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Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Arruada em Setúbal do Partido Socialista, António Costa, secretário-geral do PS e candidato a primeiro-ministro. As eleições legislativas realizam-se no próximo dia 30 de janeiro de 2022. Setúbal, 27 de janeiro de 2022. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR
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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Costa já só quer ficar em primeiro. E estende mãos a todos os lados

Num dia não havia plano B, no outro deixou de haver outra coisa que não plano B. António Costa tem as cartas todas em cima da mesa e apesar de radicalizar o PSD, não lhe fecha a porta para o day after

De máxima estabilidade, para o mínimo de estabilidade política possível. O primeiro pedido do PS para este domingo começou por ser em grande e acabou em demonstração desesperada de capacidade de diálogo e de variedade de posições internas que servem todo o tipo de acordos pós-eleitorais. António Costa sai destes dias de campanha com tudo em aberto. Não teve outro remédio depois de o pedido de maioria absoluta ter resultado num susto geral para a caravana socialista e as suas próprias expectativas. Nos últimos dias virou equilibrista na gestão das possibilidades para o futuro e acaba a campanha com as peças todas em jogo, do histórico representante da ala esquerda, Manuel Alegre, ao anti-geringonça recentemente regressado, Francisco Assis.

No início desta última semana de campanha, o presidente do Conselho Económico e Social — que tem o cargo em suspenso, por causa das eleições antecipadas — foi chamado pelo próprio líder socialista para participar no último comício da campanha, ao seu lado no Porto, como o próprio contou em entrevista à rádio Observador esta quarta-feira. Ele que foi o opositor mais audível no PS da “geringonça”, chegando mesmo a ser apupado num congresso, em 2016, quando a solução de governação engendrada por António Costa depois da derrota eleitoral de 2015.

Dois anos depois voltou a considerar a “solução má”, embora registasse logo a seguir, também num discurso num congresso, que “o primeiro-ministro é bom”. E desafiou-o nessa altura: “Imagino o primeiro-ministro que podes ser sem a geringonça”. António Costa conhece o histórico, a sua relação com Francisco Assis arrefeceu durante os anos da “geringonça”, mas voltou a aquecer mais recentemente, tendo mesmo indicado o socialista para presidir ao CES. No atual contexto de periclitante resultado eleitoral e praticamente certa necessidade de arranjos no dia 31 de janeiro, António Costa faz Assis voltar pela porta grande, no comício da última palavra antes do voto.

Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Arruada em Setúbal do Partido Socialista, António Costa, secretário-geral do PS e candidato a primeiro-ministro. As eleições legislativas realizam-se no próximo dia 30 de janeiro de 2022. Setúbal, 27 de janeiro de 2022. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Ao Observador, Assis explicou a sua posição atual. “É preciso haver alguns entendimentos de fundo entre os dois grandes partidos nem que seja um governo minoritário”, afirmou quando questionado sobre as geometrias que possam vir a ser necessárias. Aproveitou mesmo a imagem do muro, que Costa costuma usar, mas com intenção diversa. Se o líder fala na sua capacidade de derrubar muros entre o PS e a restante esquerda, precisamente com a criação da “geringonça”, Assis prefere aplicar esse derrube a outro muro. “O muro que separou radicalmente o centro esquerda e o centro direita tem de ser derrubado”, afirmou na mesma entrevista.

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Não podia estar mais no lado oposto ao de Manuel Alegre que a meio da campanha se congratulou com o mesmo derrube que Costa tem assinalado. Num artigo que assinou no jornal Público, o histórico socialista — que se junta à campanha esta quinta-feira, em Lisboa, elogiou a “geringonça” e o tal fim do “arco da governação” que “repôs direitos e rendimentos e, sobretudo, fez renascer a esperança”. Também deixou logo ali um sonoro aviso à necessidade de o PS se manter longe do PAN. Assis e Alegre são o símbolo dos dois PS que Costa tem de conciliar para chegar ao poder, se conseguir mais votos do que Rio na noite de domingo — e essa já é a fasquia nesta altura.

Mas onde está Costa no meio disto tudo? Precisamente no meio, que é onde, no atual quadro político, pode salvar-se. Pelo país  que percorreu estas duas semanas durou pouco a mensagem do poder absoluto que em muito poucos dias deu logo lugar à governação com todos. Não havia plano B — e isso era assumido na cúpula socialista sem qualquer pudor — e, de repente, não existia outra coisa se não plano B.

Maioria absoluta na gaveta. Costa agora “chocalha” todos os partidos (menos o Chega)

O desejo oculto de o BE poder escorregar e isso provocar mudanças

No partido tudo está em cima da mesa para o dia seguinte. Se ganhar, Costa vai reunir-se “não só com Catarina Martins mas com todos, à exceção do Chega, com quem não há nada a falar”. A relação com o Bloco é de tensão nesta altura, com algum PS até a cruzar os dedos na expectativa que um resultado eleitoral negativo para o BE — que os socialistas têm a expectativa que possa ser muito castigado nas urnas pelo chumbo do Orçamento — possa resultar num tumulto interno. Afinal, não é só Catarina Martins que dá sinais de desejar uma mudança na liderança socialista, para um pedronunismo mais suave no diálogo com o seu partido, também na direção do PS há quem alimente um desejo semelhante, mas em relação à líder bloquista.

Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Arruada em Fafe do candidato pelo Partido Socialista, António Costa, secretário-geral do PS e candidato a primeiro-ministro. As eleições legislativas realizam-se no próximo dia 30 de janeiro de 2022. Fafe, 26 de janeiro de 2022. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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O que é certo é que a campanha socialista foi menos de ataques à esquerda do que se fazia prever no seu arranque. A referência quase nunca foi direta a nenhum dos líderes de PCP ou BE, mas antes ao conjunto dos partidos que chumbaram o Orçamento na Assembleia da República. A hostilidade foi muito suavizada nestes dias e, em Almada, António Costa chegou mesmo a dizer, no comício da noite da União Artística Piedense, que “o PS foi sempre o motor da concórdia nacional, o ponto de mobilização das diferentes forças” e “de novo é isso que temos fazer sem acrimónias e rancores”. O passado já lá vai?

Costa acena com bandeira branca à esquerda e fala em diálogo “sem rancores”

A aspereza com o PSD foi bem mais visível e correu todos os comícios, com intensidade crescente. Mas aí, a porta também nunca foi totalmente fechada e, nos últimos dias, não foi só Assis que veio falar publicamente na necessidade de PS e PSD se encontrarem. Também Augusto Santos Silva semeou a ideia da possibilidade de um “acordo de cavalheiros entre os maiores partidos” para agilizar a formação de Governo. Confrontado com o tema, esta quinta-feira ao final do dia, Costa chutou para canto, mas sem abater pontes. Mesmo depois de ter esticado ao máximo o ataque ao partido de Rio — que disse ter “passado para lá da linha” na aproximação ao Chega — também disse que dialoga “com todos”. E ainda que não foi o facto de ter tido acordos com a esquerda “que fez com que não dialogasse com o PSD em algumas matérias” no passado.

A ideia do “PS conciliador” e de Costa, o dialogante, são aposta do partido nesta fase final em que luta por mais um voto. Em Setúbal, Costa voltou a sublinhar a necessidade de uma “solução de estabilidade” e de “não ter qualquer condicionamento pela extrema-direita”. Para quem defende isso, Costa aconselha: “Só resta o PS ser claramente o primeiro” no próximo domingo. Para o dia seguinte, o socialista já tem as mãos em várias maçanetas — a imagem que tem usado para provar que é capaz de se entender com quem for preciso para governar.

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