Alega-se nas redes sociais que Albert Bourla, CEO da farmacêutica Pfizer, mentiu para angariar milhões de dólares, garantindo ao mundo que as vacinas contra a Covid-19 eram “seguras e eficazes”.
“O que vimos foram ferimentos por vacinas, carreiras interrompidas, perdas de vidas, crianças deixadas sem pais, inclusive crianças a morrer de insuficiência cardíaca”, enumera-se numa publicação no Facebook, datada de 18 de novembro.
No mesmo post, faz alusão a um “juiz holandês” que “está a dar os primeiros passos” para responsabilizar Bourla pela “conspiração da Covid-19” — numa posição que seria contrária à dos meios de comunicação social que, diz a mesma publicação, “continuam a enganar as massas”. No post afirma-se mesmo que Bourla enfrenta uma pena de prisão perpétua por “mentir para milhares de milhões de pessoas” sobre a vacina criada para combater o coronavírus.
Uma pesquisa em vários motores de busca por notícias sobre esta alegada condenação do diretor-executivo da Pfizer não revela resultados que apontem para a existência de informações fidedignas sobre o suposto julgamento. Pelo contrário, há notícias que desmentem esta história falsa que circula online há vários anos.
Em 2022, a Forbes publicou um artigo com o título: “Não, o CEO da Pfizer não foi preso“, desmontando, peça a peça, a teoria da conspiração que se tornou viral nas redes sociais entre os críticos da gestão da pandemia de Covid-19, que começou em 2020. A notícia falsa que aponta para a detenção de Albert Bourla por fraude foi publicada originalmente no site sediado no Canadá “Beaver Exclusive”.
A adensar a conspiração, no mesmo artigo do site de notícias falsas afirmava-se ainda que a polícia tinha ordenado um “apagão mediático” do acontecimento e que um juiz tinha aprovado essa ordem, explicando-se assim a inexistência de notícias sobre o tema. Noutros posts, assegurava-se que tinha sido captado em vídeo o momento em que o empresário, com dupla nacionalidade grega e norte-americana, tinha sido detido pelo FBI. Mais uma vez, não existem imagens que comprovem tal alegação.
A própria Pfizer já negou publicamente todas as informações citadas nas publicações em que se alega que o diretor-executivo da empresa foi condenado a prisão perpétua por um juiz nos Países Baixos. A Pfizer faz ainda questão de garantir que as vacinas contra a Covid-19 que produz são seguras e que “não há qualquer alerta de segurança”, de modo que o “benefício da vacinação continua a sobrepor-se a qualquer risco”. Segundo a farmacêutica, a sua vacina, desenvolvida em 2020/2021, já foi distribuída em 183 países, totalizando mais de 4,8 mil milhões de doses administradas.
“Temos um compromisso com a segurança e a eficácia de nossos produtos, realizamos habitualmente o acompanhamento de relatos de potenciais eventos adversos, mantendo as autoridades regulatórias sempre informadas, conforme a regulamentação vigente em cada país”, informou ainda a Pfizer, acrescentando “que diferentes agências regulatórias pelo mundo, como FDA, EMA e Anvisa, autorizaram o uso da vacina ComiRNAty contra a covid-19 da Pfizer/BioNTech”.
Conclusão
É portanto falso e sem qualquer adesão à realidade que Albert Bourla, CEO da Pfizer, esteja na iminência de enfrentar uma pena de prisão perpétua por fraude, consumada no ato de mentir sobre a eficácia e segurança das vacinas que a sua empresa farmacêutica produz para imunizar contra a Covid-19. É a própria empresa a desmenti-lo, além de não existir qualquer registo de tal ocorrência.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.