não. Mas faz-me pensar, ao voltar para Lisboa às duas da manhã como ontem depois do espetáculo na Figueira da Foz, que ao menos se fez qualquer coisa. Se calhar com este espetáculo já deu para arranjar um telhado ou dois”, comenta. A digressão já tem dez espetáculos agendados, mas é possível que ainda sejam marcados mais. “O telefone da Anabela [a agente de Ricardo] não pára de tocar, com muitos concelhos a perguntarem se podemos lá ir. Não sabemos ainda como vai ser”, explica.
Como montar uma digressão em menos de uma semana
A ideia de fazer esta digressão surgiu da cabeça do próprio Ricardo Araújo Pereira e todo o espetáculo foi montado em menos de uma semana. Foi no dia 17 de outubro, terça-feira, dia em que muitos incêndios ainda lavravam um pouco por todo o país e o número de vítimas mortais desta segunda grande tragédia já tinha ultrapassado as quatro dezenas, que tudo começou. O humorista estava em casa a ver notícias na televisão quando pegou no telefone, marcou o número da sua amiga e agente, Anabela Ventura, e lhe disse qualquer coisa como: “Tenho de fazer alguma coisa, vou fazer um espetáculo solidário”.
“Estava a ver aquelas reportagens nos canais de notícias e era tudo muito impressionante. Uma pessoa fica com vontade de fazer alguma coisa, mas com aquele sentimento de impotência e de pensar que não pode fazer nada. Mas eu pus-me a pensar. Será que não posso fazer nada? Se calhar até posso”, lembra Ricardo. Do outro lado, ouviu um sim imediato. “Eu disse logo que sim e no dia seguinte de manhã comecei a fazer contactos para câmaras municipais. Bastava olhar para o mapa dos incêndios e percebemos onde devíamos ir. Eu decidi meter-me logo nisto porque também queria ajudar. Ele ajuda com o trabalho dele e eu ajudo com o meu”, recorda Anabela Ventura.
Daí até ter um calendário fechado, tudo foi feito em menos de uma semana. “A recetividade das autarquias foi fantástica, disponibilizaram logo as salas de espetáculo e foi muito fácil preparar tudo”, lembra Anabela. Contudo, faltava um pormenor: afinal, o que fazer em cima do palco? “Eu não sabia bem o que fazer. Queria que isto fosse, de facto, uma conversa”, explica o humorista. Acabou por planear uma coisa muito simples, até porque diz que não é “um animal de palco”. É um púlpito, um microfone, meia dúzia de papéis com notas e um PowerPoint com umas imagens e palavras sobre as quais tem algumas rábulas preparadas. Uma espécie de conferência cómica que repete algumas fórmulas habituais, mas que vive sobretudo das perguntas do público. “Quero divertir as pessoas”, resume.
Não se fala da tragédia. “Isso é o pano de fundo. Toda a gente sabe porque é que estamos aqui, qual foi o motivo que levou a este espetáculo. Mas talvez seja bom haver aqui uma ou duas horas em que se pensa noutra coisa”, sublinha Ricardo, lembrando a devastação que viu no caminho que o trouxe até Seia. “Morreram cento e tal pessoas. Não me ocorre que haja coisas para dizer sobre a tragédia que façam rir esta plateia.”
Estamos em cima do palco, com a sala ainda vazia, e é o próprio Ricardo Araújo Pereira quem nos convida a descer aos camarins. “Ó Anabela, estou lá dentro no camarim com estes senhores. Olha, já agora, posso pedir o quadro no início?”, grita para o fundo da sala. O “quadro” é um dos slides que projeta durante o espetáculo. “Não pode ser, Ricardo, eles têm de passar aquilo por ordem”, responde Anabela, do outro lado da sala. “Bom, seja o que Deus quiser”, desabafa o humorista. “Olha, vai para o camarim que temos lá comida para ver se comes qualquer coisa antes”, diz-lhe ainda a agente.
“Como vê, a minha equipa é a Anabela”, comenta Ricardo, entre risos, a caminho do camarim. “Foi a ela que eu telefonei na tal noite em que me lembrei de fazer isto para lhe dizer: ‘Ó Anabela, então e se nós fizéssemos aqui uma coisa sem tu ganhares qualquer espécie de dinheiro, sem que isto renda nada a ninguém?’. De maneira que cá estamos”.
