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epa11476530 Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu gestures during a press conference amid the ongoing conflict in Gaza between Israel and Hamas, in Tel Aviv, Israel, 13 July 2024.  EPA/NIR ELIAS / POOL
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Ataque dos huthis em Telavive matou um cidadão israelita e serviu de gatilho para despoletar de conflito. Israel diz estar pronto para ataque maior, grupo rebelde apoiado pelo Irão promete retaliação "enorme"

NIR ELIAS / POOL/EPA

Ataque dos huthis em Telavive matou um cidadão israelita e serviu de gatilho para despoletar de conflito. Israel diz estar pronto para ataque maior, grupo rebelde apoiado pelo Irão promete retaliação "enorme"

NIR ELIAS / POOL/EPA

Iémen, a "terceira frente" de Israel na guerra do Médio Oriente. Entre ameaças e ataques, que impacto podem ter os huthis no conflito?

Israel intercetou este domingo um míssil proveniente do Iémen. A retaliação surge depois do ataque a um porto controlado pelos huthis. Quatro perguntas e respostas para perceber a escalada de tensões.

Depois do Hamas, na Faixa de Gaza, e do Hezbollah, no Líbano, Israel soma agora uma nova frente: os huthis, no Iémen. As Forças de Defesa de Israel atacaram pela primeira vez o Iémen no sábado, numa evidente escalada de tensão no Médio Oriente.

Nas últimas horas, o número de mortos na sequência deste ataque subiu para seis e, entretanto, os huthis retaliaram com o lançamento de mísseis contra o sul de Israel. Entretanto, há avisos e ameaças de parte a parte, numa altura em que Benjamin Netanyahu se prepara para fazer uma visita oficial aos Estados Unidos.

O que aconteceu no Iémen?

O Exército de Israel atacou ao final da tarde de sábado o porto da cidade costeira de Hodeida, no oeste do Iémen, controlado pelos huthis. O ataque, feito por via aérea, visou um posto de armazenamento de combustível e infraestrutura energética.

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Os bombardeamentos deram origem a um incêndio, que ainda continuava este domingo. O porto fica a 2.000 quilómetros de Israel.

O ministro da Defesa de Israel confirmou que ordenou a operação “em resposta às centenas de ataques contra o Estado de Israel nos últimos meses”. “O sangue de cidadãos israelitas tem um preço”, declarou ainda Yoav Gallant.

Na sexta-feira, os huthis tinham reivindicado um ataque com drones a Telavive que matou um cidadão israelita. Este ataque ao Iémen terá sido, portanto, uma retaliação de Israel.

De facto, o primeiro-ministro e o ministro da Defesa já tinham prometido responder. O ataque ao porto da cidade costeira de Hodeida, no Mar Vermelho, surgiu horas depois.

As autoridades israelitas alegam também que o porto de Hodeida, controlado pelos huthis, servia como local de entrada de armas fornecidas pelo Irão, que apoia o movimento xiita.

O primeiro balanço, divulgado pela comunicação social do Iémen, controlada pelos huthis, dava conta de três mortos e 87 feridos, sendo que o número de vítimas mortais aumentou entretanto para seis.

Como escalou a tensão este domingo?

A manhã deste domingo começou com Israel a anunciar que intercetou um míssil proveniente do Iémen. De acordo com o Exército de Israel, o míssil visava a cidade de Eilat, no sul do país, mas foi abatido.

Quase ao mesmo tempo, os huthis confirmavam que tentaram atacar Israel, com o lançamento de “vários mísseis balísticos”. As sirenes tocaram em várias zonas de Israel.

O grupo rebelde divulgou um comunicado, citado pela Al Jazeera, no qual afirma que o ataque foi uma resposta não só a Israel, mas também aos ataques dos Estados Unidos e do Reino Unido ao Iémen.

Os huthis afirmam também que atingiram um navio dos Estados Unidos no Mar Vermelho, mas ainda não há reação ou confirmação oficial por parte da Casa Branca.

Neste comunicado, o movimento rebelde xiita volta também a alegar que está a agir em solidariedade para com o povo palestiniano que vive na Faixa de Gaza e que é diariamente atingido pelos ataques das forças israelitas.

