A imagem é real. A sede do Bloco de Esquerda no concelho de Azambuja protegida por um burladero vermelho onde figura um visível logótipo branco do partido. Esta peça de madeira serve para proteger as portas das ruas por onde vão passar os touros durante as largadas. A fotografia foi utilizada pelo site Touro e Ouro numa notícia com o título “Bloco de Esquerda aproveita largadas de touros para se promover na Azambuja”. A peça apontava uma alegada incongruência do partido, que se assume anti-taurino, por se aproveitar de uma festa tauromáquica para se promover.

A fotografia que acompanha a peça do site Touro e Ouro. D.R.

No texto, o site nota que à porta da sede local do partido, situada no número 74 da Rua Victor Cordon, “por onde passam e se realizam as largadas de touros que levam milhares de aficionados e entusiastas à vila de Azambuja”, está colocado um burladero “devidamente decorado“. Mas diz mais. Escreve que o Bloco de Esquerda tem “recebido no seu espaço diversos membros da concelhia local, e amigos, que aí se têm divertido durante os eventos taurinos, segundo nos informam diversos aficionados locais”.

O Touro e Ouro lembra ainda que estes eventos costumam “arrastar milhares de aficionados” e que isso estaria “claramente a ser aproveitado pelo partido político para se promover“.

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A curta peça tornou-se rapidamente viral depois de ser incessantemente partilhada nas páginas de aficionados e associações pró-tauromáquicas nas redes sociais.

O buzz gerado em volta desta informação obrigou a que o Bloco de Esquerda viesse a público prestar esclarecimentos. No site do órgão oficial do partido, foi colocado um desmentido escrito pela estrutura local de Azambuja. “Nos últimos dias foi divulgada, através das redes sociais, uma imagem descontextualizada da sede do Bloco de Esquerda no concelho de Azambuja, com as portas abertas durante as festividades da Feira de Maio”, começa por dizer o BE, não desmentindo a veracidade da imagem, mas questionando as alegações a ela associadas.

O desmentido não aborda apenas a notícia mas também alguns comentários proferidos nas redes sociais. “Em diversas publicações foi, inclusive, alegado que o Bloco de Esquerda terá vendido consumíveis alimentares e bebidas e organizado tertúlias tauromáquicas na sua sede. Estas afirmações são falsas e partem de uma campanha de desinformação sobre a atividade e posição políticas do Bloco de Esquerda na Azambuja”, lê-se no comunicado.

O partido esclarece ainda que “manteve as portas da sua sede abertas convidando quem por lá passasse a conhecer as propostas do partido ou a expor as questões que entendesse pertinentes“. Embora reconheçam que as Festas de Maio “juntam milhares de pessoas e constituem um momento central na vida do concelho”, os bloquistas asseguram que o único motivo para manter as portas abertas foi o de manter o normal funcionamento do espaço mesmo perante a enchente.

Sobre o logótipo pintado no burladero, dentro de um círculo branco, que é um símbolo típico da tauromaquia, o Bloco de Esquerda nada escreve. O partido aproveitou, de facto, uma das estruturas das festividades tauromáquicas para aumentar a visibilidade. E mesmo que daí possa não ter retirado qualquer ganho político, também não se pode ignorar o facto de chamar mais a atenção do que se não houvesse qualquer inscrição ou desenho.

Conclusão:

O site Touro e Ouro publicou uma fotografia real e atual onde se vê a sede do Bloco de Esquerda aberta mas protegida por um burladero, à semelhança do que acontece com todas as portas daquela rua. Aquela peça tauromáquica tem o logótipo do partido desenhado. No entanto, o título da peça — “Bloco de Esquerda aproveita largadas de touros para se promover na Azambuja” — não sendo uma mentira, também não corresponde inteiramente à verdade. O partido apenas manteve o funcionamento regular da sua sede protegendo a entrada respeitando as regras. Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

Enganador

MISTO: As alegações do conteúdo são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou incompleta.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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