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ANDRE DIAS NOBRE / OBSERVADOR

ANDRE DIAS NOBRE / OBSERVADOR

"Pareço todo doido, mas sou introvertido". Fomos à Darkolândia, a casa de D4rkFrame, Pi e Dant

Fomos à Darkolandia, a nova casa dos YouTubers D4rkFrame, Pi e Dant. Falámos sobre a responsabilidade que têm para com os mais novos, o sotaque brasileiro e os contratos com a nova agência.

Entrámos pela porta da luxuosa moradia num condomínio em Sintra e é como nos filmes. Não como os do cinema, mas como os do YouTube — aqueles que, nos últimos meses, António Luís Ramos (D4rkframe), Miguel Monteiro (Pi) e Dante Lopes (Dant) têm partilhado na famosa plataforma de vídeos. Logo à entrada é difícil não ficarmos boquiabertos: uma sala espaçosa, cozinha moderna e uma vista luminosa para um jardim que parece saído das páginas em redes sociais que mostram casas de luxo inacessíveis à maioria dos portugueses.

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Os avisos à entrada foram apenas três. Como n’ A Bela e Monstro, há toda uma ala da casa que é vedada às visitas, a ala Oeste (é mais a sudoeste, mas é para parecer-se com o filme da Disney). Isto não acontece por viver um monstro nesta casa, mas por serem aqui “os aposentos especiais” do mais conhecido dos moradores, aquele que tem quatro milhões de seguidores, o D4rkframe. O segundo aviso teve como alvo os quartos de Pi e Dant, que também eram restritos, apesar de depois termos sido convidados a conhecê-los. Já o terceiro aviso teve uma natureza mais prática: “Não pisem os presentinhos do cabrito”, um dos animais de estimação da casa, disse-nos o atual agentes das vedetas, Nuno Vaz de Moura.

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Mas antes da visita e conversa com os moradores, como surgiu a Darkolândia? Antes de viverem em Sintra, os três jovens com 20 e poucos anos viviam na Casa dos YouTubers com outras estrelas da plataforma em Portugal e que foi um fenómeno para os mais novos, em abril de 2017. Depois, em janeiro, houve uma cisão: metade foi para os Estados Unidos (como Wuant e Windoh) e estes três mudaram para a nova casa de Sintra. Com os jovens divididos, dividiram-se as agências que os representavam. Antes, as estrelas da Casa dos Youtubers eram agenciadas pela Be Influence, de Miguel Raposo e Pedro Silveira, mas desde a cisão que Pi, Dant e D4rkFrame assinaram contratos com Nuno Vaz de Moura e a Modus, outra agência de influenciadores.

[O vídeo em que D4rkFrame deu a conhecer a nova casa depois da cisão]

A nova casa dos YouTubers, como já é apelidada, pode ter nascido de uma separação, mas não foi por isso que as crianças ficaram a perder. Como explica Nuno Vaz de Moura, “o nome não é assim tão ingénuo quanto isso, remete um pouco à Disneylândia” e faz alusão à alcunha do YouTuber António Luís Ramos. É aqui que se vê qual é o público alvo das vedetas, que receberam recentemente uma nova YouTuber com apenas nove anos, a Bia (também da Modus, mas que estava na sua casa quando fizemos a visita): os mais novos. Pelo menos, é aí que começam porque, como explicam os YouTubers, os vídeos também chegam a “pessoas até aos 25 anos”. No final, a casa tem um objetivo: fazerem vídeos em conjunto para os canais [de YouTube] de cada um.

Estes YouTubers não fumam, não bebem e não dizem palavrões, contratualmente

Quando conhecemos os YouTubers, percebemos que, nos vídeos, são diferentes do que demonstraram ser na vida real. Os nomes D4rkframe, Pi e Dant são “nomes comerciais registados – com todos os direitos que daí advêm” explica o agente. Mesmo assim, numa conversa, mais rapidamente respondem às alcunhas do que a António ou Miguel (com Dante, o mais introvertido dos três, a questão não se pôs). “A personalidade dos YouTubers” faz parte das personagens, explicam, mas em frente às câmaras interpretam um papel que foram criando e afinando ao longo dos anos. No entanto, nunca sem esquecer a responsabilidade que têm: “Sabem a importância que têm perante as crianças e adolescentes. Têm códigos de moral e de conduta muito definidos”, explica o atual agente.

