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Os 57.258.115 votos de Lula não foram suficientes para evitar a segunda ronda contra Bolsonaro
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Os 57.258.115 votos de Lula não foram suficientes para evitar a segunda ronda contra Bolsonaro

Os 57.258.115 votos de Lula não foram suficientes para evitar a segunda ronda contra Bolsonaro

Geografia do voto brasileiro. PT de Lula cresce em todos os estados, PL de Bolsonaro ganha dimensão no congresso

Nordeste continua a ser PT, Lula ganha quatro estados a Bolsonaro e um a Ciro e o partido de Bolsonaro consegue os melhores resultados no Congresso Nacional do Brasil.

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As eleições presidenciais brasileiras continuam a 30 de outubro. Lula da Silva foi o mais votado neste domingo, mas não o suficiente para evitar o embate com Jair Bolsonaro na segunda ronda. A expressão dos votos do atual Presidente, e candidato do Partido Liberal, foram a grande surpresa da noite: as notícias de que o Partido dos Trabalhadores ia festejar à primeira foram exageradas.

Do voto dos brasileiros sai também um Congresso Nacional mais à direita e mais conservador, com um Partido Liberal reforçado. Lula também conseguiu um reforço, mais 10 milhões de votos que em 2006, a última vez que foi candidato, e ganhou quatro estados que em 2018 foram de Bolsonaro. Além disso, ficou com o Ceará, nas eleições anteriores ganho por Ciro Gomes.

Dia 30 de outubro há segunda volta. Até lá, fique com a radiografia do voto brasileiro.

O domingo de votos (e de desfecho adiado) com uma família de uma favela e outra de um bairro de classe média alta

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Bolsonaro supera expectativas, Ciro fica aquém delas

A primeira volta das presidenciais brasileiras foi ganha por Lula da Silva (48,4%), mas, desde logo, com um sabor amargo — os 57.258.115 votos não foram suficientes para evitar a segunda ronda. A batalha, a 30 de outubro, será com Jair Bolsonaro, que conseguiu ter uma percentagem de votos acima do esperado (ou acima dos cenários apontados pelas sondagens), o que levou analistas e politólogos brasileiros (e não só) a defenderem que o bolsonarismo veio para ficar. O atual Presidente brasileiro chegou aos 43,2% de votos — ou seja, 51.071.277 eleitores escolheram reconduzi-lo no cargo.

Ouça aqui o Café Brasil da Rádio Observador

Lula ganhou, mas o Bolsonarismo não morreu

Os dois lugares seguintes também foram diferentes do esperado. Ciro Gomes convenceu uma fatia de 3% dos eleitores (3.599.201), insuficiente para ser o terceiro mais votado. Assim, o candidato do PDT ficou em quarto lugar, enquanto que com Simone Tebet aconteceu o contrário. A candidata do MDB foi a terceira mais votada (4,2%, o que equivale a 4.915.306 votos).

Os candidatos que mais votos tiveram depois dos quatro candidatos principais terminaram com percentagens de votos residuais, abaixo de 1%.

No Brasil, onde o voto é obrigatório, o nível de abstenção foi o mais elevado desde 1998, com 20,95% dos eleitores a não comparecerem nas urnas.

As sondagens erraram muito e a vantagem do voto envergonhado foi para Bolsonaro

Em toda a imprensa brasileira era um dos principais destaques do dia. As grandes empresas de sondagens erraram (e muito) e isso explica que os resultados tenham sido surpreendentes. A grande vantagem foi para o atual Presidente brasileiro, que conseguiu ultrapassar os 40% de votos quando se previa que ficasse aquém desse número.

A diferença está mesmo em Bolsonaro. É que, em contrapartida, a votação de Lula acabou por não variar muito em relação às previsões, embora as mais recentes, de empresas de sondagens que trabalham com a Folha de São Paulo e a Globo, dessem vitória ao antigo Presidente logo na primeira volta. No Brasil, basta ter 50% de votos para o candidato ser imediatamente apurado.

Lula da Silva acha que vitória é “apenas questão de tempo”. Será assim tão simples?

Bolsonaro, nas sondagens, andou sempre à volta dos 37%, 38%, e apesar de não superar o candidato do PT ficou muito próximo de Lula. Uma das explicações é o chamado “voto envergonhado”, eleitores que sabem em quem vão votar, mas quando questionados por empresas de sondagens preferem não responder ou dizer que não ainda fizeram ainda a sua escolha. Fenómeno semelhante aconteceu nos EUA com os eleitores de Donald Trump.

Outra explicação é o “voto útil”, como explicado pela politóloga Nara Pavão à CNN Brasil, ou seja quando o eleitor opta por votar num candidato que não é a sua primeira escolha, tentando evitar que um outro candidato consiga melhores resultados.

