Uma publicação alega que a BBC News admitiu que as vacinas contra a Covid-19 provocaram um “excesso de mortes” em 2022. Na imagem aparece o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que foi eleito líder do Partido Conservador no final desse ano e chegou, dessa forma, a primeiro-ministro do Reino Unido.
No texto da publicação, este utilizador de Facebook escreve que “a BBC News finalmente admitiu o que muitos meios de comunicação independentes têm relatado nos últimos anos: as vacinas Covid estão causando ‘mortes em excesso’ entre a população vacinada”. O link que surge associado (e no selo no canto da imagem) a esta publicação é do Tribuna Nacional, um site brasileiro conhecido por divulgar desinformação — tem vários casos relativos à Covid-19, como pode verificar aqui e aqui, por exemplo.
Por sua vez, o site Tribuna Nacional sustenta a sua análise num relatório divulgado pelo The Exposé, outro site que se dedica à divulgação de notícias falsas — algumas já esclarecidas pelo Observador, como por exemplo este outro Fact Check também sobre vacinação contra a Covid-19.
Existe um texto publicado no site da BBC News, a 10 de janeiro deste ano, com o título “Excesso de mortes em 2022 entre as piores em 50 anos” que está na origem destas publicações. No entanto, não diz o que lhe é atribuído nesta publicação que se tornou viral.
O artigo em causa faz uma reflexão sobre os motivos para uma subida do número de mortes registadas no Reino Unido em 2022, “mais de 650 mil — 9% a mais que em 2019”, “um dos maiores níveis de excesso de mortes fora da pandemia em 50 anos”. A BBC News assinala que, “embora esteja muito abaixo dos níveis de pico da pandemia”, este número “levantou questões sobre a razão de ainda estarem a morrer mais pessoas do que o normal”. As razões, conclui, estarão nos “efeito da pandemia na saúde” e na “pressão sobre o Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido”.
Sobre a Covid em concreto, no texto consta que “está relacionada com menos mortes agora do que no início da pandemia. Aproximadamente 38 mil mortes foram por Covid em 2022, em comparação com mais de 95 mil em 2020”. E sobre as vacinas em concreto, o que é dito é que “os números até junho de 2022, que analisam as mortes por todas as causas, mostram que as pessoas não vacinadas tinham maior probabilidade de morrer do que as vacinadas.”
Conclusão
A BBC News não admitiu, como alega a publicação partilhada nas redes sociais, que as vacinas contra a Covid provocaram excesso de mortes em 2022. O artigo faz uma reflexão sobre a subida do número de mortes registadas no Reino Unido nesse ano e concluiu que isso se deveu sobretudo aos efeitos da pandemia na saúde e também aos problemas no Serviço Nacional de Saúde britânico. O artigo fala concretamente sobre as vacinas, mas para referir que os dados recolhidos”até junho de 2022″ mostram que quem não estava vacinado “tinha maior probabilidade de morrer do que as pessoas vacinadas”.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.