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Há precisamente um ano, Pedro Nuno Santos fechava o seu primeiro congresso como líder onde tentou passar para trás o capítulo Costa — no meio da amargura socialista com uma dissolução inédita de uma maioria absoluta — e lançar uma nova era com “empatia”, renovação e de combate ao liberalismo. Perdeu as legislativas, o projeto ficou na gaveta, o partido andou largos meses num debate corrosivo sobre viabilizar ou não o Orçamento. Acabou a dar a mão ao Governo.
O Observador ouviu o partido sobre o que passou, mas também sobre o ano que agora começa. Das três perguntas que colocou a dez dos líderes distritais e também ao desafiador de Pedro Nuno Santos nas diretas de há um ano, José Luís Carneiro, concluiu que o PS está ansioso pelas autárquicas e apostado em ter aí um relançamento da liderança, depois de “um ano de transição”. Também há preocupações com a gestão das Presidenciais e avisos para que, este ano, não se repita o traumático capítulo orçamental de 2024.
De Bragança a Faro, passando por Açores, os dirigentes distritais do PS foram apontando o melhor e o pior da liderança de Pedro Nuno Santos em 2024 e ainda o maior desafio que tem em 2025. Foram também questionados sobre se um mau resultado nas autárquicas pode fazer tremer o líder: teoricamente desgasta, mas na prática não resultará em queda — uma tese que, de resto, transpõem para o Governo. E sobre quem será o candidato do partido nas próximas legislativas — surjam elas quando surgirem — os socialistas que estiveram disponíveis para falar com o Observador dizem “não ter dúvidas” de que terá de ser Pedro Nuno Santos.
A esta pergunta, José Luís Carneiro prefere não responder. Sobre Pedro Nuno reconhece o “esforço” para posicionar o partido no centro-esquerda, mas continua a considerar essa como a “maior dificuldade” do PS em 2024.
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O maior desafio. Autárquicas, mas sem leituras nacionais (para ninguém)
As eleições autárquicas trazem o primeiro grande teste de um líder que já foi a legislativas, mas em condições tão especiais que a derrota que teve é desculpada pelo partido. À distância de um ano, alguns socialistas olham até com estranho orgulho para o que classificam de “quase empate”. Victor Hugo Salgado, líder do PS-Braga, diz mesmo ao Observador que “contra todas as expectativas ainda teve um empate quase técnico nas legislativas, mesmo com oito anos de Governo e o desgaste próprio que isso implica. O resultado ultrapassou todas as expectativas”, considera.
Este foi visto como “um ano de transição”, como descreve André Pinotes Batista, líder do PS-Setúbal: “O processo interno foi em contra relógio, sem deixar mazelas de maior, e depois houve um período eleitoral brutal [com eleições nos Açores, legislativas, Europeias e Madeira] e o Orçamento”. Assim, para o próximo ano, este dirigente diz que o desafio maior será Pedro Nuno conseguir “implantar o seu projeto“. Já Luís Graça, do PS-Faro, diz que as autárquicas é que serão determinantes para abrir esse mesmo caminho.
“O PS tem de ganhar as próximas eleições para construir a partir daí um novo compromisso. Alavancar num bom resultado um compromisso de Governo“, argumenta o também deputado socialista. “É um momento de afirmação para a liderança”, acrescenta na mesma linha Luís Dias, que lidera o PS-Évora. “O maior desafio são as autárquicas, com a vontade do PS em continuar a ser a maior força autárquica, com o maior número de câmaras e de juntas de freguesia”, define Hugo Oliveira, do PS-Aveiro. O objetivo socialista é manter esta hegemonia, sendo certo que entre os dirigentes há também quem lembre que um dia o partido chegará ao teto máximo. A dúvida é se isso já aconteceu — com 148 câmaras socialistas e mais quatro com independentes que apoiou — e se é nestas autárquicas que começará a queda.
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João Portugal, do PS-Coimbra, assegura que a direção começou a “trabalhar cedo” nas eleições de 2025, mas ao mesmo tempo revela alguma cautela quando diz que “as condições destas autárquicas não são as mesmas que nas últimas”, já que o PS tem hoje a maioria dos presidentes que estão em fim de ciclo (por causa da limitação de mandatos), o que representa um risco maior do que nessa eleição.
