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Fotografia de um dos contentores que está num hospital da Grande Lisboa. Tem capacidade para 11 corpos e está completamente cheio.
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Fotografia de um dos contentores que está num hospital da Grande Lisboa. Tem capacidade para 11 corpos e está completamente cheio.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Fotografia de um dos contentores que está num hospital da Grande Lisboa. Tem capacidade para 11 corpos e está completamente cheio.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Número de mortos por reclamar triplicou em Lisboa. Corpos à espera de um funeral são o dobro

Hospitais tiveram de colocar contentores junto às morgues para guardar corpos. Instituto de Medicina Legal também nunca tinha recebido tantos cadáveres. Demora nas cremações é um dos problemas.

[Este artigo tem descrições e imagens que podem ferir a sensibilidade dos leitores]

Ainda não são 11h00 e a imagem que acabou de trazer de um hospital da Grande Lisboa, onde foi buscar um corpo, dificilmente lhe sairá da cabeça: a de vários cadáveres alinhados em macas, lado a lado, numa sala ampla, há dias à espera de serem levados para um funeral. Segundo Eduardo, que se atreveu a perguntar ao funcionário da morgue, eram 57, mas um par de dias antes chegaram a ser 80. À medida que os dias passam e que as mortes por Covid-19 não abrandam, juntando-se a tantas outras, este cenário tem-se repetido em vários hospitais, como o Observador testemunhou. Mas não só. O próprio Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) recebeu em Lisboa o dobro dos cadáveres que normalmente costuma receber quando existem dúvidas sobre as causas da morte e é necessária uma autópsia. E no que toca a pessoas que morreram em casa, em lares ou mesmo na rua, e que permanecem há mais de um mês sem alguém que as procure, houve uma triplicação de casos: nunca este instituto tinha tido tantos corpos por reclamar.

Eduardo trabalha numa agência funerária da Amadora há poucos meses, depois de a pandemia lhe ter tirado o trabalho na restauração, onde servia à mesa em festas de casamento. Mas não chora a troca, diz mesmo que até prefere. As imagens que têm ficado gravadas na sua memória são, porém, demasiado impactantes, seja para quem for. Não só para ele, tenro no serviço, mas também para o colega com quem carrega as urnas para uma sala refrigerada, enquanto aguardam vez para o funeral. Falamos de José, há mais de 40 anos a trabalhar no negócio funerário e que ainda hoje chora ao ver um corpo descer à terra ou a entrar num crematório.

José e Eduardo têm que se proteger com equipamentos de proteção individual para transportar os corpos dentro do armazém da funerária

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Também o patrão, Artur Palma, que José viu nascer e até pegou ao colo, e que aos 14 anos já ajudava a preparar os corpos para as cerimónias fúnebres, não fica indiferente ao que está a acontecer. Principalmente porque todos eles defendem que um corpo deve ser tratado com “toda a dignidade” até ao último minuto. E, garantem, nem sempre têm testemunhado essa dignidade.

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Artur ainda adormece à noite com a memória do que viveu no último fim de semana, num outro hospital também da Grande Lisboa, onde lhe abriram a porta de um contentor para procurar o corpo que iria enterrar. “Não havia listas, estavam todos em macas. Então, eu e a minha mulher tivemos de começar a tirar as macas todas cá para fora e, com a luz do telemóvel, ler todas as identificações até encontrarmos a nossa. Parecia um filme. Um verdadeiro cenário de guerra“, contou ao Observador. Artur acha, no fundo, que anda a empurrar a dor com a barriga e que, quando tudo acabar, ele e todos os outros vão sofrer as consequências do que põem para trás das costas, a cada dia que passa. É que, nesta pandemia, também ele já perdeu três familiares próximos com Covid-19.

