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FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

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Maria Guedes: "Não gosto de depender tanto da imagem. Ao fim de 10 anos, já estou cansada"

Há 10 anos, nascia Stylista, blogue de moda e lifestyle, ainda a milhas da palavra influenciadora e dos mercados com produtos nacionais. Falámos com Maria Guedes, há uma década a viver da imagem.

Em 2009, os horizontes eram outros, pelo menos, em Portugal. Viver de uma página online era uma piada e fotografar looks para inspirar ilustres desconhecidos soava a profissão tão surreal quanto inútil. Maria Guedes estava, ela própria, a tentar inventar o que fazer. Criou o blogue Stylista para servir de apoio ao livro que haveria de lançar em novembro desse mesmo ano. A reviravolta foi quase instantânea — os cliques sobrepuseram-se ao folhear do manual de estilo e foi só uma questão de tempo até que os olhos das marcas (bem como os seus orçamentos) se voltassem para esta e para outras autodidatas do lifestyle.

Deixou os vestidos de noiva e encetou uma caça intensiva à criatividade nacional. Em 2013, no primeiro mercado que organizou, tinha a sua própria banca de roupa em segunda mão. Hoje, com duas edições por ano, concentra à volta de 100 marcas, a maioria portuguesa, comes e bebes, patrocínios e milhares de visitantes, enquanto percorre o recinto, qual maratonista, de walkie-talkie na mão. Diz que é paixão, muito antes de adicionar a ambição a esta fórmula de sucesso.

São dez anos a viver da imagem — num blogue, no Facebook e no Instagram. O reverso da exposição assusta-a e admite mesmo a vontade de regressar aos bastidores. O primeiro passo já está dado — este fim de semana, lança uma marca de roupa homónima. Composta por uma dezena de peças, tudo produzido em Portugal, mantém-se coerente na propaganda dos básicos e da moda intemporal. Sábado e domingo, o Summer Market está de volta ao recinto da FIARTIL, no Estoril. Dentro de uma semana, ruma ao Porto, para mais uma edição. Não será difícil dar de caras com esta blogger, stylist, influenciadora e empreendedora. Porém, fomos estudá-la primeiro. Recebeu-nos em casa, a usar peças da própria marca. A legenda será algo como: Maria Guedes vestida por Maria Guedes.

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

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O blogue fez 10 anos em janeiro. Naquela altura, o que é que te fez pensar que tinhas alguma coisa para dizer ao mundo?
Tinha voltado de Nova Iorque, estava sem trabalhar há seis meses e a tentar arranjar emprego, mas estava a ser super difícil. Comecei por fazer uns vestidos para umas amigas e, às tantas, já tinha clientes. Começaram a pedir-me dicas de styling — que sapatos é que levavam, o que faziam ao cabelo, que carteira punham. Em janeiro de 2009, comecei a escrever o livro Tanta Roupa e Nada Para Vestir. Era o mês mais tranquilo do ano, então fiquei em casa, meio que a hibernar. Apresentei-o a algumas editoras e, entretanto, achei interessante fazer dele algo intemporal, algo que fosse mais interativo. Criei o blogue logo em janeiro, mas sempre a pensar que as pessoas só iriam lá quando o livro saísse, em novembro. Estava só a treinar, a pôr algumas coisas sobre o que se usava, de quem é que fica mais favorecido com isto ou com aquilo. Foi um bocado o início da onda dos blogues e o meu começou a ganhar mais atenção. A partir daí, as coisas foram acontecendo, nem sei muito bem como.

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Dirias que surfaste essa onda ou antecipaste-a?
Lembro-me de uma amiga de Barcelona me dizer: ‘Há aqui uma que tem um blogue, veste as roupas, tira fotografias e mostra aquilo que vestiu’. E eu: ‘Isso é tão estúpido. Alguém vê isso?’. E ela: ‘Não, é giro. Ela vai à Zara e à Mango, como nós, e assim tu tiras ideias’. Então, comecei a fazer isso. Na altura, nem se via muito. Seguia dois ou três blogues americanos, mas não havia assim nada de especial além desses. Acho que antecipei um bocado, na medida em que não fazia ideia do que aí vinha. De repente, apareceu a onda e essa onda engoliu-me e levou-me.

Mas a moda já estava na tua vida há mais tempo.
Desde pequenina. Ainda agora, por causa da coleção, perguntava aos meus pais: ‘Lembram-se? Era isto que queria fazer desde que tinha este tamanho’. Dizia a toda a gente que queria ser estilista, não tinha dúvida nenhuma. Depois, comecei a perceber o que é a moda em Portugal. Era a Ana Salazar, mais nada, e uma ModaLisboa muito pequenina. Não tinha expressão, na altura. Decidi seguir marketing a pensar que era mais seguro para o futuro e também porque era uma coisa que gostava e que continuo a fazer. Passava a vida a desenhar e as minhas ilustrações eram sempre bonecas, sempre moda. Tinha uma coleção gigante de bonecas de papel que os meus pais ainda devem ter e que quero ver se recupero. Não fazia mais nada a não ser desenhar roupa. Acabei por seguir Marketing e Publicidade e por trabalhar em agências.

