Enviado especial do Observador em Paris, França
As preocupações logísticas que levaram a que a zona mista depois da final do solo na ginástica fosse fechada antes do tempo, com a campeã olímpica Rebeca Andrade a ficar mais tempo na conferência de imprensa para responder a outras perguntas de brasileiros que não tiveram essa chance antes, ganharam explicação logo de seguida com a chegada de camiões aos arredores da Arena Bercy. Um, numa entrada mais à frente daquela destinada à imprensa, estacionou de marcha atrás para ir empilhando um a um todos os colchões que tinham sido utilizados para a ginástica artística; outro, que chegaria por essa tal entrada da zona mista, trazia todo o material para o resto da transformação. Não chegando ao limite dos Jogos de Londres-2012, com um recinto que foi logo desmontado e enviado de barco para o destino seguinte, não era apenas uma maquilhagem.
Ainda veríamos alguns sinais do que se passara antes no recinto, com caixas com centenas de tomadas e mais materiais elétricos guardados na estrada à espera da próxima boleia para outras andanças, mas não era só ali que o chip estava a mudar. Na rua, nos acessos à Arena Bercy que às 9h45 tinham já centenas de pessoas na fila à espera da abertura de portas, era o festival da manga cava que caracteriza todos os equipamentos no basquetebol. Principais reis das preferências? LeBron James, que jogaria esta noite em Paris pela primeira vez depois da passagem pela capital francesa numa folga para ver voleibol de praia ao pé da Torre Eiffel, e os Chicago Bulls. Ou melhor, não era bem a equipa dos touros mas sim a figura de Michael Jordan, que goza de muitos adeptos na cidade em relação à sua marca de roupa desportiva. Mas havia um pouco de tudo.
Até a própria brasserie Les Spetacles, um dos locais que tem mais pessoas quando existem eventos na Arena Bercy também pela proximidade do metro, sabia que havia uma viragem na dinâmica do venue e de manhã colocou empregados a estender várias bandeiras dos EUA pelo teto e e esplanada como que a chamar aquela clientela que mais logo seria a melhor que poderia ter. Um pouco mais à frente, na loja de produtos oficiais dos Jogos Olímpicos, um embate de camisolas que nos remetia para o primeiro jogo dos quartos, logo às 11h: de um lado, o equipamento de Dirk Nowitzki quando jogava nos Dallas Mavericks; do outro, o equipamento atual de Giannis Antetokounmpo nos Milwaukee Bucks. Para Noah Lyles, campeão olímpico dos 100 metros, ganhar a NBA não significa ser campeão do mundo mas os fãs colocam a NBA como centro do mundo.
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Foi neste ambiente que chegámos ao interior da Arena Bercy, ainda antes das 10h da manhã. Se o plano de hoje corresse bem, era coisa para estar mais de 12 horas num recinto que iria receber os quatro encontros dos quartos do torneio de basquetebol masculino. Cá dentro, sobretudo nas longas filas que se iam formando nos bares para os copos gigantes de refrigerantes e para as pipocas (também aqui as coisas com mais saídas), era um autêntico desfile de camisolas de NBA de várias equipas, de equipamentos de futebol da Alemanha, de bandeiras da Grécia e de ténis que dá vontade de perguntar de onde vieram de minuto a minuto. Era mesmo um mundo à parte, que pouco ou nada tinha a ver com o que se vira na ginástica. E até uma camisola do Benfica número 17 entrou numa das bancadas para o primeiro encontro entre Alemanha e Grécia.
No interior, algumas mudanças além das óbvias do piso, de flutuante claro com garrafão pintado de azul e desenhos até à linha limite dos três pontos. Havia mais: a bancada do lado onde foram feitos os exercícios da trave (numa perspetiva da bancada de imprensa) tinha sido estendida por mais umas filas, a zona de entrada dos atletas estava também diferente com a saída oposta a ter passagem direta para o espaço onde os atletas falam à imprensa depois do encontro, muitas cadeiras dos setores atrás dos bancos tinham marcações com cores rosa, amarela e cinzentas para lugares especiais. Algumas estrelas da NBA passariam por aquele piso até às 21h30 mas a preparação estava sobretudo feito para a partida dos EUA com o Brasil que fechava a ronda. Antes, muito antes, todos os detalhes iam sendo preparados, com voluntários a simularem entradas de jogadores em campo para testes da realização a imitarem pessoas com mais dois palmos de tamanho.
