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Desde que a guerra começou, há mais de seis meses, que os russos não têm acesso às redes sociais mais populares no ocidente, como o Facebook e o Instagram, ou a páginas de notícias da imprensa internacional, como a BBC. Porém, há uma plataforma que resiste aos esforços que o Kremlin faz para contar a história da guerra à sua maneira: o YouTube.
Desde 24 de fevereiro, o dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia, ler informações sobre o conflito em meios de comunicação social independentes, que não seguem a narrativa criada pelo Kremlin de que se encontra a desnazificar Kiev, ficou mais difícil para os russos. Na “cortina de ferro digital” atrás da qual vivem os cidadãos da Rússia existem lacunas significativas. O YouTube representa uma dessas falhas, porque continua a permitir que a população tenha acesso a imagens da guerra ou a informações da imprensa não estatal.
Ao longo dos meses, alguns especialistas sugeriram que a Rússia poderia resistir à hipótese de bloquear a plataforma de vídeos, propriedade da Google, para não desencadear uma reação da população ou até mesmo para não a levar a contornar as regras impostas através do recurso a VPN, uma ferramenta que permite “mascarar” a localização a partir da qual se está a aceder à internet e contra a qual Moscovo luta há vários anos.
Por outro lado, o próprio YouTube também ainda não desistiu de ter presença na Rússia. A plataforma continua a desafiar as regras do Kremlin e a sobreviver à censura e aos bloqueios, apesar de já ter um substituto definido e desenvolvido pela Rússia: o RuTube, plataforma controlada pela Gazprom Media desde 2020.
O YouTube bloqueia e suspende canais pró-Rússia desde o início da guerra
O YouTube é a única plataforma norte-americana que ainda opera na Rússia — todas as outras viram as suas operações suspensas ou bloqueadas desde o início da guerra. Entre as principais plataformas não russas que oferecem acesso a notícias independentes, apenas o Telegram — criada por um russo e com sede no Dubai — também sobrevive à censura.
Pavel Durov, o russo detrás do Telegram que prometeu proteger os ucranianos
Essas duas plataformas contêm vídeos que contradizem as notícias sobre a guerra que são difundidas pela imprensa estatal com uma narrativa pouco fiel à realidade e contradizem o Kremlin. No YouTube, a conta de Andrei Navalny, opositor de Putin e do regime russo, tem mais de seis milhões de subscritores.
O caso "especial" do TikTok
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Há redes sociais que foram bloqueadas, enquanto outras suspenderam operações na Rússia para mostrar que condenavam a invasão da Ucrânia. Foi o caso do TikTok que deixou de operar em Moscovo, suspendendo os uploads de novos vídeos.
Os russos foram ainda impedidos de ver publicações e conteúdos de fora do país, nomeadamente da Ucrânia. O TikTok disse que bloqueou os utilizadores russos da plataforma de verem qualquer conteúdo de outras partes do mundo, mesmo que fosse conteúdo antigo.
Porém, de acordo com o The Washington Post, uma falha no algoritmo do TikTok fez com que a rede social continuasse a promover conteúdo russo tanto na Rússia como para os utilizadores europeus — e novos vídeos continuam a aparecer na página dos vídeos recomendados. Por exemplo, em agosto, propaganda pró-governo continuava a existir, bem como vídeos com hashtags de apoio à guerra como “Putin top” — enquanto outras hashtags populares contra o conflito praticamente desapareceram.
A plataforma, propriedade da Google, continua a escapar à censura russa e a operar na Rússia, mas tem desafiado o regime de Vladimir Putin ao longo dos meses. “À medida que a guerra se desenvolveu, evoluímos a nossa abordagem na aplicação das políticas para acompanhar as circunstâncias extraordinárias. Tomámos a decisão de bloquear os canais de notícias patrocinados pelo estado russo (…) é fundamental tentarmos preservar a nossa capacidade de disponibilizar aos utilizadores russos o acesso a informação de confiança no YouTube, ao mesmo tempo que combatemos rapidamente a desinformação”, detalhou um porta-voz do serviço de partilha de vídeos em resposta escrita enviada ao Observador.
