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Diário do Porto. Rui Moreira: "No dia 1, vamos ganhar! E não recebemos telefonemas de Lisboa"

Rui Moreira apresentou o programa e uma convicção: "Vamos ganhar!" Azeredo Lopes, ex-chefe de gabinete do autarca, vai apoiar Pizarro. Teixeira Lopes sugere que Pizarro é um poliamoroso.

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No primeiro fim de semana oficial de campanha eleitoral, os candidatos à Câmara Municipal do Porto começaram bem cedo. Manuel Pizarro juntou-se a Rosa Mota para uma caminhada a partir do Forte São João Baptista da Foz até ao Parque da Cidade. Ilda Figueiredo esteve no Centro Histórico e à tarde vai passear nas ruas do Bonfim. Álvaro Almeida também apostou num passeio pela zona da Praça Velasques.

Mas o destaque de sábado foi para as ações de campanha de João Teixeira Lopes e Rui Moreira. À tarde, o bloquista participou no comício distrital do partido ao lado de Catarina Martins, na Praça dos Poveiros. Mais uma demonstração de força do Bloco no Porto, para acusar Pizarro de ser “poliamoroso”, por deixar portas abertas para coligações com toda a gente.

À noite, Rui Moreira roubou as atenções mediáticas. O presidente da Câmara do Porto apresentou o seu programa eleitoral no Teatro Rivoli, num momento em que o seu adversário mais direto, Manuel Pizarro, o acusa de estar a desvalorizar as eleições, dado ainda não ter apresentado propostas para o futuro da cidade. Moreira quis mostrar confiança: “No dia 1, vamos ganhar!”, afirmou.

Rui Moreira: “Não recebemos telefonemas de Lisboa”

A frase: “Não vou receber ordens de ninguém, porque eu não vou embora daqui!”

O que ouviu: Vaias ao ministro da Defesa, Azeredo Lopes, que tinha sido seu chefe de gabinete na câmara antes de ir para o Governo e que este sábado apareceu a apoiar o socialista Pizarro, embora dissesse que não era um “cata-vento”.

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O que correu mal: A necessidade de dizer que é “mais independente e mais livre” depois de ter rompido com o PS. Quer dizer que antes era menos? E ainda a bravata de dizer que não recebe telefonemas de Lisboa para cerrar fileiras no regionalismo mais básico.

A quase uma semana das eleições autárquicas de 2017, eis o programa de Rui Moreira. Depois de muito criticado pelos seus adversários — com Manuel Pizarro à cabeça — por não ter ainda apresentado as linhas estratégicas com que se recandidata à Câmara do Porto, o autarca encheu o Teatro Rivoli para tornar públicas as suas propostas para o futuro da cidade — com destaque evidente para as áreas da Cultura e do Urbanismo.

Mas foram as palavras de Luís Valente de Oliveira, histórico social-democrata entretanto desfiliado do PSD, que traduziram o clima político que atravessava a sala: “Podemos estar com confiança nestas eleições. Mas nestas coisas nunca se facilita. Temos oito dias para auxiliarmos o Rui”, afirmou o mandatário da candidatura de Rui Moreira.

As duas sondagens recentemente divulgadas vieram baralhar as contas na corrida eleitoral à câmara do Porto, com cenários absolutamente distintos: um que coloca que Rui Moreira perto da maioria absoluta e outro que dá um empate técnico com Pizarro.

Daí o significado político do discurso do presidente da Câmara do Porto depois de apresentar o seu programa eleitoral. “Seguimos um caminho mais difícil“, assumiu Rui Moreira, numa clara referência à cisão com Manuel Pizarro. “Apostámos tudo“.

