As imagens de uma mulher a invadir o telejornal de uma televisão ucraniana tornaram-se virais nas redes sociais (já depois de uma jornalista russa ter entrado na emissão em direto em protesto contra a invasão da Ucrânia por parte da Rússia). Neste caso mais recente, uma jornalista surge de cartaz na mão e com uma mensagem dirigida ao Presidente ucraniano: “Zelensky, pare de usar drogas e regresse aos palcos.” Na verdade, tudo não passou de uma montagem.

Vamos por partes. A forma como tudo aconteceu faz recordar o protesto da jornalista e produtora do Canal 1 russo, que interrompeu o noticiário da noite para protestar contra a invasão da Ucrânia. As imagens do momento, divulgadas nas redes sociais, mostravam Marina Ovsyannikova a segurar um cartaz onde era possível ler, em russo: “Parem com a guerra. Não acreditem na propaganda. Aqui, estão a mentir-vos.”

O que se sabe sobre Marina Ovsyannikova, a jornalista que se tornou um símbolo do movimento antiguerra na Rússia?

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Agora, as imagens acontecem num outro cenário: na Ucrânia e com uma mensagem contra Zelensky, numa narrativa pró-Rússia. De acordo com a AFP, é preciso recuar a 15 de março para encontrar o vídeo original (que entretanto foi apagado) e encontrar a autora, uma utilizadora do TikTok e do Telegram chamada Olga Stiffler.

Num dos comentários, escrito em russo, podia ler-se que se trata de uma “montagem gravada em fundo verde”. A mulher aproveitava as redes sociais para criticar o governo ucraniano e para dissipar uma mensagem pró-Rússia através de vídeos.

O vídeo original do noticiário foi partilhado no YouTube do canal de televisão, onde é possível confirmar (a partir do minuto 42) que não houve qualquer interrupção ou protesto durante o momento informativo, tendo decorrido com normalidade e sem a entrada da mulher com um cartaz na emissão em direto.

Conclusão

O vídeo que está a ser divulgado nas redes sociais sobre o protesto contra Volodymyr Zelensky numa televisão ucraniana nunca aconteceu. Além de o vídeo já ter sido apagado da conta original, o noticiário está online no YouTube e é possível confirmar que não houve qualquer interrupção da emissão, o que comprova que se tratou de uma montagem e não de uma manifestação idêntica à que tinha acontecido semanas antes na Rússia.

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO 

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de factchecking com o Facebook.

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