ANDRE DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Nuno Vaz de Moura com os YouTubers que agencia

Se lhes perguntarmos a profissão, todos se consideram “artistas” e dizem que são “YouTubers”. D4rkframe vai mais longe na definição e explica: “Sou influenciador, a todos os níveis. Se fizer um post no Twitter já não sou um YouTuber, sou um influenciador, sou um artista. Não me considero um YouTuber a 100%. Não é uma coisa tão concisa”.

Por contrato, como explica o agente, as obrigações desta profissão podem ser exigentes. Publicamente, “não usam vernáculo, não tocam em assuntos que não interessam. Não fumam, não bebem”. Se o fazem ou não na vida privada, isso já fica no âmbito de um direito que, mesmo com muita fama, continuam a ter: a privacidade.

Quem são os habitantes da Darkolândia?

Dant e D4rkFrame têm 24 anos e Pi 23. Começaram a fazer vídeos para o YouTube há cerca de oito anos, cada um com o seu canal. Para Pi, o gosto apareceu quando estudava Design Técnico 3D num curso do ensino secundário. “De certa form,a cresceu o bichinho”, conta. No início, para os pais, “foi estranho, há sempre aquele receio por ser na Internet, isto também porque eu era novo”, conta. “Tinham medo que acontecesse alguma coisa de mal, muitas vezes fui contra a vontade da minha família, mas eles agora, no final, apoiam-me bastante”.

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A história repete-se para as outras vedetas. “Os meus pais achavam que era maluquinho, mas sempre apoiaram”, diz Dant, que está a uma cadeira de concluir o curso de Sociologia, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. A formação “pode ser útil para o YouTube de alguma forma” e “é sempre mais uma porta a ser aberta”, afirma. Dant foi o último a ir para a antiga antiga Casa dos YouTubers (como os outros, vivia com os pais antes de apostar na aventura), sendo o que ainda tem menos seguidores. Tinha conhecido Pi e D4rk “por jogar jogos, conversas em Skype”.

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D4rkframe, brinca ao dizer que a família ainda diz que “faz uns vídeos”, mas afirma que lhe dá bastante apoio. A ideia da antiga casa partiu deste YouTuber, que levou ao projeto da atual. O objetivo era “juntar o pessoal todo que faz vídeos para evidenciar um pouco o YouTube em Portugal”. Por viverem no mesmo sítio, aos fins de semanas, contam, chegam a juntar os irmãos e pais dos residentes. “As famílias vêm cá e fazemos almoços ao domingos, com todos. Na antiga Casa dos YouTubers já era assim. É um trabalho muito stressante. A nossa opinião pública tem muito peso, temos de descarregar isso. Convém estar perto de pessoas que nos fazem bem e que fazem vídeos”, explica D4rkFrame.

O artista mostra aqui que, mesmo que a personagem tenha nascido da sua personalidade, não deixa de ser uma interpretação que faz: “Se virem os meus vídeos, dá um pouco a impressão que sou todo doido, mas a pessoas que está por detrás é uma pessoa introvertida, tem as suas fases más, mas nunca tocando nesses assuntos que geram confusão e acabam por gerar e perpetuar a maldade”.

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Houve a Beatlemania e agora há YouTubermania, e também tem direito a adolescentes a desmaiarem

“Há gritos, há correrias, há abraços, há choros, há desmaios”, conta Nuno Vaz de Moura, quando fala das experiências que tem tido enquanto acompanha as vedetas nos encontros com o público [os meet and greet]. “É tal e qual uma Beatlemania”, explica. A razão não é apenas a do público a que chegam. Como explica o agente, “Não só são um canal de comunicação , como são ‘o’ canal de comunicação”.

Para D4arkFrame, são “diferentes das TVI e outros media”. A razão? “Não obrigamos as pessoas a ver. Ou seja, não ligo um canal e espero pelo que vai dar a seguir.” O artista diz também que entre estas estrelas da Internet as regras são diferentes e não há concorrência como na Televisão: “Os YouTubers são pessoas extremamente ocupadas que nem tempo têm para estar a discutir ou para ter guerrinhas de share, isso não existe”.

