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“Caos” ou “tóxico” passaram a ser palavras usadas para descrever o ambiente no X, a rede social antes conhecida como Twitter, que há dois anos foi comprada por Elon Musk. O homem mais rico do mundo fez várias alterações à rede social, que adquiriu porque queria repor a liberdade de expressão na plataforma.
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Só que, para alguns utilizadores e especialistas que acompanham as plataformas sociais, as decisões de Musk surtiram outros efeitos, como uma menor moderação de conteúdos, fruto do despedimento de muitos trabalhadores, e um aumento da desinformação. No passado, já houve vagas de saídas para redes sociais alternativas, como o Mastodon, mas agora as principais redes sociais a beneficiar do que já é visto como um êxodo (ou #Xodus, numa mistura de X com exodus) são a Bluesky, uma rede social que começou no Twitter, e a Threads, a aposta da Meta para rivalizar com o ex-Twitter. Ambas opções com poucos anos de vida.
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Dados da Similarweb, que se dedica a acompanhar o tráfego online, sugerem que, no dia a seguir às eleições de 5 de novembro, o X perdeu 115 mil utilizadores só nos Estados Unidos, “mais do que em qualquer outro dia na liderança de Musk”. Uma informação que, até agora, não foi confirmada pelos responsáveis do X.
Em sentido contrário, a Bluesky está a encaixar quase um milhão de novos utilizadores por dia — esta semana, chegou à marca dos 20 milhões de utilizadores, quando em setembro tinha 9 milhões. Também a Threads está a crescer: a meio do mês já tinha arrecadado mais 15 milhões de utilizadores, certamente ultrapassando o número de 275 milhões revelado por Zuckeberg no fim de outubro.
“Um dos grandes impulsos para esta vaga recente de utilizadores do X a ir para a Bluesky está ligada a Musk”, assume ao Observador Robert Gehl, investigador e professor associado de estudos da comunicação na Universidade de York. “O apoio de Musk a Donald Trump e a subsequente vitória de Trump nas eleições levou muitos utilizadores do X mais inclinados para a esquerda a fecharem as suas contas e a saírem”, nota. “Mas as mudanças do Twitter para o X já estavam a afastar muitas pessoas antes das eleições de 2024”.
A aproximação de Musk a Trump foi crescendo à medida que a campanha do republicano se foi desenrolando. O dono do X foi presença frequente em ações de campanha e, já depois das eleições, foi nomeado por Trump para gerir o Departamento de Eficiência Governamental. Segundo um estudo da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália, Musk poderá ter afinado o algoritmo do X para dar impulso à sua conta e à de outros utilizadores com visões políticas conservadoras. Desde 13 de julho, quando anunciou o apoio político a Trump, as publicações de Musk receberam 138% mais de visualizações e 238% mais retweets do que antes. As conclusões do estudo vão ao encontro de informações reportadas por jornais como o Wall Street Journal ou o Washington Post.
John Wihbey, professor associado de inovação nos media e tecnologia na College of Arts, Media and Design da Northeastern University, menciona outros fatores que estão a afetar utilizadores do X. “A moderação de conteúdos no X tornou-se relativamente mínima devido a mudanças corporativas deliberadas, impulsionadas por Elon Musk, e o algoritmo parece ter sido mudado para retirar ênfase à informação de qualidade.” Além disso, refere o professor em resposta ao Observador, a ferramenta ‘notas da comunidade’, “que tem como intenção permitir que a ‘multidão’ ajude a etiquetar conteúdo falso ou enganador, é com frequência demasiado lenta a responder a desinformação que se espalha rapidamente e é viral”.
Robert Gehl, que está a escrever um livro sobre a rede social alternativa Mastodon, refere que em 2022 começou um processo de entrevistas a utilizadores que saíram do X para outras plataformas. “Referiram uma variedade de razões para fazê-lo, incluindo o aumento do assédio, trolling, racismo e desinformação no X como principais impulsionadores.”
Para Hélder Prior, professor do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade Autónoma, as eleições “sem dúvida que funcionaram como um catalisador” para as saídas, assim como a “polarização e a forma como a plataforma lidou com conteúdo que radicaliza ainda mais as clivagens sociais”. Porém, também concorda que já antes das eleições havia queixas “sobre um ambiente mais hostil para os utilizadores”. Noutra vertente, acredita que “os utilizadores mais moderados têm uma tendência para evitar as guerras ideológicas que hoje em dia” há no X, preferindo alternativas onde a política tenha menos relevância.
Recentemente, as alterações feitas à ferramenta ‘bloquear’ também parecem não ter agradado a parte do público do X. Antes, quando se bloqueava alguém era sinónimo de que essa pessoa não poderia ver mais nada na rede social, desde publicações a interações ou à lista de seguidores. Em setembro, Musk anunciou que “a função de bloqueio irá bloquear a conta de interagir [consigo], mas não bloquear a visualização de publicações públicas”.
