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O regresso de Teresa Veiga, o futuro segundo Yuval Noah Harari ou a vida de Al Pacino: 66 livros para ler até ao fim do ano

"Rentrée" é sinónimo de virar páginas até dezembro, descobrindo provavelmente alguns dos livros a figurar nas contas finais de 2024. Este é um roteiro possível, entre ficção, poesia ou ensaios.

Sejamos fortes e resistamos sempre que ouvirmos dizer que “estamos a mil” e que “qualquer dia é Natal”. Concentremos atenções no essencial. E o essencial é que estamos num dos períodos do ano em que vale a pena viver a literatura — leia-se “esperar que os livros sejam publicados”, entrar nas livrarias ou recuperar passwords perdidas de lojas digitais. A cada um o seu método favorito, para que no final a conclusão seja a mesma: romances a piscar o olho aos prémios literários que mais tarde terão lugar nas capas, revistas e distinguidas; não-ficção, entre a densidade histórica e a informação contemporânea editada com pragmatismo; poesia tão nova quanto clássica; banda desenhada, culinária ou biografias. A lista é extensa, os meses são curtos.

SETEMBRO

Mestre dos Batuques
José Eduardo Agualusa
(Quetzal)

O romance passa-se entre Lisboa e o reino do Bailundo. Amor, magia, guerra e poder, identidade e sentimento de pertença, tudo se mistura e é guiado pela protagonista, Leila Pinto, que conta a história dos avós, Lucrécia Van-Dunem e Jan Pinto. O novo livro de José Eduardo Agualusa tem personagens quase reais e outras quase ficcionais. Há uma sociedade secreta de guerreiros ovimbundo, um rei-mago, uma mulher que conhecia os segredos da invisibilidade e um soldado que queria ser fotógrafo. Tudo se move entre a guerra e o caos, onde não é certo que o amor seja suficiente.

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Intermezzo
Sally Rooney
(Relógio d’Água)

Esta é a história de dois irmãos, Peter e Ivan Koubek, que conhecemos logo após a morte do pai. Dois homens completamente diferentes terão de resolver inúmeras questões das respetivas vidas enquanto aprendem a lidar com o luto. Peter é advogado em Dublin. Tem 30 anos, é bem-sucedido mas, com a morte do pai, dá por si a automedicar-se para conseguir dormir e gerir as relações com duas mulheres: Sylvia, o seu primeiro amor, e Naomi, uma estudante universitária que não leva a vida a sério. Do seu lado, Ivan, de 22 anos, é jogador de xadrez. Um solitário, com poucas apetências sociais, sempre viveu na sombra do irmão. Conhece Margaret, uma mulher mais velha que lida, também ela, com um passado atribulado. Como já é habitual, Sally Rooney apresenta pessoas banais com vidas e cabeças complexas e é esse o segredo — provou-o em Pessoas Normais e Mundo Belo, Onde Estás — para a sua escrita conquistar quem a lê.

Descansos
Susana Amaro Velho
(Casa das Letras)

Laura Alarcão regressa à vila onde cresceu para o funeral da mãe, mesmo não tendo relação com ela há 13 anos. A família está devastada, o escrutínio dos vizinhos é real e a protagonista precisa de enfrentar a verdade dolorosa que a afastou da família durante anos: sente-se culpada pela morte da irmã mais nova, que caiu a um poço quando era criança. A jornada é sombria, a busca por respostas é extenuante, mas há também a possibilidade de redenção e aceitação. Susana Amaro Velho, autora de Inquieta e Bairro das Cruzes, assina esta saga familiar onde, perante as maiores tragédias, há laços que permanecem e por vezes até se fortificam.

Desertar
Mathias Enard
(Dom Quixote)

Dois homens dividem a história de Desertar. O primeiro é um soldado desconhecido que, algures num campo de batalha, tenta escapar à sua própria violência. O segundo é um matemático genial da Alemanha Oriental, desaparecido desde a ascensão do nazismo. As histórias não têm, aparentemente, forma de se cruzarem mas Mathias Enard conseguirá provar o contrário. Guerra, deserção, amor e compromisso juntam-se no novo romance do autor de Bússola, vencedor do Prémio Goncourt, do Prémio dos Livreiros de Nancy e do Le Point.

Vamos ou Ficamos?
Lionel Shriver
(Minotauro)

Um casal, médico e enfermeira, assistem diariamente ao declínio da saúde de pacientes e dos seus familiares mais diretos. Decidem então fazer um pacto: quando completarem 80 anos, suicidam-se. Até lá, são imaginados dezenas de cenários para os protagonistas, todos envoltos numa sátira escrita de forma crua, mas com sentido de humor. Lionel Shriver é autora do dilacerante Temos de Falar Sobre Kevin. Vamos ou Ficamos? foi eleito Melhor Livro do Ano na categoria de Ficção para o The Times.

Bambino a Roma
Chico Buarque
(Companhia das Letras)

Chico Buarque regressa à infância para escrever este livro autobiográfico. Estamos em Via San Marino, Roma, e ele tem 12 anos. Foi em Itália que viveu com a família essa fase da sua vida e foi lá que sentiu as primeiras manifestações de desejo, jogou à bola com o filho do merceeiro ou deambulou de bicicleta pelas ruas da cidade. Além de músico icónico, Chico Buarque é um autor multipremiado. Foi distinguido com o Prémio Camões em 2019.