Neste hospital da Grande Lisboa são seis os contentores com corpos à espera de um destino. Para encontrar um corpo, é necessário retirar todos, um a um, com recurso a uma lanterna

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Artur fala de um hospital onde o Observador também esteve. Ali são seis os contentores refrigerados alinhados lado a lado junto à morgue, que funciona no piso inferior do edifício. Os corpos são tantos que, para encontrar um deles, identificado por uma etiqueta, é necessário ir retirando um a um do interior até chegar ao que se procura. Depois, os corpos, colocados em macas hospitalares, voltam a ser colocados no interior, até que chegue mais alguém para os levar.

Ministério da Justiça aumentou capacidade de refrigeração

Se nos hospitais se multiplicam os contentores refrigerados para guardar os corpos que esperam vez para serem cremados ou enterrados, no INMLCF o cenário não é diferente. Nos últimos dias, o próprio Ministério da Justiça já anunciou — dado o atraso das funerárias, que não estão a conseguir dar uma resposta “célere” — o reforço “da capacidade de frio em 15 dos seus Serviços Médico-Legais, o que tem permitido garantir que os corpos que neles dão entrada direta sejam conservados adequada e dignamente”. Dias depois, solicitou mesmo a “utilização do camião frigorífico da Proteção Civil para a preservação de corpos”, colocado nas instalações da Academia Militar, próximas do INML.

“Assentamos a preservação dos corpos em três pressupostos: segurança, dignidade e privacidade”, diz ao Observador o presidente do INNMLCF, Franciso Corte Real, que não quer “repetir as imagens que nos chegaram de outros países em março”. Imagens que, para quem trabalha nas funerárias, já estão a reproduzir-se em alguns hospitais da capital.

Num outro hospital da Grande Lisboa existem quatro contentores, cada um com capacidade para 11 corpos. Todos estão completamente cheios com vítimas da Covid-19

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Francisco Corte Real diz que à data já foram, sim, 17 os reforços de refrigeração e que casos houve em que este reforço foi duplicado. Isto porque alguns gabinetes e delegações médico-legais funcionam nos hospitais onde as instalações são partilhadas com as suas morgues. “Com este aumento de corpos e sendo espaços partilhados, houve necessidade de se fazer um reforço. Alguns hospitais aumentaram a capacidade de frio e o Instituto também o fez”, explicou.

IML de Lisboa recebeu em janeiro o dobro de corpos

É que se o número de autópsias caiu 12% em 2020 por causa do confinamento, a redução da circulação rodoviária e, consequentemente, da sinistralidade — em 2019 foram realizadas 6.897 autópsias a nível nacional, quando no ano seguinte foram 6.089 –, o número de corpos admitidos neste instituto, e a nível nacional, aumentou. E na região de Lisboa pode mesmo dizer-se que disparou.

“Quando há mortes no hospitais, os corpos ficam nas morgues dos hospitais, são levados pelas agências funerárias e só passam no INMLCF quando se desconhece a causa da morte”, explica.

Ou seja, entre os casos de mortes em casa, na rua ou em lares em que não foi possível atestar o óbito por parte de uma autoridade de saúde — por não serem claras as circunstâncias da morte, e que ainda aguardam uma decisão do Ministério Público sobre se deve haver ou não autópsia –, o INMLCF admitiu, em 2020, 10.476 cadáveres, mais 875 que no ano anterior. E se nos focarmos no mês de janeiro desse ano de 2020, foram 993 as entradas de corpos, enquanto neste janeiro de 2021 — quando o número de mortes por Covid-19 disparou — foram 1.445. O que significa um aumento de 45%, nas contas de Corte Real. Um aumento para o qual contribuiu sobretudo a região de Lisboa, que registou quase o dobro de casos: 141 em janeiro de 2020, para 275 corpos em janeiro deste ano.

