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Maria João Gala/ Global Imagens

Maria João Gala/ Global Imagens

Luzes, bolo-rei, animação. Quanto custou o Natal das autarquias?

A câmara de Cascais gastou 19 mil euros em bolo-rei, a do Seixal ofereceu chapéus de chuva a todos os funcionários. Mas houve ainda quem comprasse bacalhaus e, como sempre, iluminações não faltaram.

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Nem só de iluminações vive o Natal, mas de toda uma panóplia de brindes, brinquedos, eventos e jantares. A época é querida às câmaras municipais de Norte a Sul do país, que procuram dar um mimo aos trabalhadores, aos mais carenciados e aos cidadãos em geral. Também em muitas empresas municipais não se esquece o espírito da quadra e abrem-se os cordões à bolsa para fazer felizes os trabalhadores e, muitas vezes, os filhos destes.

O Observador analisou os gastos natalícios das 18 autarquias da Área Metropolitana de Lisboa, das 17 da Área Metropolitana do Porto, de algumas câmaras municipais fora dos grandes centros e de algumas empresas públicas municipais ou regionais. A iluminação de ruas é o que mais pesa no orçamento do Natal, mas muitos municípios também dão cabazes alimentares, promovem festas, agendam concertos e outro tipo de eventos.

Lisboa : inauguração das iluminações de Natal

A animação de Natal começou em Lisboa a 30 de novembro, numa cerimónia que contou com a presença do presidente da câmara, Fernando Medina. (Foto: Nuno Pinto Fernandes/Global Imagens)

Nota importante. Deste artigo constam exclusivamente os dados que se encontram no portal Base, no qual todas as entidades públicas são obrigadas por lei a publicar os contratos com valor superior a cinco mil euros. Alguns organismos demoram muito tempo a fazê-lo ou, pura e simplesmente, não o fazem. Certos municípios ainda não publicaram os contratos relativos à quadra natalícia. Outros optaram por não gastar dinheiro no Natal, embora isso seja uma situação rara. Por esse motivo, aparecem mencionados neste texto como não tendo disponibilizado dados. Todos os valores apresentados ainda não contemplam o IVA.

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Área Metropolitana de Lisboa

No mapa abaixo estão resumidos os principais gastos de cada autarquia. Passe o cursor por cima de cada botão em forma de azevinho para ver os dados. Para conhecer as despesas de cada câmara e empresa municipal com pormenor, continue a ler.

Almada

Os almadenses não podem queixar-se de falta de animação este Natal. A câmara investiu 64.738 euros em iluminações temáticas, mas não se ficou por aí. Houve ainda uma festa para as crianças das escolas do concelho e uma outra para os filhos dos trabalhadores autárquicos. Ambos os eventos custaram 39.657,50 euros, mas os comes e bebes foram pagos à parte. Custaram 12.900 euros. Mas Natal que é Natal não pode passar sem presentes e a câmara de Almada não deixou as crianças de mãos a abanar. A autarquia comprou 843 brinquedos pelo preço de 12.825 euros e ainda dez mil puzzles por 13.400 euros.

Contas feitas, o município de Almada gastou 143.520,50 euros (sem IVA) nesta quadra.

Cascais

A câmara de Cascais parece ter sido mais moderada nos gastos, embora no portal Base não apareçam os custos com as iluminações que enfeitaram as ruas da vila durante o mês de dezembro (qualquer coisa como 100 mil euros, como foi referido ao jornal Expresso). Pela aquisição de cabazes natalícios a autarquia social-democrata pagou 50.648,96 euros à Fundação “O Século”, mas o contrato não incluía as embalagens para os produtos, pelo que foi necessário comprar caixas. Custaram 7.200 euros. O cabaz também não tinha bolos-rei, por isso a câmara comprou-os a uma conhecida pastelaria local por 19.080 euros. Por fim, a autarquia investiu na compra de cartões oferta para as crianças que participaram na festa de Natal. O negócio, com a loja de brinquedos Toys’r’us, custou 14.487,50 euros.

Com tudo isto, as contas de Cascais ascenderam aos 91.416,46 euros (sem IVA).