Entretanto, os huthis, apoiados pelo Irão, voltam a ameaçar com uma resposta que, prometem, será “enorme”. O porta-voz militar dos rebeldes avisa que esta retaliação está “inevitavelmente” a chegar.

Antes, o ministro da Defesa de Israel também já tinha avisado: Telavive está pronto para mais operações, caso os huthis “se atrevam a atacar”.

Entretanto, Hezbollah disparou rockets contra o norte de Israel, em resposta a um ataque israelita que visou dois depósitos de armas no sul do Líbano pertencentes ao movimento xiita pró-iraniano.

Em comunicado de imprensa, o Hezbollah declarou ter disparado rockets Katyusha contra os sectores de Dafna, no norte de Israel, “em resposta aos ataques do inimigo israelita, que atingiram civis na cidade de Adloun (sul do Líbano), ferindo vários deles”.

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O porta-voz militar do huthis tem deixado várias ameaças a Israel

Anadolu via Getty Images

Que impacto podem ter os huthis no conflito do Médio Oriente?

Os huthis, movimento xiita rebelde apoiado pelo Irão, estão a atacar há vários meses, ao largo das costas do Iémen, navios que consideram ligados a interesses israelitas, em solidariedade para com o povo palestiniano, e têm disparado vários mísseis contra cidades israelitas, a grande maioria dos quais foi intercetada.

Os huthis integram o chamado “eixo de resistência”, uma coligação liderada pelo Irão e que integra também o Hamas e o Hezbollah.

O especialista em Relações Internacionais Luís Tomé descreve, ainda assim,  o ataque mortal com drones de sexta-feira dos huthis a Israel como “inesperado”. Agora, antecipa uma escala ainda maior das tensões nos próximos dias — ou horas.

Neste momento, Israel confronta-se com três frentes: o Hamas, em Gaza, o Hezbollah, no Líbano e, agora, o Iémen. São três elementos do chamado eixo de defesa do Irão”, explica, em declarações ao Observador.

Para Luís Tomé, estamos a assistir a uma clara expansão da guerra. “A entrada dos huthis no conflito, em apoio aos Palestinianos e ao Hamas, mas atacando diretamente Israel — e Israel retaliando sobre o Iémen — configura uma escalada e uma expansão do conflito para lá dos territórios que já conhecíamos no Médio Oriente”. Há uma interligação de vários palcos, tudo em contexto de escalada e agravamento de tensões”, resume Luís Tomé.

Ouça aqui as declarações de Luís Tomé, Diretor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Autónoma de Lisboa e do Centro de investigação OBSERVARE, ao Observador:

“Conflito no Médio Oriente vai escalar em breve”

Como está a reagir a comunidade internacional?

A Arábia Saudita, que fica entre o Iémen e Israel, tem sido acusada pelos rebeldes iemenitas de atuar como primeira linha de defesa de Israel e de intercetar drones e mísseis lançados pelos huthis contra o território israelita. No entanto, Riade nunca se pronuncia sobre estas ações e distancia-se do conflito entre as duas partes. Ainda assim, este fim de semana o governo saudita foi mais vocal.

“O Ministério dos Negócios Estrangeiros está a acompanhar com grande preocupação os desenvolvimentos da escalada militar no Iémen” e apela à “máxima contenção” na região. Antes, o Ministério da Defesa da Arábia Saudita já tinha afastado “qualquer ligação ou envolvimento” no ataque a Hodeida.

Entretanto, o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, defendeu que Israel deve ser punido pelas suas ações para dissuadir outros países de “voltarem a considerar semelhante crueldade”.

Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, apela a todas as partes para que “exerçam a máxima contenção”.

O secretário-geral apela a todas as partes envolvidas para que evitem ataques que possam causar danos a civis e a infraestruturas civis”, refere a ONU, numa declaração oficial.

Entretanto, Benjamin Netanyahu vai visitar os Estados Unidos esta semana. De acordo com o gabinete do primeiro-ministro israelita, Netanyahu vai ser recebido por Joe Biden em Washington na terça-feira. Na quarta-feira, o líder israelita faz um discurso no Congresso norte-americano.

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