Funcionário da morgue retira do contentor frigorífico um corpo, que ali estava há sete dias, para ser entregue a uma agência funerária

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Entre os cadáveres que esperam um funeral, há aqueles que acabam por nunca ser reclamados, porque, por alguma razão, já não têm família ou perderam contacto com ela. Nestes casos, a regra é esperar cerca de um mês para libertar o corpo, um prazo que pode eventualmente ser um pouco maior quando se trata de cidadãos estrangeiros. Também este número está a bater máximos em 2021. Se nos últimos anos costumava haver uma média de 20 cadáveres por reclamar, a 3 de fevereiro de 2021 eram 78. No pico mais alto da primeira vaga da pandemia, chegaram a ser 80 (a 17 de abril). E também nos hospitais há casos destes.

Estes processos são normalmente reencaminhados para a Santa Casa da Misericórdia, para um funeral social.

A arca frigorífica da agência funerária de Artur Palma já não tem capacidade para mais cadáveres, tem de empilhar os caixões

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Num outro hospital da Grande Lisboa onde o Observador esteve, são cinco os corpos por reclamar. Aqui há quatro contentores destinados a guardar as vítimas mortais da pandemia. Em cada uma dessas caixas refrigeradas cabem 11 corpos, cinco em cada lado, separados por um corredor a meio e outro ao fundo. No total, para já, é possível guardar aqui 44 cadáveres. No dia em que o Observador registou as imagens que aqui mostra, a lotação estava prestes a estar completa: havia 42 corpos. Neste hospital são os funcionários da mortuária que, devidamente equipados, retiram os corpos que vão para o crematório ou cemitério. E não precisam de usar lanternas, porque os contentores têm luz.

O vírus tirou a vida ao pai e impediu-a de ir ao funeral

Francisco Corte Real trabalha há mais de 20 anos em Medicina Legal e, como José ou Artur da agência funerária, não é insensível às consequências desta pandemia. “Em cada corpo há o sofrimento que traz e há uma família. Há também o sentimento de as pessoas não poderem despedir-se”, diz.

Sandra Palhinhas conhece bem esse sentimento. Desde 24 de janeiro isolada em casa com a mãe, que testou positivo, não conseguiu sequer estar presente na cerimónia fúnebre do pai. “Além de o vírus ter tirado a vida ao meu pai, conseguiram tirar a nossa presença no funeral dele”, conta ao Observador por telefone.

O pai tinha acabado de fazer 81 anos — depois de quase um ano praticamente isolado, temendo a Covid-19 por ser um homem doente — quando começou a sentir falta de ar. Sandra levou-o ao Hospital da Luz, em Oeiras, mas disseram-lhe que não tinham capacidade para interná-lo e teriam que transferi-lo para o Hospital Amadora-Sintra.

Imagens captada a 4 de abril de 2020, durante a primeira vaga da pandemia, no cemitério da Amadora

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A filha diz que o pai entrou a 18 de janeiro nas urgências e esteve três dias numa cadeira de rodas, dada a afluência naquele serviço. Fizeram-lhe vários exames, incluindo um teste à Covid-19, uma vez que não tinham o resultado do privado, que acabou por dar negativo. Dois dias depois deram-lhe alta, com a prescrição de um antibiótico e de uma bomba para o ajudar na falta de ar. Sandra diz que a alertaram que devia estar atenta aos sintomas da Covid-19. O pai tinha estado demasiado exposto. Era uma quarta-feira.

No sábado seguinte, o pai acordou com febre e Sandra chamou uma ambulância. Mais um dia no hospital até que, 24 horas depois, Sandra recebeu um telefonema de um médico. Este garantiu-lhe que o Raio-x pulmonar que fez ao pai dela até apresentava melhorias relativamente ao que fizera quando esteve internado e que era melhor ir buscá-lo para não estar exposto “a vírus e bactérias”. Tinha também repetido o teste à Covid-19, mas ainda não sabiam o resultado.

Foi buscá-lo ainda pela manhã e encontrou-o cansado pelas últimas horas no hospital. No final desse dia, o pai acabaria por morrer em casa. Naquele momento de aflição, os vizinhos também foram ajudar, até chegar a equipa do INEM. Só na tarde do dia seguinte chegaria o resultado do teste à Covid-19 que o homem fizera no hospital: positivo.