E “tudo” é uma possível maioria absoluta, que em maio, quando os dois antigos aliados trocavam juras de lealdade, parecia inevitável. Agora, com o socialista a aproveitar todas as oportunidades para questionar a verdadeira independência de Rui Moreira em relação ao CDS, o autarca portuense foi obrigado a responder:

Somos os mais independentes e os mais livres. Isso não vai mudar. Temos a extraordinária liberdade de estarmos comprometidos com o Porto. Hoje o Porto é olhado de fora com outro respeito. E isso é fruto da nossa liberdade e da nossa independência. Não recebemos telefonemas de Lisboa a dizer que o que estamos a dizer é inconveniente. Não vou receber ordens de ninguém, porque eu não vou embora daqui”, afirmou Rui Moreira.

A terminar, o candidato independente deixou uma mensagem de confiança para todos os simpatizantes: “Vão ver: no dia 1, vamos ganhar!

Uma última nota curiosa: durante a sessão, a candidatura de Rui Moreira apresentou um vídeo inédito com os bastidores do dia das eleições de 2013. Nesse vídeo, surgia Azeredo Lopes, ex-chefe de gabinete de Moreira e agora apoiante de Pizarro. Ouviram-se algumas vaias na plateia.

Aqui ficam algumas das propostas de Rui Moreira, dividas por área:

Cultura:

  • Conclusão do Museu do Vinho do Porto, já em construção.
  • Construção do Museu de História da Cidade, jardins da Pasteleira;
  • Construção do Museu da Indústria, no Matadouro Industrial;
  • Abertura da Fonoteca Municipal de Vinil, na zona de Campanhã;
  • Reabertura do Cinema Batalha;
  • Aquisição e reabilitação do Teatro Sá da Bandeira;
  • Ampliação da Biblioteca Municipal.

Educação:

  • Lançar o Plano de Desenvolvimento Educativo Municipal;
  • Criar e implementar o Sistema de Planeamento, Administração e Monitorização da Educação, para desburocratizar os processos educativos, melhorar a e ciência e garantir elevado rigor e transparência na gestão;
  • Negociar com o Estado uma efetiva descentralização e transferência de competências na gestão das escolas 2º e 3º ciclos;
  • Garantir a frequência da educação pré-escolar a todas as crianças entre os 3 e os 5 anos;
  • Criar a oferta obrigatória para todos os alunos do 1º ao 4º ano, a partir do ano letivo 2018/19, do Inglês e da Atividade Física e Desportiva;
  • Reforçar os apoios à educação especial, através da melhoria das infraestruturas físicas, do aumento e formação de pessoal;
  • Lançar o Plano Municipal de Erradicação do Abandono e de Combate ao Absentismo Escolar.

Mobilidade:

  • Criar corredores de autocarro de alta qualidade (CAAQ), nos eixos: Av. Fernão de Magalhães (Praça Francisco Sá Carneiro/Campo 24 de Agosto) e Constituição/Damião de Góis;
  • Adotar um novo sistema de gestão de tráfego, através da criação de uma rede de corredores BUS de elevada frequência na Avenida da Boavista, na Rua do Amial e na Rua de S. Roque da Lameira;
  • Construção do interface do Hospital de S. João e do Terminal Rodoviário das Camélias.
  • Requalificar a rede de interfaces do Bom Sucesso e do Campo 24 de Agosto;
  • Expandir a linha do Metro com duas novas ligações: a Linha Rosa, entre a Casa da Música e S. Bento, e a expansão da Linha Amarela até Vila D’Este;
  • Criar novos parques de estacionamento ou garagens municipais de proximidade, destinados fundamentalmente a residentes em zonas habitacionais de forte procura – Costa Cabral, Foz Velha, Foco, Avenida da Boavista/Aviz.

