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O que é a arritmia?

Arritmia é o nome que se dá a uma alteração do ritmo cardíaco, seja porque fica mais rápido, mais lento ou simplesmente irregular (a frequência cardíaca em repouso considerada normal, salvo algumas exceções, é de 60 a 100 batimentos por minuto).

Pode dar – ou não – sintomas, mas uma consulta com um médico especialista pode ajudar “a tranquilizar e orientar a avaliação e tratamento adequados a cada situação”, diz Mário Martins Oliveira, cardiologista no Hospital CUF Porto e no Hospital CUF Tejo.

 

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Existem vários tipos de arritmia?

Sim, existem muitos tipos de arritmia. Segundo o cardiologista, a sua classificação “é relativamente complexa”, mas envolve “ritmos lentos (bradicardia), ritmos rápidos (taquicardia) e também a zona do coração onde têm origem – já que podem ser das aurículas e dos ventrículos, traduzindo impactos clínicos diferentes e opções terapêuticas diversas”.

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O que acontece se a arritmia não for detetada e tratada?

A arritmia pode causar “a dilatação de estruturas do coração e até de disfunção cardíaca”, o que pode ser responsável por uma pior qualidade de vida, cansaço fácil, insuficiência cardíaca, acidentes vasculares com embolia, desmaios (síncope) e até morte súbita por paragem cardíaca”.

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Quais os principais sintomas?

A arritmia nem sempre dá sintomas, o que significa que pode ser identificada ocasionalmente. Há um gesto simples que todas as pessoas podem fazer e que é a avaliação do pulso, recomendado pela Sociedade Europeia de Cardiologia e que permite perceber se o nosso coração bate certo ou descontrolado. “É importante estar atento a sinais de alerta que podem ser palpitações, dor no peito, tonturas, cansaço fácil ou mesmo desmaios”, diz o cardiologista.

Perante estes sintomas, é fundamental recorrer ao seu médico assistente que pode solicitar exames capazes “de monitorizar e registar a atividade do coração, até por períodos mais longos. Os mais importantes são: eletrocardiograma; um monitor portátil (Holter) que regista a atividade do coração durante 24 horas; ecocardiograma; estudos eletrofisiológicos invasivos, nos quais se introduz por via endovenosa um cateter até ao coração; e a angiografia coronária”.

Mário Martins Oliveira refere ainda que alguns relógios tecnologicamente mais evoluídos e aplicações de telemóvel permitem “obter registos de razoável qualidade, o que pode ajudar a vigiar doentes que já têm conhecimento da presença de arritmias”.

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E como se trata?

O tratamento não é igual para todos os doentes. Muitas vezes, além da toma de medicação (já lá vamos…) existem recomendações de alteração dos estilos de vida e de fatores de risco para as arritmias, por exemplo, “stress, perturbações do sono, café, álcool, ou até altas cargas de treino físico, mas também vigiar e controlar com rigor a hipertensão arterial, diabetes, obesidade ou o mau funcionamento da glândula tiroideia”.

Quando necessário, podem ser prescritos medicamentos chamados de “antiarrítmicos e, por vezes, anticoagulantes ou fármacos que auxiliam o trabalho do coração, podendo ser necessário recorrer a técnicas invasivas, com o seja a ablação da arritmia por cateter ou a cirurgia cardíaca”.

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A partir do momento em que sei que tenho uma arritmia, que cuidados devo ter?

Quando as arritmias são de tratamento e implicações clínicas mais simples os doentes poderão ser tratados e acompanhados pelo seu médico de família. No entanto, “muitas arritmias justificam a referenciação para centros hospitalares com especialistas e condições para tratamentos mais evoluídos.” Aí, as equipas estão organizadas para proceder ao tratamento, aconselhamento e acompanhamento dos doentes, “muitas vezes recorrendo a sistemas de monitorização à distância, cada vez mais desenvolvidos e até auxiliados por programas de inteligência artificial”, diz Mário Martins Oliveira.

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É possível prevenir?

A prevenção em saúde cardiovascular implica optar por estilos de vida saudáveis, o que também vai ajudar na prevenção de outras doenças. Por exemplo, evitar o sedentarismo, a hipertensão arterial (entre nós muito associada ao excesso de consumo de sal e obesidade), o stress, a má qualidade do sono, ou mesmo ou excesso de cafeína, tabaco e álcool. Quando vários fatores de risco estão presentes numa mesma pessoa, passamos a ter um doente de grande risco.

“A melhor forma de prevenir eventos graves é mantermo-nos atentos aos sinais e avisos do nosso corpo, procurando ajuda no momento certo, sem desvalorizar queixas e sem adiar decisões.”

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Sabe-se quantas pessoas têm arritmia em Portugal?

Este não é um número conhecido, nem em Portugal, nem em qualquer outro lugar, alerta Mário Martins Oliveira. “Podemos, no entanto, dizer que são frequentes e afetam uma proporção significativa da população, e que aumentam bastante com a faixa etária.”

Uma das arritmias mais frequentes na prática clínica chama-se fibrilhação auricular “e está presente em 1-2% da população, e em valores bastante superiores nos idosos, o que pode traduzir-se em até 200.000 pessoas só em Portugal”.