"Já faço isto há sete anos e no primeiro ano toda a gente achou que era uma coisa efémera"

Compare o share de um jogo de futebol com um vídeo médio deles” [os vídeos destes YouTubers, principalmente D4arkFrame, chegam a ter milhões de visualizações únicas], diz Nuno Vaz de Moura para justificar a influência que têm. “Ainda existe um certo preconceito, direi mesmo desrespeito, pela profissão de YouTuber”, continua o agente. A determinado momento, na conversa, dizia que os “meios profissionais” consideram a profissão… E falta-lhe a palavra. Rapidamente, D4rkFrame completa “efémera”.

“Já faço isto há sete anos e no primeiro ano toda a gente achou que era uma coisa efémera”, continua D4rkFrame. O fenónemo pode ser moda, mas já está a sê-lo há uns anos. No final, quem julga é o público e, como dizem os três habitantes da Darkolândia, “a Internet manda”. Os jovens já pensam no futuro e a aposta em legendas nos vídeos para pessoas de outras nacionalidades e “crianças que sejam surdas” têm sido algumas das mudanças. Outros formatos, como músicas (que conseguem mais visualizações) também têm mostrado que na Darkolândia percebem que é preciso reinventar-se. “Quem sabe daqui a seis meses não temos outros projeto que não a Darkolândia”, chegam a afirmar.

D4rkFrame

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Nome – António Luís Ramos

Idade – 24 anos

YouTube – 4 milhões e 100 mil seguidores

Instagram – 500 mil seguidores

Twitter – 268 mil seguidores

Com o impacto que têm nos jovens, assumem que sentem a responsabilidade da fama. Prova disso é a mudança de alcunhas que Dant (antes era o Malacueca) e Pi (antes é o Ovelha Nigga), tiveram. Como explica Miguel Monteiro (Pi), a alteração “foi pela palavra em si. Tive de mudar. Partiu de mim e por algumas divergências que aconteceram no meu canal. E fez todo o sentido. O YouTube não permite isso e já não me identificava muito com o nome”. Era estranho os fãs “estarem na rua” e chamarem-no, termina.

Num dos vídeo com maior sucesso de Pi e D4rkFrame, o “Como irritar um jogador de LOL“, António explica: “mesmo por aí optámos pelo Miguel Monteiro”. Mas não foi a única razão, adianta mostrando parte da fórmula do sucesso: “Também foi pelo lado pessoal, não estou a chatear o YouTuber, estou a chatear o meu amigo.”

Abrir as vogais para chegar ao público, português, brasileiro “e PALOP”

“Olá a todos pessoal?” ou “Tudo fixe?” são frases típicas nos inícios dos vídeos destes jovens que vivem na mesma casa. Conseguem ser estridentes, falar alto e fazer coisas que apoquentam, por vezes, os pais. “Nos meus vídeos digo sempre ‘não façam isto em casa’ e incentivo a não fazer aquilo que estou a fazer. Reforçamos sempre esse lado”, justificam os YouTubers.

Outra das características dos vídeos é a fonética que utilizam. No início, com poucos seguidores, abriam pouco as vogais e no discurso falavam em português de Portugal. Agora, mudaram e até expressões como “muito legal” passaram a utilizar. “É uma fonética diferente para também atingirmos outro tipo de público e para as pessoas nos compreenderem melhor”, explica D4rkframe. “No Brasil, se digo ‘muito fixe’, há pessoas que não entendem o que é fixe. Então tento adaptar um pouco e digo ‘isto é bacano'”, explicam.

"Nos vídeos digo sempre 'não façam isto em casa' e incentivo a não fazer aquilo que estou a fazer. Reforçamos sempre esse lado", justificam os YouTubers.

A razão passa também por quererem mais seguidores. Como explicou o agente, o público em Portugal (para aquelas idades) tem um limite máximo de seguidores, que tanto D4rkFrame como Pi já alcançaram. Falando em português, o sucesso de milhões de seguidores passa por adaptar a linguagem e ir aos mercados com “Brasil e os PALOP [países africanos de Língua Oficial Portuguesa]”, explicam.

Pi

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Nome – Miguel Monteiro

Idade – 23 anos

YouTube – 1 milhão e 80 mil seguidores

Instagram – 333 mil seguidores

Twitter – 86 mil seguidores

 

Quanto aos valores do que recebem, a resposta é literalmente dada pelo agente: “no comments” [sem comentários]. Contudo, dizem que “não mostra aquilo que vale. Como qualquer outro trabalho, é preciso muito trabalho por trás”, justificam.