Oeiras

Oeiras foi outra câmara que também não quis que faltasse nada aos funcionários. A todos deu um cabaz com vários produtos alimentares, o que custou 49.672,50 euros ao erário municipal. Também aqui o bolo-rei foi comprado à parte. Por 2.950 bolos-rei, a autarquia pagou 15 mil euros, o que dá um peço médio por bolo de 5,08 euros. Em iluminações, Oeiras investiu 15.700 euros, menos do que gastou em brinquedos para os filhos dos funcionários (16.255,95 euros). A câmara decidiu ainda oferecer um almoço aos idosos do concelho, que custou 22.500 euros.

No total, a câmara liderada por Paulo Vistas (do movimento Isaltino) gastou 119.128,45 euros.

E, antes de falarmos da Amadora, refira-se que os Serviços Intermunicipalizados de Água e Saneamento de Oeiras e Amadora, empresa que gere o abastecimento de água nestes dois concelhos, comprou 400 cartões-oferta ao Continente — pelo total de 12 mil euros.

Amadora

O investimento natalício na câmara da Amadora foi, aparentemente, modesto. O único gasto que consta do Base é a compra de alimentos para 1.725 cabazes, que custaram 34.500 euros. Falta, claro, acrescentar os custos com iluminações, que não estão publicados na internet mas terão ficado pelos 100 mil euros.

Odivelas

Outro município que também não gastou muito no Natal, Odivelas, apenas mandou fazer uns cartazes com mensagens de Boas Festas. Aproveitando a boleia, a câmara usou o mesmo suporte para informar os munícipes das taxas de IMI para 2016. Total: 6.900 euros.

Vila Franca de Xira

Os gastos da câmara de Vila Franca de Xira resumem-se a iluminações e a vales de compras para oferecer aos funcionários. As luzes custaram 29.448 euros, mas ainda foi preciso comprar uma “estrutura metálica de suporte da iluminação de Natal do Monte Gordo”, o que obrigou a um gasto de mais 9.500 euros. Nos vales de compras, o município investiu 8.180,90 euros.

As contas não são difíceis. Vila Franca de Xira gastou 47.128,90 euros (sem IVA).

Tal como os serviços de água e saneamento de Oeiras e Amadora, a Águas do Norte ofereceu vales de compras do Continente aos seus funcionários.

Mafra

Esta é outra das autarquias da Área Metropolitana de Lisboa que só anuncia uma despesa da quadra. Foi um jantar de Natal que custou 11.340 euros. Do contrato não consta o número de comensais, mas a ementa está lá descrita: nove entradas, duas sopas, um prato principal, duas sobremesas, mais de uma dezena de bebidas e bar aberto de digestivos.

Sintra

A Câmara Municipal de Sinta voltou a apostar na realização do “Reino do Natal”, que ocupou grande parte do centro da pitoresca vila. Foi nesse evento que a autarquia fez os maiores investimentos. A aldeia dos duendes custou 4.980 euros, a casa do Pai Natal custou 4.985 euros, os ateliers temáticos ficaram por 5.000 euros, um espetáculo teatral levou mais 4.950 euros e as tendas custaram 7.670 euros (em dois alugueres, um de 5.360 euros e o outro de 2.310 euros). Por fim, a câmara ainda comprou postais (260 euros) e as iluminações para as ruas (40 mil euros).

Tudo somado, Sintra gastou 67.845 euros (sem IVA).

Lisboa

As iluminações natalícias da capital chamam sempre a atenção, seja pela sua beleza, ou falta dela, seja pelos montantes envolvidos. Este ano a câmara terá gasto cerca de 320 mil euros, embora no portal Base não haja qualquer informação sobre isso. As informações ali disponíveis mostram que a autarquia liderada por Fernando Medina comprou bilhetes de circo por 9 mil euros e ainda fez três encomendas de brinquedos. Uma custou 1.939,40 euros, a outra ficou em 2.434,35 euros e uma terceira teve um custo de 9.265,21 euros.

As contas de Lisboa não são tão fáceis de fazer como em outras autarquias, uma vez que a autarquia externalizou algumas competências em empresas. É o caso, por exemplo, da EGEAC, a entidade que gere os equipamentos culturais do município (Castelo de São Jorge, Cinema São Jorge, Teatro Maria Matos, etc.) e que organizou um concerto de Natal no São Luiz que custou 7.500 euros.

Outra empresa municipal lisboeta que não quis deixar passar a quadra em branco foi a EMEL, que gere o estacionamento na cidade. Os filhos dos funcionários receberam presentes de Natal que custaram 6.830,40 euros. Entre os bens oferecidos há tablets (55 euros cada), auscultadores (20 euros) e brinquedos da Disney, Playmobil e Lego.

