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O deputado do Iniciativa Liberal (IL) Rodrigo Saraiva intervém na sessão plenária para apresentação do programa do XXIII Governo Constitucional na Assembleia da República, em Lisboa, 08 de abril de 2022. MIGUEL A. LOPES/LUSA
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MIGUEL A. LOPES/LUSA

MIGUEL A. LOPES/LUSA

"Os liberais cansaram-se de ser bibelôs noutros partidos"

Em entrevista, líder parlamentar da IL garante que vitórias de Montenegro ou de Moreira da Silva (PSD) e de Melo (CDS) não vão beliscar a força do partido. Saída de Cotrim é cenário prematuro.

Rodrigo Saraiva resiste em comentar os concorrentes à direita, mas deixa a chave nas entrelinhas. O novo líder parlamentar da Iniciativa Liberal lamenta que o PSD ande a perder “demasiado tempo” com os liberais, relativiza o efeito que qualquer sucessor de Rui Rio venha a ter no mercado eleitoral à direita, seja ele Luís Montenegro ou Jorge Moreira da Silva, diz que Nuno Melo vai pelo mesmo caminho e que jamais terá um “estilo, um tom e uma forma semelhante” à do Chega.

Em entrevista ao Observador, numa “Vichyssoise” especial emitida a partir do Parlamento, horas antes da votação da moção de rejeição, o líder parlamentar liberal recusou revelar o sentido de voto — acabaria por optar pela abstenção, evitando ficar ao lado do Chega na fotografia, mas sem se comprometer com uma validação do Programa de Governo de António Costa — o assumidamente o grande “adversário” da IL nos próximos quatro anos e seis meses.

Sobre a vida interna do partido, Rodrigo Saraiva garante que a IL não se transformará num saco de gatos como o CDS e que saberá pôr a sede de protagonismo de lado. “No Parlamento, não estão oito egos; estão oito vozes”, assegura.

Quanto ao futuro do partido, o presidente do grupo parlamentar da Iniciativa Liberal encerra, para já, qualquer discussão sobre a sucessão de João Cotrim Figueiredo. “Não vai haver um pós-Cotrim Figueiredo tão cedo.”

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[Ouça aqui a Vichyssoise]

A valsa do pavão Costa num palco sem oposição

“Se há a oposição ao PS, ela tem sido feito pela IL”

Já decidiram como é que vão votar a moção de rejeição apresentada pelo Chega?
Já, já decidimos.

Não quer partilhar a decisão connosco?
Não, não. No momento ficarão a saber.

Mas porquê o tabu? Todos os partidos já manifestaram o sentido de voto. Parece que existe um incómodo da Iniciativa Liberal.
Não há incómodo nenhum. Quem define os nossos timings e a nossa agenda política somos nós, não são os outros. Ainda temos de perceber se é uma moção de rejeição ou se é uma moção de provocação.

E se for uma moção de provocação o vosso sentido de voto será…
Aquele votarmos na altura. Mas que não haja dúvidas de uma coisa: a IL tem feito todo um percurso de oposição a este PS, às políticas que tem implementado, ao governo dos últimos anos e se há a oposição ao PS, ela tem sido feito pela IL.

Se faz esse diagnóstico, porque é a Iniciativa Liberal não apresentou ela própria uma moção de rejeição?
Porque tivemos há pouco tempo umas eleições, estamos perante uma maioria absoluta e estamos aqui para respeitar o voto de mais de 270 mil portugueses que votaram em nós não podemos deixar de respeitar os votos de todos os portugueses que participaram nessas eleições.

Portanto, dizendo isso, é possível concluir que não vai alinhar com o Chega. Se diz que também é importante respeitar a vontade dos portugueses que votaram no PS, presumo que não queira derrubar o Governo já.
Alinhamos sempre com políticas e propostas liberais. Nunca iremos alinhar com propostas socialistas e extremistas.

O facto de o Chega ser sempre mais barulhento que a IL é um obstáculo? Não existe o risco de ficarem na sombra de Ventura durante os próximos quatro anos?
Esse risco iria existir se nós entendêssemos que devíamos ter um estilo, um tom e uma forma semelhante a esse partido ou a outros. Já o disse várias vezes: nós olhamos sempre para todos os outros partidos, vemos o que andam a fazer, como se posicionam… Todos eles, de uma ponta a outra. Isso nunca nos tira o nosso foco e o nosso caminho.

Mas a IL fará do Chega um adversário preferencial?
Há um adversário preferencial: o PS, que tem uma maioria absoluta e está a governar. Todos os outros partidos que estão na Assembleia da República são também adversários.