Morte à Primeira Vista
Ivo Pires
(Saída de Emergência)

Ficção científica escrita em português? Existe e está em Morte à Primeira Vista, onde uma guerra iminente ameaça a paz na colónia de Neorbis e pode ditar o fim da Aliança. A descoberta de kernelite, um mineral alienígena com propriedades únicas, revolucionou a exploração espacial e permitiu a colonização do planeta Neorbis. Com o passar do tempo, a colónia sofreu mutações e surgiram subraças com habilidades próprias: os tetras, os azuros e os hérbeos. Após quase dois mil anos e uma paz mantida pela Aliança, um poder que se pensava extinto, pode deitar tudo a perder. A viagem será comandada por nove personagens criadas por Ivo Pires: um prisioneiro inocente, uma prostituta transfiguradora, um rapaz perturbado, um agente especial, um desportista com um terrível segredo, um criminoso perigoso, um homem abandonado pela família, uma académica curiosa e uma professora à procura do verdadeiro amor. Todos completamente diferentes, todos estranhamente ligados.

O Inquieto Verbo do Mar: Poesia Reunida
Sebastião da Gama
(Assírio & Alvim)

Toda a poesia de Sebastião da Gama está reunida pela primeira vez numa única obra para assinalar o centenário do nascimento do autor. Em cada palavra está uma homenagem à natureza, com especial carinho pela preservação da Serra da Arrábida. O livro inclui documentos de apoio ao estudo destes textos, assim como uma cronologia da vida do poeta e de acontecimentos sobre a sua obra. O prefácio é de João Reis Ribeiro, que preparou esta edição.

A Primeira Mentira Ganha
Ashley Elston
(Presença)

Ashley Elston construiu uma carreira como fotógrafa de casamentos. Pelo menos até A Primeira Mentira Ganha, o primeiro livro que escreveu, se tornar um dos mais vendidos do ano nos EUA. Recomendado pelo clube de leitura da atriz Reese Witherspoon, vai também ser transformado em série. Evie Porter é a protagonista deste thriller. Tem tudo o que deseja: um namorado perfeito, uma casa incrível e um grupo de amigos divertidos. Pequeno problema: Evie Porter não é Evie Porter e, quando a verdade sobre a sua identidade está prestes a ser descoberta, começa um jogo do gato e do rato.

O Livro de Algures
Keanu Reeves e China Miéville
(Saída de Emergência)

Muitas lendas se contaram sobre o guerreiro que não pode ser morto e que viu uma centena de civilizações ascender e cair. Ao longo do tempo teve muitos nomes: Unute, Messias do Nada, Morte. Agora é conhecido por B e o que deseja é poder morrer. Keanu Reeves e China Miéville assinam esta colaboração de ficção científica onde B irá encontrar uma força ainda mais misteriosa do que ele próprio. E tão ou mais forte.

Triste Tigre
Neige Sinno
(Presença)

Vencedor do Prémio Femina, do Strega Europeu e do Le Monde, entre outros, Triste Tigre é um livro dilacerante que partilha com o mundo a experiência real da autora. “Este é o livro mais poderoso e profundo que alguma vez li sobre uma criança devastada por um adulto. Todos devem lê-lo. É um grande acontecimento literário”, disse Annie Ernaux sobre a obra de Neige Sinno, que tinha sete ou nove anos quando o padrasto começou a abusar dela. Porém, o livro pretende ir mais além do que retratar a história de uma criança abusada. É também uma busca incessante e obstinada da autora para encontrar a verdade sem adornos, por mais violenta que ela seja.

Pulmões
Pedro Gunnlaugur Garcia
(Guerra & Paz)

Venceu o Prémio Nacional de Literatura da Islândia e é comparado a Günther Grass e Gabriel Garcia Marquez. Pedro Gunnlaugur Garcia (filho de mãe islandesa e pai português) estreia-se em Portugal ao mesmo tempo que é publicado em França, Alemanha, Espanha, Brasil e México. Pulmões tem como protagonista Jóhanna, que decide finalmente ler a saga que o pai distante escreveu sobre a família. É então que a história de sonhos desfeitos e amores proibidos revela um segredo que ninguém queria partilhar.

Vermelho Delicado
Teresa Veiga
(Tinta-da-china)

Vozes femininas e ambientes góticos. Um universo que Teresa Veiga domina na perfeição e que volta a explorar em mais um livro de contos — depois de ter conquistado por três vezes o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco/APE. Vermelho Delicado tem promessas primaveris de alegria, impulsos para caminhar sem rumo ou os contrastes entre centro e margem, memória e verdade, invisibilidade e evidência.

A Orgia de Praga
Philip Roth
(Dom Quixote)

Em busca do manuscrito inédito de um escritor iídiche martirizado,o romancista americano Nathan Zuckerman viaja para a cidade de Praga, sob ocupação soviética, em meados da década de 1970. Aí descobre escritores ostracizados, aventuras bizarras e um heroísmo fascinante mas perverso. Depois de O Escritor Fantasma, Zuckerman Libertado e A Lição de Anatomia, A Orgia de Praga encerra as quatro narrativas sobre o escritor criado por Roth.