O jogador que passou de 71% para 33%, o herói Giannis e o filho do antigo pugilista brasileiro
Os primeiros jogadores saltam para aquecimento quase uma hora antes do jogo. Não existe propriamente um aquecimento definido, querem apenas sentir o novo pavilhão depois da fase de grupos realizada em Lille. Do lado alemão, os calções e as camisolas são variadas mas Dennis Schröder, a grande figura dos germânicos que este ano trocou os Toronto Raptors pelos Brooklyn Nets, é o que mais dá nas vistas, com chapéu com a pala virada ao contrário e phones dos ouvidos. Faz apenas lançamentos de várias posições, está apenas no seu mundo a preparar-se para a batalha. Já o grego Vasilis Toliopoulos, que passou por várias equipas gregas e está agora no Aris, mostra outra metodologia: dez triplos do canto com 90% de eficácia, dez triplos entre canto e meio a 80%, 12 triplos em zona central ao cesto a 50%. Depois foi fazendo outras coisas mas alguém que em 32 lançamentos de fora consegue marcar 23 está mais do que preparado para os 17 minutos de jogo que teria. As equipas, essas, só mais tarde entram em conjunto, a menos de meia hora do início do jogo.
Outro aspeto diferente da ginástica e que é muito NBA: antes da entrada dos jogadores um a um para haver uma apresentação oficial, surgem dezenas e dezenas de adeptos de telemóvel na mão para registarem esse momento em fotografias e vídeos. Giannis Antetokounmpo é naturalmente o mais aplaudido e, tal como o King LeBron James, tem um ritual próprio antes do encontro que acaba a benzer-se e a apontar os dedos em direção do céu. Tudo pronto para um encontro que teve uma primeira imagem enganadora mas que acabou por fazer prevalecer a lei do mais forte, com os helénicos a vencerem por dez pontos no final do primeiro período, com empate a 36 ao intervalo (e com Toliopoulos a marcar o único de três triplos que tentou, em mais um pormenor que enganou) e com a Alemanha e ter a primeira vantagem da partida apenas no terceiro parcial com um triplo de Franz Wagner (50-47) que embalou a equipa para o triunfo final por 76-63.
Giannis, que quando é substituído por um par de minutos para descansar nem se chega a sentar no banco, foi de novo o melhor marcador com 22 pontos mas andou mais uma vez com a equipa às costas, a jogar mais fora e longe do cesto do que é normal. A vantagem inicial deixou os helénicos a fazerem barulho quase em forma de claque mas, a partir daí, só mesmo os movimentos cheios de potência do jogador dos Bucks entre afundanços foi causando ruído no pavilhão frente a uma formação germânico que continua 100% vitoriosa, tem um coletivo mais forte e colocou as dezenas de bandeiras da Alemanha espalhadas pelo pavilhão ao alto para a festa do triunfo, assinalada também com uma grande ovação à antiga estrela Dirk Nowitzki, presente no pavilhão (e que anteontem tínhamos visto no atletismo no Stade de France). Na zona mista, tudo muito parecido a não ser em pequenas placas para esperar por cada jogador. A do 1 da Alemanha estava vazia e assim ficou: Oscar da Silva, filho de um antigo pugilista brasileiro da Bahia que se radicou em território alemão, foi o primeiro a passar e não falámos com o jogador que trocou este ano Barcelona por Bayern.