Todo o dinheiro angariado com estes espetáculos será aplicado na reconstrução do património perdido e no apoio às vítimas por uma comunidade intermunicipal do centro do país, em estreita colaboração entre as autarquias e o próprio Ricardo Araújo Pereira. “Temos um apoio jurídico que nos permite monitorizar o destino do dinheiro. É que uma das coisas que me fez mais confusão quando foi aquele concerto solidário no Pavilhão Atlântico é que aquilo gerou uma boa receita e de repente ninguém sabia onde é que tinha ido parar o dinheiro. Portanto, a ideia agora é evitar isso. Este apoio jurídico vai fiscalizar e monitorizar a aplicação do dinheiro em conjunto com as autarquias. As famílias que recebem a ajuda são identificadas localmente e o destino do dinheiro é verificado”, explica.
“Não sou a Miss Universo. Não venho com aquele discurso do ‘cá estamos’ e tal”
“Já passam sete minutos das 21h30”, diz Ricardo Araújo Pereira, enquanto olha preocupadamente para o relógio. A agente tranquiliza-o: “As pessoas ainda estão a entrar, deixa-as entrar e sentar-se com calma”. RAP, a sigla pela qual é conhecido, rejeita uma cerveja que lhe é trazida para acompanhar a sandes mista, a única coisa que janta após conduzir mais de duas horas desde Lisboa. “Não bebo cerveja antes do espetáculo, não. É melhor não. Tenho medo que depois saia, com o estado em que eu lá estou em cima”, argumenta. Fica ansioso antes de subir a palco?, perguntamos-lhe. “Bastante… A Anabela vem sempre a resmungar comigo no caminho. A dizer ‘lá estás tu outra vez a achar que vai correr mal’. De facto as pessoas não têm muito esta ideia, o que só quer dizer que disfarço muito bem.”
Este espetáculo em concreto tem potencial para aumentar ainda mais os nervos do humorista, uma vez que está exposto a qualquer tipo de pergunta por parte do público. “Esta questão de as pessoas fazerem perguntas tem os dois lados, no fundo. Por um lado fica mais difícil, porque é sem rede. Mas, por outro lado, o facto de ser sem rede também desculpa mais isto. As pessoas percebem que isto de facto é uma coisa feita assim de repente, mas como é uma coisa de repente também não estão à espera que isto seja Tolstoi”, detalha.
Sobre aquilo que pretende apresentar às pessoas neste momento difícil para a região, RAP é pragmático. “Não sou a Miss Universo. Não venho com aquele discurso do ‘cá estamos’ e tal”, atira. Para Ricardo, o mais importante é mesmo vir aos locais onde as coisas aconteceram. “Quando foi o tal concerto no Pavilhão Atlântico, muita gente destas zonas disse ‘façam aqui também’. E há dois motivos. É que estas pessoas também querem participar na ajuda e também querem que haja gente a vir aqui atuar. Há bons equipamentos, há salas de espetáculos fora das grandes cidades”, destaca, lembrando que nunca tinha atuado em Seia antes.
A digressão montada em menos de uma semana esgotou todos os espetáculos em menos de nada. “Aliás, acho que em Viseu até já mudaram para o pavilhão multiusos. Vai ser mais complicado fazer este tipo de coisa do ‘então, o senhor diga lá’, do falar com as pessoas. Aqui é melhor, acho eu”, comenta.
É frequente ouvir da boca de Ricardo Araújo Pereira demonstrações de modéstia exageradas. “Se a mim me dissessem que podia dar 10 euros, ver-me a atuar e ajudar as vítimas dos incêndios, eu perguntava se podia dar 20 euros e não ter de ver o espetáculo“, atirou, por exemplo, na estreia do espetáculo, na Figueira da Foz.
“Não sou uma estrela”, diz ao Observador. Mas é, e sabe-o. “Claro que reconheço que as pessoas gostam de mim e isso é muito lisonjeiro e simpático. Aprecio sobretudo a maneira como as pessoas me recebem, a vontade de me enfiarem comida regional no bandulho quando eu chego um bocadinho antes. Tudo isso é muito simpático e não vou fingir que não é”, admite. Mas, desta vez, Ricardo rejeita tudo o que sejam luxos. Anda no seu carro, regressa a Lisboa todos os dias para não ter de cancelar os restantes compromissos e nem ele nem a sua equipa vão receber um euro por esta digressão.
“Como é óbvio, estas plateias não vão ter vítimas dos incêndios. Vai haver gente que foi afetada de forma indireta, mas sobretudo gente que quer ajudar”, explica Ricardo Araújo Pereira. “Até porque o país é muito pequeno e toda a gente conhece alguém ou tem um amigo que é de uma zona afetada ou, de uma forma ou de outra, ficou preocupada com alguém. Eu dei por mim a ligar a amigos e a perguntar se estava tudo bem com eles e com as famílias várias vezes”, lembra. “É uma coisa que afetou o país inteiro e a ideia é estarmos aqui uns para os outros.”