História Global da Literatura Portuguesa
(Temas e Debates)

Dirigida por Annabela Rita, Isabel Ponce de Leão, José Eduardo Franco e Miguel Real, a obra reúne a participação de 100 autores com diferentes experiências, formações, perspetivas e trajetos. Os autores foram responsáveis por mais de 100 verbetes, divididos por sete capítulos, que percorrem a história da literatura portuguesa, desde a Idade Média à Democracia. História Global da Literatura Portuguesa quer afastar-se da narrativa tradicional literária, dando um contributo diferenciado com um discurso a muitas vozes.

Deixar África
Alexandra Marques
(Dom Quixote)

O processo de descolonização de Angola e Moçambique ainda tem coisas por contar e são esses detalhes que Alexandra Marques reúne nesta nova obra. Se deixar África foi um trauma para os portugueses radicados em Angola e Moçambique, que razões o ditaram? O que aconteceu nessas duas maiores colónias portuguesas que impulsionou a sua saída? O que foi feito para que pudessem salvar parte das poupanças? Como se processou a fuga até aos pontos de embarque? Como se vivia no campo de refugiados de Nova Lisboa, equiparado a um campo nazi por um capitão do MFA? O que aconteceu em Lourenço Marques no dia 7 de setembro de 1974 e no massacre de brancos em 21 de outubro? Esta é uma das páginas mais obscuras e complexas da história contemporânea de Portugal e Deixar África quer apresentar um novo olhar sobre os acontecimentos.

Banho de Sangue Americano
Paul Auster
(ASA)

Todos os anos, cerca de 40 mil norte-americanos morrem devido a ferimentos de bala. O tema do porte de armas é uma discussão sem fim nos EUA e, neste livro, Paul Auster reúne as suas opiniões, tanto polémicas, quanto lúcidas, sobre esta questão. O texto está acompanhado por imagens do fotógrafo Spencer Ostrander. São registos a preto e branco dos cenários dos massacres mais conhecidos.

Desejo
Gillian Anderson
(Albatroz)

Depois de protagonizar a série da Netflix, Sex Education, Gillian Anderson percebeu que há muitas mulheres que têm pudor em falar de sexo. Por isso, resolveu reunir, de forma anónima, cartas enviadas de todo o mundo sobre fantasias sexuais, desejos e receios. O resultado está neste livro sobre tudo o que gira em torno do sexo: prazer, dor, amor, ódio, obrigação, exploração, consentimento, respeito, infidelidade ou maternidade. Desejo é uma porta aberta para as confissões que quase ninguém ousa fazer abertamente.

Autodefesa
Elsa Dorlin
(Antígona)

Entre a filosofia e a política, este é um ensaio sobre o sentido político da autodefesa e a sua genealogia. Abordando as ordens dominantes, como policial, judiciária, racista ou homofóbica, é preciso saber qual a origem e onde tudo se cruza. Da autodefesa dos escravos ao krav maga ou o jiu-jítsu das sufragistas britânicas, passando pelas lutas armadas dos Panteras Negras nos anos 60

Nexus
Yuval Noah Harari
(Elsinore)

O autor do fenómeno Sapiens aborda agora o tema das redes de informação e a forma como elas foram moldando o ser humano e o mundo ao longo da História. Dos livros que difundiram ideias e mitologias ao algoritmo que agora nos adivinha os pensamentos — e, segundo Yuval Noah Harari, nos vira uns contra os outros —, passando pelo mundo de conhecimento e possibilidade que o aparecimento da Internet nos deus, Nexus apresenta-se como um ensaio fácil de acompanhar a propósito de um tema muitas vezes complexo.

A Coisa Mais Próxima da Vida
James Wood
(Zigurate)

James Wood é crítico literário, mas este é também o seu livro de memórias e é aqui que faz uma data de comparações sobre ficção e vida real. Indo até bem lá atrás, à infância de um miúdo a crescer num ambiente extremamente cristão e a refugiar-se na leitura, é aí que o autor encontra a base das suas explicações. A Coisa Mais Próxima da Vida, sendo a “coisa” a ficção, reflete sobre as ligações entre literatura e música, leitura e blasfémia, leitor, escritor e crítico.

My My! A história dos ABBA e do mundo que revolucionaram
Giles Smith
(Saída de Emergência)

Quatro suecos ganharam a Eurovisão há 50 anos, mas os seus temas continuam a ganhar novos ouvintes, filmes e musicais. Nesta obra, a história dos ABBA é contada através dos seus maiores êxitos, como Waterloo, Mamma Mia ou Dancing Queen. My My! A história dos ABBA e do mundo que revolucionaram é mais do que a biografia de uma banda, é uma obra sobre a passagem do tempo, imortalidade, legado, morte e amor. Giles Smith, grande fã de música antes de ser escritor, tentou perceber os motivos para o fenómeno e é isso que pretende explicar aqui.

