Uma publicação realizada no Facebook a 19 de agosto afirma que a polícia francesa está a impedir as pessoas que não estão vacinadas contra a Covid-19 de entrarem em supermercados para comprarem comida. Um vídeo que acompanha a publicação, já com sete mil visualizações, mostra um grupo de manifestantes a acusar os seguranças de um estabelecimento comercial de discriminação por não permitirem a entrada no espaço.

Mas a mensagem é uma deturpação do que realmente são as regras impostas por Emmanuel Macron. Na verdade, em França, ninguém está impedido de entrar em supermercados para comprar alimentos, mas quem queira fazê-lo no interior de uma grande superfície comercial — as que têm mais de 20 mil metros quadrados de área — tem mesmo de apresentar um certificado de vacinação contra a Covid-19, uma prova de recuperação da doença ou um teste negativo.

O vídeo mostra uma manifestação com cerca de 40 pessoas à frente de um centro comercial em Pau, França.

A 12 de julho, o presidente francês anunciou que, “a partir do início de agosto, o passe sanitário será aplicado em cafés, restaurantes, centros comerciais, hospitais, casas de repouso, mas também em aviões, comboios e autocarros para viagens longas”. A medida entrou em vigor a 9 de agosto, mas com um esclarecimento que está descrito no site do governo: a apresentação do documento só é obrigatória em departamentos franceses onde a incidência fosse superior a 200 casos de infeção ao longo de sete dias por 100 mil habitantes.

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Certificado essencial para entrar em quase todos os lugares em França. Macron pondera vacinação obrigatória para todos

Eram essas as regras em vigor quando o vídeo da publicação foi captado, a 18 de agosto. De acordo com o La République des Pyrénées, que cobriu a manifestação, ela ocorreu às portas do Centro Leclerc Tempo, na cidade francesa de Pau, perto dos Pirinéus, para protestar contra a obrigatoriedade de apresentar um certificado de vacinação em centros comerciais com mais de 20 mil metros quadrados como aquele. Segundo a notícia, o protesto reuniu cerca de 40 pessoas ao pé do estabelecimento comercial.

As regras impostas por Emmanuel Macron não impediam aqueles mesmos manifestantes — nem qualquer francês — de fazerem compras em espaços com uma área mais pequena caso não tivessem sido vacinados contra a Covid-19, por isso é erróneo dizer que o Governo não permite o acesso a supermercados no geral a quem não esteja inoculado. A alternativa era, portanto, procurar supermercados em espaços comerciais com menos de 20 mil metros quadrados.

Já depois deste protesto, e da publicação deste conteúdo no Facebook, o governo francês aliviou esta medidas em vários departamentos: Isera, Líger, Alta Sabóia, Baixo Reno, Paris, Yvelines, Essonne, Vale do Marne, Vale do Oise, Altos do Sena, Sena e Marne, Carântono-Marítimo, Gironda, Landes, Pirenéus Atlânticos, Alta Garona, Altos Pirinéus e Pirineus Orientais. E “o mesmo princípio será aplicado aos demais departamentos, se por sete dias consecutivos a taxa de incidência for inferior a 200 casos por 100 mil habitantes e em declínio”, acrescentou o governo de Macron: “Nesse caso, uma portaria encerrará a aplicação do passe sanitário nos grandes centros comerciais.”

Conclusão

É errado afirmar que o governo francês está a impedir as pessoas não vacinadas contra a Covid-19 de entrarem em supermercados. Na verdade, a medida de Emmanuel Macron impede o acesso desses indivíduos a espaços comerciais (incluindo supermercados) que tenham mais de 20 mil metros quadrados de área. Mas todas as pessoas podem aceder a lojas com uma área inferior a essa.

Após a publicação deste conteúdo, as medidas já foram aliviadas e o acesso de todas as pessoas, independentemente do estado vacinal, a grandes centros comerciais voltou a ser garantido nos departamentos franceses com incidência inferior a 200 casos por 100 mil habitante durante sete dias e com tendência decrescente ao longo desse intervalo temporal.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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