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ANA MARTINGO/OBSERVADOR

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Os alvos de Rio para sobreviver às autárquicas "vitais"

As dúvidas de Porto e Lisboa, os casos de Isaltino e de Santana, o sonho coimbrão e o pesadelo de Viana. Setúbal de Negrão, Sintra um berbicacho, Gaia fechado a Cancela Moura. Guarda e Viseu assustam.

Os alvos estão identificados e as tropas em movimento. Mas as indefinições em torno dos generais que vão liderar as investidas do PSD nas próximas eleições autárquicas persistem. Rui Rio e a direção do partido têm identificadas como absolutamente prioritárias 36 autarquias por todo o país, entre capitais de distritos e concelhos com mais de 100 mil habitantes. Dessas, 12 são do PSD e é proibitivo perdê-las. Nas restantes, a ordem é para fazer tudo para crescer em número de mandatos e vereadores. Se for possível vencer, melhor ainda.

Rui Rio sabe que o seu futuro como presidente do PSD está umbilicalmente ligado ao desempenho do PSD nas próximas autárquicas. Aliás, na quinta-feira, em entrevista ao Observador, o líder social-democrata admitiu isso mesmo: “Se tiver um mau resultado assumo a responsabilidade. Eu sou o primeiro a elevar a importância das autárquicas. Não há aqui nada a atenuar: as autárquicas são muito importantes para o PSD, ponto”.

Resta saber que bitola Rui Rio definiu para si mesmo — se é que já definiu alguma — para medir o sucesso da sua estratégia. “Não há número mágico nenhum”, cortou a eito nessa mesma entrevista ao Observador. O seu núcleo duro tem algumas ideias.

Critério 1: o número de autarquias conquistadas, o mais evidente. Nesse capítulo, de resto, é praticamente impossível fazer pior — em 2017, o PSD ficou com apenas 98 Câmaras e o PS com 159. Critério 2: o tipo de câmaras conquistadas. “É mais relevante conquistar uma câmara de grande dimensão do que quatro ou cinco inexpressivas“, diz ao Observador fonte da direção do PSD. Critério 3: mesmo perdendo, subir o número de votos e vereadores conquistados nas principais autarquias. O PSD foi varrido do mapa em Lisboa e Porto e perdeu há muito a influência que tinha em Sintra e Gaia. Para se afirmar como alternativa no país, acredita a atual direção do PSD, é preciso crescer nestas autarquias.

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Rio: “Se vir que isto não tem pernas para andar fico aqui a fazer o quê? Não estou agarrado ao lugar”

As big four

Ricardo Baptista Leite é apotando como candidato à Câmara de Lisboa

MIGUEL A. LOPES/LUSA

Em Lisboa, Ricardo Baptista Leite, deputado e vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, lidera neste momento a bolsa de apostas. Há quem, na estrutura do partido, esteja convencido de que será de facto Baptista Leite a protagonizar o combate contra Fernando Medina. Na entrevista ao Observador, e mesmo com muitas ressalvas, Rui Rio não lhe poupou elogios e assumiu que seria um bom candidato. Mais não disse e mais não se sabe — está tudo na cabeça do líder social-democrata.

No Porto, depois do não de Paulo Rangel, Vladimiro Feliz, antigo vice de Rio, é o nome apontado com maior insistência. Mais uma vez, o líder do PSD aproveitou a entrevista ao Observador para se desdobrar em elogios a Feliz: “Foi dos melhores vereadores que teve na câmara do Porto e foi responsável por grandes coisas. É óbvio que eu só posso dizer bem dele”. No mesmo dia, em declarações ao Expresso, o próprio não escondeu alguma surpresa. “Seria uma decisão muito difícil. Teria de existir um conjunto de vontades e consensos para ser viável”, salvaguardou.

Num caso como noutro, há quem, no núcleo duro de Rui Rio, lembre que é preciso ter cuidado com certezas absolutas. Os nomes de Baptista Leite e Vladimiro Feliz estão a ser considerados, sim, mas até meados de março podem existir surpresas nessas duas frentes. Nada está fechado.

