Eram 9h43 de um sábado qualquer, menos para Natalia. “No sábado de carnaval, meu pai morreu”, lê-se nas primeiras páginas de As Pequenas Chances, livro que marca a estreia da escritora brasileira Natalia Timerman em Portugal. É um romance sobre o luto, a importância de não perder tempo e o que vem depois do fim inevitável.
Natalia espera por um voo para ir ter com os filhos e o marido quando se cruza no aeroporto com o médico de cuidados paliativos que acompanhou o pai nos últimos tempos de vida. O encontro inesperado desperta memórias, com uma atenção redobrada aos detalhes quotidianos que ganham contornos definitivos e irrepetíveis.
A protagonista do livro apresenta traços biográficos comuns à autora, além do nome: também ela se despediu do pai, de nome Artur, e ambas são médicas. As fronteiras entre a realidade e a ficção esbatem-se na obra considerada livro do ano no Brasil pela revista brasileira Quatro Cinco Um.
“A ficção me levou a lugares onde a realidade não pode me levar. Às vezes a ficção consegue dizer coisas que a realidade não diz”, conta Timerman ao Observador, por videochamada, a partir do seu consultório em São Paulo, Brasil. “Quando comecei a virar escritora, não queria que me reconhecessem como uma escritora que é também psiquiatra, queria ser só escritora”, acaba por confessar. Queria a “primazia da literatura”, sem apêndices. Hoje, reconhece que a médica e a escritora são uma só, com todas as pequenas virtudes desse cruzamento: “Escrevo com tudo que eu sou, a minha escrita também é marcada por isso.”
Em entrevista, fala sobre a estranheza da morte, a necessidade de escrever, a origem da literatura e a protagonista do próximo livro: a mãe.
“Foi um dia estranho. Meu pai havia morrido e cada coisa continuava no lugar.” As Pequenas Chances começa com este contraste: algo pode ser avassalador para alguém e, para o exterior, nada ter mudado, a vida continuar.
O livro é justamente para tentar dizer desse estranhamento mesmo. Era algo, de facto, muito perturbador, avassalador, a maior dor que eu tinha sentido na minha vida até aquele momento. Como escritora, o que podia e precisava fazer era escrever. Não sei se a literatura serve para alguma coisa, talvez a grande resistência dela seja muitas vezes escapar do utilitarismo. Só que acho que a escrita tenta — não que ela consiga — organizar, nomear, dizer coisas que, de outro jeito, eu, pelo menos, não consigo entender. Sou psiquiatra, mas não escrevo sobre psiquiatria. Escrevo sobre o que não sei. A escrita é um jeito de passar a saber as coisas, de tentar entender, ainda que, na maior parte das vezes, isso não aconteça. Não é uma compreensão racional que a escrita dá, mas acho que ajuda a chegar a lugares que, sem ela, a gente não chegaria. Lugares de compreensão.
A dada altura diz: “A morte é abstrata mas dói em detalhes concretos e essas duas instâncias, a concreta e a abstrata, nunca se encontram, daí a estranheza”. Quando escreve quer concretizar, na medida do possível, uma estranheza?
Exatamente. Tem um autor brasileiro, o Christian Dunker, psicanalista, que tem um livro chamado Lutos Finitos e Infinitos (2023, Paidos). Ele fala que para o luto ser considerado finito, terminável, você precisa criar alguma coisa, colocar alguma coisa diferente no mundo. Talvez esse livro tenha sido isso, ainda que a minha intenção não fosse essa. Escrevi simplesmente porque precisava escrever, porque é isso que eu faço com as coisas que me acontecem, com as minhas inquietações e as minhas indagações.
Em que fase do processo de luto essas inquietações a impeliram a escrever?