Na zona de Viana do Castelo, de onde a família é natural, também houve uns sustos. “Aquela zona não foi gravemente afetada, mas houve lá algumas coisas. E isto fez-me lembrar muito da minha avó e de quando eu era pequeno. A minha avó, como toda a gente que não é da cidade, tinha uma sensibilidade especial relativamente a este tipo de catástrofe, porque sabia o que é viver do campo. E lembro-me bem da irritação que ela sentia. Ela até tinha uma proposta de castigo para os incendiários que, infelizmente, é inconstitucional”, lembra Araújo Pereira, a poucos minutos de entrar em palco. “Está quase na hora”, avisa a agente.
Ainda há tempo para uma entrevista com um canal de televisão regional antes de um dos técnicos do cine-teatro vir ao camarim anunciar que está tudo pronto. “Assim que quiser começar, já pode”, diz. “Vamos a isso, vamos a isso”, responde Ricardo Araújo Pereira. Veste o casaco, percorre os poucos metros até à entrada lateral do palco e aguarda, já no escuro da antecâmara entre os bastidores e o palco, pela indicação dos técnicos. Enquanto não avança, pega no telemóvel para ver o resultado do Benfica. “Ganhámos, pá, ganhámos.”
A estreia na Figueira da Foz. “Obrigado por terem vindo, mas eu não tenho nada a dizer”
Um dia antes de Seia, Ricardo Araújo Pereira levou a estreia de “Uma conversa sobre assuntos” à Figueira da Foz, um concelho que perdeu uma grande parte da mata nacional de Quiaios, o seu principal património natural. Por volta das 21h00 já o Centro de Artes e Espetáculos (CAE), batizado em homenagem ao antigo presidente da câmara Pedro Santana Lopes, se enchia de gente, que ia aproveitando para passar os olhos numa exposição de fotografias no hall de entrada ou para tomar café no restaurante com vista para o Parque das Abadias, o grande corredor verde que atravessa a cidade de norte a sul.
A marcação dos espetáculos, feita em menos de uma semana, não permitiu cancelar outros compromissos. Por isso, àquela hora, Ricardo Araújo Pereira ainda vinha na estrada. Só tinha saído de Lisboa já depois das 19h30, hora a que terminou uma aula de escrita humorística na Universidade Nova de Lisboa, e insistiu em conduzir ele próprio o carro que transporta a pequena equipa que o acompanha.
Os 832 lugares do Grande Auditório do CAE esgotaram menos de um dia depois de terem sido colocados à venda. Junto às várias portas, de bilhete na mão, dezenas de pessoas aguardam pacientemente a abertura da sala. É o caso de João Ferreira, 31 anos, que se assume um fã de Ricardo Araújo Pereira apesar de nunca o ter visto ao vivo. “Não fazemos a mínima ideia do que vimos ver, é um espetáculo novo, e o que é fascinante é isso. É não saber ao que vimos”, comenta o figueirense.
“Por outro lado, o facto de ser um espetáculo solidário também é um dos fatores que nos traz aqui. É bom para nós, porque vimos a um espetáculo, e é bom também porque estamos a ajudar”, acrescenta João, que, tal como a maioria das pessoas na Figueira da Foz, não foram diretamente afetadas pelos incêndios. “Felizmente, sou daqui da cidade e não fui afetada, nem eu nem a minha família”, comenta Emília, uma senhora bem arranjada, de ar chique, que se aproxima da porta para tentar ver se ainda falta muito para conseguir entrar.
“Vim cá sobretudo para ajudar. Já vi o Ricardo numa divulgação de um livro, não acompanho muito o trabalho dele, mas vim para ajudar quem precisa. Felizmente não fui afetada mas há muita gente no concelho que foi”, destaca a figueirense.
Quem também está naquele hall de entrada à espera da abertura das portas é João Ataíde, o presidente da câmara da Figueira da Foz. Com um ar presidencial, fato e gravata, vai cumprimentando os muitos que a ele se dirigem, mas não esconde a consternação que tem vivido nos últimos dias.
“O valor dos prejuízos é incalculável”, diz ao Observador. “Para nós é muito gratificante que o arranque deste espetáculo seja aqui na Figueira da Foz. Fico muito agradecido pela atitude do Ricardo Araújo Pereira de querer oferecer este espetáculo à região”, destaca, revelando que os fundos angariados com o espetáculo vão “engrossar um fundo que já se criou na comunidade intermunicipal”.
