Um vídeo publicado nas redes sociais pelo youtuber brasileiro Samuel Borelli alega que Israel “voltou atrás” e “pediu desculpa” ao Presidente brasileiro, Lula da Silva, que tem deixado duras críticas à maneira como Telavive tem gerido o conflito na Faixa de Gaza. O chefe de Estado do Brasil falou mesmo num “genocídio” e já comparou a operação militar israelita ao Holocausto, o que irritou o governo liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Samuel Borelli diz no vídeo que o vice-diretor do departamento da América Latina no Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, Jonathan Peled, foi ao Brasil para sublinhar que Israel “precisa do Brasil”. De acordo com o youtuber, o diplomata israelita terá dito que o governo de Benjamin Netanyahu está “disposto a restaurar as relações” entre as duas nações, por causa das trocas comerciais.
“Com Lula, o Brasil passou a vender mais para o mundo árabe”, afirma Samuel Borelli, que indica que — devido às críticas do governo israelita sobre o Presidente brasileiro — Israel pensava que o mundo “ia ficar contra o Brasil”. “Ninguém fez nada”, prossegue o youtuber, que recorda que a Europa e os Estados Unidos “pediram o fim do conflito”.
Por tudo isto, Israel tem agora de “pedir desculpa” a Lula da Silva para tentar “retomar um parceiro importante e reduzir os prejuízos da birra do governo de Israel”. “Engraçado que os medias prometeram que o Brasil ia afundar crise diplomática. Não estou a ver isso”, nota ainda Samuel Borelli.
De facto, Jonathan Peled tentou meter água na fervura nas relações entre o Brasil e Israel, após a tensão. O diplomata mostrou-se disponível para “restaurar as relações” entre Brasília e Telavive, mas nunca pediu desculpa e manteve um tom crítico em relação às palavras de Lula da Silva. “Quando há uma declaração antissemita como a do Presidente Lula, ou quando nossa existência é posta em causa, trata-se de uma linha vermelha”, afirmou, numa alusão ao facto de o chefe de Estado do Brasil ter dito que estava a ser levado a cabo um “genocídio” em Gaza.
“Comparar atividades de Israel aos nazis de Hitler, para nós, é uma declaração inaceitável”, prosseguiu Jonathan Peled, citado pelo uol notícias.
Por sua vez, é o governo israelita que exige um pedido de desculpa a Lula da Silva. No X (antigo Twitter), o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz, disse que Telavive não “ia esquecer nem perdoar” a comparação do Holocausto ao que se passa em Gaza. “Envergonhe-se e peça desculpa”, exigia o chefe da diplomacia israelita ao chefe de Estado brasileiro no final de fevereiro.
O Presidente Lula em uma entrevista para o @_ENoticia, ficou evasivo e disse: "Não falei Holocausto"@LulaOficial, você disse que a guerra justa de Israel contra o Hamas em Gaza é igual ao que Hitler e os nazistas fizeram com os judeus, e ofendeu a memória de 6 milhões de judeus… pic.twitter.com/AgWVhWtJWx
— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) February 28, 2024
Conclusão
Após as críticas do Presidente brasileiro contra Israel, as relações entre os dois países acabaram inevitavelmente por ficar abaladas com trocas de acusações de parte a parte. Neste contexto, não é verdade que o governo liderado por Benjamin Netanyahu tenha pedido desculpa a Lula da Silva, ainda que a diplomacia de Telavive esteja a tentar “restaurar as relações”. Em contrapartida, é mesmo o governo israelita que exige um pedido de desculpa à presidência brasileira.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ENGANADOR
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.