"Durante o estágio em Nova Iorque, percebi que desenhar, costurar, fazer moldes e drapear não era bem o meu forte. Aliás, eles próprios diziam que era melhor como stylist e a definir tendências e silhuetas do que propriamente no trabalho de atelier."
Maria Guedes

Mais tarde, enquanto ainda não era casada, nem tinha filhos, nem contas para pagar, descobri um curso em Nova Iorque, só de um ano, e pedi ao meu pai se podia fazer. Ele sabia que isto estava em mim e lá me deixou ir. Fiz o curso da Parsons e foi espetacular, adorei. Fiquei lá mais tempo — uns dois anos, acho. Foi maravilhoso. Mas quis voltar para Portugal, não podia passar o resto da minha vida a ir de Nova Iorque para Paris e para Milão, nesta vida de ateliers de designers, que é uma vida doida, em que não se faz mais nada a não ser trabalhar, em que não há horários e em que é tudo super competitivo, um ambiente muito agressivo. Gosto de moda, mas não queria aquilo para mim. Voltei com a ideia de construir qualquer coisa, mas não sabia muito bem o quê. Sempre adorei moda e, com isto das novas tecnologias a aparecer, comecei a apaixonar-me por esta forma de comunicação. Depois, queria juntar um bocado de tudo — a parte do marketing e a moda. O que faço é vender, comunicar e criar.

À parte da própria escola, que é uma referência a nível mundial, houve alguma outra experiência que tenha marcado esta passagem por Nova Iorque?
Estive a estagiar no atelier do Zac Posen, ofereci-me para ficar lá o verão todo. Os meus pais só diziam: ‘Estás maluca, não vais receber dinheiro nenhum. Os teus amigos estão todos cá no verão, durante três meses, a curtir’. Foi, de facto, muito solitário e muito duro. Não estava lá ninguém, trabalhávamos dia e noite, feriados e fins de semana. O ambiente era de Devil Wears Prada para pior — era horrível, super exigente e meio de loucos, do tipo: ‘Hoje vais pegar nesta biblioteca e pôr tudo por ordem alfabética. Mudei de ideias, quero tudo por ordem de cores’. Algumas coisas não eram sequer construtivas. O primeiro mês foi super duro, odiava aquilo e só pensava em desistir. No fim, tudo acabou com ótimos amigos, com uma ótima experiência e aprendizagem e com o desfile na New York Fashion Week, onde estivemos no backstage a ajudar e a ver os vestidos que tínhamos ajudado a fazer. Foi espetacular. O primeiro semestre foi super duro, com a integração, o estudo, quase não tinha vida social e sentia-me super sozinha. O verão foi a estagiar. Depois, estava a borrifar-me para a escola, já só andava a curtir e passava a vida em festa.

Sentiste-te aquela miúda rebelde em Erasmus?
Sempre fui um bocado rebelde. Tinha 28 anos e já tinha passado por uma adolescência muito intensa. Mas foi bom. Vivi Nova Iorque como se fosse uma local. Não queria voltar, mas acabou aluguer do quarto e o visto de um ano emitido pela Parsons extraviou-se. Ao mesmo tempo, os meus pais diziam que tinham saudades minhas. Às tantas, parece que tudo se alinhou e voltei para passar o verão em Portugal, só enquanto o visto não aparecia. Vim, apaixonei-me, arranjei um namorado e já não quis mais voltar para Nova Iorque. Aí, aconteceu tudo: o blogue, o livro. Fui inventando coisas, que era o que eu fazia — desenhava, pintava quadros, fazia vestidos, improvisava.

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

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Custou-te voltar para Portugal e não conseguires construir uma carreira unicamente como designer?
Nem era esse o meu objetivo. Durante o estágio em Nova Iorque, percebi que desenhar, costurar, fazer moldes e drapear não era bem o meu forte. Aliás, eles próprios diziam que era melhor como stylist e a definir tendências e silhuetas do que propriamente no trabalho de atelier. Quando apareceram os blogues e os influenciadores, percebi que era mais ou menos o que gosto de fazer. Gosto de ir às compras e de mostrar o que compro. Aliás, já fazia mais ou menos isso com as minhas amigas — íamos sair à noite e eu dizia-lhes o que tinham de pôr com isto e com aquilo. Estava mais virada para o styling do que propriamente para a criação. O que me frustrou a curto prazo foi não haver empregos de moda, nem empregos de marketing, nem empregos de nada. Andava a tentar perceber o que é que ia fazer, mas também sempre soube que a vida nos leva um bocado. É ir fazendo, um pé a seguir ao outro, que as coisas acabam por se encaminhar. Ainda trabalhei na Stivali, vi um anúncio no Expresso. Fui também para tentar perceber o comportamento do consumo de certas marcas cá em Portugal. Mas depois também não correu muito bem, fiquei lá só um mês. Os meus pais estavam passados — ‘Já tens 30 anos. E agora?’. E eu: ‘Tenho um blogue’. E eles: ‘O que é isso?’. E eu: ‘Não sei’. Estava tudo um bocado preocupado, já não tinha idade para andar a brincar.