Estas imagens foram registadas num funeral durante a primeira vaga. Tal como nessa altura, os agentes continuam a trabalhar com equipamentos de proteção individual

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

“Contaminou a minha mãe, contaminou os vizinhos que o foram auxiliar. Desde o dia 24, estamos em isolamento na minha casa”, conta Sandra, que não vivia com os pais, mas que é visita regular. Ela teve um teste negativo, mas está isolada em casa com mãe, de 70 anos, e acabou por repetir o teste depois de começar a ter sintomas.

Ainda na noite de domingo, antes de saberem o resultado do teste, foi Artur Palma, chamado pelos vizinhos, quem foi à casa dos pais de Sandra para tratar do funeral. Neste caso, o óbito foi atestado no local e o corpo não precisou de ir para o INMLCF. No entanto, teve de ficar nas instalações da funerária durante quase uma semana até ter vaga no crematório. Acabou por ser cremado em Rio de Mouro no dia 29 de janeiro. Nem Sandra nem a mãe puderam estar presentes. Artur filmou a cerimónia e mandou-lhes o vídeo por WhatsApp.

Crematórios não estão a conseguir dar resposta o que alarga os períodos de espera

A história de Sandra, impedida de se despedir do pai, não tem sido única. Há doentes de Covid-19 internados no hospital a tratar dos funerais dos seus familiares. Mas há também casos de pessoas que nem sequer o conseguem fazer, por não saberem usar a tecnologia. Carlos Almeida, presidente da Associação Nacional das Empresas Lutuosas, que também tem uma funerária, diz que há pouco tempo teve que fazer o funeral de um senhor que morreu num hospital de Lisboa, enquanto a mulher estava positiva em casa. Acabou por dar-lhe os documentos que tinha que assinar através do elevador do prédio. Esperou em baixo que ela os assinasse e que devolvesse os documentos de identificação — que ele fotografou e reenviou pelo elevador.

Ainda assim, ficam coisas por resolver. Em plena pandemia e sem a possibilidade de sair de casa ou de tratar à distância, é difícil resolver as questões fiscais, sociais e do banco, por exemplo.

"Quando há mortes no hospitais, os corpos ficam nas morgues dos hospitais, são levados pelas agências funerárias e só passam no INMLCF quando se desconhece a causa da morte"
Francisco Corte Real, presidente do INMLCF

Janeiro e frio costumam ser, por si só, sinónimos de mais mortes, como constata Carlos Almeida. É uma altura em que se registam normalmente mais funerais, mas este ano tem sido completamente atípico por causa das mortes de Covid-19, que, nas suas contas, fizeram duplicar o número de corpos à espera de um funeral.

Para ele, 72 horas entre a morte e a cremação ou o enterro “é um prazo aceitável”, mas este prazo tem chegado a ser estendido por uma semana. E também aqui os números explicam porquê. Na Grande Lisboa, a região mais afetada, existem 12 crematórios, mas todos eles têm que repousar oito horas por dia, caso contrário as máquinas não aguentam. O que significa que, diariamente, nesses 12 crematórios, podem ser feitas pouco mais de 70 cremações.

Carlos Almeida diz que 60% das famílias optam, de facto, pela cremação e, olhando para os números, percebemos o tempo de espera. Por exemplo: só no dia 26 de janeiro, o boletim da Direção Geral da Saúde dava conta de 145 mortes na Região de Lisboa. Se apenas 87 forem cremados (os tais 60%), 17 corpos que terão de ficar à espera. Com os números a repetirem-se diariamente, multiplicam-se os contentores colocados nos hospitais para preservá-los. Quase todos dispõem, em média, de cinco contentores colocados junto à morgue do hospital para colocar estes corpos.

Carlos Almeida sugere que se usem crematórios fora da Grande Lisboa, como Almeirim, Entroncamento ou Santarém, mas serão sempre as famílias a suportar esses custos. E este é um outro tema que, para os agentes funerários, parece ter-se tornado sensível.