João Ataíde lamenta sobretudo a “perda do património natural”. “Numa altura em que estávamos a apostar fortemente na valorização da região, da economia local, das empresas, queríamos entusiasmar novos pólos de pequena economia assente no património da região, e perde-se tanta coisa”, diz o autarca, com alguma amargura na voz. “Mas não tivemos vítimas mortais na Figueira da Foz, o que é uma boa notícia no meio desta tragédia”, remata.
No interior da sala de espetáculos não há nem uma cadeira vazia. A espera prolonga-se até perto das 21h50, altura em que, com cerca de 20 minutos de atraso, finalmente as luzes se apagam. Ninguém sabe bem o que irá acontecer nas próximas horas — o nome do espetáculo, “Uma conversa sobre assuntos”, não é suficientemente revelador e a própria agente do humorista confessa que, por ter sido tudo feito tão em cima da hora, também não sabe bem em concreto em que consiste o espetáculo.
O palco é algo desconcertante: apenas um púlpito com um microfone do lado direito, como se se tratasse de um cenário de um discurso qualquer aborrecido. Não há, por um lado, a parafernália que indica um espetáculo produzido ao pormenor, mas também não há aquela simplicidade do palco vazio com um microfone ao centro a que os espetáculos de stand-up comedy nos habituaram. Apenas um púlpito de onde, aparentemente, o humorista fará todo o seu espetáculo. Ricardo viria a fazer pouco desse ambiente também, perguntando à audiência: “Isto já parece é uma conferência da Gulbenkian, não é?”.
O humorista entra em palco ao som de um enorme aplauso e dirige-se ao microfone para dizer as únicas palavras sobre os incêndios que o ouviremos dizer durante toda a noite. “Quero agradecer a todos vocês por terem vindo cá”, começou, dizendo-se “verdadeiramente comovido por a sala estar cheia”. “Eu pensei que devia fazer qualquer coisa mas não tenho nada a dizer, por isso preciso da vossa colaboração”, desculpou-se logo ao início.
E assim foi. Após cerca de meia hora de considerações humorísticas sobre uma série de assuntos, desde a luta contra as drogas à gramática da língua portuguesa, Ricardo Araújo Pereira abriu a discussão à plateia. Não havia guião e o humorista prestou-se a responder a todo o tipo de perguntas. De “aceitaria um beijinho de Marcelo Rebelo de Sousa?” a “o que acha dos plágios do Tony Carreira?”, passando pelos clássicos “há limites para o humor?” e até por um “pode dar um recado meu ao Pedro Mexia no próximo Governo Sombra?” ou “prefere uma imperial com tremoços ou amendoins?”, Ricardo Araújo Pereira prestou-se a falar sobre tudo, e transformou todos os temas em sketches improvisados.
De incêndios e tragédias só voltaria a falar no final, para uma breve repetição do agradecimento inicial. “Não me vou esquecer disto. Agradeço aos figueirenses por terem enchido uma sala deste tamanho.” E saiu de palco, tal como entrou, sob uma chuva de aplausos. À saída, o sentimento geral é de satisfação com o espetáculo, que durou mais de duas horas. “Ainda pensei que houvesse gente a sair a meio, mas parece que aguentou tudo até ao final”, comentaria o humorista com o Observador, no dia seguinte, em Seia.
“Nota-se que foi preparado à última da hora”, diz Miguel Costa, figueirense de 25 anos, que gostou particularmente da “interação com o público, que foi muito boa, porque ele no fundo expôs-se a qualquer tipo de pergunta. Não estava à espera que fosse assim tão aberto a responder às perguntas todas”.
Marcelo Carvalhas, também de 25 anos, diz que “o espetáculo foi o Ricardo Araújo Pereira a ser ele próprio”. “É este o estilo dele, a falar sobre as coisas com humor”, sublinha. “E acho também que foi uma atitude muito nobre da parte dele. Não só entregar o dinheiro a quem precisa, como também vir fazer os espetáculos nos sítios que foram afetados pelos incêndios. Esta gente precisa de ânimo”, acrescenta o jovem.
Atrás do palco, e após um breve encontro com o presidente da câmara para os agradecimentos da praxe e para uma conversa mais séria sobre o destino a dar aos fundos angariados, o humorista, visivelmente cansado, ainda insiste em ir a conduzir até Lisboa, mas acaba por ceder à agente. Afinal, foram mais de duas horas em cima do palco. “As pessoas pagaram dez euros, tem de ser uma coisa em condições”, comenta com o Observador, antes de se pôr a caminho da capital. Vai ser assim por umas semanas. Por uma boa causa.