"Alinhamos sempre com políticas e propostas liberais. Nunca iremos alinhar com propostas socialistas e extremistas"

“O PSD tem perdido demasiado tempo preocupado com IL”

Houve ainda o psicodrama em torno do chumbo de João Cotrim Figueiredo como vice-presidente do Parlamento. A IL queixou-se muito de ter sido vítima do boicote do PSD, mas antes Cotrim Figueiredo tinha desvalorizado o cargo. Afinal, o cargo era importante ou não era importante?
Não. Mas vamos separar os temas: a questão da vice-presidência é um exemplo, entre muitos outros, como inúmeros organismos que dependem da nomeação da Assembleia da República, distribuição de presidências de comissões… há muita coisa que mostra que há dois partidos que parece que construíram uma casa chamada democracia e a seguir mandaram fora a chave. Desde que construíram essa casa, muito tem mudado e esses dois grandes partidos parece que têm alguma dificuldade em adaptar as regras da casa para que as regras da casa acompanhem a vontade dos portugueses.

Quando João Cotrim Figueiredo falou de “vingança” e “joguinhos” foi direcionado ao PSD.
Essa é a segunda parte da resposta. Essas declarações são uma reação a uma notícia publicada pelo Observador onde tivemos uma espécie de striptease do próprio grupo parlamentar do PSD sobre reuniões e conversas sobre esse episódio onde se usavam expressões como “jiboiar” e coisas assim. Ficámos a perceber que no PSD havia ali um incómodo com a IL.

É um primeiro sinal do que vai ser a relação entre PSD e IL daqui para a frente?Essa pergunta tem de ser feita ao PSD.

Também tentaram competir com o PSD por causa dos lugares da bancada parlamentar. Aliás, foi isso que motivou o tal incómodo nos deputados sociais-democratas.
Não, nós fizemos um pedido e de repente fomos surpreendidos com o presidente do PSD sair de uma conferência de líderes e dar uma conferência de imprensa para falar sobre um partido mais pequeno tinha feito. O PSD tem perdido demasiado tempo preocupado com IL. Os partidos da oposição têm de olhar para aquele que é o adversário principal de todos nós que é o PS.

Repare: o PSD está aqui numa época de pousio, algures até final de maio vai estar fechado para obras. A IL tem como objetivo tentar ocupar esse vazio e roubar mais eleitorado?
Olhamos sempre para todos outros partidos, para aquilo que andam a fazer e para o que se está a passar. Isso não nos tira o nosso foco e os nossos objetivos.

Não está a responder à pergunta.
Essa pergunta parte sempre de um estereótipo: parece que a Iniciativa Liberal só cresce à custa do PSD; os resultados e os estudos pós-eleitorais demonstram que o crescimento do PSD não é feito à custa do eleitorado que tem votado no PSD.

Mas também é feito à custa desse eleitorado PSD.
Desse e de outros. Temos um eleitorado para conquistar. Entre novos eleitores e outros que têm votado em diversos partidos, se calhar a fatia maior pode ser a do PSD, é natural que assim seja, mas não é a única. Não crescemos apenas à conta do PSD.

Luís Montenegro ou Jorge Moreira da Silva, qualquer um deles, terá uma linha marcadamente mais liberal do que a de Rui Rio. Com um PSD rejuvenescido e fortalecido, a IL não perderá utilidade?
Isto serve para o PSD e para outros partidos que gostam sempre de dizer que agregam imensas nuances e posicionamentos liberais: o aparecimento da IL demonstra que os liberais se cansaram de ser bibelôs noutros partidos.

Portanto, já não fugirão para outros partidos.
Já conquistámos pessoas que se sabiam liberais; conquistámos pessoas que se foram encontrado como liberais; e com o passar do tempo vamos conquistar mais pessoas.

"Há dois partidos que parece que construíram uma casa chamada democracia e a seguir mandaram fora a chave"

“Não queremos ser um partido catch-all”

Nas intervenções neste debate, ficou evidente que a IL quer aproveitar este crescimento da bancada parlamentar para falar em mais temas, ser mais mais abrangente. É o reconhecimento de que ser só o partido da redução de impostos não basta?
Nunca nos consideramos apenas o partido da baixa de impostos ou da liberdade económica. Sabemos que é aquilo que é mais reconhecido também porque é aquela que é a maior necessidade do país. Sempre nos posicionámos em três liberdades — política, social e económica — e também sempre dissemos que destas liberdades aquela que estava mais atacada em Portugal era a liberdade económica. Portanto, era com naturalidade que nos focávamos mais nessa liberdade. Além disso, quando entrámos no Parlamento, era humanamente impossível o João, que quase foi omnipresente, não podia ir a tudo. Com oito deputados assumimos isso: vamos conseguir ir a mais temas. É um processo perfeitamente natural.