No segundo dia após o início do conflito, o YouTube anunciou que iria restringir o acesso à televisão russa RT e outros canais do país na Ucrânia, a pedido do governo do país invadido. Mas a plataforma não ficou por aqui e decidiu bloquear a RT e a Sputnik em toda a Europa, por fazerem parte da máquina de propaganda russa — que tenta espalhar perspetivas de apoio à invasão ao mesmo tempo em que procuram descredibilizar as sanções que os outros estados impuseram a Moscovo. O bloqueio desta imprensa apoiada pelo estado russo foi posteriormente alargado da União Europeia à própria Rússia, de acordo com a revista Time.
Seguiu-se o canal da Duma, parlamento russo, que foi bloqueado, em abril, por “violação dos Termos de Serviço” do YouTube. Desta vez, a decisão da plataforma não ficou sem resposta. O órgão regulador de telecomunicações da Rússia, Roskomnadzor, solicitou que a Google restabelecesse o acesso ao canal de forma imediata, mas a tecnológica disse à Reuters que “medidas apropriadas” são adotadas sempre que algum canal não cumpre as diretrizes e políticas por si definidas, e não restabeleceu o acesso.
Três meses após o começo do conflito, canais do Ministério da Defesa da Rússia e do Ministério dos Negócios Estrangeiros também foram temporariamente suspensos por colocarem vídeos onde a guerra era descrita como uma “missão de libertação”.
Desde o início da guerra na Ucrânia, o YouTube conseguiu restringir e remover “rapidamente conteúdo nocivo” e os seus sistemas “ligaram pessoas a informações de alta qualidade, provenientes de fontes fidedignas”, detalhou em resposta ao Observador. Até ao momento, a plataforma diz que foram removidos mais de 76 mil vídeos e nove mil canais com conteúdos relacionados com a guerra em curso na Ucrânia, incluindo canais pertencentes a celebridades russas, como Vladimir Solovyev, apresentador de televisão defensor de Putin.
Do ponto de vista do YouTube, a nossa primeira ordem de princípio é defender as nossas Diretrizes da Comunidade, o que temos feito ao longo desta guerra, assim como fazemos todos os dias em todo o mundo”, disse o YouTube, que remeteu para as “autoridades russas” a resposta às razões que justificam a sua sobrevivência à censura desse país.
Ao longo dos meses, o Roskomnadzor tem exigido a recuperação dos canais bloqueados e Moscovo opõe-se particularmente ao tratamento do YouTube à imprensa russa, que viu os seus canais ficarem indisponíveis. Os russos já não têm acesso às principais redes sociais e temem que o YouTube siga o mesmo caminho, mas (por enquanto) o serviço continua a funcionar normalmente.
Ainda assim, as autoridades de Moscovo foram acusadas de apreender a conta bancária da filial da Google na Rússia, para impossibilitar o funcionamento do escritório no país e levar a subsidiária a declarar falência numa possível retaliação aos bloqueios dos canais da imprensa estatal e relacionados com o regime de Vladimir Putin.
O escritório da Google na Rússia
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O governo russo aprovou um lei em 2021 que exigia que as empresas tecnológicas estrangeiras com mais de 500 mil utilizadores abrissem um escritório local.
De acordo com a Time, a Google cumpriu a ordem e o escritório da tecnológica na Rússia esteve em funcionamento desde esse ano até maio de 2022 — quando a subsidiária russa da Google pediu falência.
No entender de Graça Canto Moniz, o YouTube ainda não foi bloqueado na Rússia porque “o próprio estado russo beneficia dos canais para moldar as mensagens a sua gosto” e para “publicitar os conteúdos que lhe convém”. A popularidade que tem também garante alguma imunidade ao serviço de partilha de vídeos porque Moscovo também a utiliza como “ferramenta para a sua propaganda interna” e para “divulgar a sua própria mensagem”, considerou a especialista em redes sociais em conversa com o Observador.
O YouTube escapa à censura russa, mas a Google não se livra das multas
“O YouTube é a maior plataforma de partilha de vídeos na Rússia e, durante esta guerra devastadora, temos trabalhado para mantê-lo disponível na Rússia, ajudando as pessoas a continuarem ligadas umas às outras e a todo o mundo”. As palavras são do próprio YouTube que explicou ao Observador que tem como objetivo permanecer a operar em Moscovo.