Em que momento é que percebeste que podias, de facto, viver de um blogue?
Demorou imenso tempo. Comecei com os vestidos e continuem a fazer isso durante muito tempo. Depois, além de vestir convidadas para casamentos, fazia também para noivas. Tive esse negócio durante sete anos, era o mais estável. Sabia que tinha sempre várias noivas ao longo do ano e isso trazia-me alguma estabilidade. O blogue era um complemento. Durante muito tempo as marcas nem estavam dispostas a fazer investimento. A coisa foi mudando e fomo-nos ajustando a essa nova realidade. Só mais tarde é que chegam as publicações patrocinadas ou as relações como embaixadora. Aí, passou a haver trocas comerciais, porque no princípio eram quase só simpatias. Mandavam um perfume Chanel e ficava encantada e deslumbrada, só queria agradecer e a coisa era super inocente.

Quando nasceu o meu filho Manel, em 2012, consegui parar — porque tinha juntado algum e porque olhava para a frente e via alguns projetos. Foi aí que percebi que dava para viver só com aquilo. Depois, 2013 foi porreiríssimo. E em 2014, o ano em que me casei, disse logo que o meu vestido de casamento ia ser o último que fazia. Acaba aí a fase das noivas. O blogue já andava e conseguia ver o meu futuro a três ou quatro meses sem sentir que ia ficar à rasca de hoje para amanhã. Nessa altura, começam os mercados. O primeiro teste foi em 2013, em Colares. Estava super inocente, a dizer às pessoas para aparecerem e para levarem os amigos. Estava lá a vender roupa em segunda mão, era a minha única remuneração. Em 2014, ficou mais sério, já no Estoril. A partir daí tem vindo a crescer e já lá vão estes anos todos.

Os mercados foram uma forma de conseguir outra fonte de rendimento além da presença online?
Aconteceu por acaso. Nessa altura, estava tudo a deparar-se muito com o desemprego, com a falta de opções, com o facto de ninguém querer o curso de ninguém. Então, começaram a aparecer os novos negócios, as pessoas começaram a perder o medo. Apareceu a Change com os calções, a Bohemian Swimwear, a Futah, a Cantê. Nessa altura, num fim de semana, fui com o meu marido e com o meu filho a uma quinta em Colares. Achei aquilo giro, tinha um mercado onde vendiam umas coisinhas, mas não eram coisas muito interessantes. Eu conhecia a dona e disse-lhe: ‘Empresta-me isto um dia que eu trago para aqui umas marcas portuguesas muitos giras que tenho conhecido’. Aconteceu. Pus lá 20 marcas e aquilo encheu, foi espetacular. Ainda fizemos mais uma no inverno. Só no ano seguinte é que senti que era preciso um espaço maior, não só para as marcas, mas também para o público. A partir daí, comecei  a cobrar aluguer porque eu própria já começava a ter custos. Na altura o apoio era mais técnico, não tinha equipa nenhuma a trabalhar comigo. Agora é a loucura, pessoas para tudo e mais alguma coisa. Mas nada disto foi a pensar que aquele ia ser o próximo negócio. E, neste momento, também sei que os mercados não vão durar para sempre. Sinto que é preciso ter várias coisas a acontecer ao mesmo tempo, assim, quando uma falhar está lá outra. Agora vou tentar uma marca de roupa, pode funcionar ou não, não sabemos.