Outro Novak a pintar a cara, a tabela afinada e o MVP com a marca da credencial no pescoço
Mais uma regresso à bancada de imprensa, mais um capítulo no dia. Não é por acaso que os responsáveis da organização apressam toda a limpeza de espectadores no espaço depois de um encontro: há uma série de trabalhos a fazer antes de entrar a próxima “vaga”, a começar pela recolha de todo o lixo das bancada e dos corredores (mais tarde veríamos 14 sacos enormes de reciclagem de plástico só da segunda partida do dia na Arena Bercy) à preparação de mais uma remessa de comida para quem entra. Lá em baixo, as bicicletas de ativação continuam junto aos bancos mas existe um cuidado de especial com a parte de trás de uma das tabelas, como se fosse preciso apertar um pouco mais um aro após Giannis andar por ali pendurado. O ar condicionado ainda dá descanso por meia hora mas a trégua seria curta e voltaria esta Idade do Gelo.
Quando passamos pela casa de banho, um adepto da Sérvia tem a maquilhagem exposta na bancada e está a pintar a cara com as cores da bandeira. Chama-se Novak, “como o Nole”, e veio a Paris apoiar agora a equipa de basquetebol masculina. Na conversa enquanto acaba de colocar a cara irreconhecível não encontramos ali propriamente muito espírito olímpico mas sim uma vontade enorme de vestir a capa de guerreiro e apoiar os balcânicos no duelo frente à Austrália. Os amigos, tendo apenas três riscas na cara, mostram outras armas: umas pequenas palmas de plástico que quando são batidas ao mesmo tempo fazem o seu barulho. De resto, tudo igual ao primeiro jogo à exceção da queda que Bogdanovic ia dando quando foi chamado ao prender um dos pés nos cabos das câmaras que estão ali no chão. Ainda assim, e vários níveis, este seria um encontro diferente do anterior, do apoio nas bancadas à própria incerteza no resultado até final.
Os australianos tiveram uma entrada de sonho na partida chegando a uma margem a rondar os 20 pontos com Patty Mills e Josh Giddeon em grande destaque, os sérvios foram conseguindo reduzir o fosso que ao intervalo já estava nos 12 pontos (54-42), a reviravolta ficou carimbada logo no terceiro período quando uma fase em que qualquer lançamento dos balcânicos era ouro e da Austrália ficava no aro. Estava, sobretudo, um jogo mais próximo do que é o espectáculo da NBA: as várias mini claques da Sérvia faziam-se ouvir (sendo que uma delas tinha uma bandeira gigante que esticou durante o hino), havia gritos de “Defense, defense” com os adeptos da casa a “juntarem-se” aos australianos, o barulho do público chegou bem acima do máximo do jogo anterior com 130 decibéis, apareceram as famosas “dance cams” com o público a corresponder.
No resultado, um lançamento de dois de Mills a dois segundos do final levou a decisão para prolongamento (82-82), com a Sérvia a levar a melhor nas últimas posses de bola e a vencer por 95-90. Um grande abraço entre Patty Milles e Bogdan Bogdanovic, companheiros de equipa nos Atlanta Hawks esta temporada, os habituais cumprimentos, a felicidade de Nikola Jokic. O poste de 29 anos que se sagrou campeão em 2023 pelos Denver Nuggets é uma figura que arrebata todos os adeptos no pavilhão de forma quase natural, com cânticos de MVP em duas ocasiões em que foi para a linha de lance livre. Depois de mais um encontro em que anda sossegado a fazer o seu trabalho e mantém a cara de quem podia estar a fazer outra coisa, foi à bancada onde estava a família e saiu de toalha ao ombro como se nada se tivesse passado ovacionado de pé. Sem nome nas costas, aquele tamanho ou o estilo inconfundível, Jokic podia ser detetado pela marca da fita da acreditação que leva ao pescoço, numa diferença que fica mais acentuada quando usa a camisola de jogo
Um Big Ben em forma de Torre Eiffel, Gasol, o Super Adepto e uma ligação a Portugal
Devido a esse tempo extra, não houve quase tempo para respirar e, depois de uma zona mista em que Mills e Giddey pararam mas Jokic aproveitou para não aparecer, Wembanyama e Yabusele (que tem parecenças que não acabam com Ben Wallace, o Big Ben que passou por Detroit Pistons e Chicago Bulls, entre outros) já estavam a trabalhar alguns lançamentos antes do período de aquecimento que começou apenas meia hora antes da partida. Mais uma vez, não demorou a perceber que seria um jogo diferente, tendo em conta não só que a França ia jogar com o Canadá mas também que os gauleses apresentavam uma espécie de claque com tambores, tarjas e demais sinais de grupo organizado que viu sempre o encontro de pé para mal das 20 ou 25 filas que tinham para cima. Quando uma família “visitante” incentivou a equipa com o cântico “Let’s go Canadá”, ouviram-se muitos assobios; quando a apresentadora agradeceu por terem visitado Paris para os Jogos, aplaudiram. É esse duplo sentimento que tem marcado todos os duelos com franceses.