Ação Social:

  • “Grande investimento” no bairro do Cerco;
  • Reforçar a rede de Restaurantes Solidários;
  • Criar, no âmbito do Fundo de Solidariedade Social, do Eixo de Apoio às crianças retiradas às suas famílias;
  • Promover o apoio ao arrendamento para famílias em situação de vulnerabilidade económica e social;

Urbanismo e Habitação:

  • Criar um Programa Complementar de Apoio ao Arrendamento com Renda Condicionada;
  • Ainda no âmbito do programa de renda condicionada: iniciar uma política ativa de promoção municipal de construção de habitação com rendas condicionadas, seja diretamente, ou em parcerias a estabelecer com investidores privados. A primeira dessas operações será o lançamento de um concurso público para o Monte da Bela — estima-se, neste momento, ser possível a construção de 200 a 250 fogos, com um investimento global da ordem dos 20 milhões de euros e o repovoamento de 1000 novos residentes, sem investimento financeiro por parte do município;
  • Negociar com o Governo um regime de redução do IVA aplicável à construção de fogos com rendas condicionadas semelhante ao já aplicável na reabilitação urbana, com a redução da taxa de 23 para 6 por cento;
  • Concretizar a redução de IMI e de IMT em operações destinadas ao arrendamento habitacional com rendas condicionadas;
  • Discriminar positivamente as tipologias médias em zonas determinadas da cidade, no que diz respeito a taxas de urbanização (TMI e outras);
  • Criar um Programa Complementar de Apoio ao Arrendamento com Renda Condicionada;
  • Prosseguir a política de aquisição de edifícios ao abrigo do direito de preferência;
  • Desenvolver operações de Reabilitação Urbana nas zonas de Miragaia, Cedofeita, Lapa, Aliados, Santos Pousada, Bonfim, Cerco/Corujeira, Lordelo e Foz do Douro.

Segurança:

  • Implementar um sistema de vídeo proteção nas zonas de maior a fluxo;
  • Defender e reivindicar junto do governo a transferência de mais agentes para a Polícia Municipal;
  • Exigir junto do Governo para que proceda à alteração legislativa que permita ao Porto criar a figura de guarda-noturno;

Desporto:

  • Requalificar o parque desportivo da cidade;
  • Criar um estádio de praia permanente;
  • Dinamizar um projeto piloto de desporto escolar nas Escolas EB1 públicas da cidade;

Juventude e Novas Gerações:

  • Implementar um programa sistemático de receção, apoio, acompanhamento e monitorização dos jovens estudantes estrangeiros do ensino superior que estudam no Porto;
  • Instituir o Study in Porto, uma marca agregadora do ensino superior na cidade, capaz de atrair os melhores estudantes nacionais e estrangeiros;
  • Garantir uma discriminação positiva na candidatura a habitações a rendas controladas por parte de jovens casais que se pretendam estabelecer nas determinadas zonas do concelho;
  • Promover, em parceria com as instituições de ensino superior, soluções de alojamento mais abrangentes e mais amplas para os jovens estudantes;

Inovação:

  • Investir no alargamento do acesso a redes WiFi gratuito nas principais praças e jardins da cidade – através da Associação Porto Digital;

Ambiente e Qualidade de Vida:

  • Continuar a reduzir as emissões de CO2, por via de uma melhoria da rede de transportes públicos – e, em concreto, pela modernização contínua da frota dos STCP –, pelo reforço da componente ecológica da frota do município, com 70% dos seus veículos a utilizarem alimentação elétrica ou híbrida plugin;
  • Equipar os edifícios públicos, nomeadamente as escolas com painéis fotovoltaicos;
  • Continuar a substituição da iluminação pública por um sistema mais e eficiente (LED);
  • Criar o parque central da Asprela;
  • Reabilitar a Praça de República, o Jardim Émile David (Palácio de Cristal), o Jardim da Corujeira, e os parques do Covelo e de São Roque;
  • Aumentar o número de parques infantis;
  • Criar a Escola de Jardineiros do Município do Porto;
  • Construir o Centro de Recolha Oficial para animais;
  • Promover a esterilização de todos os cães e gatos adotados no canil.