Futuro Tenso: Como Criámos a Inteligência Artificial — E como Ela Vai Mudar Tudo
Martha Brockenbrough
(Relógio d’Água)

A Inteligência Artificial desenvolve-se a uma velocidade estonteante, mas é preciso perceber como é que chegamos aqui, como podemos tirar o melhor partido desta ferramenta e como podemos esperar que mude as nossas vidas. Martha Brockenbrough é professora e passou quatro anos a fazer pesquisa para escrever Futuro Tenso: Como Criámos a Inteligência Artificial — E como Ela Vai Mudar Tudo. Para a autora, a humanidade ansiava há muito pela Inteligência Artificial, mas o uso que se pode fazer dela a partir daqui tem muitas possibilidades, algumas delas perigosas. As explicações e as conclusões são apresentadas de forma simples, podendo este livro de não-ficção interessar logo aos leitores jovens adultos.

Há Dois Mil Anos
Mihail Sebastian
(E-Primatur)

Mihail Sebastian publicou apenas quatro livros e este, considerado um dos mais importantes romances sobre a ascensão do nazismo na Europa, foi o segundo. Há Dois Mil Anos tem como protagonista um jovem judeu a viver na Roménia, onde o mundo parece ter decidido que não há ali lugar para ele. Esta é a primeira tradução em língua portuguesa (e do original, o romeno). Ironicamente, Sebastian não chegou a ver o fim da guerra — ele que abordava insistentemente o tema de antisemistimo nas suas obras. Morreu em maio de 1945, atropelado por um camião.

OUTUBRO

A Outra Filha
Annie Ernaux
(Livros do Brasil)

O desafio foi-lhe feito em 2010: participar numa coleção onde teria de escrever uma carta a alguém a quem nunca tivesse escrito. Annie Ernaux lembrou-se então de uma recordação de infância, de um dia de agosto de 1950 em que ouviu a mãe a falar com uma cliente sobre outra filha, uma menina que teria tido antes de Annie e que teria morrido aos seis anos. A escritora, que nunca tinha ouvido falar da irmã, escolhe-a como destinatária da carta que tem de escrever e é assim que cria um texto intenso e tocante, como só a Prémio Nobel de 2022 sabe fazer.

A Picada de Abelha
Paul Murray
(Livros do Brasil)

Um dos livros mais elogiados de 2023 ganha finalmente uma versão portuguesa que nos apresenta os Barnes, uma família mergulhada no caos. O negócio de venda de carros de Dickie está a cair a pique, brutalmente afetado pela crise. A mulher, Imelda, tenta compensar os buracos financeiros vendendo roupas e jóias online. A filha, Cass, devia estar preocupada com os exames de acesso à faculdade, mas começa a saber demasiado bem o caminho para os bares. Já PJ, o irmão de 12 anos, faz um amigo pouco recomendável num videojogo. Tudo está a descambar, mas até onde será preciso recuar para perceber onde é que as coisas começaram a correr mal? Terá sido no momento em que uma picada de abelha arruinou a festa de casamento de Imelda? A Picada de Abelha é uma tragicomédia sobre família, azar e o timing (certo ou errado) que pode influenciar uma vida inteira. Paul Murray escreve com um sentido de humor inteligente que faz as mais de 500 páginas lerem-se demasiado depressa.

O Desencanto
Beatriz Serrano
(Bertrand)

Marisa odeia o trabalho. Aliás, só vai diariamente para o escritório para poupar no ar condicionado durante um mês de agosto sufocante em Madrid. Quando a empresa decide organizar um team building, a mulher de 30 e poucos anos começa a perceber que será insuportável passar um fim de semana inteiro com os colegas. O motivo da sua ansiedade resulta de uma tragédia enterrada no passado que agora volta para atormentá-la. À medida que os dias passam, a máscara social que demorou tantos anos a polir, começa a cair. O Desencanto tem sido um fenómeno em Espanha, sendo um espelho para a forma como os nossos dias se sucedem, todos iguais; sobre a solidão e a necessidade de ligações humanas; e sobre o esforço sobrehumano, como diz o livro, que às vezes é necessário para não nos atirarmos para a frente de um autocarro à segunda-feira de manhã.

Claridade
João Luís Barreto Guimarães
(Quetzal)

O Prémio Pessoa 2022, um dos poetas portugueses mais publicados no estrangeiro, está de volta com um livro de poemas inéditos. Nestes textos sobressaem os acasos do quotidiano, a busca da pequena escala humana e a sobriedade dos versos. No entanto, a ironia de João Luís Barreto está cada vez mais apurada, aprofundada e crítica, sempre em busca de uma justiça à escala poética. Claridade é, para o autor, o contraponto da banalidade e da exasperação, do fechamento e dos tempos amargos.

Notas Sobre a Impermanência
Paula Gicovate
(À/Parte)

Uma mulher apaixona-se por um homem casado, que vive noutro estado do Brasil. As emoções que isso acarreta, as dúvidas e os dilemas. Numa tentativa de fuga, Lia viaja até Barcelona, mas mudar de continente pode não ser suficiente quando a busca por respostas pode ter de ser mais interior do que exterior. Num livro curto, Paula Gicovate explora as emoções de Lia e de um amor fugaz, incompleto, arrebatador e proibido — mas sobretudo a universalidade dos sentimentos amorosos.