O bloqueio de canais e a decisão da Google de proibir os meios de comunicação financiados pelo estado russo de receberem dinheiro por anúncios nos seus sites, aplicações e vídeos no YouTube levou as autoridades russas a tomarem medidas contra a plataforma. A regulação do acesso à internet devido ao que o Kremlin considera ser uma “guerra de informação sem precedentes” passa pela imposição de multas às tecnológicas que não removam o que a Rússia descreve como “informações falsas”.
Disseminação de notícias falsas vale multas ou penas de prisão
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A Rússia aprovou, em março, uma lei que impõe uma pena de prisão de até 15 anos para quem divulgar intencionalmente notícias “falsas” sobre os soldados do país no contexto da guerra na Ucrânia.
“Se as falsificações levarem a sérias consequências, ameaça a prisão de até 15 anos”, explicou a Duma em russo, em um comunicado.
No entender de Moscovo, segundo a Reuters, as informações falsas foram disseminadas por “inimigos” da Rússia como os Estados Unidos e os seus aliados da Europa Ocidental com o intuito de semear a discórdia entre o povo russo.
Ao longo dos meses, a Rússia multou a Google, proprietária do YouTube, várias vezes. Em dezembro de 2021, ainda antes da guerra eclodir, aplicou uma multa de cerca de 7,2 mil milhões de rublos (cerca de 98 milhões de dólares) por não remover conteúdo que as autoridades russas consideram ilegal. Foi a primeira vez que Moscovo cobrou uma percentagem da faturação anual das empresas na Rússia — o que fez com que as multas deixassem de ser pequenas, como acontecia até então.
Já após o início do conflito, em abril, a Rússia voltou a multar a tecnológica em 11 milhões de rublos (138 mil dólares) por não excluir vídeos produzidos por grupos ucranianos de extrema-direita e “informações falsas” sobre a guerra na Ucrânia. Dois meses depois, mais uma advertência: 15 milhões de rublos (260 mil dólares) pelas repetidas falhas em cumprir uma lei russa, que exige que as empresas de tecnologia localizem dados dos seus utilizadores — o que representa mais um esforço de Moscovo controlar a internet.
O mês de julho foi o mais movimentado até agora. A Google foi alvo de mais uma multa por não remover, mais uma vez, conteúdo que a Rússia considera ser ilegal — como “notícias falsas” sobre a guerra na Ucrânia. Neste caso, o regulador russo alegou que o YouTube não excluiu informações que desacreditam “as Forças Armadas da Federação Russa” na “operação militar especial na Ucrânia” e não removeu vídeos que promovem o “extremismo e o terrorismo”. A multa, no valor de 21,1 mil milhões de rublos (373 milhões de dólares), reflete uma parte da faturação anual da Google no país, mas não ficou claro se a empresa visada pagaria, segundo o The Verge. Dias depois, ainda no mesmo mês, mais dois mil milhões de rublos (34 milhões de dólares) a pagar — desta vez com a Rússia a alegar que a tecnológica norte-americana violou as regras da concorrência e abusou da posição dominante que tem no mercado de partilha de vídeo.
Apesar das repetidas multas que aplicou à Google, que aparentemente pararam no mês de julho — uma vez que não existem informações acerca de advertências aplicadas em agosto ou até no início de setembro —, o Kremlin tem-se recusado a bloquear o YouTube.
Maksut Shadaev, ministro russo das comunicações, garantiu que impedir o acesso à plataforma não era uma opção: “Não estamos a planear fechar o YouTube. Acima de tudo, quando restringimos algo, devemos entender que os utilizadores não vão sofrer [com isso]”. Por sua vez, o Youtube disse, em resposta enviada ao Observador, que as suas equipas “continuam a acompanhar de perto da guerra e estão prontas para tomar mais medidas” caso seja necessário.