Governância da Câmara Municipal:

  • Criar a figura do Provedor do Munícipe;
  • Criar um cartão do munícipe, que permitirá uma mais rápida e e eficaz interação com todos os serviços e equipamentos municipais;

Pode ler os programas políticos das restantes forças políticas aqui:

PS — Manuel Pizarro

PSD — Álvaro Almeida

CDU — Ilda Figueiredo

BE — João Teixeira Lopes

PS. Manuel Pizarro diz que Moreira tem “CDS escondido com independente de fora”

A frase: “CDS está profundamente envolvido na candidatura de Moreira.”

A (outra) frase: “O facto de Rui Moreira não se ter encontrado com Assunção Cristas no Porto é uma manifestação de grande embaraço”

O que correu bem: Manuel Pizarro identificou uma fragilidade na campanha independente de Rui Moreira e tem aproveitado as últimas ações de campanha para explorar isso mesmo.

O candidato socialista à Câmara do Porto considera que Rui Moreira tem “CDS escondido com independente de fora”, notando ser uma “manifestação de grande embaraço” que o candidato não se tenha encontrado com a líder do CDS.

Acho apenas que há CDS escondido com independente de fora”, afirmou Manuel Pizarro aos jornalistas, quando questionado sobre qual a leitura que fazia do facto de Rui Moreira, candidato independente apoiado pelo CDS, não se ter encontrado com a líder do partido, Assunção Cristas, que na sexta-feira esteve no Porto.

Notando que a presença do CDS nas listas de Moreira “não é esporádica mas massiva”, o socialista considerou ser “uma manifestação de grande embaraço que Moreira não se tenha querido encontrar com a secretária-geral do partido que o apoia e que tem tanto protagonismo na sua candidatura”.

“A leitura, vão fazê-la os cidadãos portuenses no dia 1 de outubro. Acho que há CDS escondido com independente de fora”, observou o socialista, depois de chegar de elétrico ao jardim do Passeio Alegre e antes de iniciar uma caminhada até ao Parque da Cidade.

“Limito-me a constatar que, tendo havido uma iniciativa no Porto em que esteve presente a secretária-geral do CDS, partido que está tão profundamente envolvido na candidatura de Moreira, não tenha havido um encontro”, destacou Pizarro.

Para o candidato do PS, é preciso esclarecer o que está em causa: “Nas listas de Rui Moreira estão deputados do CDS, o presidente da concelhia do CDS, o presidente da distrital do CDS. Não é uma presença esporádica, é uma presença massiva”, vincou.

Pizarro começou por revelar que o secretário-geral do PS vai estar, durante a próxima semana, presente na sua campanha, “pela terceira vez”, o que é “um grande motivo de orgulho”. “O que não me ocorreria é que António Costa viesse ao Porto e não me encontrasse com ele”, provocou o socialista.

“Não sou um cata-vento”. Ministro da Defesa e ex-chefe de gabinete de Moreira muda apoio para Pizarro

Pedro Granadeiro / Global Imagens

A surpresa da manhã foi a presença do ministro da Defesa e ex-chefe de gabinete de Rui Moreira ao lado do candidato socialista. Azeredo Lopes entra assim na corrida contra a recandidatura do independente, que apoiou há quatro anos.

“Acredito que Manuel Pizarro é um homem que sempre foi leal ao Porto. É um homem leal. Daí estar aqui hoje de forma solidária, à civil, a manifestar o meu apoio”, descreveu Azeredo Lopes aos jornalistas, numa ação de campanha do candidato do PS.

Seguramente que alguma coisa mudou. Não sou um cata-vento. Naturalmente que mudou. Acredito que hoje, em 2017, este é o projeto de que o Porto precisa”, esclareceu Azeredo Lopes, que em 2013 apoiou a candidatura independente de Rui Moreira, quando Manuel Pizarro também era o candidato do PS, acabando por se tornar no chefe de gabinete do presidente da Câmara até ser convidado para ministro da Defesa do governo de António Costa.

