- O que é a doença arterial periférica?
- Quais são os principais sintomas?
- Como se diagnostica?
- O que provoca no nosso corpo?
- Que tratamentos existem para a doença arterial periférica?
- Quais são os principais fatores de risco?
- Afeta mais homens ou mulheres? E mais velhos ou mais novos?
- O que posso fazer?
- Quantas pessoas têm a doença em Portugal?
Explicador
- O que é a doença arterial periférica?
- Quais são os principais sintomas?
- Como se diagnostica?
- O que provoca no nosso corpo?
- Que tratamentos existem para a doença arterial periférica?
- Quais são os principais fatores de risco?
- Afeta mais homens ou mulheres? E mais velhos ou mais novos?
- O que posso fazer?
- Quantas pessoas têm a doença em Portugal?
Explicador
O que é a doença arterial periférica?
A doença arterial periférica é “uma condição que atinge as artérias responsáveis pela irrigação (circulação) sanguínea dos membros inferiores (pernas, coxas, pés) e da bacia”, diz Sérgio Sampaio, cirurgião vascular e professor auxiliar da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Estes vasos acabam por ficar fragilizados, podendo mesmo ficar obstruídos.
É uma doença “importante e perigosa, mas é possível evitar “uma tragédia”. Perante uma suspeita, o especialista mais indicado é o cirurgião vascular.
Quais são os principais sintomas?
Dependendo da gravidade, as queixas serão diferentes. Numa fase inicial, a doença pode não dar qualquer sintoma e ser apenas detetável através de exames.
Em situações mais avançadas, o cirurgião vascular diz que podem surgir estes sinais:
- Dor ao caminhar (quase sempre na barriga da perna, mas por vezes na anca/nádega), após ter percorrido uma certa distância (tanto mais curta quanto mais importante o problema). Este sintoma será sentido para distâncias mais curtas se o doente for a subir uma rampa ou a caminhar mais depressa;
- Dor em repouso (atingindo sobretudo a extremidade do membro), agravada quando o paciente está deitado ou com as pernas elevadas. Este sintoma é frequentemente acompanhado de arrefecimento da área afetada e pode levar o doente a procurar algum alívio e colocar o membro afetado fora da cama;
- Aparecimento de áreas de gangrena ou de úlceras [morte de tecidos e lesões] que não cicatrizam devido à incapacidade de regeneração dos tecidos por falta de oxigenação.
Como se diagnostica?
“Um cirurgião vascular atento e experiente fará facilmente o diagnóstico com base nos dados relatados pelo doente e pelo exame físico, incluindo a palpação de pulsos arteriais”, explica Sérgio Sampaio. Mas há exames usados para diagnosticar e caracterizar a doença, como:
- Exame hemodinâmico – Permite quantificar a “pressão de irrigação” nos diversos níveis;
- Eco-doppler arterial – Ecografia morfológica e funcional, que caracteriza o aspeto das artérias e quantifica/caracteriza o fluxo sanguíneo;
- Angio-tomografia computorizada (angio-TAC) e angio-ressonância magnética (angio-RMN) – Exames que detalham a anatomia da doença;
- Angiografia – “Radiografia” das artérias nas quais se injeta um contraste. Segundo Sérgio Sampaio, este é o exame universalmente considerado quando já existe “uma intenção muito concreta de avançar para um tratamento, algo que ocorrerá de imediato, no mesmo ato”.
O que provoca no nosso corpo?
Este processo que ocorre nas paredes das artérias pode prejudicar o normal fluxo sanguíneo. A superfície interior das artérias fica alterada, podendo levar à obstrução completa.
Quando a circulação do sangue não é suficiente pode haver dor nos gémeos ao caminhar (“claudicação intermitente”) e quando isto se torna mais grave podem surgir áreas de tecido morto (necrose), levando à amputação do membro.
Que tratamentos existem para a doença arterial periférica?
O tratamento médico (medicação), a alteração do estilo de vida e “procedimentos cirúrgicos de revascularização (operações para melhorar a capacidade de irrigação / circulação das zonas atingidas pelo problema).
“O tratamento médico deve ser sempre proposto. Os medicamentos aconselhados incluem quase sempre um antiagregante plaquetário [tipicamente a aspirina, mas não necessariamente] e uma estatina [fármaco geralmente usado para controlar o colesterol, mas com efeito direto na parede arterial]”, diz Sérgio Sampaio. Além disso, recomenda-se o controlo de fatores de risco e a modificação de hábitos de vida.
A cirurgia nem sempre é indicada e, por isso, é avaliado caso a caso. Mas, em alguns casos, as vantagens são óbvias, podendo mesmo a preservar um membro que, de outro modo, acabaria amputado.
Quais são os principais fatores de risco?
O tabaco, a diabetes, a hipertensão arterial e a hipercolesterolemia [valores elevadores de colesterol] são os mais importantes.
Não se associa o mesmo risco a todos, mas individualmente, a diabetes e o tabaco “representam o dobro do impacto na probabilidade de vir a ter a doença quando comparados com a hipertensão arterial ou os níveis elevados de colesterol”.
Afeta mais homens ou mulheres? E mais velhos ou mais novos?
Esta doença afeta até duas vezes mais os homens do que as mulheres, sobretudo antes dos 70 anos. Mas à medida que a idade avança, a diferença entre géneros vai sendo menor. “A doença torna-se mais provável à medida que a idade vai prosseguindo, como em todas as formas de aterosclerose”, diz o médico. Mais raramente pode ocorrer em pessoas mais jovens, geralmente em associação com outros problemas de saúde.
O que posso fazer?
Evitar ao máximo o o tabaco, controlar a diabetes, tratar a hipertensão arterial e consultar um especialista. Se necessário, e combater valores elevados de colesterol. Neste último caso, Sérgio Sampaio reforça que a medicação, além de baixar os níveis de colesterol, estabilizam as lesões arteriais e, por isso, deve ser recomendada mesmo em doentes com colesterol não elevado. Recomenda-se ainda um estilo de vida ativo através de marcha regular.
Quantas pessoas têm a doença em Portugal?
Num estudo nacional realizado em 2008 pela Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular, a prevalência de doença arterial periférica em Portugal Continental foi 5,9%, 6,6% nos Açores e 3,8% na Madeira. Mas, alerta Sérgio Sampaio, estes valores estão longe de identificar “a real prevalência do problema. Os valores tipicamente encontrados nos países desenvolvidos vão até aos 10% a partir dos 50 anos e rondam os 20% acima dos 70 anos”.