Fechada está a porta a Cancela Moura em Gaia. Segundo conseguiu apurar o Observador, o diretor do “Povo Livre”, deputado e vereador do PSD naquela cidade não será candidato à autarquia. O nome de Luís Filipe Menezes continua a circular com alguma insistência, mas o Observador sabe que o próprio não considera essa hipótese. É um dos casos que preocupa a atual direção do PSD: em 11 vereadores, a coligação PSD/CDS tem apenas dois.

Em Sintra, Marco Almeida gostava de ser candidato mas a direção do PSD parece ter outros planos. Em dezembro, chegou a ser avançada a hipótese de ser Pedro Santana Lopes a liderar a corrida com Marco Almeida como número dois. Nessa altura, o vereador reagiu mal à notícia e atirou tudo para o plano do delírio. Segundo conseguiu apurar o Observador, na sondagem que o partido mandou fazer Marco Almeida superava Pedro Santana Lopes como melhor candidato do PSD à autarquia. Mas o dossiê continua em aberto.

Rui Rio e Rui Moreira estão outra vez no caminho um do outro

FERNANDO VELUDO/LUSA

As apetecíveis

Depois há autarquias que, pelas circunstâncias em que se encontram, fazem com que o PSD sonhe com possíveis brilharetes. À cabeça, Coimbra: o folhetim ficou desfeito na noite de quinta-feira, Nuno Freitas, líder da distrital, está fora, e será mesmo o independente e ex-bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, a enfrentar Manuel Machado. Os sociais-democratas acreditam que é possível conquistar esta câmara ao PS — que a teme perder — e vão apostar muitas fichas aqui.

Viana do Castelo era e é o alvo mais apetecível: o socialista José Maria Costa atingiu o limite de mandatos e o PSD há muito que acredita ser possível conquistar esta que é uma das principais autarquias do país. Rui Teixeira, presidente do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, era o preferido, mas rejeitou. Daniel Campelo, o histórico “deputado limiano”, também está a ser considerado numa coligação com o CDS. Eduardo Teixeira, líder da concelhia do PSD, quer muito ir a votos, a direção do PSD não morre de amores pela ideia. “Mas é melhor ter candidato do que não ter”, comenta-se na São Caetano.

Leiria é igualmente apetecível, até porque o PS está profundamente dividido no terreno, mas a dor de cabeça está por resolver. O médico Hélder Roque interessava ao PSD, foi testado em sondagens locais, houve uma fuga de informação e o próprio veio garantir que estava indisponível para avançar. Não há ainda soluções evidentes para conquistar a autarquia.

Fernando Negrão deputado do Partido Social Democrata (PSD), durante o debate parlamentar sobre o Programa de Estabilidade e o Programa Nacional de Reformas, na Assembleia da República, em Lisboa, 14 de maio de 2020. MANUEL DE ALMEIDA / LUSA

Fernando Negrão foi líder da bancada parlamentar do PS

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Em Setúbal, o PSD está disponível para apostar num nome bem conhecido: Fernando Negrão. A direção do partido quer, o ex-líder da bancada parlamentar e antigo diretor da PJ não diz que não e já há sondagens nesse sentido. As duas partes — direção e Negrão — estão agora a estudar as reais hipóteses de ter um bom resultado.

Castelo Branco interessa e muito. Luís Correia, autarca socialista perdeu o mandato e teve de ser substituído. Os sociais-democratas acreditam que é possível conquistar esta capital de distrito. Carlos Maia, presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, é a escolha do PSD.

Portalegre, acreditam os sociais-democratas, também está ao alcance do partido. Fermelinda Carvalho, presidente da Câmara Municipal de Arronches, é a escolhida para tentar conquistar uma autarquia que está nas mãos da independente Adelaide Teixeira.

As que podem fugir

Ainda que seja difícil conseguir fazer pior do que em 2017, há um cenário que nem os mais otimistas apoiantes de Rui Rio excluem: não é impossível perder algumas das câmaras que (ainda) estão nas mãos do PSD.