Azeredo Lopes não quis especificar “o que mudou” e frisou que nunca o ouvirão “dizer mal de Rui Moreira”. “Não tenho de fazer comparações com o passado. Para apoiar Manuel Pizarro, não tenho de dizer mal de Rui Moreira. Acredito que hoje, em 2017, este é o projeto de que o Porto precisa”, vincou.

Para Azeredo Lopes, “no atual contexto”, Manuel Pizarro “é um bom candidato, é competente, é empático com as pessoas e tem uma dimensão humana que se reflete quer no que diz quer nas propostas que apresenta”.

“Conhece muito bem a cidade. Tem um projeto muito equilibrado e transversal a todas as dimensões do que acredito que deve ser um projeto de Câmara do Porto”, rematou Azeredo Lopes.

Com Agência Lusa

PSD. Álvaro Almeida compromete-se com descida no IRS para os portuenses

A frase: “O PSD está com esta candidatura, disso não tenho dúvida nenhuma.”

A queixa: “Rui Moreira e o PS esqueceram algumas partes da cidade.”

A promessa: “O destino da taxa turística vai ser uma descida de IRS, que vai beneficiar todos os portuenses.”

A (outra) promessa: “Com certeza que assumo o cargo de vereador e vou lutar em todas as reuniões por aquilo que é o nosso projeto.”

O candidato da coligação PSD à Câmara do Porto, Álvaro Almeida, aproveitou uma ação de campanha para denunciar aquilo que considera ser o “Porto esquecido pelo presidente e pelo PS”, ao visitar partes da cidade que “não beneficiaram com o turismo”.

O candidato sustentou que, além de não terem beneficiado com o turismo, aquelas partes da cidade também “sofreram com as consequências, nomeadamente no aumento de trânsito e de lixo”.

“Vamos visitar essas zonas para dizer às pessoas que moram no ‘Porto Autêntico’ [lema de campanha do candidato] que a partir de outubro, com as nossas propostas poderão beneficiar indiretamente do turismo, através da redução do IRS que pagam”, declarou.

O professor na Faculdade de Economia do Porto explicou que se as propostas da sua candidatura vencerem, “o destino da taxa turística vai ser uma descida de IRS, que vai beneficiar todos os portuenses, independentemente de residirem na zona turística ou não”.

Álvaro Almeida disse ainda não ter qualquer dúvida do apoio do PSD, ressalvando que as figuras importantes a nível nacional e local já marcaram presença nas suas ações de campanha.

“O PSD está com esta candidatura, disso não tenho dúvida nenhuma. Até agora sempre tive o apoio de todas as figuras importantes, portanto não me sinto minimamente sozinho desse ponto de vista”, assegurou.

Esta é a primeira candidatura de Álvaro Almeida a eleições, a nível nacional e regional, tendo sido algumas vezes olhado como um desconhecido, pela população do Porto, mas apesar disso, garante que esta “não é uma experiência” e que faz campanha com o objetivo de ajudar os portuenses.

“Não é uma experiência, eu estou com o objetivo de melhorar a qualidade de vida no Porto. Eu vou fazer isso quer vença enquanto presidente, ou como vereador se for eleito. Com certeza que assumo o cargo de vereador e vou lutar em todas as reuniões por aquilo que é o nosso projeto”, finalizou.

BE. Catarina Martins no Porto. “Pizarro parece ter-se especializado no poli-amor”, diz Teixeira Lopes

A frase: “O Bloco nasceu para transformar o país e para transformar as cidades”, afirmou Catarina Martins.

A (outra) frase: “Manuel Pizarro parece ter-se especializado no poliamor. Se há coisa que o Porto não gosta é de cata-ventos”, disse João Teixeira Lopes.

O que correu bem: A presença de Catarina Martins, a segunda desde o início da campanha oficial, trouxe músculo à campanha bloquista no Porto. Além disso, o discurso de João Teixeira Lopes, contra o “voto útil” pedido por Pizarro, prova que o Bloco sabe que tem de ganhar eleitorado ao PS para conseguir o vereador desejado.

