Circulam na redes sociais várias publicações que veiculam a informação de que “mais de metade dos reclusos que estão detidos em solo nacional” são originários de Cabo Verde (25,2%), do Brasil (22,4%) e da Guiné-Bissau (9,5%), o que totalizaria uma soma de 57,1% de toda a população que está a cumprir pena. A alegada fonte usada para estes dados é o relatório Indicadores de Integração de Imigração de 2022, publicado pela Direção-Geral dos Serviços Prisionais.
O print nas publicações é resultado de uma busca rápida do Google e vai dar a uma notícia publicada no site da empresa imobiliária Idealista, no qual efetivamente está escrito que, “por nacionalidades, mais de metade dos reclusos que estão detidos em solo nacional são originários de Cabo Verde (25,2%), Brasil (22,4%) e Guiné-Bissau (9,5%)”.
Não obstante, o título da notícia é: “Quantos estrangeiros estão presos em Portugal? E portugueses lá fora?” E também é claro, ao longo da leitura do artigo, que as percentagens se referem somente à população estrangeira nas cadeias portuguesas — e não ao universo total de detidos em Portugal.
Segundo o relatório Indicadores de Integração de Imigração de 2022, 84,7% dos reclusos nas prisões do país são portugueses, contra 15,3% de estrangeiros. Aliás, o documento frisa que o “valor relativo de reclusos estrangeiros” caiu “3,8% na última década”.
“No que se refere a estrangeiros, manteve-se o modelo de distribuição entre continentes, com África (48,3%) a ter o maior volume de reclusos, prevalecendo os países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), sobretudo Cabo Verde, Angola e Guiné-Bissau, seguidos da América do Sul (26,5%), com destaque para o Brasil”, lê-se ainda no documento.
Conclusão
Ainda que no site Idealista esteja efetivamente presente, ipsis verbis, “que a maioria da população de reclusos em Portugal é composta por pessoas originárias de Cabo Verde, Brasil e Guiné Bissau”, essa informação foi retirada do contexto. O relatório Indicadores de Integração de Imigração de 2022 assinala que 84,7% dos reclusos são portugueses, contra 15,3% de estrangeiros.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ENGANADOR
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.