Esse esforço tem levado a que várias marcas queiram fazer publicidade aos seus produtos nos vídeos dos Youtubers, tornando-se em mais uma fonte de receita. Ao que ganham diretamente com a plataforma e à publicidade juntam-se, por exemplo, os livros: D4rkFrame lançou recentemente um sobre experiências dele, que foi feito pela editora e por pedagogos, mas com a aprovação de António Luís em cada capítulo.

Uma casa como tantas outras. Com piscina interior, mini golfe, estúdios de gravação e escritórios para a produção

Esta casa não é diferente por ser luxuosa ou ter cabrito (o “Bodi”) a passear pelas divisões, é por estar pensada para as peripécias dos vídeos dos YouTubers. A ser comparada com outras residências, a analogia é feita com aquela que já foi “a casa mais famosa do país”, a do Big Brother (ou, mais recentemente, a Casa dos Segredos), antes do fenómeno da Casa dos YouTubers cativar as audiências dos mais novos. Como na moradia da Venda do Pinheiro, o espaço é pensado para a quarta janela que abre cada divisão aos ecrãs dos smartphones, computadores e televisões inteligentes. Espaços de edição de vídeo, divisões amplas, empregadas internas e até escritórios para os agentes das vedetas. Tudo foi pensado para os vídeos que D4rk, Pi e Dant publicam regularmente sejam criados com o maior dos confortos.

A entrada fica no piso intermédio (a casa tem três andares). Um pequeno corredor leva para a sala principal, que partilha espaço com uma grande cozinha aberta, ‘à americana’. A sala tem uma mesa de snooker, uma televisão ligada às últimas consolas de jogos e todos os prémios que os vários YouTubers arrecadaram da plataforma pelos vários milhões de visualizações e seguidores que acumularam nos já sete anos de carreira (pelo menos para Pi e para o D4rk).

Dant

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Nome – Dante Lopes

Idade – 24 anos

YouTube – 311 mil seguidores

Instagram – 155 mil seguidores

Twitter – 8 mil e 400 seguidores

 

Na sala, ao descer as escadas em espiral que, subindo, permitem também o acesso à ala reservada a D4arkframe, chega-se a um dos vários luxos da casa: a piscina interior. Neste piso, que dá acesso para o jardim (a casa é num declive, a entrada é no primeiro andar e o jardim é no rés do chão/cave) são também os estúdios de edição de Dark, Pi e Dant e o “laboratório” de DarkFrame (muito dos vídeo passam por “experimentos”, como lhes chama, para mostrar aos seguidores). Tantos o estúdio de edição como o laboratório são extremamente importantes para o trabalho destes YouTubers. Como nos explicaram, continuam a ser responsáveis pela edição final das filmagens que fazem, pelo que é um espaço onde passam muito tempo.

Quando visitámos a casa, a piscina tinha sido delimitada com fitas fluorescentes, por questões de segurança, colocadas devido a um evento que levou pais e filhos a conhecerem a casa dos YouTubers. Como explicou o agente, esta moradia, ao contrário da antiga casa, também está pensadoapara este tipo de interações com o público.

[um dos “experimentos” em que DarkFrame testa ovos de dinossauro de brincar no seu “laboratório”]

No amplo jardim, mais uma peculiaridades da casa, um pequeno mini golfe. Depois restou só a ala este, onde, no segundo andar, ficam as suites de Pi e de Dant. Pi, como tem mais seguidores — quase um milhão e 100 mil — a seguir a D4rkframe, ficou com o quarto maior. Mesmo ao pé, uma suite mais pequena, para Dant e os seus 311 mil seguidores.

No fim, depois de conhecer a casa, fizemos apenas duas perguntas aos YouTubers: “Que mensagem deixam aos pais dos vossos fãs” e “que mensagem deixam para as pessoas que vos seguem. À primeira, responderam: “Acompanhem os filhos a assistir aos vídeos”. Já para os fãs, a mensagem foi também em uníssono: “Continuar a ver, deixar o like, divertirem-se e a acompanhar muito também. Ver se gostam. Se não gostam, esqueçam. Se gostam muito, fiquem.”

Texto de Manuel Pestana Machado, fotografia de André Dias Nobre

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