Com Pau Gasol nas bancadas pelo basquetebol e não pela sua Espanha (que brilhou no 3×3 feminino mas não no pavilhão em masculinos), o arranque de jogo foi um autêntico “atropelo” com as bancadas a empurrarem a equipa para uma exibição de sonho frente a uma formação do Canadá que não entrava no jogo. O 23-10 no final do primeiro período e o 45-29 ao intervalo chegavam a ser curtos para o domínio dos gauleses, que eram agarrados por dois dos jogadores não NBA com maior protagonismo (Cordinier, dos italianos do Virtus Bolonha, e Yabusele, dos espanhóis do Real Madrid) e tinham a coqueluche Wemby, de 2,24 metros, a fazer tudo nos ressaltos, roubos de bola e desarmes mas com alguma aversão ao cesto (20% de eficácia).
Ainda houve alguns momentos em que o Canadá ameaçou colocar em causa a vitória gaulesa com distâncias de cinco pontos no último período mas apenas Shai Gilgeous-Alexander jogou o habitual entre tantos nomes da NBA. Nem o apoio de Nav Bhatia, o Super Adepto dos Toronto Raptors (que usa uma camisola como tal com o número 95), serviu para evitar a festa da equipa da casa, selada com um triplo de Fournier que ia deitando um pavilhão a cantar “Les Bleus” e não “France” como é habitual em tantos outros países por 82-73. Na zona mista, Wemby mostrou a vantagem de ser um arranha-céus no meio de jogadores grandes, não sendo sequer necessário andar aos empurrões para ouvir o poste dos San Antonio Spurs que fala para baixo a quem quer que se esteja a dirigir. Nando de Colo, que não chegou sequer a entrar, passou sem falar. Para os portugueses, foi pena – afinal, o jogador que já passou pela NBA mas joga agora no ASVEL é o mais próximo que Portugal tem nestas altas andanças tendo em conta que os pais nasceram e cresceram no país antes de emigrarem para França. Ainda assim, e apesar de tudo, confusão a sério estava agora a começar.
Invasão de jornalistas, os assobios a Embiid e o banco que parece um concurso de anedotas
Mais uma volta para cima depois da zona mista, mais uma moedinha para o último carrossel do dia. Neste caso, um carrossel que por sorte não nos deixou em espera até entrar porque as coisas estavam todas cá em cima numa mesa (sim, era essa a tática desde início). A uma hora do início do encontro dos EUA, uma longa fila era feita para a tribuna de imprensa. Os berros e a insatisfação chegariam depois, quando se percebesse que nem mesmo as cadeiras que são destinadas aos jornalistas tinham vagas. “Percebemos, pedimos imensa desculpa mas nunca tivemos tanta gente como agora”, explicava uma voluntária. Cá em cima, dois jornalistas aumentavam os decibéis da discussão pela cadeira com mesa que cada um reivindicava para si. Não foi a vias de facto, pouco terá faltado. E as coisas só acabariam por acalmar após intervalo, com várias pessoas a irem deixando o pavilhão porque o encontro sem história já estava a repetir e sua história.