Sou uma pessoa que tem muitos cadernos, que anota tudo e está constantemente pensando em escrever. Só que quando estava vivendo o processo de adoecimento, quando o meu pai estava doente e eu estive perto dele, não estava pensando em nada disso. Estava totalmente ali. Não estava pensando em escrever. Até porque achei que ele ia sobreviver ao tratamento. Foi depois que ele morreu que a ideia do livro surgiu. Aí eu escrevi as duas primeiras partes, que é a maior parte do livro. Ele morreu em março e em maio, dois meses depois, fui para uma residência literária aqui no Brasil e escrevi muito rápido, quase num jeito meio vertiginoso. Depois fiquei três anos sem pegar nesse material. Lancei um outro livro aqui (Copo Vazio), deixei quieto aquele material. E foi muito bom porque quando fui olhar para isso de novo, passados três anos, era como se eu fosse uma outra pessoa. Conseguia ver que dor pertencia ao livro e que dor pertencia a mim. Tinha coisas que me pareciam exageradas até. Percebi que isso era meu, não era mais do livro. O meu próprio processo de luto já tinha avançado.
Qual é a diferença entre o que é seu ou do livro?
É algo que não dá para dizer exatamente. O que era só meu parecia excessivo, parecia que sobrava no livro, parecia algo a mais, que precisava ser retirado dali. Consegui, depois desse tempo, distinguir. Acho que isso faz parte do processo de edição, de mexer no texto mesmo, de entender o que o texto está pedindo. É algo que gosto muito de fazer. É até mais gostoso do que essa escrita inicial, esse retrabalhar o texto. Acho uma delícia. E é um livro que se declara ficcional.
Só no fim.
Sim, só no final. Tem um material autobiográfico muito importante no livro, mas entendi que precisava da ficção para sustentar esse material autobiográfico.
O que a motivou? A busca de alguma privacidade?
Na hora de escrever não estou pensando em nada disso. A escrita precisa de ser um exercício de liberdade plena. Mas lógico que depois cai uma bigorna na minha cabeça, de culpa, de insegurança, de dilemas éticos. Como é que vai ser expor essas pessoas, falar sobre meu pai. Tinha uma relação muito próxima e muito boa com meu pai. Acho que ele gostaria do livro. Assim como a Gabi, minha irmã, que me mandou áudios para contar a segunda parte do livro, que é a parte da viagem da irmã da personagem. A minha irmã, de facto, passou por tudo aquilo e me mandou áudios muito detalhados para que eu pudesse escrever. Foi muito bom porque consegui saber coisas da vida da minha irmã que eu não sabia. Isso me leva a entender que para escrever ficção a gente precisa de mais detalhes do que para sustentar uma relação. Tinha sentido já isso no processo de escrita de um outro livro meu que era sobre o meu trabalho como psiquiatra. O quanto a relação com um paciente às vezes ela não é rica o suficiente para sustentar uma história escrita. Consigo dizer isso pela relação com a minha própria irmã. Sou próxima dela, mas não sabia exatamente o que ela tinha passado. Foi muito bom para mim também, por isso, para poder me aproximar dela.
Os rituais fúnebres judaicos ajudam a personagem de As Pequenas Chances a lidar com a morte do pai. Parece dar-lhes uma função objetiva: a de amparar. Reconhece-se nesse pragmatismo?
Com certeza. Cada um lida com a dor de uma forma, não há certo e errado. Nisso eu me identifico totalmente com a personagem. Não sou exatamente a personagem. A diferença primordial entre a Natália que eu sou e a Natália do livro é que ela tem a palavra. Ela está escrevendo. Eu vivi tudo aquilo de um jeito muito cru, só na pele, sem a mediação da palavra. Sobre os rituais… Diante da morte a gente se vê numa sensação de total impotência. Os rituais dão para a gente algo… para fazer. Seguir os rituais é ter algo para fazer naquele momento em que você não sabe o que fazer. Então para mim eles me ampararam primeiro nesse sentido. Depois fui percebendo essa sabedoria dos rituais fúnebres judaicos… Parecia que eles cuidavam do que estava acontecendo, da dor que eu e a minha família estávamos sentindo, de um jeito tanto concreto quanto simbólico.
