786kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS, NOITE ELEITORAL: Rui Rio, líder do PSD faz o seu discurso final após ter perdido as eleições para António Costa, líder do PS e atual Primeiro Ministro. 30 de Janeiro de 2022 Hotel Epic Sana, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR
i

É o próprio núcleo duro do líder social-democrata a reconhecê-lo: o tempo de Rio esgotou-se

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

É o próprio núcleo duro do líder social-democrata a reconhecê-lo: o tempo de Rio esgotou-se

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Montenegro e Pinto Luz medem forças para o pós-Rio

Saída de Rio dada como inevitável pelo núcleo duro do PSD. Eleições nunca serão antes de abril. Montenegro e Pinto Luz estudam condições para avançar. Moreira da Silva e Rangel não estão descartados.

    Índice

    Índice

Começou. A hecatombe sofrida por Rui Rio no domingo devolveu o clima de pré-guerra civil ao PSD. Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz são os dois candidatos mais sérios ao lugar, estão a medir apoios e a perceber que condições dispõem para pegar no partido. Mas há muitos fatores (e outros protagonistas) a condicionar a corrida. Desde logo, dois aspetos: o tempo de Rui Rio e o tempo (longo) que o partido vai passar no deserto da oposição.

Apesar de ter sido ambíguo na noite eleitoral, Rui Rio deve mesmo deixar o partido pelo próprio pé – pelo menos, é essa a convicção dos homens mais próximos do líder social-democrata. A Comissão Política Nacional do PSD, que fará a leitura dos resultados, ainda não foi convocada, mas o mais certo é que Rio aproveite a reunião para confirmar a sua saída e discutir os prazos para o efeito. Também terá de haver um Conselho Nacional, que será necessariamente de análise dos resultados eleitorais, e onde haverá previsivelmente um primeiro medir de forças para a sucessão.

Legislativas 2022. Todos os resultados, freguesia a freguesia

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

É o próprio núcleo duro do líder social-democrata a reconhecê-lo: o tempo de Rui Rio esgotou-se, não há margem para continuar, fim, finito, the end. Mesmo não havendo pressa para precipitar o ato eleitoral, é preciso permitir que o partido arrume a casa e encontre novos protagonistas. As eleições diretas não devem acontecer antes de abril.

A partir daí, a iniciativa deixa de pertencer a Rio. Até que o líder social-democrata diga ao que vai, todos os que mantêm aspirações de vir a suceder a Rui Rio vão manter-se discretos, no conforto da sombra dos bastidores. Prova disso é que depois de um resultado catastrófico, nenhum dos protagonistas do passado mais recente do PSD — Paulo Rangel, Luís Montenegro, Miguel Pinto Luz… — exigiu com clareza a cabeça de Rui Rio.

Pinto Luz falou, mas limitou-se a pedir, na TSF, que o partido respire fundo. É mais o contrário: estão todos a suster respiração e a pensar no que farão se tiverem de herdar um PSD em ruínas e que da última vez que passou por algo semelhante, durante a maioria de José Sócrates, despachou três líderes em quatro anos — Luís Marques Mendes, Luís Filipe Menezes e Manuela Ferreira Leite.

Montenegro na pole position

Mas as movimentações já começaram e há um protagonista na pole position: Luís Montenegro. O antigo líder parlamentar fez um processo de aproximação ao rioísmo durante o confronto entre Paulo Rangel e Rui Rio. Os apoiantes de Montenegro, que o eurodeputado julgava leais, tiraram o pé do acelerador e permitiram a Rio ganhar contra todas as expectativas. Alguns deles, de resto, acabaram premiados na lista de deputados. No congresso de dezembro, Montenegro elogiou a resiliência de Rio e Rio devolveu-lhe palavras simpáticas. Durante a campanha, Montenegro e Rio passearam de carro e de braço dado na incursão pelo distrito de Aveiro. Um antigo adversário convertido em aliado competente.