"Não quero que isto seja sobre mim nem sobre a minha vida pessoal. Isto é o meu trabalho e o meu trabalho é design, organização e marketing. Quero que seja sobre isso e não sobre o que é que comi ao pequeno almoço."
Maria Guedes

Nessa altura, olhávamos para esses produtos de moda portuguesa de maneira diferente?
Sim, era um bocado como ter aquela amiga que fazia umas coisas giras. Estava tudo a começar, só com vontade. As coisas ainda não tinham a qualidade, o design e o empenho que existe agora. Hoje, vês marcas com uma comunicação brutal — os sites, as lojas, a apresentação, as coleções, os materiais, os cortes, os acabamentos. Às tantas, começámos a olhar para as coisas e a pensar: ‘Uau, parece o que se faz lá fora’. Lembro-me de ir ao Chiado, aos domingos, e de estar tudo fechado, não se passava nada. As lojas estavam fechadas, não havia restaurantes, essa coisa do brunch não existia, jantar fora era quando alguém fazia anos. Até parece que sou uma carcaça, mas foi há dez anos ou nem isso. Marcas portuguesas? Uma coisa aqui, uma coisa ali. Hoje, é giro ver, não só nas marcas, mas também na restauração e na hotelaria, a forma como tudo fervilha e como os portugueses deixaram de ter medo e começaram a arriscar muito mais. Uns foram à frente e os outros perderam o medo e foram também. Entram nos negócios com a consciência de que aquilo pode dar e pode não dar. Não custa nada tentar, mas essa mentalidade não existia. E é bom sentir que as pessoas gostam de usar o que é português. Vês que há orgulho em usar o que é feito por nós.

Nessa altura também não andava meio mundo a querer ser influenciador. Há espaço para todos ou perde-se qualquer coisa à medida que esse universo aumenta?
Acho que somos todos influenciadores, a título mais profissional ou mais pessoal. A conversa está aberta, estamos todos nas redes sociais e estamos todos a influenciar, nem que seja aquelas cinco pessoas que nos seguem. Agora, há um estatuto mais profissional que é mais difícil de reproduzir. Falo dos grandes nomes internacionais e acho complicado que apareçam novos, porque aqueles lugares já foram ocupados. Mas do lado da micro influência, a tendência é que apareçam cada vez mais. É assim que comunicamos hoje e é onde vemos as coisas. Não faço ideia do que vem a seguir.

Mas não identificas um intuito um pouco oportunista sempre que aparece alguém com pretensões a influenciar os outros?
Agora sim. Já não é daquela maneira inocente como quando eu, a Pipoca, a Carmo ou a Mónica Lice começámos. Mas também, uns safam-se e outros não e, se calhar, em 10.000 que tentam, há um que, pelo conteúdo mais original e especial, consegue essa tração. Toda a gente pode tentar, mas conseguir vingar é o mais difícil, até porque está tudo a fazer o mesmo, a dizer o mesmo. E também sinto que, quando alguém vem para fazer dinheiro, tem tudo para correr mal. Penso assim em relação a todos os negócios. Se, em vez da paixão, pensas em fazer um negócio, já é um mau ponto de partida.

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

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Com a passagem das relações inocentes com as marcas para os patrocínios declarados, a perda espontaneidade no discurso de um influenciador é inevitável?
Isso aconteceu logo no princípio, mesmo sem haver trocas comerciais. Eu, por exemplo, comecei a receber muitos presentes e queria agradecer a toda a gente, fotografar tudo, responder a tudo. Mesmo com as roupas dos miúdos, queria fotografá-los com tudo. Até que houve uma altura em que pensei: ‘Não dá’. Senão, não fazia mais nada além de fotografar coisas que, às tantas, nem precisava. Eu não precisava daquela roupa toda, daqueles cremes todos, daquela maquilhagem toda. Aí, passaram a ser só as coisas de que gosto e que acho que fazem sentido. E daí, passou para nada. Hoje, digo para não mandarem — não quero, não vou comunicar, não vou fazer unboxing. É só lixo, é só tralha, são coisas que não uso, que vou dar.

Mas percebo quem só vive disto. Se aparecer uma marca a pagar-te x ou y e tiveres contas para pagar, percebo que se perca a espontaneidade, percebo que se tente dar a volta para tornar interessantes algumas coisas que não interessam assim tanto. Posso dizer que tenho sorte, porque tenho os mercados e tinha as noivas, então não tenho assim tanta necessidade de estar a comunicar um produto que não me diz nada. Tenho estado a virar-me cada vez mais para as minhas coisas — as minhas roupas, as minhas joias, os meus sapatos, os meus eventos. As coisas que estou a comunicar são, na verdade, coisas que também estou a criar. Por outro lado, estou cada vez menos virada para endorsements e para posts patrocinados. No ano passado ainda fiz um ou outro, este ano muito pouco. Tenho vindo a declinar e também já nem me sai com muita naturalidade. Se já não é espontâneo então para o outro lado também não vai ser. Já não tenho idade para isto, já passou. E noto que outras influenciadoras estão a fazer o mesmo. Lá fora, estão todas a criar marcas de roupa. Estamos todas nesta situação: para quê estar a comunicar coisas dos outros quando podemos ter muito mais emoção a falar sobre as nossas coisas? E afinal, são dez anos a ver o que as pessoas gostam, o que compram, ao que é que dão mais resposta, o que é que tem mais procura. De certa forma, sinto que sei o que é que vai vender e o que não vai vender.