Questionados sobre a possibilidade de as multas servirem como uma forma de pressão para o YouTube decidir deixar de operar na Rússia, ao invés de ter de ser o país a tomar a decisão de o bloquear, as opiniões dos especialistas ouvidos pelo Observador dividiram-se. O CEO da CyberS3c, Sérgio Silva, reconheceu não saber “até que ponto as multas podem ser eficazes nesse aspeto”. Por sua vez, Graça Canto Moniz considerou que “a aplicação de uma multa pode ter de facto várias finalidades. Pode ser aplicar uma coima por causa de uma violação da lei, mas também pode ter essa finalidade de pressão geopolítica“. “É possível, sim. Não excluo” essa hipótese, afirmou a especialista em redes sociais.
O YouTube é demasiado popular para ser bloqueado?
O Kremlin quer que os russos deixem as redes sociais ocidentais e migrem para as plataformas próprias que desenvolveu para as substituir. Quando a guerra começou, os russos esperavam que o YouTube fosse bloqueado porque outras plataformas que tinham conteúdos que desafiavam a visão de Moscovo do conflito foram impedidas de funcionar, mas isso ainda não aconteceu.
As pessoas confiam no YouTube para obterem informações sem censura e, para muitos criadores, a nossa plataforma possibilita um caminho para discussões sobre a guerra na Ucrânia. Recentemente, uma das principais emissoras russas independentes, a TV Rain, voltou ao YouTube, com transmissão em direto dos seus programas de notícias. A única forma de muitas pessoas na Rússia poderem ter acesso a este tipo de conteúdo de notícias é no YouTube”, explicou a plataforma ao Observador detalhando a importância de continuar a operar em solo russo.
O YouTube acrescentou ainda que continua a trabalhar “arduamente” para continuar a funcionar na Rússia ao mesmo tempo em que tenta combater “rapidamente a desinformação”. “Este tem sido um fator que consideramos em todas as principais tomadas de decisão ao longo dos últimos meses”, referiu.
A popularidade do YouTube em Moscovo, que em junho se traduzia em cerca de 85 milhões de utilizadores mensais — segundo uma análise feita pela SimilarWeb, citada pelo The Wall Street Journal — pode ser um dos motivos que justificam a recusa da Rússia em bloquear o acesso ao serviço de vídeo. “Alguns bancos são grandes demais para falir e algumas aplicações são grandes demais para serem bloqueadas”, afirmou Nu Wexler, que considerou ainda, em declarações ao The Wall Street Journal, que o governo russo “sabe que enfrentaria uma reação negativa se bloqueasse uma aplicação popular, como o YouTube é no país”.
A opinião do antigo funcionário de comunicação de políticas da Google, Meta e do Twitter é seguida por Rita Figueiras, investigadora em Comunicação Política, que crê que o YouTube “parece ser ‘too big to fail‘ [‘demasiado grande para falhar’]. É uma plataforma muito popular e o bloqueio poderia gerar ondas de choque na população. Mas várias estratégias estão em curso para tentar canalizar as pessoas para outras plataformas ao mesmo tempo que se pretende enfraquecer o YouTube e potenciais fornecedores de conteúdo contrário à narrativa oficial”.
A popularidade permite que a plataforma continue a resistir à “cortina de ferro digital” imposta pela Rússia em fevereiro. Assim, há quem rejeite que seja possível determinar quando é que o YouTube será bloqueado. É o caso de Sérgio Silva que acredita que não é possível esquecer que a plataforma “pode ser utilizada para os dois lados”. Questionado pelo Observado sobre o facto de o YouTube já ter bloqueados vídeos ou canais pró-russos, o CEO da CyberS3c disse que isso “não quer dizer que os consiga bloquear a todos”. “Não podemos ser ingénuos ao ponto de pensar que uma plataforma que está autorizada a operar não possa ser usada para contrainformação”, acrescentou.
Um empresário russo tem mais certezas do bloqueio total da plataforma e apontou a data desse momento para este outono. Igor Ashmanov considerou que era necessário preparar o bloqueio do YouTube porque a plataforma não tem planos para negociar com as autoridades sobre aquilo que o Kremlin considera ser o cumprimento das leis da Rússia: “Temos de contar com o bloqueio [do YouTube], afinal de contas. O seu proprietário acabou [em abril] de ser multado mais uma vez por não remover o conteúdo [proibido]”. Desta forma, o membro do conselho presidencial do país defendeu, de acordo com a TASS, que o YouTube poderá ser bloqueado quando for garantido o funcionamento normal do RuTube.