Ver a equipa dos EUA em aquecimento, primeiro aquele individual e depois com todas as estrelas alinhadas em campo, é por si só entrar numa dimensão diferente. Em jogo iríamos perceber melhor isso mas até aquele barulho de quem agarra a bola com uma mão e bate com a outra e a mecânica dos lançamentos é diferente. É mais rápida, mais intensa, mais explosiva. Quase como se cada cinco passos dos adversários fossem apenas quatro para os norte-americanos sem forçarem ritmo. Depois, há outra vantagem. Quando foram à bancada antes da partida falar com adeptos, a escolhida por parte dos EUA escolheu Jrue Holiday como o favorito. Cá fora tínhamos visto muitas camisolas de LeBron, de Kevin Durant, de Steph Curry ou de Jayson Tatum mas há sempre outra estrela qualquer porque eles são mesmo todos bons. Todos menos um, tão bom ou melhor mas que para os franceses não passa de um vilão assobiado em qualquer ação: Joel Embiid.
Nem se todos aqueles chapéus USA que a equipa oferece aos adversários antes do jogo incluindo a equipa técnica fossem distribuídos pelas bancadas os adeptos iriam perdoar a “traição” do jogador que nasceu nos Camarões, que tem nacionalidade francesa mas que preferiu representar o país onde está há uma década. Quando o seu nome foi anunciado, LeBron e Curry ainda levantaram os braços tal como o poste num misto de “assobiem mais” e “norte-americanos, podem apoiar-nos nesta luta?”. Já em jogo, Embiid não reagiu no primeiro triplo, levantou o braço de novo no segundo triplo e fez mesmo uma dança numa jogada com cesto e lance livre. Carmelho Anthony e Snoop Dog, dois dos ilustres convidados da noite, podem ter achado piada mas a relação com os adeptos franceses está arruinada de vez… com esperança numa final EUA-França que possa voltar a ter o grande herói pelo qual as bancadas mais cantaram: o nadador Léon Marchand.
Em jogo, o poste de 2,13 metros e 127 quilos terminou a primeira parte como o melhor marcador da margem folgada dos EUA (63-36), naquele que foi também o encontro mais desequilibrado e com maior pontuação do torneio. Não foi por isso que os voluntários tiveram menos trabalho, sendo percetível que passavam mais tempo nos descontos a secar o recinto do que nas partidas anteriores, mas a diferença foi demasiado grande (e o Brasil não jogou mal, atenção) e foi permitindo que a equipa de Steve Kerr fosse o que gosta de ser: um conjunto das maiores estrelas da modalidade que também sabem jogar equipa e sobretudo divertirem-se a fazer o que mais gostam, seja em campo, seja a ver do banco que várias vezes parece um concurso de quem conta a melhor anedota, tantas são as risadas enquanto a equipa ia avolumando a sua vantagem (122-87).
Uma última passagem pela zona mista, depois de um cruzamento rápido com outra antiga estrela e campeão da NBA, Dwayne Wade, uma surpresa com uma parte boa e uma parte má. Ao contrário do que tínhamos visto noutros encontros dos Jogos, a super equipa de estrelas dos EUA é daquelas que vai parando quase toda na zona mista. Não falam muito, respondem sobretudo a compatriotas mas vão falando e seguem, sendo poucas as exceções que apenas passaram (até Embiid respondeu sem problemas aos assobios, em inglês e em francês). Esta é a parte boa. Parte má? No máximo consegue-se pôr o gravador e fazer apenas de pé de microfone, não havendo margem, por exemplo, para falar com Tatum, Holiday ou White sobre o seu companheiro de equipa, campeão da NBA e português Neemias Queta. É assim, não se pode ter tudo. Mas, depois dos pais portugueses de Nando de Colo, passava por ali outra ligação nacional mais direta já depois de vermos aquela camisola do Benfica número 17 na partida inaugural entre Alemanha e Grécia.
No ano em que a USA Basketball faz 50 anos, tendo realizado uma festa a esse propósito em Paris no início da semana, a equipa mais do que favorita a reconquistar o título (esta vem mesmo com aquele chip de poder andar a visitar vários sítios mas levar muito a sério a competição) deu o toque final no dia em que a Arena Bercy se tornou a Disney dos crescidos. 12 horas depois, a seguir à quarta e última pela zona mista, era tempo de arrumar a zarpar. Amanhã é dia de rumar ao próximo parque desportivo em festa na capital francesa e complicado é mesmo escolher mas não há nada como o mundo da NBA entrar nos Jogos.