E quem te segue é sensível a essa evolução?
Não sei se percebem. Às vezes até pergunto se as pessoas acharão que as marcas já não querem investir em mim. Por exemplo, quando criei o site novo, no princípio do ano passado, decidi que não queria publicidade, nem vídeos a passar. Mesmo nas publicações, é capaz de aparecer uma ou outra marca da qual sou embaixadora, mas decidi que ia ser tudo completamente clean. Como é que este site se paga? Não se paga. Paga-se com outros projetos que tenho. Mas o blogue continua a ser a minha forma de comunicação preferida, apesar de estar tudo no Instagram e de já quase ninguém lá ir. Continuo a gostar de ir lá, de fazer as publicações todas bonitinhas.

[...] não andem para aí a seguir tendências. Isto hoje é tudo muito animal print e amanhã já não é -- era o que dizia e é o que vou continuar a dizer. Já não tenho tanto essa necessidade de ter roupa nova e tendências. Já me passou um bocado essa euforia e ainda bem."
Maria Guedes

Acho que as pessoas perceberam que as coisas mudaram, que os conteúdos estão mais cuidados, cada vez menos naturais e mais comerciais. Isso é de propósito, porque pensei: ‘Não quero que isto seja sobre mim nem sobre a minha vida pessoal. Isto é o meu trabalho e o meu trabalho é design, organização e marketing. Quero que seja sobre isso e não sobre o que é que comi ao pequeno almoço’. Interessa-me que seja uma coisa que me deixe orgulhosa no fim do dia. É o meu trabalho, não vou estar a narrar o que me acontece ao longo do dia. Quero que se perceba que foi difícil ir fotografar para aquele sítio, que tive de fazer styling, que tive de pensar em maquilhagem, no fotógrafo, nos planos. Não sei se as pessoas sentem isso, mas para mim é importante saber que há trabalho por trás das coisas que faço. E também gosto que as coisas tenham um aspeto mais cuidado, quase mais editorial do que propriamente demasiado natural e espontâneo, apesar de toda a gente me dizer que tem de ser tudo muito cru porque isso é que dá engagement e números. Quero lá saber do engagement e dos números, é assim que gosto. Há espaço para toda a gente. Também não gosto de seguir vidas reais, gosto de seguir conteúdos mais cuidados e mais artísticos, em que sinta ali styling ou composição, jogos de cores, uma fotografia bonita. Portanto todos encontramos os nossos nichos.

Continua a haver ideias preconcebidas sobre bloggers e influenciadores?
As pessoas ainda acham que é tudo oferecido. Mas coisas também mudaram imenso. Houve uma altura em que as marcas ofereciam muita coisa, os hotéis faziam muitos convites e isso parou. Não sei se, entretanto, as marcas, os hotéis e os restaurantes também não sentiram que não tinha esse impacto todo. Mas sim, mesmo amigas minhas — ‘Ia convidar-te para jantar, mas vi que estás não sei onde’. E eu: ‘Tu acreditas nisto? Achas que estou neste restaurante? Isto já foi fotografado há uma semana. Estou em casa, debaixo da manta, porque é que não me ligaste?’. Ainda há quem ache que os conteúdos são muito espontâneos e a maior parte deles não é. São produções. Vocês querem ver sítios e roupas, então vou mostrar os sítios de que gosto e as roupas de que gosto, mas de uma forma que foi pensada, às vezes editada. Geralmente as coisas que saem diretamente da máquina para o Instagram são durante as férias, aí é tudo fotografado por mim. No resto do ano, não. São coisas trabalhadas e depois publicadas ao longo da semana seguinte.

"Não gosto de me maquilhar nem de me arranjar todos os dias. Se for preciso, ando sempre com uma t-shirt branca e jeans e com um carrapito na cabeça. Não gosto de depender tanto da imagem, mas pronto, é o meu trabalho neste momento. Confesso que ao fim de dez anos, já estou um bocado cansada."
Maria Guedes

Resumindo, continuas a ir às compras.
Continuo, mas vou menos. Antes, sentia que tinha de fazer imensas compras para ter sempre conteúdos frescos e novos. Então, andava ali sempre a gastar dinheiro, ia a lojas e a showrooms buscar roupa emprestada. Era roupa, roupa, roupa. No ano passado fiz umas vendas e despachei uma data de coisas, mas antes já tinha dado, dado, dado. Agora, trabalho com algumas marcas que me dão alguns looks, mas mesmo nessas marcas vou começar a cortar um bocadinho. Claro que é sempre preciso ter coisas novas porque é o que o público quer ver. As pessoas não querem ver jeans e uma t-shirt branca todos os dias, o ano todo. Mas, também aí, apetece-me acalmar um bocadinho.