“O PS tem a responsabilidade de continuar a liderar o maior número de câmaras”, aponta, ainda assim, Hugo Costa que, no PS-Santarém, também vê este como o maior combate que o PS enfrentará no próximo ano. Luís Testa, do PS-Portalegre, concorda: “As autárquicas são determinantes para o PS que é a grande força autárquica e quer conservar essa esfera de poder próximo das pessoas. O objetivo é sempre ter mais câmaras, mais juntas e mais mandatos”, define como objetivos.
Alguns socialistas têm ainda somado mais uma meta: aumentar o número de capitais de distrito (a única corrida nas autárquicas onde é derrotado pelo PSD) e, por agora, vai sonhando em reconquistar Lisboa e conseguir também o Porto, Braga, Coimbra, Santarém, Setúbal, Évora e Faro. Este acréscimo de ambição surge, por exemplo, no discurso de José Luís Carneiro que, ao Observador, também define as autárquicas como o momento mais decisivo de 2025 para o PS: “O maior desafio é manter a posição autárquica do PS. E se possível conseguir ganhar capitais de distrito. E ganhar as presidenciais”, acrescenta ainda.
Mas o partido vai travando a ideia de que uma má prestação nessas eleições possa ter como consequência o fim do pedronunismo. Carneiro prefere não comentar essa ideia, mas entre os que o apoiaram nas diretas do partido a convicção reinante é que deve ser Pedro Nuno o líder a ir a votos numas próximas legislativas — o que descarta a hipótese de tentar derrubá-lo caso as autárquicas lhe corram mal. Já entre os dirigentes contactados pelo Observador, essa é uma situação sobre a qual não se alimenta dúvidas.
“Sem dúvida que é o Pedro Nuno que vai às próximas legislativas”, diz João Portugal. “É sem dúvida o líder que vai às próximas legislativas”, alinha Luís Dias. “Há um grande apoio dos militantes ao secretário-geral. É o líder que tem de ir às próximas legislativas”, acrescenta Luís Graça. Já Hugo Oliveira acredita que “não vai haver um desaire” e que “a liderança não será beliscada. Pedro Nuno tem conseguido manter o partido ativo na oposição. Não vejo que esteja em causa a liderança que está sólida“, assegura.
No congresso de há um ano, os socialistas fizeram questão de apontar a sua estabilidade interna como uma mais valia face ao PSD, comparando o número de líderes do PS (nove) aos presidentes sociais-democratas (19) e Luís Testa aproveita o exemplo para lembrar, a este propósito, que “o PS não tem por hábito ter lideranças curtas. Quem está tem de fazer as [próximas] legislativas, até porque as que Pedro Nuno Santos disputou foram em condições só semelhantes às de Ferro Rodrigues”, em 2002.
Uma época da vida política que serve no PS para outro comparativo, quando se recusam leituras nacionais de autárquicas, e isto porque foi nessa mesma altura que António Guterres leu num resultado autárquico um “pântano” ingovernável, assentando aí a sua demissão do Governo. Victor Hugo Salgado, por exemplo, defende que as “autárquicas não têm reflexo nas lideranças no contexto que existe. Guterres estava em fim de ciclo e a governar”, diz recordando essa fatídica noite de 2001. “Aí, a governação teve reflexo no resultado das autárquicas. Neste caso não estamos a governar. Se houvesse reflexo seria sobretudo para o PSD”, acrescenta.