Igor Ashmanov não explicou a ideia de que o RuTube ainda não funcionava normalmente ou porque é que apenas poderia ser considerado uma alternativa ao YouTube este outono. Questionada pelo Observador sobre a possibilidade de o RuTube não operar normalmente, Graça Canto Moniz considerou que pode existir uma razão técnica para explicar esta situação. “Pode ter uma razão técnica, ou seja, de eventualmente [as autoridades russas] ainda não terem uma infraestrutura preparada para o crescimento que o RuTube vai ter. Porque, se bloquearem o YouTube, vai haver uma tendência de migração para essa solução russa”, explicou a especialista.
Vai haver uma tendência para os utilizadores do Youtube migrarem para a nova plataforma russa e [as autoridades russas] devem estar a preparar isso em termos técnicos até porque se a migração for feita de forma abrupta pode causar disrupções do serviço”, disse Graça Canto Moniz.
RuTube, uma alternativa viável ao YouTube?
Criada há 15 anos, a alternativa russa ao YouTube teve 9,7 milhões de utilizadores mensais em junho, número que contrasta com os 85 milhões de utilizadores que a plataforma detida pela Google teve nessa mesma altura.
Em 2020, a Gazprom Media, subsidiária da gigante do gás Gazprom, comprou o RuTube — plataforma que só nesse ano começou a ganhar alguma atenção por parte da população e que teve um forte aumento no seu tráfego desde fevereiro de 2022, após a guerra e quando começou a ser bastante promovido, noticiou a Reuters.
Para publicitar as redes sociais que desenvolveu, neste caso em particular o RuTube, Moscovo oferece aos influenciadores até 1.700 dólares por mês para transferirem o seu conteúdo do YouTube e do TikTok para as alternativas russas. Segundo o site Codastory, o dinheiro vem junto com a imposição de determinados limites, por exemplo, os criadores de conteúdo devem evitar tópicos religiosos e políticos nas suas publicações.
Além disso, as diferenças entre o RuTube e o YouTube são visíveis assim que se entra na página da alternativa russa. Vídeos com conteúdo divertido ou de beleza estão presentes em ambos, mas as semelhanças ficam por aí. O RuTube tem uma espécie de “catálogo” com secções de notícias e vídeos recomendados, mas não mostra quantas visualizações tem um determinado conteúdo e os comentários não são permitidos. Estes são dois dados importantes para os influenciadores que querem ganhar dinheiro com os seus vídeos e que podem tornar a plataforma menos atraente para esses criadores de conteúdo.
De acordo com a revista The Spectator, fazer upload de um vídeo para o RuTube pode demorar até 24 horas, muito mais tempo do que o que acontece no YouTube, porque a equipa de moderação da plataforma russa assiste a todos os conteúdos antes de estes serem aprovados.
No RuTube, as notícias são exclusivamente de meios de comunicação apoiados pelo regime russo ou de líderes pró-governo. Na semana passada, alguns dos vídeos mais populares incluíam uma explicação sobre o tamanho real do “exército de campo” da Ucrânia ou sobre a “legalização da pornografia na Ucrânia, luta de Dodon contra o fogo e restauração de Mariupol”.
A plataforma russa está disponível em todos os países através da página da internet. No que diz respeito à aplicação, os downloads na Apple Store foram bloqueados para todos os utilizadores que não se encontram na Rússia. Em comunicado no Telegram, que é citado pela Meduza, o RuTube explicou que “a decisão foi tomada para que os utilizadores, a maioria dos quais residentes na Rússia, pudessem descarregar a aplicação no iPhone”.
Enquanto o RuTube não se revelar uma alternativa viável e a popularidade do YouTube puder levar a uma reação da população, o Kremlin poderá não conseguir bloquear a plataforma de vídeos — que, no entender dos especialistas, também utiliza para tentar passar as suas mensagens e visões acerca da guerra na Ucrânia.