ELEIÇOES LEGISLATIVAS: Rui Rio, lider do Partido Social Democrata (PSD), durante uma arruada em Santa Maria da Feira, acompanhado de Luís Montenegro. As eleições legislativas realizam-se no próximo dia 30 de Janeiro. 22 de Janeiro de 2022, Santa Maria da Feira TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Rui Rio e Luís Montenegro no carro durante a campanha eleitoral

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Salvador Malheiro, vice-presidente e king maker de Rio, terá sido instrumental na aproximação entre os dois. Se Montenegro decidir avançar, o autarca de Ovar poderá colocar a máquina que permitiu a Rio vencer três eleições diretas ao serviço do antigo líder parlamentar e aumentar (e de que maneira) as hipóteses de Montenegro vencer as diretas.

Essas contas estão a ser feitas, mas a ordem agora é para esperar – até para não correr riscos desnecessários. Porque também está em causa um jogo de perceções: Rio acabou de cair; e chutar um líder no chão seria mal interpretado pelos apoiantes de sempre do presidente do PSD. Para já, é tempo de intensificar os contactos e esperar que Rui Rio ceda o palco a outros antes de anunciar o que quer que seja.

Será também um tempo para Montenegro pesar bem a decisão. O antigo líder parlamentar ainda não tem uma posição fechada sobre a sua candidatura à liderança do PSD e, entre os seus apoiantes, ninguém ignora o óbvio: mesmo ganhando o partido, serão sempre quatro anos muito difíceis e uma longa travessia no deserto que pode não servir para nada.

Na história do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, Marques Mendes e Luís Filipe Menezes caíram exatamente nas mesmas circunstâncias sem nunca terem ido a votos em legislativas. Com uma agravante: tal como Menezes, Montenegro não está no Parlamento e tem pela frente um PS maioritário, duas condições que fazem do cargo de líder do PSD uma dos lugares menos apetecíveis da política portuguesa neste momento.

Depois existe o copo meio cheio. Este tempo na oposição vai permitir ao PSD reencontrar-se e reorganizar-se sem a pressão de atos eleitorais – as únicas eleições no horizonte são as europeias de 2024. Para Montenegro, que precisará desse mesmo tempo para se afirmar a nível nacional e resolver algumas resistências internas e externas, este período pode ser útil para ganhar o embalo que procura.

39º Congresso PSD (Partido Social Democrata) - intervenção de Miguel Pinto Luz, no segundo dia de congresso. Santa Maria da Feira, Aveiro 18 de Dezembro de 2021 TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Pinto Luz no Congresso do PSD

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Pinto Luz em reflexão

O vice-presidente da Câmara de Cascais está num estágio diferente. Ao contrário de Montenegro, Miguel Pinto Luz aproveitou o congresso de dezembro para se demarcar do unanimismo em torno de Rio e recusou fazer parte da peregrinação dos críticos internos para ver o líder social-democrata em plena campanha. Teve razão antes do tempo mas isso, em política, vale o que vale: muito pouco.

Ainda assim, no mesmo congresso, conseguiu fazer uma demonstração da vitalidade do aparelho que foi criando ao longo do tempo: liderou uma lista ao Conselho Nacional do PSD (órgão máximo entre congressos), foi o segundo mais votado e derrotou a equipa de Montenegro – que, na véspera da reunião magna, ainda tentou criar, sem sucesso, uma lista que juntasse toda a oposição a Rio.

Está, por isso, numa posição de algum conforto. Não se misturou com o rioísmo quando todos o fizeram, reforçou o seu quinhão interno de votos e sente não ter obrigação de fazer prova de vida num momento tão ingrato. Nos próximos dois anos, António Costa gozará de um estado de graça absoluto e haverá pouco mais do que o referendo à regionalização e uma eventual revisão constitucional para marcar pontos enquanto líder da oposição. Muito pouco para sobreviver internamente.