Benjamin Rodrigues também não acredita numa leitura nacional de um mau resultado”, o que também diz valer para o Governo que está em funções e que não terá necessariamente de sofrer um abalo de sair derrotado nas eleições locais deste ano. A Sul, Luís Dias e Luís Graça, não negam que um mau resultado tenha impacto, mas daí a demissões também vai um longo caminho. “O resultado não é indissociável da liderança. Mas Pedro Nuno Santos tem mais a beneficiar do que a perder”, considera Luís Dias que ao “estar no topo, uma redução do número de câmaras pelo PS não será tão penalizadora. E o benefício de ter o maior número de câmaras é grande”, acrescenta. “Há penalização, há desgaste mas não creio que haja ameaças à liderança”, acrescenta Luís Graça. Hugo Costa também concorda e está convencido de que Pedro Nuno “não sai beliscado” por um mau resultado nas eleições. “Pode ter leituras, mas não tem consequências”, argumenta. Já para o Governo, diz, “pode haver uma questão nacional. Mas não defendo leituras excessivas”.
Poucos são os dirigentes que não colocam as autárquicas como o momento do próximo ano, mas há também quem acrescente as presidenciais, caso e José Luís Carneiro e do líder do PS-Braga (e presidente de Vizela) — e há também quem aponte este capítulo como pior momento do anos (ler mais abaixo). As eleições serão só no início de 2026, mas este será o ano em que se definem os candidatos e o PS de Pedro Nuno Santos já definiu que apoiará um candidato da sua área política. O problema pode vir a colocar-se sobre quem apoiar, já que se tem multiplicado as disponibilidades no terreno: de António José Seguro a Mário Centeno, de António Vitorino a Elisa Ferreira, passando por Ana Gomes ou ainda por Augusto Santos Silva.
E há ainda Francisco César, o líder do PS-Açores, que aponta um desafio diferente: “A gestão económica e democrática”. “O PS tem de ser a força que garante uma democracia estável. Isto é sinónimo de apertar o escrutínio e a fiscalização ao pior Governo da história”, determina como objetivo de 2025. Para este membro da direção de Pedro Nuno Santos, este ano traz “a probabilidade de uma crise económica global e o PS tem de apresentar escrutínio ao Governo, ser ainda mais exigente. Redobrar os esforços”, aponta como o maior combate que o partido terá a travar no ano que agora arranca.
O pior do ano. Os “sprints”, a derrota, o traumático OE e um fantasma do passado
As presidenciais também surgem quando se pede aos socialistas que apontem o pior do ano que passou. No caso de Luís Graça esse ponto mais baixo para o partido foi não ter já uma ideia mais definida de candidato a Belém para 2026. Na cabeça do socialista que está à frente do PS-Algarve, o partido está “no caminho de cair no mesmo erro de 2006 e não pode.” Nessa altura, os socialistas dividiram-se entre dois candidatos (e fundadores do partido), Mário Soares (o nome apoiado oficialmente pelo PS) e Manuel Alegre. O resultado foi desastroso, com Soares a ficar bem atrás de Alegre (14,34% contra 20,72%) e a deitar por terra qualquer expectativa que pudesse haver de levar Cavaco Silva a uma segunda volta.
“Se há várias vontades, tem de se falar e tentar que convirjam para uma delas. Estamos a caminhar a passos largos para repetir a divisão de votos no centro esquerda. Não e só uma responsabilidade do secretário-geral, mas a gestão política tem de ser feita com pinças. Pode estar em causa passar um socialista à segunda volta”, dramatiza mesmo o deputado do partido.
Mas é o único a apontar este como um problema do passado — embora seja certo que a situação preocupe os socialistas para o futuro próximo, como o Observador contava neste texto, quando António José Seguro apareceu a posicionar-se na corrida presidencial.
Avanço de Seguro traz receio de nova divisão presidencial no PS
As presidenciais não deixam de ser apontadas como importantes no próximo ano, como foram no caso de José Luís Carneiro. Mas onde o socialista que enfrentou Pedro Nuno Santos nas diretas de dezembro de 2023 vê o ponto mais baixo, no balanço de 2024, é mesmo no posicionamento do partido. Quando questionado sobre o que de pior assinalou na liderança de Pedro Nuno Santos em 2024, Carneiro diz que “apesar do esforço que tem sido feito, a dificuldade que está a ter para posicionar o PS politicamente no espaço que historicamente é o seu: no grande espaço político do centro esquerda”.