A Vingança é Minha
Marie NDiaye
(Alfaguara)

Susane é uma advogada de meia idade que leva uma vida pacata. Pelo menos até ao dia em que é visitada por Gilles Principaux, que lhe pede para defender a mulher, acusada de matar os próprios filhos. Além de ter de lidar com um crime hediondo, Susane é apanhada por memórias perturbadoras da sua infância e acaba obcecada por reconstruir esses fragmentos de história. Este é o novo romance psicológico de Marie NDiaye, que no currículo já tem um prémio Femina, um Goncourt e um Marguerite Yourcenar.

Não Fossem as Sílabas do Sábado
Mariana Salomão Carrara
(Companhia das Letras)

Ana, grávida, fica viúva após a morte acidental do marido. Madalena, a vizinha, perde igualmente o marido no mesmo episódio. A mesma tragédia junta uma morte acidental e outra intencional e o destino de duas famílias. Mariana Salomão Carrara apresenta uma história íntima sobre luto, maternidade e recomeços. Venceu o Prémio São Paulo de Literatura em 2023.

A Corneta Acústica
Leonora Carrington
(Antígona)

Preparem-se para entrar num universo surrealista com a ajuda de Marian Leatherby, uma nonagenária com muitos problemas de audição que, graças ao aparelho auditivo oferecido por uma amiga, percebe que os planos da família são apenas um: enfiá-la num lar. É nesse momento que começa uma aventura onde, estranhamente, tudo se compõe graças à colaboração de um grupo de anciãs, ajudadas por um chinês, um carteiro-bardo imortal, uma alcateia e uma lobimulher.

A Cegueira do Rio
Mia Couto
(Caminho)

Mia Couto acaba de ser distinguido com o prémio da Feira Internacional do Livro de Guadalajara de Literatura em Línguas Românicas 2024, mesmo a tempo do lançamento de A Cegueira do Rio. Este novo romance decorre num cenário de guerra entre Portugal e Alemanha. Os combates generalizaram-se em finais de 1914 no Sul de Angola e no Norte de Moçambique. Os militares alemães ganham terreno em Moçambique e Portugal envia a primeira de várias expedições militares para as colónias.

Retrato Huaco
Gabriela Wiener
(Antígona)

Huaco é o nome dado a estatuetas de cerâmica que representam rostos indígenas. É durante um passeio por um museu de Paris que a autora se depara com uma coleção doada por um antepassado austríaco e que revela o rasto de violência e pilhagem por ele deixado, e um filho bastardo, dando origem à linhagem peruana dos Wiener. Este é o resultado de uma incessante busca pelas origens, descobrindo uma pesada herança familiar, abordada com sentido de humor cáustico.

O Seu Terrível Abraço
Tiago Ferro
(Tinta-da-china)

O protagonista deste livro nasceu em São Paulo, numa família branca de classe média alta, com acesso a tudo aquilo a que tinha direito: escola e clube, condomínio e praia. Escritor e intelectual, descobre agora, aos 40 anos, que tem uma doença terminal. À sua volta, o próprio Brasil parece ter a saúde debilitada, mergulhado numa realidade que conta com livros banidos e liberdades individuais constantemente ameaçadas. No seu mais recente romance, Tiago Ferro reflete sobre uma geração que cresceu com todas as opções mas que, na chegada à maturidade, se encontra num beco sem saída, tanto a nível pessoal, como em relação ao país em que nasceu.

As Filhas da Criada
Sonsoles Ónega
(Planeta)

Com este sétimo romance, a escritora espanhola Sonsoles Ónega conseguiu conquistar o Prémio Planeta 2023. Esta é a história de duas mulheres obrigadas a lutar afincadamente por tudo aquilo em que acreditam: a família, o trabalho e, sobretudo, os seus direitos. A ação decorre na Galiza, na primeira metade do século XX.

Melhor Não Contar
Tatiana Salem Levy
(Elsinore)

É com uma narrativa desconcertante e com detalhes biográficos que Tatiana Salem Levy regressa ao romance. A relação com a mãe, um segredo sobre o padrasto que carrega desde a adolescência, passando pela reação de um companheiro a um aborto — são estes os traumas com que a narradora e protagonista deste livro tem de lidar. Um retrato sobre ela, mas também sobre as mulheres na sociedade.

A Origem dos Dias
Miguel d’Alte
(Suma de Letras)

Tomás Franco mudou-se para a cidade há uma década para perseguir a carreira de escritor, mas sobretudo para fugir a uma tragédia que lhe marcou a infância. Tenta ainda descobrir o percurso do avô, Pierre Lacroix, um escritor fugido de França durante a Segunda Guerra Mundial de quem ninguém parece querer falar. No meio do tormento da vida, que não lhe corre como esperava, conhece Leonor, uma misteriosa mulher que o intriga. Neste seu terceiro livro, Miguel d’Alte oferece o palco central a um homem que persegue a literatura proibida e os escritores imortais, enquanto a linha que separa as personagens dos livros das reais se torna muito ténue.