Ainda em Lisboa, destaca-se também a EPAL – Empresa Portuguesa das Águas Públicas, que comprou bacalhau no valor de 60 mil euros.

Quanto a contas, a Câmara Municipal de Lisboa gastou, sozinha, 22.638,96 euros, sem contar com os tais 320 mil em iluminações, o concerto cujo pagamento foi assumido pela EGEAC e o IVA. Também nestas contas não entram os gastos feitos individualmente por cada uma das juntas de freguesia — algumas tiveram iluminação própria e quase todas ofereceram cabazes natalícios aos funcionários e/ou fregueses.

Montijo

A única despesa assumida pela câmara do Montijo diz respeito a iluminações. Custaram 10.500 euros.

Palmela

Acontece exatamente o mesmo com a autarquia de Palmela, que gastou 10 mil euros em luzes de Natal.

Seixal

A autarquia seixalense foi original na hora de escolher um presente para os funcionários. Comprou chapéus-de-chuva, tão úteis por estes dias, pelo montante de 6.715 euros. E também não abdicou das tradicionais iluminações festivas, que custaram 6.097 euros.

No total, foram investidos 12.812 euros.

As câmaras municipais de Loures, Sesimbra, Barreiro, Moita, Alcochete e Setúbal não publicaram qualquer contrato relativo a despesas natalícias.

Porto: iluminação de Natal

O presidente da câmara do Porto, Rui Moreira, na inauguração das decorações natalícias da cidade. (Foto: Artur Machado/Global Imagens)

Área Metropolitana do Porto

No mapa abaixo estão resumidos os principais gastos de cada autarquia. Passe o cursor por cima de cada botão em forma de azevinho para ver os dados. Para conhecer as despesas de cada câmara e empresa municipal com pormenor, continue a ler.

Arouca

Há várias autarquias do Norte que só declararam despesas com iluminações e enfeites natalícios. É o caso de Arouca, que celebrou um contrato de 12.500 euros.

São João da Madeira

Outro exemplo é São João da Madeira, que gastou 17.479,67 euros em iluminações.

Espinho

Em Espinho, a única despesa da autarquia parece ter sido no aluguer de equipamentos de luz e som para eventos. Custou 30.750 euros.

Gondomar

No passado, a Câmara Municipal de Gondomar dava que falar e nem sempre pelos melhores motivos. Talvez por isso, os gastos que a autarquia fez este ano na época natalícia não tenham sido muito avultados. Para que as crianças em férias tivessem alguma coisa com que se entreter, o município contratou “serviços de dinamização de atividades lúdico-pedagógicas” que custaram 6.325 euros. Tirando isso, a outra despesa foi em iluminações, pelo valor de 30 mil euros.

Isto perfaz um total de 36.325 euros (sem IVA).

Vila Nova de Gaia

No início de dezembro, a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia comprou vouchers de viagens e estadia para, lê-se no Base, oferecer a instituições. A transação ficou em 9.200 euros. Já em iluminações, a autarquia investiu 22.149 euros.

Ou seja, Gaia gastou 31.349 euros neste Natal (sem IVA)

Matosinhos

As iluminações natalícias de Matosinhos foram das mais caras do país. Custaram 70.800 euros. Tirando isso, a câmara não fez mais nenhum gasto — a não ser em sacos de divulgação da animação natalícia, que custaram 5.474 euros.

Ora, a soma perfaz 76.274 euros (sem IVA).

Iluminações de Natal em Matosinhos

Iluminações de Natal em Matosinhos – @Isabel Leal/Global Imagens

Maia

No município da Maia, a fatia de leão dos gastos natalícios foi para a compra de 1.700 cabazes alimentares, que tiveram um custo de 48.470,10 euros. É um pouco mais do que a câmara gastou nas iluminações, cujo aluguer ficou em 40 mil euros. Além disso, realizou-se também o evento “Sorria, o Natal está na Maia”, cuja animação custou 27.452,80 euros.

Foram 115.922,90 euros no total (sem IVA).

Vila do Conde

Eis a primeira câmara das já mencionadas que apostou num presépio vivo. O contrato, com uma associação teatral, teve um custo de 8.700 euros. A autarquia organizou ainda o evento “Natal na Praça”, para o qual alugou equipamentos no valor de 42.750 euros. Por fim, o investimento em iluminações ficou em 51.800 euros.