Achas possível encontrar esse equilíbrio entre o que as pessoas querem ver e uma certa consciência do excesso da tua parte?
Sim e agora com a marca vai ser mais fácil, porque só me apetece usar as coisas que desenhei. Depois, é misturar com acessórios e continuar a conversa que comecei em 2009 — básicos, peças fáceis de vestir, que sejam confortáveis e que fiquem bem umas com as outras. Depois, é complementar a gosto e daí vem a personalidade. Mas não compliquem, não andem para aí a seguir tendências. Isto hoje é tudo muito animal print e amanhã já não é — era o que dizia e é o que vou continuar a dizer. Já não tenho tanto essa necessidade de ter roupa nova e tendências. Já me passou um bocado essa euforia e ainda bem.

Estás a aproveitar para reduzir a tua pegada?
Continuo a fazer compras, até porque continuo a adorar moda. Compro menos, isso sim. Ganhei mais esta consciência quando comecei a fazer a marca, em janeiro. Fui conhecendo pessoas da indústria e fui parar a umas reuniões de uma organização que junta marcas que estão agora a começar. Basicamente, ajudamo-nos todos. Por exemplo, quero encomendar etiquetas em poliéster reciclado, mas só fazem 500 metros e eu só preciso de 100. Então, juntamo-nos e fazemos. É uma cooperativa de marcas que estão a começar, com formas de rentabilizar investimentos e ajudas. O objetivo deles é reduzir o impacto e fazer roupa mais amiga do ambiente e em menos quantidade. Para mim, eram conceitos completamente distantes. Explicaram-me que, ao comprar tecidos parados em armazém, estou a fazer um upcycle. Estou a trabalhar localmente, estou a pagar como deve ser às pessoas. Eu não decidi criar uma marca sustentável, comecei, percebi que este era o caminho e fui ficando cada vez mais interessada. Ainda estamos muito longe de qualquer coisa. Mas é interessante começar a conversa. Quando começamos a falar sobre isto, começamos a pensar sobre isto e se calhar vamos arranjar novas respostas e essas sim vão ajudar em qualquer coisa.

Foste mãe pela primeira vez em 2012 e, pouco tempo depois, o teu filho tornou-se uma presença assídua no blogue e nas redes sociais, também como forma de divulgar marcas. Refletiste sobre a opção de expô-lo?
Foi natural. Da mesma forma que tiro uma fotografia de um sítio que adoro, se estou ali com o meu filho, que é tão querido e tão giro, também vou querer partilhar. Como qualquer pai ou mãe, independentemente do número de seguidores. É claro que tive de perguntar ao meu marido se concordava. Na altura, falavam muito nisso: ‘Ai que horror, pôr as crianças na internet‘. Mas pessoas têm muita curiosidade e também não vale a pena estar a esconder, senão parece que gera ainda mais atenção. Naturalmente, fui comunicando e não era a única. Hoje em dia, confesso que já não me apetece tanto. Quando estou de férias, aí sim, acabo por lhes ir tirando fotografias. É chato para eles, além de que o meu trabalho tem de ser baseado em mim, não neles, que têm mais é de brincar, de estudar e de fazer o que quiserem. Até porque depois passa a ser muito invasivo na nossa vida pessoal. Estraga-nos os nossos momentos.

No entanto, o mercado das marcas de criança é forte.
Sim, tenho sentido que, no mercado, as pessoas não procuram tanto. Ainda bem, porque também não me apetece andar sempre atrás dos miúdos a tirar-lhes fotografias. Este ano, tenho muito poucas marcas. Elas também se estavam a ressentir, enquanto as outras vendiam bem, as de criança não tinham tanta procura. As mulheres vão mais para comprar para elas e ainda bem, porque depois há o Mercadito e o Kids Market.

"Tenho muito medo disto, sabes. Há uns anos, fiz parte daquela infame campanha da Samsung e [...] de repente, tinha páginas de Facebook criadas só a gozar comigo, tinha o país inteiro a gozar comigo. Isso é horrível. Fiquei para aí uma semana sem sair de casa porque tinha vergonha que me reconhecessem [...]"
Maria Guedes

Isso também é uma forma de diminuir a concorrência entre os dois maiores mercados?
Não. Por um lado, tem a haver com posicionamento. Por outro, vou me ajustando ao que vai acontecendo. Fizemos uma série de investimentos, mas percebi que não valia a pena. Tenho apostado mais nas coisas de mulher, de homem e de decoração. Continuo a ter coisas de criança, só diminuí a categoria. Mas também acho que é interessante haver posicionamentos, em vez de ser tudo igual. Aquele é mais criança, aquele é mais mulher, aquele é um estilo boho, ali é mais moderno — há vários mercados e é interessante que cada um tenha a sua marca.