Este foi sempre um ponto de ataque da sua candidatura em relação à de Pedro Nuno Santos que acusava de pôr em causa a “autonomia estratégica do PS” ao defender acordos de governação à esquerda. José Luís Carneiro apresentou-se como uma candidatura moderada e a defender um PS ao centro, para conseguir melhor disputar esses mesmos eleitores com o PSD — era a linha política que queria que o partido seguisse nas legislativas e que também defendia na negociação do Orçamento do Estado, sendo apologista desde início da viabilização socialista.
Luís Testa, por sua vez, destaca como o pior do PS ter ainda “um comportamento muito assente numa visão de Governo para o país”. E explica o que quer dizer com isto: “O Governo só está a concretizar investimentos lançados pelo PS e essa ausência de uma estratégia própria do Governo acaba por condicionar a oposição do PS”, que fica sem discurso sobre esses mesmos investimentos. “É onde se tem sentido maiores dificuldades”, diz.
É no pior do PS que as respostas dos socialistas contactados pelo Observador são mais diversas, ainda assim repete-se muito o “amargo de boca”, como lhe chama Hugo Oliveira, da derrota nas legislativas. “Estar na oposição é sempre difícil e negativo só por si”, acrescenta Victor Hugo Salgado. “Nunca é uma boa notícia deixar de estar no poder”, diz Hugo Costa e Benjamim Rodrigues concorda neste como o momento mais negro do ano que passou. Já Francisco César, que também aponta este como o ponto mais negativo do ano, acrescenta logo de seguida que aconteceu mas “com um resultado muito honroso. Tendo em conta as circunstâncias: oito anos de governação e natural desgaste e eleições a resultarem de um caso complicado que envolveu a demissão do primeiro-ministro”, descreve sobre a reconstrução que o PS enfrentou em 2024.
Houve outra pedra que ficou no sapato e com “lições a tirar” para o futuro: a gestão do processo orçamental. Pedro Nuno Santos começou a prometer, logo na noite das eleições, ser “praticamente impossível” o PS viabilizar o Orçamento ao Governo da AD, para se sentar à mesa das negociações com Luís Montenegro. Disse que essa negociação não teria linhas vermelhas e acabou por colocar algumas, como o IRS Jovem (nos moldes do Governo) e a descida transversal do IRC. E, por fim, viabilizou a proposta do Governo mesmo com a descida de um ponto do IRC, que sempre negara aceitar.
Pelo meio viu abrirem-se brechas nas paredes da sua liderança, com alguns dirigentes socialistas relevantes a ocuparem o espaço criado pela hesitações do líder com opiniões sobre o que o partido devia fazer em relação ao Orçamento. A divisão foi grande e pública, tanto que o líder acabou mesmo a deixar polémicos avisos sobre a necessidade de o partido falar a uma só voz, atacando os seus críticos.
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Mas no meio de tudo isto, os dirigentes que falaram na gestão do processo não apontam o dedo ao líder, mas sim aos críticos. A esta distância, João Portugal destaca o “burburinho dentro do partido no Orçamento do Estado” como o pior momento do ano. “O partido devia ter sabido discutir mais internamente. Mas isso foi ultrapassado e as coisas estão serenadas. Aprendemos com os erros do passado. Tem de ser avaliado o que correu menos bem na gestão desse processo para que não se permita que volte a existir uma discussão de militantes na praça pública”, diz agora apontando à discussão do Orçamento do próximo ano.
Luís Dias também guarda a mesma má memória e diz que “o PS não soube respeitar a liderança internamente. Ter toda a gente a opinar foi muito lesivo. Foi o pior momento porque o partido faltou ao respeito do secretário-geral”, considera em declarações ao Observador. “O respeito pelo momento das negociações deve levar ao recato os partidos para não retirar poder negocial. Houve muito ruído, o que não ajudou. Espero que não se repita. Todos devem tirar lições desse processo”, defende agora. Certo é que o próprio líder já assumiu, de alguma forma, que errou na condução do processo, já que quando anunciou, por fim, a viabilização do Orçamento da AD, avisou logo que não voltaria a falar no Orçamento até que ele fosse entregue — uma total negação da gestão que tinha feito até ali.