A Vingança Criadora — Contos Completos
Alfonso Reyes
(E-Primatur)

Erotismo, paixão, poesia, erudição, história e imaginação. É disso que falam os contos de Alfonso Reyes, até agora inéditos em Portugal. O que une a mitologia, a vida do quotidiano e o nosso subconsciente são questões que inquietam o autor, mas que servem também para nos definir como seres únicos. Reyes é considerado um dos mais importantes escritores de língua espanhola do século XX. Foi finalista do prémio Cervantes e recebeu a distinção Legião de Honra em França.

Sonhos de Bronze
Camilla Läckberg
(Porto Editora)

Este é o aguardado final da história de Faye, um drama de vingança pautado por traição, redenção e irmandade. O ex-marido de Faye está morto, mas ela é ameaçada pelo pai, que está em fuga da prisão. O homem que deveria ser a sua rede de segurança é, afinal, o seu maior medo. Camilla Läckberg não precisa de apresentações para os fãs de thrillers e este volume retoma a história da protagonista de Asas de Prata e Uma Gaiola de Ouro.

Uma Longa Viagem com António Lobo Antunes
João Céu e Silva
(Contraponto)

A guerra, a medicina, a literatura, a escrita, os amigos, as mulheres e o amor. Este é um retrato de António Lobo Antunes traçado por João Céu e Silva. Uma Longa Viagem com António Lobo Antunes (publicado originalmente em 2009) faz parte da coleção Uma Longa Viagem, que já dedicou volumes a Vasco Pulido Valente e Maria Filomena Mónica.

A Década Prodigiosa: Uma História dos Anos 80
Pedro Boucherie Mendes
(Dom Quixote)

Filhos dos anos 80, acusem-se. E mergulhem nesta cronologia de acontecimentos sociais, políticos e culturais de uma década transformadora. Em Portugal, no primeiro dia de 1980, a terra tremeu nos Açores, sendo a pior catástrofe nacional depois do terramoto de 1755. Nesse ano chegou a televisão a cores e o primeiro-ministro morreu num desastre de avião, enquanto nas maternidades se sucederam os Paulos e Ruis, as Susanas e as Cristinas. Pedro Boucherie Mendes — que é filho dos anos 70 — reúne as datas, as curiosidades, os episódios trágicos e os marcos históricos dos anos 80 em Portugal.

Lou Reed: O Rei de Nova Iorque
Will Hermes
(Casa das Letras)

Tem sido elogiado pela crítica e pelos fãs, foi um dos melhores livros de música do ano para a revista Variety e um dos melhores livros de não-ficção de 2023 para a Kirkus Reviews. 11 anos após a morte do músico, esta biografia reúne os marcos mais importantes da vida de Lou Reed, tanto pessoais como profissionais, abordando a sua controversa relação com fãs, críticos e colegas do mundo da música.

Patriota
Alexei Navalny
(Ideias de Ler)

Alexei Navalny começou a escrever o livro de memórias pouco depois do seu envenenamento, em 2020. Da juventude ao ativismo, passando pelo casamento e a família, terminando no empenho em lutar contra a superpotência russa determinada a silenciar o líder da oposição que sempre colocou a liberdade de expressão acima da sua liberdade pessoal. Patriota inclui correspondência inédita e relatos muito pessoais sobre a carreira política, os muitos atentados de que foi alvo, a convivência com as pessoas mais próximas e os detalhes dos últimos anos passados na prisão, onde acabaria por morrer em fevereiro de 2024.

Toda a Mafalda
Quino
(Iguana)

Os festejos dos 60 anos de Mafalda continuam e a Iguana reedita em Portugal todas as tiras num livro de capa dura que conta também com artigos de opinião e outros materiais. Mafalda, uma das personagens mais emblemáticas da história da banda desenhada, nasceu de uma campanha publicitária mal sucedida. Só aí é que Quino, ilustrador e caricaturista argentino, viu o seu talento reconhecido.

Os Cúmplices de Hitler
Richard J. Evans
(Edições 70)

Por incrível que pareça, ainda há material inédito sobre a Segunda Guerra Mundial e foi o balanço da publicação desses documentos que o historiador Richard J. Evans aproveitou para reunir as histórias das caras nazis que gravitavam em torno de Hitler. Ao traçar os perfis destas pessoas e fazer as ligações entre elas, o autor da conhecida trilogia O Terceiro Reich procura, desta vez, perceber como é que uma sociedade específica é capaz de cometer atos tão terríveis.

Viva Frida
Gérard de Cortanze
(Planeta)

Enquanto se assinalam os 70 anos da morte de Frida Kahlo, Gérard de Cortanze apresenta um livro que descreve como sendo uma biografia, um romance e um ensaio — tudo em simultâneo. Organizado como uma viagem, este livro abre as portas para a intimidade da artista mexicana, em sua casa, mas também pelo mundo, em Paris e Nova Iorque. Fala de pintura, das dúvidas de Kahlo e tem sempre presente a sua inimitável avidez pela vida.

Portugal entre Churchill e Hitler
Sérgio Luís de Carvalho
(Clube do Autor)

Na Segunda Guerra Mundial, os dois lados em conflito deram início a uma intensa campanha de propaganda, mesmo em Portugal, que não estava diretamente envolvido na guerra. Por cá, estava a cargo de especialistas anglo-americanos e alemães ou então de portugueses ao serviço das respetivas causas. Portugal era um país neutro e Salazar tinha de equilibrar a ligação com os dois lados. É essa gestão e as formas de enganar a censura e a polícia para apoiar um lado ou o outro que Sérgio Luís de Carvalho aborda neste livro que se completa com ilustrações inéditas.