Nesse campeonato, a cidade da Guarda é a que mais preocupa. Carlos Chaves Monteiro e Sérgio Costa, presidente e vice-presidente, romperam e estão em campos opostos. A direção do partido já escolheu o seu candidato, o atual presidente, Carlos Chaves Monteiro, mas a zanga entre os dois pode provocar estragos nas urnas.

Viseu é de Almeida Henriques e vai ser essa a aposta de Rui Rio para manter o poder naquela cidade. Mas há um cenário que nem a direção do PSD ignora: o autarca está a ser investigado por prevaricação e o processo judicial pode rebentar a qualquer momento. Isto num contexto em que o PS está a apostar muito forte, como João Azevedo, ex-presidente da Câmara de Mangualde e diretor da campanha de Pedro Marques nas europeias de 2019, é o candidato escolhido pelos socialistas. Se Almeida Henriques cair, e esse cenário não está excluído, o PSD já tem candidato alternativo: Fernando Ruas.

Almeida Henriques pode enfrentar problemas por causa dos processos judiciais em curso

FÁBIO PINTO/OBSERVADOR

Os bastiões e o reconvertido Isaltino

Nas câmaras que são do PSD não há margem para invenções: os incumbentes serão recandidatos e terão todo o apoio da direção do partido.

Carlos Carreiras (Cascais), Ricardo Rio (Braga), Emídio Sousa (Santa Maria da Feira), António Silva Tiago (Maia), Paulo Cunha (Famalicão), Ribau Esteves (Aveiro), Hernâni Dias (Bragança) e Rogério Bacalhau (Faro) serão apostas do partido.

Depois há a questão de Oeiras. A ideia de Isaltino Morais ser candidato com as cores do PSD chegou a circular, mas acabou por não se concretizar. A hipótese de apresentar uma lista própria à autarquia é improvável até porque existe a convicção de que é impossível separar as águas entre quem é do PSD e quem apoia Isaltino Morais. Por outras palavras: o eleitorado e alguns dos quadros são confluentes.

Mas isso não quer dizer que não exista uma pré-aliança entre as partes: em cima da mesa está a hipótese de Isaltino abdicar de apresentar candidatos às juntas de freguesias e permitir que o PSD entre nesse espaço; em contrapartida, PSD não apresentaria candidato à autarquia e deixaria o caminho aberto a Isaltino.

Isaltino Morais pode abdicar de apresentar candidatos às juntas de freguesia

Tiago Petinga/LUSA

As outras corridas

Nestas 36 autarquias, há outras corridas que, não sendo impossíveis de vencer, são improváveis. Muitas já têm um nome fechado — que terá de ser sempre aprovado pela direção nacional.

Nelson Baptista, do PSD/Loures, vai tentar bater-se com Bernardino Soares. Marco Pina é apontado a Odivelas. Nuno Matias vai a Almada e pode ter uma palavra a dizer: se o PCP conseguir recuperar a Câmara, não é de excluir que possa existir uma coligação PCP/PSD no futuro. Rui Rei e Bruno Vasconcelos serão candidatos em Vila Franca de Xira e no Seixal, respetivamente.

Mais a Norte, em Gondomar, Germana Rocha é candidata a candidata. Bruno Pereira é aposta em Matosinhos. Bruno Fernandes tentará (sem grandes hipóteses) roubar Guimarães aos socialistas. Bruno Torres pode sonhar com uma ida a Barcelos.

Noutras latitudes, Henrique Sim-Sim será candidato em Évora, Nataniel Araújo pode ser hipótese em Vila Real e Pedro Calado aposta no Funchal.

A Figueira da Foz, apesar de não entrar nesta lista de 36, também já está entregue: apesar da vontade de Pedro Santa Lopes, será mesmo Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, a tentar recuperar a Câmara para os sociais-democratas.

Em sentido inverso, Vicente Pinto, até aqui vice-presidente da Câmara de Espinho, é o nome escolhido para segurar uma câmara que é do PSD mas onde Joaquim Pinto Moreira atingiu o limite de mandatos.

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