Por exemplo, comer o ovo quando você chega do cemitério. A pessoa enlutada diante de alguém que estava doente provavelmente estava sem apetite e não estava comendo. É um jeito de garantir um aporte nutricional e cuidar dessa simbologia do ciclo do ovo, do renascimento que o ovo traz. A capa do [livro no] Brasil e até a capa de Portugal também tem o ovo. Mas há vários outros rituais que fui percebendo. A religião judaica fala que você não pode olhar as fotos [dos que morreram], que as fotos ficam viradas para baixo, para que a alma da pessoa que morreu possa se elevar. Na verdade, isso é para que você consiga viver sua vida sem ficar tão próximo, tão apegado. A religião vai dando um jeito de te amparar. Principalmente, os rituais me deram a sensação de que o que eu vivia, o que eu estava vivendo era algo que a humanidade inteira já tinha vivido antes de mim. E que era natural. Era natural aquela dor. Por mais insuportável que ela fosse, a existência dos rituais que orientavam o que fazia diante dela me dizia que era natural sentir aquilo.
Conforme a doença do pai de Natalia avança, cada momento ganha contornos definitivos: a última viagem, a última gargalhada, a última ida ao teatro. São coisas absolutamente concretas e pessoais, mas, ao mesmo tempo, com as quais facilmente nos identificamos.
Sim, e não só no luto pela morte. A morte não acontece só no fim da vida. A morte como limitação está diante da gente, interpelando a gente o tempo todo. Até nos relacionamentos amorosos, a gente volta para pensar: nossa, não sabia que era a última vez que isso ia acontecer. Ou cada vez que a gente tem que fazer uma escolha: o que a gente não vive e o que a gente deixa de viver é tão importante para a nossa vida quanto que a gente vive. Os fins e as perdas são tão constituintes da gente quanto o que a gente conquista, o que a gente consegue. O que a gente não tem é muito parte da gente também.
O livro fala também da ideia de tempo. Escreve: “É sempre tão pouco tempo perto do nunca mais, e nunca mais é tanto tempo”. Lembra um pouco o Corvo, de Edgar Allen Poe, onde se repete: “Nunca mais. (Never more, no original)”.
Não tinha pensado exatamente nele, mas gosto. Tem muitas referências no livro, a personagem inclusive leu Morreste-me (2009, Quetzal), que é o livro do escritor português José Luís Peixoto. Li esse livro de facto quando estava com meu pai no hospital. O Edgar Allan Poe não estava como referência direta, mas acho que é um verso que está assim entranhado na gente e no nosso imaginário. Mesmo que não seja uma referência explícita, direta, com certeza tem algo disso, assim como de outros clássicos.
É numa passagem já quase no final do livro que nos deparamos com o título: “É preciso ser rápida, é preciso saber que o tempo de uma vida é pouco, é preciso estar pronta para escutar as pequenas chances que o passado dá de ser visto por nós do presente, o futuro do que já foi.” Há uma urgência de aproveitar essas chances, esse tempo que resta?
Sim. Principalmente agora, que estou escrevendo um livro sobre a minha mãe. Tem gente que fala que minha mãe aparece muito pouco nesse livro. Ela aparece pouco mesmo porque ela vai ter o livro dela, mas quando ela aparece é muito importante. Esse livro chamava de outro jeito, mas meu editor falou que o título era muito ruim e sugeriu que eu procurasse o título dentro do livro. Aí eu fui ler o livro inteiro procurando o título e estava quase no final. Está aqui! Quando li as pequenas chances, isso saltou para mim, é isso, as pequenas chances! Faz muito sentido, acho bonito e remete para As Pequenas Virtudes da Natalia Ginzburg (1916-1991) que é um livro que adoro também, que fala sobre escrita e também sobre perda. Gostei muito
Qual era o título anterior?
Depois. Mas o meu editor falou: “Natália, você tem que achar outro título, Depois não dá!”