O Que É Que Eu Estou Aqui a Fazer?
João Francisco Gomes e Ricardo Araújo Pereira
(Tinta-da-china)

João Francisco Gomes, jornalista do Observador, conversa com Ricardo Araújo Pereira sobre Deus, a fé, o humor e a morte. O resultado está neste livro previsto para a segunda metade de outubro. Conta com prefácio de José Tolentino Mendonça.

NOVEMBRO

Querida Tia
Valérie Perrin
(Presença)

Colette era uma mulher sem história. Pelo menos era o que toda a gente achava, até ao dia em que a sobrinha recebe uma chamada da polícia a anunciar a morte dela. Problema: Colette está morta há três anos. Querida Tia é o novo e muito aguardado romance de uma das autoras mais lidas em França e em Portugal. É o sucessor dos sucessos A Breve Vida das Flores, Os Esquecidos de Domingo e Três.

Os Dias Contados
João Tordo
(Companhia das Letras)

João Tordo regressa ao género policial com uma personagem conhecida, Pilar Benamor, protagonista de Águas Passadas e Cem Anos de Perdão. Desta vez, terá de recuar às vivências do próprio passado e ao confronto com o Embalsamador, o psicopata que o pai dela deixou escapar.

RIFQA
Mohammed Al-Kurd
(Antígona)

É a estreia de um poeta que não tem medo de dizer o que pensa. Rifqa é o nome da avó do autor e, em árabe, significa bondade e gentileza. É ela a homenageada nesta obra. Sobrevivente da Nakba, o êxodo forçado do povo palestiniano em 1948, e refugiada na sua própria terra, é um símbolo do combate à opressão e ao colonialismo. Além de ser uma história de família, o texto de Mohammed Al-Kurd coloca no centro da ação um povo em luta pelo território e pela memória.

Os Apanhadores de Bagas
Amanda Peters
(Topseller)

Melhor Livro do Ano para: The New Yorker, Amazon, Apple, Barnes & Noble, People, Harper’s Bazaar e Booklist. Vencedor do Barnes & Noble Discover Prize 2023 e Medalha Andrew Carnegie de Excelência na Ficção 2024. A história, passada em 1962, é a de uma família que chega ao Maine para apanhar mirtilos durante o verão. Entretanto, Ruthie, a filha de quatro anos, desaparece. Também no Maine, uma jovem chamada Norma cresce como filha única de uma família rica. O pai é distante, a mãe superprotetora. Norma sabe que há algo que lhe escondem e, seguindo a sua intuição, passa anos a tentar descobrir os segredos que ninguém quer contar-lhe.

Um Novo Nome — Septologia VI-VII
Jon Fosse
(Cavalo de Ferro)

Asle, um pintor idoso e viúvo, vive sozinho na costa sudoeste da Noruega. Praticamente não tem amigos, também não precisa deles. Na mesma cidade há outro Asle, igualmente pintor, mas consumido pelo álcool. Duas versões da mesma vida ou duas histórias de vida cruzam-se neste que é o volume conclusivo de Septologia, uma das obras mais aclamadas do Prémio Nobel da Literatura de 2023.

Kairos
Jenny Erpenbeck
(Relógio d’Água)

Berlim, julho de 1986, um encontro num autocarro. Ela é jovem e estudante, ele é mais velho e casado. A atração é imediata e intensa — tal como a relação secreta que passa a ligá-los. Porém, quando ela comete um único deslize, dá-se uma fissura irreparável que deixa espaço para um perigoso jogo de castigo, crueldade e poder. Ao mesmo tempo, a RDA (República Democrática Alemã) começa a desmoronar-se, colocando em causa alianças antigas, lealdade e relações. Kairos é o vencedor do Booker Prize internacional. Em 2019, o romance Visitação já tinha garantido a Jenny Erpenbeck um lugar entre os 100 Melhores Livros do Século XXI eleitos pelo The Guardian.

Olho por Olho
Jeffrey Archer
(Bertrand)

Numa cidade luxuosa, um negócio de milhões está a segundos de correr mal, acabando em homicídio. Com ele, o governo britânico é empurrado para uma crise sem precedentes. A milhares de quilómetros de distância, em Berkshire, um lorde morre sem deixar descendentes diretos, acabando com uma linhagem que tem mais de 200 anos. A luta que se segue pela herança terá consequências explosivas. As duas mortes parecem não ter qualquer relação, mas estão no centro de um plano de vingança que a Scotland Yard terá de descobrir e resolver. Aos 84 anos, Jeffrey Archer continua a ser um autor incontornável para os leitores de thrillers. Olho por Olho só vem confirmar o seu estatuto de autor bestseller.

Casa de Bonecas
Henrik Ibsen
(Penguin Clássicos)

Encenada pela primeira vez em 1879, esta peça controversa chocou a sociedade de então, tendo a discussão passado para os jornais e para os salões da época. Nora é a protagonista de uma vida de sonho no seio da burguesia do final do século XIX. Casada com o quadro superior de um banco, tem três filhos e uma vida sem preocupações. Até que um segredo que esconde há muito está prestes a ser revelado. O caos indesejado mas inevitável acaba por desencadear uma revolução na consciência e na vida desta mulher.