Achas que estão a conseguir isso ou há uma sobreposição?
De posicionamentos, sim. A certa altura, o próprio público também começou a achar que isto era tudo igual e que as marcas eram sempre as mesmas. Tento lutar contra isso e, nesta edição, pedi às minhas marcas um mês de exclusividade. Gerou alguma controvérsia, mas foi bom. O que tenho notado é que, nos outros mercados, também há muito mais diversidade. É bom para o público e para os mercados em si, como marcas. Há cada vez mais mercados e muitas marcas já pensam em organizá-los também. Algumas até querem fazer uma semana antes do meu, para se anteciparem. Senti algumas ameaças dessas, que depois acabaram por não acontecer.

E continua a ser uma espécie de galinha dos ovos de ouro?
Mais ou menos. O de verão costuma correr sempre bem, o de inverno é um investimento desgraçado. Nos últimos três invernos, fiquei no break-even. Depois, o verão acaba por compensar. As pessoas têm essa ideia de que é uma galinha dos ovos de ouro e, de facto, quando se faz tudo sozinha e se consegue arranjar sítios que até são baratos, sem grandes fornecedores e sem grandes custos, é verdade. Mas quando tens de ter uma equipa para te ajudar, infraestruturas, produção, canalizador, multibanco, segurança, polícia, seguros, licenças… São custos, custos, custos. De repente, fica um disparate de caro e as pessoas não têm essa noção. Acham que é tudo oferecido e que tudo o que entra é lucro, mas não. Há um investimento enorme, até já fiz obras em espaços. E as pessoas têm de ser todas bem remuneradas pelo que fazem, entre fotografia, contabilidade, produção. Cada vez a coisa está mais profissional, mas os custos também são cada vez mais elevados.

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

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Dizes que as edições de verão acabam por compensar. Podemos ter uma ideia da receita?
Nunca sei muito bem, é tudo muito flutuante. Posso dizer que estão cada vez mais caros, mas cada vez mais profissionais. Temos tido cada vez mais visitas também. E as pessoas já vêm com a expectativa de viver experiência, não só de chegar e fazer compras. Por exemplo, no Pavilhão Carlos Lopes, o investimento foi tão grande que nem consegui chegar a essa parte. As pessoas sentiram, acharam o ambiente frio e pouco acolhedor. No Estoril, nunca houve música e, este ano, quero que haja. É um espaço de 6.000 m2, pôr música naquilo tudo é do outro mundo. Podia ficar quieta, porque nunca fez falta até agora, mas para mim é importante. Às vezes penso: ‘Que burra! Só gasto dinheiro’. Mas lá está, estou a construir uma marca.

Tens 40 anos. Sentes que envelhecer te pode penalizar, já que o teu trabalho vive tanto da imagem?
Penso muito nisso. Não sei se me pode penalizar, porque estou a envelhecer, mas o meu público também envelhece comigo. Portanto, o que estiver a passar, eles vão estar a passar também. Por outro lado, já não tenho tanta vontade de tirar fotografias, de fato de banho principalmente. Tenho de mudar o meu trabalho e a minha vida — e não faço ideia como — de forma a não depender tanto da minha imagem. Nem é tanto por não ter uma figura de 20 anos aos 50 — ninguém tem essa expectativa. A mim é que não me apetece tanto a exposição, da mesma forma que também me incomoda que a minha vida profissional dependa tanto da minha imagem e de mim. Gostava de criar um projeto que fosse maior do que eu, que não precisasse de mim para viver e que tivesse uma equipa que fosse capaz de pô-lo a andar. Mas, sobretudo, algo que não dependesse tanto da minha imagem. Agora, não sei como é que vou fazer isso.

"No último inverno, dei por mim sem ir ao Instagram durante quatro dias. Não posso, isto é a minha vida, mas tenho cada vez menos vontade de estar ali sempre a publicar."
Maria Guedes

Esta marca é o primeiro passo nessa direção?
Gostava que fosse. Gostava de conseguir estar mais para os bastidores. Na verdade, é o que me dá mais gozo, é estar agarrada ao computador, agarrada a um bloco a fazer desenhos, nas fábricas. Não gosto de me maquilhar nem de me arranjar todos os dias. Se for preciso, ando sempre com uma t-shirt branca e jeans e com um carrapito na cabeça. Não gosto de depender tanto da imagem, mas pronto, é o meu trabalho neste momento. Confesso que ao fim de dez anos, já estou um bocado cansada. Ou, estando no frontstage, que seja uma coisa muito mais descontraída, menos glamorosa.