“Morrer não deveria ser um verbo. Morrer é o oposto do verbo. Ao morrer, findam-se as conjugações. O tempo verbal”. Sendo um livro sobre o luto, o que há de mais definitivo, o título remete-nos para uma ideia de esperança. Aliás, “chance” consta no dicionário como “possibilidade de alguma coisa acontecer”.
Essa frase que fala, “morrer não deveria ser um verbo, morrer é o oposto do verbo”… Acho que há também uma transformação dessa personagem nesse sentido, numa elaboração do luto. O livro começa com o enterro e termina com um começo.
Com um nascimento.
Sim. O livro também é sobre isso. As pequenas chances falam disso. É um livro sobre a morte, mas para falar sobre a morte a gente tem que falar sobre a vida, assim como para falar sobre sobre a vida… Uma coisa não anda sem a outra.
No livro narra uma busca pelas suas próprias origens e surpreende-se ao conhecer o apelido de solteira da sua avó. “Todo um ramo da minha existência, todo um galho da nossa árvore genealógica se abriu com a velocidade de um raio diante de mim”, escreve. O que lhe provocou esta descoberta?
No livro, além da transformação da personagem pela elaboração do luto, há também o surgimento de um interesse pela história da família, justamente quando ela não tem mais como perguntar para o pai nem para a mãe dela. Está no epílogo que a mãe dela, de facto, a minha mãe, tem Alzheimer. Já não consigo mais perguntar para eles. Eu era uma pessoa totalmente desinteressada e aí comecei a perceber que ter nascido no Brasil é um acaso, um acaso total. Tenho primos que moram em vários outros lugares do mundo assim como vários outros judeus espalhados por aí na diáspora.
Foi muito impactante descobrir que eu poderia chamar Goichman, Schneiderman e que, de repente, tem pessoas que são meus primos e primas e que eu não sabia simplesmente porque os nomes das mulheres por séculos foram apagados a cada vez que elas se casavam. Acho que isso agora está mudando, mas é uma questão que me impressionou. Nunca tinha tido a curiosidade de saber qual era o nome dela. Aí vem a questão do parto e da ancestralidade dessa personagem. A ligação com o parto é justamente essa, ela convocou essas ancestrais cujo nome ela não sabia. Na verdade, é o nome dela também. Não saber o nome e a história dessas mulheres é não saber a história dela mesma. É isso que a personagem e eu fomos entendendo.
Como tem sido confrontar-se com essa história por descobrir e fazer as pazes com, tendo esse tempo com a sua mãe, não o poder fazer?
Até escrevi um texto [sobre isso]. O Alzheimer é muito diferente. É um luto, mas é um luto muito diferente. É um luto que vai acontecendo em degraus, vai acompanhando as perdas que a pessoa que tem Alzheimer tem. A minha mãe foi descendo degraus e hoje em dia já não consegue falar. Quando meu pai ficou doente, por exemplo, a gente fotografou, se despediu, filmou, falou. Agora, a minha mãe, quando percebi… Estava com meu filho e fui mostrar um vídeo da minha mãe para ele ver como era a voz dela. Não encontrei nada porque não tinha filmado quando ela estava bem, porque achei que ela ia estar lá. Quando percebi isso comecei a chorar e escrevi esse texto chorando também. Porque já passou. Já perdi. Isso é muito terrível de perceber. A gente vive com isso o tempo todo, porque a gente não sabe o que vai acontecer e não pode, não consegue fazer tudo. A nossa vida é muito pequena e muito limitada, mas essas pequenas chances da nossa pequena vida talvez não sejam bastante, mas é o que a gente tem. É o que a gente tem e a vida é o que a gente consegue fazer com isso.
O que é que ser psiquiatra trouxe à sua escrita?
Quando comecei a virar escritora não queria que me reconhecessem como uma escritora que é também psiquiatra. Queria ser só escritora.
Porquê?
Queria a primazia da literatura sem que tivesse nenhum outro campo do conhecimento junto com isso, nenhum outro interesse que não fosse a própria literatura. Só que eu percebi que não tinha jeito, que eu sou psiquiatra e que eu escrevo com tudo que eu sou, então eu escrevo também sendo psiquiatra, a minha escrita também é marcada por isso. Assim como é uma prática clínica também é marcada pelo fato de eu ser uma escritora.