A promessa: Construir 1500 fogos sociais através de investimento público e reverter o aumento das rendas nas habitações sociais.

O discurso de Alexandra Oliveira, mandatária do Bloco de Esquerda no Porto, ia já longo, quando a bloquista, que discorria sobre os méritos do partido na luta pelos direitos das mulheres e da comunidade LGBT, adaptou palavras de ordem habitualmente usadas pelos militantes comunistas: “Assim se vê a força do Bloco de Esquerda”. Involuntária ou não, a adaptação do grito de guerra comunista — “Assim se vê a força do PC“, na sua versão original — resume um duelo mais ou menos subtil que se vai travando no Porto: a disputa pelo território à esquerda do PS.

E foi uma demonstração de força que o Bloco de Esquerda fez esta tarde nas ruas da cidade do Porto, com a presença de Catarina Martins ao lado de João Teixeira Lopes — a segunda, desde o início oficial de campanha. Os bloquistas juntaram-se na Praça dos Poveiros para o comício distrital do partido e desceram depois até à estação de São Bento, com direito a bombos, gaita de foles, bandeiras, gritos de ordem e festa, muita festa. Prova de que o Bloco está empenhado em conseguir um resultado que nunca conseguiu no Porto: eleger um vereador.

As recentes sondagens mantêm fundado o sonho bloquista. E, por isso, não são de desvalorizar as palavras de Catarina Martins durante o discurso: “O Bloco nasceu para transformar o país e para transformar as cidades“. Para um partido que deve a sua ascensão, em grande parte, ao eleitorado lisboeta, esta declaração é mais uma prova de que os bloquistas enfrentam estas autárquicas com renovadas ambições: conseguir a implementação autárquica que nunca tiveram.

Para isso, no entanto, têm que disputar, sobretudo, o eleitorado tradicional de PS e PCP, que testa nestas autárquicas a sua força política. Um eventual crescimento do Bloco à custa do PCP pode introduzir tensões numa relação que é difícil desde a origem do Bloco de Esquerda. Basta recordar as palavras de Carlos Carvalhas pouco depois da fundação do partido agora coordenado por Catarina Martins: “O Bloco de Esquerda é uma espécie de ‘esquerda por Lisboa‘ agora a concorrer no país, mas que não tem expressão a nível nacional, com salpicos de alguns independentes e propostas que são no essencial cópias das que há muito defendemos. Portanto, entre a cópia e o original é preferível escolher o original”.

A rivalidade está viva e bem viva, sobretudo num momento em que os dois partidos puxam para si o mérito de terem pressionado o PS a governar à esquerda. No comício deste sábado, João Teixeira Lopes repetiu uma frase que já provocara urticária a Ilda Figueiredo durante o debate organizado pelo JN/TSF: “O que seria do país se não fosse o Bloco de Esquerda?”. Nesse debate, Ilda Figueiredo interrompeu o bloquista para lembrar: “O Bloco não está sozinho!”. João Teixeira Lopes cortou de imediato: “Os meus adversários são outros“.

A verdade é que Catarina Martins aproveitou o comício no Porto para lembrar o quão importante foi a força do Bloco na atual solução governativa e para pressionar o Governo a caminhar decididamente para uma política de investimento público sólida, sobretudo na área da Saúde. “Precisamos de pagar a dívida social para com o país“, afirmou a coordenadora bloquista.

Catarina Martins defendeu a revisão da lei de bases do Serviço Nacional de Saúde (SNS), redirecionando o investimento público para os serviços públicos de saúde. “Ao público o que é público, ao Privado o que é privado. É preciso refundar o SNS, para um serviço público e universal“, defendeu a bloquista, afirmando que há condições política para aprovar essa reforma no Parlamento.