António Costa comparou a IL a uma coca-cola de marca branca, se quisermos: o rótulo é parecido, mas o sabor não é o mesmo. Querer ser mais catch-all party e menos partido de nicho não fará a IL perder o gás?
Não queremos ser um partido catch-all. Esse talvez tenha sido o problema de outros partidos.

Querem ser mais abrangentes do que têm sido.
Queremos ser aquilo que somos: um partido liberal. E queremos que mais portugueses reconheçam nas ideias liberais aquilo que é a melhor solução para o país.

Mas com o PAN sucedeu algo parecido: tinha uma agenda muito animalista e quando quis ser mais do que isso as pessoas deixaram de se rever. Isso não pode acontecer com a IL?
Nunca vamos perder o nosso foco e as nossas prioridades. Trabalharmos mais temas, não quer dizer que vamos dar mais prioridade a esses outros temas do que aqueles que temos dado até agora, sobretudo a liberdade económica, que continuará a ser nossa bandeira. Não vamos ser nunca um catch-all; vamos ser sempre um partido liberal.

"Nunca nos consideramos apenas o partido da baixa de impostos ou da liberdade económica. Sabemos que é aquilo que é mais reconhecido também porque é aquela que é a maior necessidade do país"

“Quem for verdadeiramente liberal não regressa ao CDS”

E Nuno Melo? O novo líder do CDS garante que quer voltar a atrair os liberais para a casa-mãe. É um adversário direto?
Parece-me que Nuno Melo tem um problema parecido ao do PSD: passa demasiado tempo a pensar na IL em vez de pensar no principal adversário de todos nós que é o PS. Com um partido assumidamente liberal, penso que os liberais irão sempre reconhecer que é na IL que está a segurança e a garantia do seu voto.

Já não regressam ao CDS.
Quem for verdadeiramente liberal penso que não. Mas não há nenhum partido que seja dono do voto dos portugueses. Os partidos têm de trabalhar todos os dias para garantir que mantêm a confiança daqueles que conquistaram e tentar conquistar mais.

Mas este desaparecimento do CDS é uma oportunidade de mercado para a IL. Ou não?
É normal que aquilo que acontece de positivo e negativo influencie todos os outros partidos.

Há ainda quem aposte que o aumento do número de egos no partido vai começar a provocar as primeiras fricções. Pode acontecer à IL o que aconteceu com o CDS?
Não sei o que é que aconteceu ao CDS.

Transformou-se num saco de gatos e entretanto desapareceu. 
Ficarei surpreendido se as pessoas ficarem surpreendidas que havendo dois liberais numa sala haja logo uma discussão. Isso é perfeitamente normal. Não acho que isso ponha qualquer risco ao caminho da IL e a solidez do projeto comum que oito vozes estão aqui a representar. Não estão oito egos; estão oito vozes.

"Parece-me que Nuno Melo tem um problema parecido ao do PSD: passa demasiado tempo a pensar na IL em vez de pensar no principal adversário de todos nós que é o PS"

“Não vai haver um pós-Cotrim Figueiredo tão cedo”

Disse há pouco que João Cotrim Figueiredo foi quase omnipresente na anterior legislatura. O partido está preparado para a vida pós-Cotrim Figueiredo?
Pós-Cotrim Figueiredo?

Presumo que não seja eterno.
Sim, mas ainda temos muito para trabalhar até lá com o João. Não sei quando é que isso vai acontecer, mas não estou a ver que seja tão cedo assim. Não vai haver um pós-Cotrim Figueiredo tão cedo.

Vamos agora avançar para a segunda fase da nossa refeição, o Carne ou Peixe, em que só pode escolher uma de duas opções. Preferia que o Belenenses estivesse na Primeira Liga ou que a Iniciativa Liberal conseguisse um lugar no Governo daqui a quatro anos?
Não me vou refugiar numa neutralidade. Vou dar prioridade àquilo que está presente na minha vida há mais tempo que é o Belenenses.

E quem preferia levar a um jogo do Belenenses, António Costa ou Catarina Martins?
Nenhum deles é do Belenenses, portanto não poderia ir para a bancada dos sócios teria de ir para a outra. Talvez aquele que gostasse mais de futebol.

É um amante de comida. Se fosse dono de um restaurante, a quem é que preferia confiar a caixa registadora: André Ventura ou Rui Rio?
A Rui Rio, toda a gente lhe reconhece que, quando toca à contabilidade, ele é mais certinho.

Quem é que levava para um interrail pela Europa: Pedro Nuno Santos ou Mariana Mortágua?
A Mariana seria um interrail mais de mota, Pedro Nuno seria mais de aviões e comboios. Não gosto muito de andar de mota, talvez escolhesse o Pedro Nuno. 

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