No cômputo geral, a despesa vilacondense ficou em 103.250 euros (sem IVA).

Trofa

No município da Trofa o único investimento natalício foi em cabazes alimentares. Custaram 18.021,59 euros.

Santo Tirso

Na terra do jesuíta, a câmara apostou em atividades sociais e recreativas que obrigaram à contratação de trabalhadores temporários. O contrato ficou em 68.356 euros. Para além disso, a outra despesa da autarquia foi em “oficinas temáticas lúdico-pedagógicas” para o evento “Mimar Natal 2015”, que custaram 42 mil euros.

A soma dos dois valores dá uma despesa de 110.356 euros (sem IVA).

Póvoa de Varzim

Na Póvoa, o único investimento da autarquia foi em iluminações, que custaram 35 mil euros.

O Pai Natal gigante de Águeda custou 40 mil euros. A EPAL gastou 60 mil em bacalhau.

Porto

A segunda maior autarquia do país gastou qualquer coisa como 118 mil euros em iluminações natalícias, mas esse valor não aparece no portal Base. Ali aparecem apenas dois contratos (bastante detalhados, por sinal). Um diz respeito à aquisição de 18.823 bilhetes de circo (por 39.151,84 euros) e o outro à organização de um espetáculo temático (por 13.500 euros).

Contas feitas, excluindo o valor gasto em iluminações, o Natal portuense ficou em 52.651,84 euros (sem IVA).

Oliveira de Azeméis

É o último dos municípios da Área Metropolitana do Porto que já disponibilizaram dados ao portal Base. Em Oliveira de Azeméis, a câmara gastou em iluminações (12.504,07 euros) quase tanto como investiu em “serviços de animação e divertimento” (15.750,48 euros).

Os dois valores somados representam uma despesa total de 28.254,55 euros.

Santa Maria da Feira, Valongo, Paredes e Vale de Cambra são as autarquias da Área Metropolitana do Porto que não colocaram nenhum contrato natalício no portal Base.

Para fechar este bloco, deixamos também os dados de quanto gastou a Águas do Norte este Natal. A empresa que gere o abastecimento de água em todo o Norte do país seguiu o exemplo de Oeiras e da Amadora e comprou cartões oferta no Continente para oferecer a todos os trabalhadores. A transação custou 37.350 euros. Além disso, a companhia foi à Fnac buscar cartões oferta para os filhos dos trabalhadores: 6.579,80 euros.

Outros locais

Fora dos grandes centros urbanos houve muitas outras autarquias a fazer investimentos natalícios. O blogue do Observatório da Má Despesa Pública encontrou alguns exemplos, aos quais o Observador junta agora outros.

Águeda

Águeda deu que falar este ano porque a autarquia decidiu instalar por lá um Pai Natal gigante que até concorreu ao prémio de maior Pai Natal do mundo do Guinness. O boneco, com 21 metros de altura, custou 40 mil euros aos cofres autárquicos (mais IVA), mas não foi a única despesa. A câmara comprou igualmente 588 bacalhaus pelo preço de 16.154,12 euros.

O Natal em Águeda ficou, assim, em 56.154,12 euros (sem IVA).

A construção do pai natal gigante em Águeda - Maria João Gala/ Global Imagens

A construção do pai natal gigante em Águeda – Maria João Gala/ Global Imagens

Bragança

A capital de Trás-os-Montes também investiu fortemente no Natal deste ano. As iluminações custaram 31.500 euros e a pista de gelo foi alugada por 53.608,40 euros. Além disso houve um concerto de Katia Guerreiro (7.038 euros) e um jantar para os funcionários autárquicos (5.162 euros).

Isto tudo somado dá a quantia de 97.308,40 euros (sem IVA).

Boticas

Ainda em Trás-os-Montes, o concelho de Boticas salta à vista por ter comprado casacos polares para oferecer aos idosos que participaram num almoço natalício. O repasto custou 13.156 euros e o presente exigiu uma despesa de 21.964 euros. Além disso, a câmara ainda alugou stands de feira durante o mês de dezembro, o que custou 74.927 euros.

Assim, conclui-se que a câmara de Boticas gastou 110.047 euros (sem IVA).

Vila Real de Santo António

A Sul, a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António decidiu oferecer um cabaz a todos os funcionários, gastando 17.532,67 euros.

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