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É apresentado como uma demonstração clara da “unidade, força e determinação” dos países membros da Aliança Atlântica. O objetivo do exercício militar de quatro meses, que começa a 22 de janeiro, é a proteção mutua dos “valores e ordem internacional assente em normas” de todos os membros da NATO, mas não é por acaso que os locais escolhidos para os destacamentos se localizam em países da Europa Oriental, junto à Rússia. Portugal, um dos membros fundador da aliança de defesa internacional, vai destacar 37 militares para os treinos que decorrem na Polónia, Roménia e em diversos outros pontos da Europa.

O que é o ‘Steadfast Defender 2024’?

A NATO iniciou esta segunda-feira um conjunto de manobras militares em grande escala batizadas de ‘Steadfast Defender 2024’ , que se traduz, em português, para “Defensor Firme 2024”. Vão participar no exercício todos os 31 Estados-membros da Aliança Atlântica e ainda a Suécia, cujo processo de adesão à organização ainda não está concluído. A operação vai decorrer em vários países e coincide com o 75º ano da criação da NATO.

De acordo com o general norte-americano Christopher Cavoli, “a Aliança demonstrará a sua capacidade de reforçar a zona euro-atlântica através da deslocação transatlântica de forças da América do Norte”. O representante da organização garante que este reforço decorrerá no âmbito de um “cenário simulado de conflito emergente” contra um “adversário de dimensão comparável”. A Rússia não é nomeada diretamente pelos diversos representantes da NATO, mas a referência é clara tendo em conta o atual conflito na Ucrânia, que decorre desde 24 de fevereiro de 2022.

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O princípio da defesa coletiva está no centro do tratado fundador da NATO. Para tal, a organização planeia e executa exercícios militares com o intuito de preparar comandos e forças para operações em diversos cenários, de paz, crise e conflito.

Qual a contribuição portuguesa para o exercício militar de grande escala?

A Forças Armadas Portuguesas preveem a integração, no âmbito do exercício ‘Steadfast Defender 2024’, de 20 militares do Exército, na Polónia, durante abril e maio, “com o objetivo de treinar a projeção de forças”, como explicou fonte oficial ao Observador.

Em maio, na Roménia, vão participar “no reforço de capacidades de apoio de combate e serviços”, através de uma atividade de treino de operações de índole defensiva, mais 15 militares da Força Nacional destacada naquele país, assinala a mesma fonte.

Adicionalmente, Portugal contribui para a realização deste exercício com um militar para integrar a célula de planeamento de Operações no Estado-Maior Conjunto do Comando NATO, em Norfolk, no Reino Unido, e com um elemento embarcado como membro do Estado-Maior do Comandante do Standing NATO Maritime Group.

Atualmente, as Forças Armadas Portuguesas têm destacados em permanência 240 militares da Marinha, do Exército e da Força Aérea em diversas missões no âmbito da NATO.

Quais os meios mobilizados para o exercício militar?

Segundo a Aliança Atlântica, vão participar, a partir desta segunda-feira e até maio, cerca de 50 navios de guerra, 80 aviões e 1.100 veículos de combate de todos os tipos. Estima-se que participem nos exercícios militares 90.000 soldados dos exércitos dos 32 países.

Está em causa o maior “jogo de guerra” desde o exercício Reforger em 1988, em plena Guerra Fria entre a União Soviética e a Aliança Atlântica. A termo de comparação, há 35 anos foram destacados 125.000 militares para os treinos militares.

Qual o papel do Reino Unido no Steadfast Defender?

O secretário da Defesa britânico, Grant Shapps, confirmou na semana passada que o Reino Unido vai enviar 20.000 efetivos do Exército, da Marinha e da Força Aérea para as manobras militares que decorrem até maio.

O Governo britânico divulgou também a mobilização de oito navios de guerra e submarinos e mais de 2.000 marinheiros. Mais de 400 Comandos dos Royal Marines serão enviados para o Círculo Polar Ártico, no centro de um grupo de trabalho anfíbio, concebido para aterrar no extremo Norte e “defender a aliança num dos ambientes mais adversos do mundo”.

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O maior número de operacionais será destacado do Exército Britânico — 16.000 soldados — colocados em toda a Europa Oriental de fevereiro a junho de 2024, levando consigo carros de combate, artilharia, helicópteros e pára-quedas. Da Força Aérea Real britânica vão ser utilizadas aeronaves modernas, com o objetivo de praticar “voos em cenários simulados de conflito contra adversários próximos, comprovando sua capacidade de dissuadir e defender-se contra ameaças”.

Que meios vão outros países mobilizar?

Uma das contribuições mais consideráveis para o Steadfast Defender é dada pela Polónia, um dos países que faz fronteira com a Ucrânia e que, por isso, tem necessidades de Defesa acrescidas. O país onde vão decorrer parte dos exercícios destacou 15.000 soldados para uma missão batizada de “Dragão-24”. À formação militar juntam-se vários milhares de soldados de países aliados – incluindo americanos, britânicos, franceses, alemães, espanhóis, eslovenos, turcos e albaneses. Este exercício em concreto contará com elementos das forças especiais, forças de defesa territorial, força aérea e soldados navais que realizarão operações em terra, no ar e no mar.

O Canadá, um dos 12 membros fundadores da NATO, vai contribuir com 1.000 efetivos das forças armadas para os exercícios a decorrer na Europa. Envia ainda uma fragata da Marinha Real Canadiana e o Grupo de Batalha de Presença Avançada da Letónia, liderado pelo Canadá e composto por 1.200 soldados de 10 países.

Já a Alemanha vai contribuir com 12.000 militares. Esta mobilização é tida como o maior exercício das forças terrestres alemãs desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022. Os soldados alemães vão treinar – visíveis ao público – para alertar e mobilizar forças terrestres nacionais e multinacionais. Segundo o Exército alemão, este é um contributo significativo para a dissuasão no flanco oriental da Aliança Atlântica.

Como está a reagir a Rússia aos exercícios preparatórios da NATO?

Desde que são conhecidas as intenções da NATO para a concretização deste exercício de grande escala, a Rússia ingressou numa campanha de informação que procura classificar as ações da organização como provocatórias.

As conclusões são do Instituto para o Estudo da Guerra, de 19 de janeiro.”A operação de informação russa destinada a pintar como provocatórias as acções defensivas da NATO em resposta à verdadeira agressão russa no flanco oriental da NATO procura desviar a atenção da recente retórica e comportamento agressivo da Rússia “, assinala o instituto norte-americano.

O ministério dos Negócios Estrangeiros de Putin entende que os exercícios a decorrer perto das fronteiras da Rússia, são uma “demonstração de força” à sua porta. A retórica e o comportamento do Kremlin intensificaram-se durante a invasão da Ucrânia, com Vladimir Putin a identificar o Ocidente como o “inimigo” da Rússia e a insinuar que as ações da Rússia se destinam a derrotá-lo e aos países que com ele colaboram.