Sonny Boy — Memórias
Al Pacino
(Presença)

De um dos mais conceituados atores da sua geração chega uma biografia que recorda os papéis mais importantes de Al Pacino, mas também as suas relações fora do trabalho, as colaborações e as frustrações, o amor, a pertença e a vocação. Criado pelas ruas do Bronx, Nova Iorque, mais do que pela própria família — o pai deixou-os quando Al Pacino era pequeno e a mãe sempre lutou contra problemas mentais —, passou pela pobreza e por trabalhos muito estranhos para se sustentar. Singrou no teatro, foi boémio, viveu bem, voltou à miséria — tudo antes de se transformar no ícone hoje mundialmente conhecido.

Os Judeus e a Comédia. Uma história Muito Séria
Jeremy Dauber
(Zigurate)

Como é que se explica o humor judaico? Esta obra, que consegue ser erudita e com sentido de humor na mesma medida, traça a evolução do talento judaico para a comédia, desde os tempos bíblicos à era do Twitter. Jeremy Dauber expõe aqui as sete características fundamentais da comédia judaica – do tom espirituoso a uma vertente vulgar. De Kafka a Philip Roth, dos irmãos Marx a Woody Allen, passando por Mel Brooks e pela revista MAD, o lado cómico de alguns assuntos sérios estão aqui explicados com sabedoria.

Friends – O Livro de Receitas Oficial
Amanda Yee
(Marcador)

São mais de 100 receitas saídas de uma série de culto, Friends, que continua a ganhar novos fãs, mesmo tendo-se estreado há 30 anos. Da sandes de almôndegas preferida de Joey à infame sobremesa de Rachel que juntou banana, palitos de la Reine, carne estufada e ervilhas, este é um livro obrigatório — seja para replicar os pratos na cozinha, seja apenas para colecionar.

Marcas de Batom
Greil Marcus
(Antígona)

Depois de ter estado esgotada durante muito tempo, chega a Portugal uma nova edição de Marcas de Batom, com introdução e bibliografia atualizadas pelo autor. Nesta obra, o crítico musical, ex-editor da Rolling Stone e colunista traça um retrato das vozes subversivas e marginais que reaparecem e se fazem ouvir incessantemente na música, em manifestos, na arte, e que formam uma corrente demasiado vital e coerente para ser travada.

Liberdade: Memórias 1954-2021
Angela Merkel
(Objectiva)

Nestas memórias, Angela Merkel recorda a vida em dois estados alemães. O tom é intimista, as histórias começam na infância, passando pelos estudos na RDA e depois pelos encontros com as mais poderosas figuras mundiais. Durante 16 anos esteve à frente do governo alemão e teve um papel importante na Europa e no mundo. Esta é uma reflexão sobre a sua vida e a sua carreira, mas também um relato que coloca a liberdade acima de tudo.

Como Saciar um Ditador
Witold Szabłowski
(Zigurate)

Um livro sobre cozinheiros pode também ser um arrepiante livro político? Pode. E a prova está aqui. O repórter polaco Witold Szabłowski foi à procura de quem alimentou cinco dos mais icónicos déspotas da segunda metade do século XX. Esteve no Iraque de Saddam Hussein, no Uganda de Idi Amin, na Albânia de Enver Hohxa, na Cuba de Fidel Castro e no Camboja de Pol Pot. Para Como Saciar um Ditador recolheu o testemunho de quem conviveu com os apetites destes homens impiedosos. O resultado é um livro que, mesmo sob um pano de fundo de horrores, consegue ter sentido de humor.

Tempo de Fantasmas
Alexandre O’Neill
(Assírio & Alvim)

Celebram-se 100 anos do nascimento de Alexandre O’Neill e essa data é o mote para o início da publicação autónoma dos livros do autor. Tempo de Fantasmas é o primeiro livro de poemas, marcando a despedida do surrealismo e formando um olhar focado nas coisas presentes, em que a pequena história é o mais importante. Esta nova edição conta com um posfácio de Fernando Cabral Dias.

Os Imbecis e Outros Textos Clássicos de escritoras russas
(E-Primatur)

Turgenev, Tchekov, Gogol, Tolstoi ou Dostoievski. Todos grandes nomes da literatura russa do século XIX e começos do século XX, mas todos homens. Até agora, apesar de haver autoras russas igualmente importantes, não estavam reunidas numa antologia panorâmica, em português. Isso muda com esta obra, que junta Nadejda Teffi, Anna Búnina, Marina Tsvetaeva, Anna Zontág, Sófia Kovalévskaia, entre muitas outras.

História de África, Vol. 1
Bernard Lugan
(BookBuilders)

Esta história é contada em dois volumes e este é o primeiro, até agora nunca publicado em português. Arqueologia, etnografia, geografia e climatologia são os principais temas que guiam a narrativa. Bernard Lugan é um dos mais importantes e polémicos especialistas na história do continente negro, desde a pré-história até à atualidade. Esta obra é acompanhada por centenas de ilustrações de mapas e gráficos.

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