Desde 2021, o mestrado integrado de Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), na Universidade do Porto, tem uma cadeira opcional de Introdução à Poesia. Nem sempre é óbvio este cruzamento de disciplinas. Onde está para si a ligação entre as duas áreas, psiquiatria e literatura?
Que legal! A mais óbvia ligação é que tanto a psiquiatria quanto a literatura lidam com histórias, com escutar, ler e estar diante de histórias, de narrativas. As duas são hermenêuticas, as duas são interpretativas. O sentido muitas vezes não está no que as palavras estão dizendo exatamente, tem outras coisas para ir por trás, para procurar outros sentidos. A escuta clínica, ver o que está se mostrando, tem algo fenomenológico, o estar diante do que está acontecendo e observar. Acho que isso aparece muito na minha escrita, essa coisa de ir nos meandros dos pensamentos dos sentimentos, das emoções. Com certeza tem influência o fato de ser uma psiquiatra e estar diante de pessoas me falando dos seus segredos, das suas histórias, dos seus sentimentos o tempo todo. É algo para que eu olho muito de perto. Isso está em todos os meus livros.
Já disse que tanto Copo Vazio (2021, Todavia) — romance anterior que não está editado em Portugal — como As Pequenas Chances falam da perda. Crê que a sua literatura nasce sempre da perda?
Ouso dizer que toda a literatura nasce da perda, até porque a linguagem nasce da falta. A gente aprende a falar porque nos falta alguma coisa. Se não houvesse falta não haveria palavra. A literatura, inevitavelmente, nasce disso também, da falta de uma compreensão, de uma necessidade, de uma falta. Mais especificamente… Talvez escreva sobre diferentes tipos de luto. O meu primeiro livro, Desterros Histórias de Um Hospital-Prisão (Elefante, 2017), é um livro de não ficção sobre o meu trabalho num hospital penitenciário aqui no Brasil. Trabalhei lá por oito anos e conto várias histórias, mas principalmente a história de uma mulher angolana que foi presa por tráfico no Brasil e descobriu que estava grávida na prisão. Teve o filho, um bebé prematuro, e conheci ela quando ela estava num quadro depressivo e precisava de atendimento psiquiátrico. Foi um encontro muito rico. Nesse livro estou falando de perdas, mas não das minhas perdas, estou falando da perda da liberdade, da perda de muitas outras possibilidades que essa situação do encarceramento causa.
No próximo livro que está a escrever torna à não-ficção?
Ainda não sei exatamente, mas vou tentar mantê-lo não ficção.
É um desafio “tentar mantê-lo” nesse género?
Cada livro me pede para ser escrito de um jeito. Esse livro sobre a minha mãe está caminhando para muitas coisas da história da minha família. Percebi que na verdade tenho material para fazer um épico familiar (risos). É uma história muito grande. Essa história d’ As Pequenas Chances senti essa necessidade [de ir além da não-ficção] e acho que ela é até um elogio à ficção. A ficção me levou a lugares onde a realidade não pode me levar. Às vezes a ficção consegue dizer coisas que a realidade não diz. O livro da minha mãe… É que me caiu no colo uma história tão importante. Mas não posso dizer o que é ainda.
Dizia que depois de escrever este livro o deixou de parte durante algum tempo. Como percebeu que era a altura de voltar a ele?
Não sei quando percebi que era o momento certo. É uma combinação da vida, do momento, e da vontade. Queria fazer essa viagem que não pude fazer… Nunca me tinham perguntado isso. Acho que foi quando senti a vontade, quando senti a urgência. E quando deu. Há um livro que estou com muita vontade de escrever, mas não tenho tempo para escrever. Isso me está angustiando muito. Não é esse livro da minha mãe, é um outro. Queria muito parar uns dias para o escrever, mas não vou conseguir. Estou guardando ele para o momento em que seja possível.