E essa marca?
O nome é Maria Guedes e é uma marca de básicos. Nesta primeira coleção, ainda é tudo preto, cru e branco. São as coisas de que gosto, as coisas que uso. Pensei nisto durante muito tempo, mas comecei a carburar mais no verão do ano passado. Pensei em roupa que sempre quis usar nas férias, mas que não encontrava — sei que é um cliché mas foi mesmo assim. Por exemplo, calções de ganga. Só há daqueles todos rotos e todos desfiados. Já chega. Estou a usar coisas rotas e desfiadas há dez anos, apetece-me uma coisa com uma bainha e não encontro em lado nenhum. Então fiz.

O objetivo é poderes vestir estas peças e estares com o conforto que terias se estivesses de leggings e t-shirt ou de fato de treino, ao mesmo que, visualmente, os looks resultam muito bem. Portanto, máximo impacto e mínimo esforço. Sou assim também, não gosto de perder muito tempo. A coleção tem dez peças, muita coisa em ganga, mas sempre em preto ou branco. Depois, tenho as joias que desenhei para a Omnia e os sapatos da Mint and Rose, que também desenhei com eles.

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

Pensar em dar-lhe seguimento e em começar a desenhar coleções sazonais?
Não sei. Ainda é um bocado verde, fiz tudo sozinha e é a primeira abordagem ao mercado. Vamos ver se as pessoas compram, se gostam, se o price point está bom. Depois, logo vejo. No verão, queria manter este vacation wear, e mais à frente apostar em holiday wear, aí com mais cor e brilho. Ou seja, férias e festa. Acho que são as alturas do ano em que as mulheres investem mais. Para tudo o resto, acho que o mercado já está bem servido. E claro, gostava de ir lá para fora. Baby steps.

Continua a falar-se de privacidade, em particular no que toca às redes sociais. Como é que vês alterações as alterações iminentes no funcionamento de aplicações como o Instagram?
Isso pode ser bom para diminuir a ansiedade em muita gente. O contador de seguidores, por exemplo, ficou menos detalhado. Às vezes, ia ver e aquilo causava-me uma ansiedade enorme. Se os likes realmente desaparecerem pode ser porreiro, uma pessoa avalia-se menos.

Há muita coisa do teu dia-a-dia que não chega a aparecer nas redes sociais?
Tudo. Não costumo fazer muitas stories em casa, nós a jantarmos ou a vermos televisão. Tenho muito medo disto, sabes. Há uns anos, fiz parte daquela infame campanha da Samsung e, apesar de não ter sido o elemento principal, fui só um dano colateral, de repente, tinha páginas de Facebook criadas só a gozar comigo, tinha o país inteiro a gozar comigo. Isso é horrível. Fiquei para aí uma semana sem sair de casa porque tinha vergonha que me reconhecessem, que gozassem comigo. A forma como algumas coisas se tornam virais assusta-me, tanto que tento sempre ser um bocadinho contida nas minhas publicações. O lifestyle está lá, as roupas, os sítios giros, coisas que podem servir de inspiração. Mas tenho um respeito enorme por esta coisa e pela forma como isto nos pode destruir em dois segundos. Não digo só profissionalmente, mesmo a nível pessoal. Sou super cautelosa.

Às vezes as minhas amigas dizem-me: ‘És tão estúpida, devias estar a fazer um vídeo disto e daquilo’. Não, não gosto. Por um lado, sou muito zelosa da minha intimidade e da minha privacidade, porque também sou muito reservada. E porque tenho muito medo disto, então prefiro não mostrar muito — onde é que estou, onde vivo, os colégios dos miúdos, onde é que fui com eles. Não é que vá acontecer alguma coisa de mal, mas também não me sinto bem a partilhar demais. A minha vida está aqui e depois o meu trabalho está ali. Gosto muito dele, mas são coisas completamente diferentes. No último inverno, dei por mim sem ir ao Instagram durante quatro dias. Não posso, isto é a minha vida, mas tenho cada vez menos vontade de estar ali sempre a publicar. Tive uma fase muito assim e até levei alguns cartões encarnados do meu marido. Mas já estou farta disto. Agora, com o mercado, gosto de publicar porque estou entusiasmada com tudo o que está a acontecer, mas em alturas mais calmas fico uma semana em que, se não tenho nada para dizer, não vou dizer. Não me apetece.

Isso quer dizer que vais mudar de vida?
Não sei, porque também não posso sair daqui. Às vezes, até pergunto a outras pessoas se, de facto, também sentem isto de estarem um bocado fartas das redes sociais. Há muita gente que já não tem pachorra. Se calhar é da idade, não sei.

Sentes-te presa?
Não, porque, ao mesmo tempo, não sinto obrigação. Quem manda aqui sou eu e, se quero ficar cinco dias sem ir lá, não vou. E estar a pôr coisas só porque sim também não me apetece. Mas depois, também tenho de me lembrar que a minha vida depende disto.

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