Mais: num momento em que Governo e várias corporações da área da Saúde mantêm um braço de ferro, a coordenadora do Bloco de Esquerda pôs-se ao lado de médicos, enfermeiros e profissionais de saúde para defender a contratação de 2 mil enfermeiros 300 médicos de família para o serviço público de saúde. “Precisamos de um SNS que seja capaz de responder à população”, defendeu a bloquista.

Antes, João Teixeira Lopes — a quem Catarina Martins se referiu como a razão de ter percebido a utilidade de votar no Bloco de Esquerda –, dedicara grande parte do seu discurso à necessidade de combater a “ditadura do voto útil“, uma resposta indireta a Manuel Pizarro, que tem ensaiado esse mesmo discurso.

Apesar das críticas (naturais) a Rui Moreira, o socialista seria mesmo o principal alvo de João Teixeira Lopes. “Manuel Pizarro parece ter-se especializado no poliamor. Faz juras a Moreira, enquanto escreve a próxima carta perfumada sabe-se lá a quem. Se há coisa que o Porto não gosta é de cata-ventos. Se há coisa que o Porto não gosta é da falta de credibilidade. Se há coisa que o Porto gosta é da confiança e sabe que a confiança está aqui no Bloco de Esquerda”, afirmou o bloquista.

João Teixeira Lopes garantiu que, se for eleito, tudo fará para “reverter os aumentos ilegais de renda nas habitações sociais”, “aumentar o orçamento para a ação social”, construir 1500 fogos sociais através de investimento público assegurado pela taxa turística, combater a especulação imobiliária, legalizar as ilhas do Porto, investir no transporte público e eliminar a precariedade laboral na Câmara do Porto.

A campanha eleitoral no Porto ontem foi assim:

Diário do Porto. Sondagens não se entendem: Moreira tem maioria ou… empata com Pizarro

Ilda Figueiredo. Portuenses “estão zangados” com quem prometeu e não cumpriu

A candidata da CDU à Câmara do Porto garantiu “cumprir o que os outros prometeram”, notando que os portuenses “estão zangados” com a coligação do presidente Rui Moreira com o CDS e com Manuel Pizarro (PS).

“Sinto que as pessoas estão zangadas aqui no Porto, com quem lhes prometeu resolver os problemas, da limpeza, dos sanitários abertos, do apoio aos idosos e não cumpriu. Eles disseram quem foi, a coligação Rui Moreira do CDS, com Manuel Pizarro do PS. Nós dizemos que, com mais força, a CDU vai lutar com eles para que as promessas que os outros fizeram sejam cumpridas agora”, disse Ilda Figueiredo, durante uma arruada.

Em visita ao Jardim de São Lázaro, acompanhada por uma banda sonora composta por bombos e apitos, a candidata comunista falou com alguns reformados que estavam no local, que se queixaram da falta de higiene e das promessas que ficaram por cumprir.

Ilda Figueiredo enfatizou ainda a ideia de um “Porto solidário”, como tem sido habitual durante esta semana de campanha, defendendo uma melhoria nos serviços públicos, e relembrando à população algumas medidas que o partido quer implementar, não só a nível local, mas também nacional.

“O PCP tem exigido mais reformas, que os escalões do IRS sejam alterados para, nos vossos casos, pagarem menos. É quem está a defender o aumento do salário mínimo nacional, o que implica que as prestações sociais também aumentem”, explicou.

Ainda antes de partir para outro local do passeio, a candidata fez um apelo a todos os presentes, indicando que a CDU “assume o compromisso” de cumprir o que foi prometido, mas que para isso precisa do apoio da população. “A CDU assume o compromisso convosco, que vai lutar para resolver os problemas de limpeza, de falta de casas de banho e falta de apoio. Vamos lutar por isso, mas a nossa força para vos ajudar depende do vosso voto no dia 1 de outubro”, finalizou.

Com Agência Lusa

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