PS deixa passar Orçamento, mas não volta a negociar com AD e prepara legislativas
Para André Pinotes Batista, o pior do ano foi mesmo a “fadiga organizacional” onde inclui o desgaste de que vinha. “Foram sprints atrás de sprints, depois de uma maratona de oito anos e meio. O aparelho do partido vinha de oito anos de governação, de uma maioria absoluta dissolvida pela primeira vez, fez quatro eleições e negociou o orçamento”, enumera sobre o ano que passou e onde destaca a como pior marca que ficou a “fadiga institucional e política”.
O melhor do ano. Passar à oposição, mas manter a iniciativa política
Com uma vitória eleitoral registada em 2024, é a ela que José Luís Carneiro se agarra para apontar o que se melhor o PS conseguiu no ano que passou. “A vitória nas Europeias”. Com Marta Temido como cabeça de Lista, Pedro Nuno Santos conseguiu uma primeira vitória eleitoral, ainda que por uma curtíssima vantagem (não chegou a 40 mil votos de diferença entre PS e AD) e esse é também o ponto positivo registado por André Pinotes Batista que acredita mesmo que “o resultado das Europeias permitiu estabilizar o partido.”
Mas da frente positiva, os socialistas são quase unânimes em apontar como o melhor do ano a capacidade de o partido manter iniciativa política. Quase a respirar-se alívio, os socialistas enumeram conquistas conseguidas e que querem que fiquem ligadas ao PS, a começar pelo aumento das pensões. O Governo manteve em vigor a atualização automática, mas foi o PS que avançou com a proposta para um aumento extra de 1,5% permanente para as pensões até 1.527,78 euros. A proposta que permite ao PS continuar a reclamar a bandeira do partido do pensionista, uma massa eleitoral que sabe decisiva.
“Pedro Nuno Santos viabilizou o Orçamento, criou condições de estabilidade e trouxe factos positivos na oposição, medidas como o fim das portagens ou o aumento das pensões que derivam não de ações do Governo mas do maior partido da oposição. O balanço final é francamente positivo“, argumenta Victor Hugo Salgado.
Luís Testa também vê nestas mesmas medidas um sinal de “estabilização do PS na sua posição de oposição. É muito difícil para um partido que esteve oito anos na governação e habituado a ser poder”, considera ao mesmo tempo que acredita que o PS tem “conseguido ser melhor oposição do que o PSD tem conseguido ser bom Governo. Temos conseguido estabelecer as nossas linhas políticas e implementar as nossas medidas como o aumento das pensões ou o fim das portagens. O PS comportou-se como um partido da proposta política“, diz. E o mesmo é apontado por Luís Dias que assegura que o PS “conseguiu ter um papel ativo no Parlamento”, apesar de ter passado à oposição.
Luís Graça chama-lhe mesmo ter “assumido um papel de charneira na democracia: viabilizou a eleição do presidente da Assembleia da República, a tomada de posse do Governo e o Orçamento do Estado. Fez isto sem deixar cair a iniciativa política, conseguindo aprovar medidas como o aumento das pensões e o fim das portagens nas ex-SCUT”. Hugo Costa, Benjamim Rodrigues e Francisco César enumeram as mesmas medidas como feitos do PS em 2024, acrescentando ainda o modelo do IRS Jovem que foi aplicado e a baixa do IRS que o PS conseguiu aprovar, que ia para lá da proposta do Governo.
No caso de João Portugal, o copo meio cheio de 2024 é outro. O líder do PS-Coimbra destaca como o mais positivo “ter havido uma grande aproximação às estruturas” do partido e ainda o “início atempado da preparação do processo autárquico. Começámos a trabalhar em outubro de 2024. É muito positivo ter tempo para que processos possam ser mais benéficos”, diz. E será, também por isso, o primeiro da inteira responsabilidade do líder socialista que arranca o ano com escolhas de peso ainda por fazer, caso de Lisboa e Sintra. Daqui a um ano se verá se as autárquicas passam de maior desafio para o melhor momento do ano. Ou se estarão no pior.