Bluesky ganha um milhão de utilizadores por dia, mas poderá enfrentar dores de crescimento
A Bluesky e o antigo Twitter têm muito em comum. São visualmente semelhantes no funcionamento e até no logótipo — se o Twitter tinha um pássaro azul, na Bluesky há uma borboleta azul. Ambos permitem escrever mensagens curtas, gostar e republicar mensagens.
O que começou como um projeto interno do Twitter para uma rede social descentralizada tornou-se uma empresa independente no início de 2022. O fundador das duas redes sociais é o mesmo, Jack Dorsey, que criou o Twitter em 2006, e financiou o projeto da Bluesky em 2019. Porém, afastou-se da rede social alternativa em maio deste ano, saindo do conselho de administração da rede social e encorajando as pessoas a manterem-se no X.
A rede social alternativa é liderada por Jay Graber, uma engenheira de software de 33 anos, que nas últimas semanas tenta gerir toda a atenção que está a ser dada à rede social. Durante mais de um ano, a Bluesky era uma rede social que não estava acessível a todos, sendo necessário um convite para entrar. Só em fevereiro passou a ser totalmente aberta a novos registos, o que contribuiu para um aumento de acessos. A lógica do convite permitiu não só aguçar a curiosidade como também deu à empresa tempo para testar os sistemas internos e afinar o produto tendo em conta as reações dos primeiros utilizadores.
Em resposta ao Observador, Emily Liu, porta-voz da empresa, explica que na verdade a rede social começou a crescer “ainda antes do desfecho das eleições norte-americanas”, reportando “13 milhões de utilizadores antes das eleições”. “Tornou-se claro que as pessoas querem uma rede social aberta e transparente que dê prioridade aos utilizadores.” Esta semana, diz a Bluesky, “a maioria dos novos utilizadores está a vir dos EUA, Canadá e Reino Unido”. No geral, os três países mais populares na rede social são os “EUA, o Japão e o Brasil”.
Questionada sobre se o milhão diário de novos utilizadores que ruma à rede social pressiona a infraestrutura da rede social, a Bluesky diz apenas que está a ultrapassar “todos os números máximos de atividade e novos utilizadores”. Na semana passada, a rede social esteve indisponível por algum tempo devido a um problema “com um cabo de fibra”, indicou a empresa à BBC, garantindo que “se tratou de um fator externo” à companhia. Na quarta-feira também passou por “algumas dificuldades técnicas”.
Thanks for your patience as we navigated some technical difficulties today! Moving forward, the performance issues you may have noticed should hopefully be resolved.TL;DR we're so back
A porta-voz da Bluesky explica ao Observador que “a equipa de engenharia está a trabalhar com intensidade para garantir que continua a disponibilizar um serviço estável e uma excelente experiência aos utilizadores”.
Muitos dos utilizadores que estão a fazer a passagem do X para a Bluesky referem que a rede social faz lembrar “os primeiros tempos” do Twitter, com mais interações e menos bots. De qualquer forma, o X continua a ser uma plataforma muito maior do que a Bluesky: segundo a Forbes, em setembro a empresa de Musk tinha 588 milhões de utilizadores ativos, uma queda face aos 611 milhões que teria em abril.
Mas os especialistas antecipam que, à medida que a Bluesky continue a crescer, também comecem a surgir dores de crescimento. “A Bluesky tornou-se na recente favorita dos insatisfeitos com o X, mas prevejo que, à medida que a base de utilizadores cresça, muitos dos mesmo problemas que existem com desinformação, trolling e abuso, também vão surgir lá”, nota o professor John Wihbey.
“A Bluesky não tem ainda pessoas suficientes para lidar com as vagas de problemas à medida que a base de utilizadores cresce”, acrescenta o Wihbey. “Tem um tipo de modelo de negócio diferente, portanto pode ser difícil para uma plataforma destas financiar um grupo grande de confiança e segurança.”
Em resposta às questões do Observador, a porta-voz da Bluesky indica que a empresa “tem 20 trabalhadores a tempo inteiro” e “duas vagas abertas para contratações”. Emily Liu diz que “foram contratados mais profissionais para as equipas de moderação de conteúdos e apoio ao utilizador”. Mas, a “cada vaga de crescimento, naturalmente há um aumento das denúncias de moderação”, garantindo que a empresa “está preparada para isso”. “Contratámos [pessoas] para a equipa de moderação para responder ao aumento dos pedidos”, repete.