Pinto Luz, no entanto, não desvaloriza o efeito da passagem do tempo – sem poder ou sem um projeto de conquista de poder, os apoios não duram para sempre. Montenegro já deu sinais de querer disputar o aparelho do número dois de Carlos Carreiras; se Pinto Luz saltar a corrida (mais uma vez), fica difícil de segurar os apoios que foi semeando.

O próximo ciclo político (2024-2026), quando os efeitos da inflação forem já uma evidência, quando os juros dispararem, quando a governação socialista estiver a enfrentar reais adversidades, será muito mais apetecível. Em contrapartida, avançar agora seria desafiante do ponto de vista interno: Pinto Luz sabe que Montenegro dificilmente herdará todo o aparelho que era de Rui Rio e que estas diretas podem ser uma oportunidade única para ser líder do PSD. O vice de Cascais vai pesar todas estas condicionantes antes de tomar uma decisão.

Jorge Moreira da Silva fora da corrida ao PSD

Jorge Moreira da Silva está a medir o pulso ao partido

REINALDO RODRIGUES

Moreira da Silva outra vez. Rangel aguarda

Em teoria, só haveria um cenário que faria Miguel Pinto Luz avançar para a corrida sem grandes hesitações: se Jorge Moreira da Silva entrasse na disputa. O antigo ministro de Pedro Passos Coelho tem estado particularmente ativo nos bastidores e a tentar posicionar-se junto das tropas de Rui Rio – Salvador Malheiro, mais uma vez, poderia desempenhar um papel importante nesta eventual candidatura. Para Pinto Luz, se Jorge Moreira da Silva decidisse avançar, acabaria por dividir o aparelho que esteve com Rui Rio e aumentar as hipóteses de disputar a vitória.

No passado, Moreira da Silva já alimentou planos para concorrer ao lugar, mas acabou sempre por recuar na 25.ª hora. Agora, numas eleições mais livres – não está verdadeiramente em causa uma disputa pelo lugar de candidato a primeiro-ministro – as hipóteses para se mostrar e fazer um brilharete são mais atrativas. Seria uma forma de se posicionar com clareza para o futuro do PSD – ele que fez questão de fazer a tradicional arruada pelo Chiado, em Lisboa, ao lado de Rui Rio, no último dia de campanha eleitoral.

E depois existe Paulo Rangel. O eurodeputado sofreu uma derrota traumática nas últimas diretas e afastou-se da vida interna do partido. Tem a vantagem de ter dito claramente que ia acontecer o que aconteceu – uma derrota em toda a linha de Rui Rio – e a desvantagem de ter queimado uma oportunidade de ouro.

O aparelho que esteve com ele deixou-o cair com a mesma velocidade que o levantou em ombros e hoje, com a perspetiva de haver quatro anos de oposição pela frente, há protagonistas de outras gerações com vontade de ter uma palavra a dizer. Rangel não terá nada fechado na sua cabeça. Ainda não é o tempo de tomar decisões definitivas.

Haveria ainda Carlos Moedas, mas o calendário não joga a favor do presidente da Câmara de Lisboa. O autarca apareceu no hotel em que Rio assistiu à derrota eleitoral, foi um dos mais aplaudidos, recusou qualquer tipo de especulação e jurou lealdade à Câmara Municipal de Lisboa. Tem tudo o que os outros não têm: palco mediático de sobra, vitórias eleitorais no currículo e um reconhecimento generalizado do partido. Mas uma corrida à liderança do PSD não constará dos planos de Moedas.

ELEIÇOES LEGISLATIVAS: Rui Rio, lider do Partido Social Democrata (PSD), chega à sessão de esclarecimentos do dia, em Viana do Castelo, acompanhado de Paulo Rangel, ex-rival nas últimas diretas do partido. As eleições legislativas realizam-se no próximo dia 30 de Janeiro. 23 de Janeiro de 2022, Viana do Castelo TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Paulo Rangel fez questão de se juntar a Rio na campanha do PSD

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora