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Onde Bolsonaro mais perdeu face a 2018 e onde precisa de recuperar se ainda quer ganhar

Este artigo tem mais de 1 ano

Em São Paulo e Rio de Janeiro, dois dos três Estados com mais eleitores do país, Bolsonaro venceu — mas menos confortavelmente que há quatro anos. Minas Gerais, que "virou", contribuiu para a queda.

Abalado, mas ainda de pé: o atual Presidente ficou a cinco pontos percentuais de distância de Lula, este domingo, mas conseguiu uma votação suficiente para levar a disputa a uma segunda volta
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Abalado, mas ainda de pé: o atual Presidente ficou a cinco pontos percentuais de distância de Lula, este domingo, mas conseguiu uma votação suficiente para levar a disputa a uma segunda volta

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Abalado, mas ainda de pé: o atual Presidente ficou a cinco pontos percentuais de distância de Lula, este domingo, mas conseguiu uma votação suficiente para levar a disputa a uma segunda volta

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Vitórias menos robustas em São Paulo e Rio de Janeiro, a perda de Minas Gerais, uma descida no Rio Grande do Sul e a força de Lula no Nordeste. Estes foram alguns dos ingredientes que explicam a derrota de Jair Bolsonaro este domingo, nas eleições presidenciais brasileiras, ainda que o candidato do Partido Liberal (PL) tenha conseguido manter-se à tona de água para disputar a segunda volta daqui a um mês.

Também existem, porém, alguns dados que podem dar esperança a Bolsonaro de “virar” a eleição a seu favor no dia 30. Mais do que uma perda significativa de eleitores — face à primeira volta de 2018, não chegou a cair três pontos percentuais (teve 43,2% este ano, contra os 46% de há quatro anos) —, Bolsonaro viu a oposição agregar-se em torno de um nome e de um conceito: o voto útil em Lula da Silva.

Há quatro anos, o candidato do PT, Fernando Haddad, não ultrapassara os 29,28% — tivera quase 18 milhões de votos a menos que Bolsonaro, o que se justificava não apenas pelo resultado mais robusto do agora rival de Lula mas também pelos 13 milhões de votos (12,47%) depositados na “terceira via” de Ciro Gomes.

Este ano, a terceira via esfumou-se, os eleitores anti-Bolsonaro uniram-se em torno de um único candidato e Ciro Gomes ficou com pouco mais de 3,5 milhões de votos. Mesmo juntando a percentagem de Ciro (3,05%) à de Simone Tebet (4,16%), o “bolo” não supera os 7,21% de votos, muito longe dos 12,47% que, sozinha, a “terceira via” de Ciro conseguira há quatro anos.

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Aqui reside uma outra esperança de Bolsonaro: se a oposição se agregou tanto no candidato do PT já nesta primeira volta, não é inteiramente impossível que uma boa parte dos eleitores que ficaram de fora dessa união mantenha as reticências em depositar um voto em Lula à segunda volta. Mesmo perante algo muito reiterado durante a campanha pelos maiores opositores do atual Presidente: a necessidade imperiosa de retirar Bolsonaro do poder.

A pandemia, a credibilidade dos resultados eleitorais e a economia. Jair Bolsonaro jogou à defesa na primeira entrevista da campanha

Que estados continuaram fiéis a Bolsonaro?

Dos 27 estados do Brasil, Jair Bolsonaro venceu em 13 nesta primeira volta das presidenciais brasileiras — portanto, quase metade da totalidade dos 27 — e foi também o candidato mais votado em mais de uma dezena e meia de capitais dessas regiões.

Dos três estados com mais habitantes do Brasil, e que são igualmente os maiores colégios eleitorais do país, Jair Bolsonaro venceu dois que já ganhara em 2018, São Paulo e Rio de Janeiro, mas não conseguiu manter-se como candidato mais votado em Minas Gerais, o “estado amuleto” que, desde 1950, é invariavelmente vencido pelo candidato que ganha as eleições brasileiras.

Os restantes estados em que Bolsonaro conseguiu manter-se como candidato mais votado — que já conquistara em 2018 e este ano repetiu a dose — foram o Paraná, o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso, Distrito Federal (Brasília), Mato Grosso do Sul, Rondônia, Acre e Roraima. Ou seja, as regiões mais a sul e a oeste (excluindo o Amazonas, que este ano perdeu para o PT) do país.

Brazilians Go to Polls in Tight Elections Polarized between Lula and Bolsonaro

Apoiantes de Bolsonaro este domingo, no Rio de Janeiro

Wagner Meier/Getty Images

Onde Jair precisa de ter mais votos? Antes de mais: Rio, São Paulo e Minas Gerais

Comparando os resultados de Bolsonaro na primeira volta destas presidenciais face à primeira volta de 2018, em que foi o candidato mais votado (venceria à segunda volta, derrotando Haddad), é fácil perceber em que regiões do Brasil o candidato de direita ultra-conservadora teve perdas mais importantes, que terá de reverter na segunda volta para conseguir manter-se Presidente.

No dia 30 de outubro, Jair Bolsonaro terá de conseguir resultados melhores desde logo nos estados com mais eleitores do país. Em São Paulo, de longe o que mais habitantes (45 milhões) e votantes (25 milhões) tem no Brasil, Bolsonaro voltou a vencer este ano mas a sua votação caiu face ao ano em que foi eleito presidente: nesse ano, a vitória foi mais robusta, com 53%, tendo obtido este ano 47,71%.

Este ano, o resultado de Bolsonaro no estado de São Paulo voltou a ser superior à sua média no país, mas a queda de mais de quatro pontos percentuais (4,29%) fez mossa. Em termos absolutos, significa algo como a perda de mais de um milhão de potenciais votos, que conseguiria obter a mais se tivesse tido a percentagem de há quatro anos.

Já no segundo estado com mais votantes do Brasil, Minas Gerais, a queda percentual foi ainda maior (teve 43,60% nesta primeira volta, quando há quatro anos conseguira 48,31%) e Bolsonaro não conseguiu sequer o que conseguira em 2018: ser o candidato mais votado neste estado. Por curiosidade, em comparação, Lula da Silva obteve agora 48,27% dos votos em Minas Gerais. Há quatro anos, Haddad tivera 27,65%.

Brazilians Go to Polls in Tight Elections Polarized between Lula and Bolsonaro

No Rio de Janeiro, mais concretamente na Barra da Tijuca e em frente ao condomínio onde Bolsonaro tem uma casa, alguns apoiantes juntaram-se este domingo

Wagner Meier/Getty Images

Também o Rio de Janeiro será um dos estados decisivos para Jair Bolsonaro tentar recuperar a desvantagem face a Lula da Silva. Apesar de ter sido o candidato mais votado neste estado — que terá, hoje, perto de 17 milhões de habitantes —, o ainda Presidente do Brasil conseguiu este ano ‘apenas’ 51,09% dos votos, quando há quatro anos conseguira 59,79%. É uma diferença pesada, de aproximadamente oito pontos percentuais, que num estado com tantos eleitores faz diferença: tendo em conta que votaram quase 9,5 milhões de pessoas este ano no Rio de Janeiro, uma queda de oito pontos significa uma perda de aproximadamente 760 mil votos.

Uma boa notícia chamada Bahia, uma má notícia chamada Rio Grande do Sul

Se nos restantes estados brasileiros será mais difícil Bolsonaro conseguir diferenças significativas que, por si só, lhe permitam contornar as probabilidades e chegar à reeleição, o candidato do PL precisa também de fazer crescer a votação em alguns dos outros estados que não os três mais habitados.

O exemplo mais evidente é Rio Grande do Sul, região com mais de 11 milhões de habitantes onde há quatro anos conseguira 52,63% dos votos. Este ano, não ultrapassou os 48,89% dos votos — num estado onde mais de 6,5 milhões de pessoas foram às urnas, uma perda de quase quatro pontos também ajuda a explicar a sua queda de quase três pontos percentuais no país, face à primeira volta de 2018.

Boas notícias? Bolsonaro também as teve. No estado da Bahia, onde há quatro anos conseguira na primeira volta 23,41% dos votos, obteve este ano 24,32% — uma subida de quase um ponto percentual a que terá de se agarrar no dia 30, dado que é também um estado relevante, o quarto com mais eleitores do Brasil, com perto de 8,8 milhões de pessoas a ir às urnas (e 8,4 milhões a votar de forma válida, excluindo-se daqui boletins brancos e nulos).

Eleições no Brasil. Os 14 estados onde Lula ganhou

A Bahia não foi, porém, o único estado em que Bolsonaro aumentou a votação. No Ceará, oitavo com mais habitantes do Brasil (em 27), o líder do PL aumentou a percentagem dos 21,74% de 2018 para 25,38% este ano. E no estado do Pará, o nono com mais habitantes do Brasil, onde há quatro anos conseguira 36,19% na primeira volta, obteve este ano 40,28% dos votos. Sinais nítidos de que a morte do Bolsonarismo no Brasil, antecipada pelas sondagens já para este domingo, 2 de outubro, revelou-se manifestamente prematura.

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