Por agora, tanto John Wihbey como Robert Gehl acreditam que a Bluesky dependerá de utilizadores mais ativos para assegurar a moderação. “Neste momento não têm moderadores suficientes para o número de utilizadores”, frisa Gehl, acrescentando que “estão a depender da energia de utilizadores entusiasmados e de figuras-chave, como Rudy Fraser da Blacksky [uma conta que se dedica à proteção da comunidade negra na Bluesky], para fazerem voluntariamente moderação”.
Só que, se a empresa “se tornar rentável com uma grande base de voluntários que não são pagos para fazer moderação, ficará numa situação semelhante à do Reddit, onde houve protestos sobre o desequilíbrio de poder entre o Reddit e os utilizadores.” O investigador refere-se aos protestos do Reddit em 2023, altura em que moderadores tornaram privados muitos fóruns que ficaram inacessíveis mesmo aos seus membros, em protesto pela alteração de regras dentro do Reddit.
Como é que a Bluesky se financia?
Robert Ghel considera que a Bluesky é “uma empresa intrigante” — “Estão nos EUA, são uma entidade orientada para o lucro que recebeu investimento de um fundo para blockchain [15 milhões de dólares, numa ronda liderada pela Blockchain Capital] — leio tudo isto como um sinal de aviso de que a Bluesky não vai ser diferente de outras redes sociais capitalistas de vigilância.” Segundo dados do portal Pitchbook, até hoje a empresa recebeu 36 milhões de dólares de financiamento.
E é assim que tem conseguido manter-se. A Bluesky não tem publicidade, a forma mais comum de as redes sociais se financiarem, assumindo ter um “modelo de negócio substancialmente diferente”, de acordo com uma publicação feita em julho de 2023, argumentando que a publicidade “não poderia ser o seu modelo dominante”.
Em resposta ao Observador, e reforçando que a Bluesky será sempre de uso gratuito para a generalidade dos utilizadores — “acreditamos que a conversação deve ser facilmente acessível, não trancada” –, a empresa admite, no entanto, avançar num modelo de subscrição, com mais funcionalidades como upload de vídeos com mais qualidade ou personalização do perfil, como cores e molduras para os avatares”.
Outro dos exemplos disponíveis numa publicação de Rose Wang, a diretora de operações da Bluesky, é o de domínios personalizados na rede (por exemplo, em vez de ter a indicação utilizador.bsky.social poderá ter um domínio individual sem o bsky.social).
Para já, não há informação sobre os valores deste modelo de subscrição ou quando estará disponível, apenas a promessa de que a rede social “não vai dar maior destaque a contas simplesmente porque têm uma subscrição”.
Além de se assumir como uma rede com códigos de fonte aberta, garantiu, recentemente, que não pretende “usar qualquer conteúdo” dos utilizadores para treinar modelos de IA generativa, ao contrário de redes sociais como o X.
A number of artists and creators have made their home on Bluesky, and we hear their concerns with other platforms training on their data. We do not use any of your content to train generative AI, and have no intention of doing so.
Threads, do império Meta, ajusta funcionalidades para agradar a utilizadores
A Threads, lançada pela Meta no verão de 2023, nunca escondeu a ambição de ser uma rival ao X. Porém, apesar da facilidade de poder importar os dados e os seguidores do perfil de Instagram no registo, que fez com que em cinco dias após o lançamento tivesse conquistado 100 milhões de utilizadores, a Threads demorou algum tempo até ganhar utilizadores efetivamente ativos.
O próprio funcionamento da plataforma não é um decalque do modo de interação do X e também só ficou disponível em dezembro de 2023 na União Europeia, o que poderá ter retardado o efeito novidade entre os europeus.
Entre queixas sobre as “contas dormentes” ou as publicações já com várias horas, também a Threads está a tirar partido do êxodo dos utilizadores insatisfeitos com o ex-Twitter. No final de outubro, Mark Zuckerberg mostrava-se satisfeito “com os 275 milhões de utilizadores ativos mensais e as mais de um milhão de inscrições diárias”. Uma base de comparação bem diferente da Bluesky. A Meta não respondeu às questões do Observador sobre a evolução da Threads.
Já a 14 de novembro, alguns dias depois das eleições dos Estados Unidos, Adam Mosseri, antigo líder do Instagram que se transferiu para a liderança da Threads, anunciou que a rede social “teve mais de 15 milhões de inscrições só em novembro e há três meses que tem mais de um milhão de registos por dia”. Porém, também admitiu que “há muito trabalho a fazer”. E, ao longo da última semana, têm sido anunciados testes e mais funcionalidades. “Ouvimos o vosso feedback — estamos a testar uma nova forma de as pessoas criarem os seus feeds personalizados de tópicos e pessoas que querem seguir tendo em conta um tema”. Desde quarta-feira que a funcionalidade está disponível globalmente.