As temperaturas dos contentores variam entre os 2º e os 4ºC

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Funerárias não estão a lucrar mais com a pandemia

O telefone de Artur Palma não pára de tocar. Desde outubro que o trabalho na funerária não tem dado tréguas. Se antes fazia uma média de 16 funerais por mês, janeiro fechou com 43 e, ao dia 3 de fevereiro, são já nove os funerais que realizou. A estes telefonemas juntam-se os de outras funerárias que lhe pedem ajuda para guardar corpos, uma vez que nas suas instalações tem uma câmara refrigerada para poder mantê-los enquanto esperam por vez no crematório.

Mas há também outros telefonemas que lhe têm chegado, como o do cliente que acaba de ligar-lhe a dizer que, afinal, vai ter de pagar os seus serviços a prestações porque não tem a totalidade do valor. Artur não pode recusar, até porque já recolheu o corpo. Mas, na verdade, tem dívidas de funerais desde a primeira vaga.

“Chego a passar faturas sem receber o dinheiro, porque os clientes precisam delas para serem reembolsados pela Segurança Social. Faço tudo na base da confiança, porque espero que, quando eles receberem o dinheiro, me venham pagar”, confessa. “Não consigo recusar.”

"Chego a passar faturas sem receber o dinheiro, porque os clientes precisam delas para serem reembolsados pela Segurança Social. Faço tudo na base da confiança, porque espero que, quando eles receberem o dinheiro, me venham pagar"
Artur Palma, agente funerário

Carlos Almeida, por seu turno, recomenda aos seus associados que não o façam, porque a fatura serve para atestar que já receberam o dinheiro. Dinheiro que podem nunca vir a receber. Também a ele lhe têm chegado relatos de pessoas em layoff, desempregadas ou mesmo com mais que um funeral na mesma família, que estão desesperadas e sem dinheiro para a cerimónia. “Infelizmente, a pandemia fragiliza toda a família”, diz. No entanto, lembra que a utilização do crematório é paga por antecipação e que “não há forma de resolver”. Por isso, propõe que as sociedades financeiras passem a disponibilizar créditos para funerais.

“Se disponibilizam créditos para pagar carros e eletrodomésticos, ou para as maiores futilidades, não percebo porque não ajudam as famílias a prestar homenagem aos seus entes queridos. Não quero ser acusado de agiota por incentivar o crédito, mas deixo este desafio. Uma linha simpática que não seja o do crédito individual, que as pessoas usam para futilidades”, defende.

Artur Palma é o responsável da Funerária Velhinho, na Amadora

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

A falta de dinheiro para pagar funerais é apenas um dos traços negros que Carlos Almeida tem descrito a quem lhe liga a dizer que quer abrir uma funerária, numa altura em que, pensam, os lucros do negócio podem disparar. O responsável por uma das associações que representa o setor trava-os a fundo. Só ele, lembrou, teve de fazer um investimento de cerca de 12 mil euros em equipamentos de proteção para tratar dos corpos.

Artur também. Para cada corpo que chega ao armazém da funerária, cada um dos seus funcionários tem de se equipar dos pés à cabeça para abrir a urna. É que o primeiro passo é abrir os dois sacos em que o corpo vem envolto para fotografar a face e confirmar a identidade. Os sacos são, depois, novamente fechados e pulverizados com desinfetante. A urna é fechada e enrolada com película. E para, cada um destes procedimentos, é necessário um equipamento de proteção individual novo. Seja ou não uma vítima de Covid-19.

Também no INMLCF todos os corpos autopsiados são antes sujeitos a um teste à Covid-19. Em Lisboa foi mesmo criado um Laboratório de Virologia próprio que, até 31 de janeiro, tinha já realizado 653 testes à Covid-19 em cadáveres. Destes, 29 tiveram resultados positivos.

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