Os estados mais pobres continuam a ser do Partido dos Trabalhadores

Há três semanas, Jair Bolsonaro prometeu um novo aumento do Auxílio Brasil, um subsídio social que ajuda os brasileiros com menores rendimentos. Mesmo com essa promessa na mão, as regiões mais pobres do Brasil, situadas essencialmente no Nordeste do país, votaram como votam sempre: no PT, desta vez com Lula da Silva como candidato. A Folha de São Paulo fez essa análise, pegando nos dados disponíveis sobre o número de famílias beneficiadas, num momento em que 99% dos resultados das urnas estavam fechados.

Conclusão? A probabilidade de Bolsonaro vencer numa cidade diminui à medida que aumenta o número de famílias que recebem o subsídio. Com o Partido dos Trabalhadores acontece exatamente o contrário, um padrão que se mantém desde 2006, último ano em que Lula foi eleito. E a maior percentagem dessas famílias está no Nordeste, onde Lula da Silva conseguiu as vitórias com maior folga.

Olhando para as cidades que têm maior distribuição de Auxílio Brasil, no Nordeste, vê-se que nessas zonas Lula teve 71% dos votos. Bolsonaro ficou com 24%. O contrário acontece nas cidades onde há menos famílias com subsídios. O chefe de Estado tem 51% dos votos, o antigo Presidente tem 39%.

Nem nas regiões do Sul e Sudeste, onde quase todos os estados são ganhos pelo PL, o padrão muda: nas cidades onde há mais famílias pobres, Bolsonaro tem menos votos. Rio Grande do Sul é um desses exemplos: o PL tem 32% de votos onde há mais Auxílio Brasil, e 50% onde há menos. Para Lula e para o PT é o inverso, chegando aos 62% onde há mais famílias pobres e ficando pelos 41% onde há menos.

Resultados. Lula vence com 48% mas Bolsonaro, com 43% dos votos, adia decisão para a segunda volta

PT cresce em todos os estados, ganha 4 ao PL e fica com o único de Ciro

Lula da Silva conseguiu melhores resultados que Fernando Haddad (candidato do PT nas eleições de 2018) e superou-se a si próprio, quando foi candidato pela última vez em 2006. O antigo Presidente conseguiu agora mais de 48% dos votos — e terá de seguir para a 2.ª volta — quando, há 4 anos, Haddad tinha pouco mais de 29% na mesma fase da corrida.

Se conseguiu aumento de percentagem total, o PT também cresceu em todos os estados brasileiros, com destaque para quatro que, em 2018, foram ganhos por Bolsonaro: Amazonas, Amapá, Tocantins e Minas Gerais. Além disso, o partido ganhou o Ceará, único estado onde Ciro Gomes (PDT) conseguiu vitória em 2018.

Bolsonaro melhora votação no Nordeste

Jair Bolsonaro desceu em mais estados (15) do que aqueles em que subiu a sua votação (12), se compararmos os resultados de agora com os de 2018, quando foi eleito Presidente do Brasil. Em termos percentuais, o candidato do PL melhorou a sua votação em sete estados do Nordeste — Ceará, Sergipe, Maranhão, Alagoas, Piauí, Baía e Rio Grande do Norte —, mas não foi suficiente para sair vitorioso em nenhum deles. Estas são zonas mais pobres, e onde o voto tende a ser à esquerda. Em relação aos estados do Sul e do Centro-Oeste repetiu a história, e a vitória, de há 4 anos.

Bolsonaro sobrevive ao primeiro embate, mas agora tem a História contra ele

Foi em Roraima, o estado menos populoso do país, onde Bolsonaro mais cresceu e onde (tal como em 2018) teve a sua maior vitória, desta vez com uma folga ainda maior — 69,57%. Há 4 anos, já tinha tido um bom resultado, alcançando os 62,97%.

Apesar de ganhar no Rio de Janeiro, no Distrito Federal e em São Paulo, é nestes três estados que Bolsonaro mais cai (em pontos percentuais) em relação a 2018.

Onde Bolsonaro mais perdeu face a 2018 e onde precisa de recuperar se ainda quer ganhar

PL de Bolsonaro elege a maior bancada

Além da votação para Presidente, o Brasil também elegeu o Congresso Nacional, que se torna no mais conservador da história recente do país. O partido de Jair Bolsonaro, o Partido Liberal, conseguiu eleger a maior bancada, ficando com 99 deputados na Câmara dos Deputados. Por outro lado, quando se olha para os votos nos partidos conservadores que formam o chamado Centrão — PL, PP, Republicanos e União Brasil —, a fatia alcançada foi de 48%, ou seja, quase metade da câmara, que tem 513 cadeiras.

No total, o PT de Lula, coligado com PCdoB e PV, fica com 80 deputados.

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Já no senado federal (câmara alta do Congresso Nacional do Brasil), para o qual se elegeram 27 senadores neste domingo (num total de 81), também é o PL quem fica com a maior bancada em 2023. Com mais oito senadores, o Partido Liberal fica com um total de 13 assentos. O PT, com mais quatro, fica com um total de nove lugares.

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