Outra das queixas está ligada à forma como os conteúdos são apresentados — normalmente, há contas e conteúdos com prioridade. Esta quinta, o responsável do Threads anunciou que a Meta “está a reequilibrar a classificação para dar prioridade a conteúdo de pessoas que segue, o que significa que haverá menos conteúdos recomendados de contas que não segue e mais publicações das que segue”.
E, na moderação, poderá haver alterações na experiência? “A Threads beneficia de muita confiança e políticas de segurança e moderação de conteúdos porque faz parte do universo de aplicações da Meta”, refere John Wihbey, professor da Northeastern University.
O professor e investigador Hélder Prior reconhece que a Threads, como está ligada ao Instagram, “é simples, familiar e acessível”, facilitando a adesão. Mas, caso se consolide como alternativa ao X, também “pode reforçar o monopólio” de uma empresa que já é dona da maior rede social do mundo, o Facebook, do Instagram e da aplicação de mensagens WhatsApp. “Isto vai reduzir significativamente a autonomia dos utilizadores, a diversidade de conteúdos e de informações às quais têm acesso, ao mesmo tempo que reforçará o monopólio da Meta na gestão dos dados dos utilizadores.”
Entre jornais e muitas celebridades, quem é que já bateu com a porta?
Nos últimos dias têm sido frequentes os anúncios de despedidas da rede X de jornais, de associações e de muitas celebridades — em alguns casos, há quem nem sequer se despeça, apagando simplesmente a conta.
Nos media, o jornal britânico The Guardian decidiu arquivar as mais de 80 contas que tinha no X, seguidas por 27 milhões de pessoas. “(…) O X é uma plataforma tóxica e o seu dono, Elon Musk, tem conseguido usar a sua influência para moldar o discurso político”, justificou a administração.
Jornal britânico The Guardian sai do X: “É uma plataforma mediática tóxica”
Depois do The Guardian, seguiu-se o catalão La Vanguardia, que justificou o fim da conta com o facto de o X “se ter convertido numa rede de desinformação desde a chegada de Musk”. Também meios norte-americanos como a rádio NPR ou a estação de televisão pública PBS afastaram-se.
Jornal espanhol La Vanguardia deixa também o X que se tornou “numa rede de desinformação”
Alguns associações também decidiram afastar-se da rede social de Musk. A Center for Countering Digital Hate (CCDH), que quantificou o aumento do discurso extremo na rede social e foi processada pelo X por alegadamente violar os termos e serviços da rede social, anunciou a saída a 14 de novembro, devido à mudança dos termos de serviço.
A rede social mudou as regras para que todas as disputas legais sejam “levadas exclusivamente” a tribunais do Estado do Texas — segundo a associação, um ponto dos EUA em que Musk terá alguma vantagem. Por isso, bateu com a porta: “Elon Musk transformou o que era antes uma praça pública influente num local perigoso e problemático, onde o ódio, as teorias da conspiração e as mentiras têm um acesso privilegiado ao microfone”, escreveram.
A lista de artistas a afastar-se do X continua a crescer. O realizador Guillermo del Toro, que já recebeu vários Óscares, anunciou que vai deixar de usar regularmente o X e passar a estar mais presente na Bluesky.
This will stay mostly unused (drop in on ocassion). I will be more and more at BlueSky @realgdt.bsky.social. Stay Well.
— Guillermo del Toro (@RealGDT) November 10, 2024
O escritor Stephen King, que já teve vários atritos com Musk, também já abandonou a conta, referindo que o ambiente da rede social estava a tornar-se “muito tóxico”. A atriz Jamie Lee Curtis, o antigo pivô da CNN Don Lemon, a cantora Barbra Streisand e a atriz Gabrielle Union também saíram. “Estou comprometida a interagir em espaços que verdadeiramente valorizam a inclusão, respeito e integridade no mundo digital. Às vezes isso significa reconhecer que foi a última gota e saber quando é preciso sair”, declarou Gabrielle Union.
Stephen King vai deixar o X devido ao ambiente “muito tóxico”
Nomes como o ator Mark Hamill, de Star Wars, o empresário Mark Cuban ou a cantora Lizzo preferiram anunciar logo a chegada à Bluesky. “Tenho a certeza de que me vão chamar um ex-X, mas pessoalmente, sempre me considerei um #TwitterQuitter [desistente do Twitter]”, escreveu Hamill. A rapper Lizzo, que não faz qualquer publicação no ex-Twitter desde setembro de 2023 (tendo aberto exceção para partilhar a sua chegada à Bluesky aos seus seguidos do X), colocou a questão de outra forma: “Estamos a divertir-nos na internet outra vez?”
Wait… are we having fun on the internet again? ????
— lizzo (@lizzobeeating.bsky.social) 2024-11-14T04:03:35.507Z