A publicação mostra várias filas de malas de viagem em exposição, de diferentes cores. Junto a elas, num aviso em letras garrafais, podem ler-se duas mensagens: “Promoções” e “1.95€”. A imagem foi partilhada no Facebook. Na legenda, a página esclarece que “devido ao encerramento das operações na Europa de Leste”, a empresa Samsonite — que comercializa malas de viagem — “está a vender malas que ainda tem em stock por apenas 1,95 euros”. Acrescenta-se ainda, neste post, que “todos os residentes em Portugal podem comprar uma mala nova” graças a uma “nova estratégia promocional”, bastando para isso responder a um “inquérito”.

Na publicação encontramos, também, vários comentários de utilizadores a confirmar que já receberam em casa uma mala da marca norte-americana. Pode ler-se, por exemplo, “finalmente recebi a minha mala” ou “estou chocado por ter comprado este saco por apenas 2€”.

Igualmente, se consultarmos a página que partilha esta informação, encontramos algumas fotografias que mostram os “vencedores” desta campanha promocional, acompanhados das respetivas malas e alegadamente satisfeitos com a aquisição. Deparamo-nos também com uma particularidade importante: a página em questão tem poucos dias, foi criada apenas no final de maio. Até à primeira semana de junho não tinha mais do que duas dezenas de seguidores e menos de dez publicações. É um detalhe que coloca desde logo dúvidas sobre a validade desta suposta promoção.

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Questionada pelo Observador, a administração da Modarte — empresa detentora da Samsonite em Portugal — esclarece que “desmente na totalidade esta e outras informações que têm sido veiculadas nas redes sociais em perfis falsos”. Numa resposta enviada por email, a empresa revela também que “a marca tem consecutivamente alertado os consumidores através da página web e redes sociais acerca destas burlas”, que, esclarece, “têm sido praticadas já desde 2022 com preços exageradamente baixos”. A Modarte sugere, por isso, aos clientes que “comprem sempre que possível em lojas conhecidas ou com «reviews» favoráveis” e deixa um conselho aos consumidores “neste e em todos os casos de consumo”: “Devem sempre desconfiar” de “preços exageradamente baixos ou fora dos preços praticados no mercado”.

De resto, o aparecimento deste tipo de burlas levou a Samsonite Portugal a deixar um alerta semelhante nas redes sociais em novembro do ano passado, no qual pedia aos clientes que estivessem “atentos às páginas fraudulentas” nas redes sociais, com “vista à recolha de dados pessoais e dos cartões de crédito”. Na publicação, a marca recomenda, igualmente, aos consumidores que façam “compras nas lojas oficiais”, para evitarem “ser vítima de fraude”.

Apesar de o aviso ter alguns meses, no final de maio deste ano a Samsonite Portugal comentou o seu próprio post para sublinhar que as “páginas fraudulentas estão novamente mais ativas”, esclarecendo que “não existe nenhuma campanha deste tipo nem em Portugal, nem na Europa”. Também nos comentários desta publicação são vários os utilizadores de Facebook que confirmam ter sido vítimas desta mesma burla.

É, no entanto, verdade que a empresa norte-americana suspendeu todas as atividades comerciais num país da Europa de Leste: a Rússia. Num comunicado publicado na página oficial em março do ano passado — poucos dias depois do início da invasão russa da Ucrânia —, a Samsonite explica que fechou “temporariamente 37 lojas na Rússia, bem como os sites de comércio online” e suspendeu os “investimentos no país”. Não é, ainda assim, verdade que o corte de ligações com Moscovo tenha levado a uma campanha promocional desta dimensão, nem na Europa, nem em Portugal.

Conclusão

Não é verdade que a marca norte-americana Samsonite esteja a vender malas de viagem a menos de dois euros em Portugal, depois de ter encerrado operações no leste europeu. A Modarte, empresa detentora da marca em Portugal, confirma que se trata de uma página fraudulenta e pede aos clientes que estejam atentos. Também a Samsonite já tinha alertado para a existência de burlas deste género na internet, com o objetivo de recolher dados pessoais e dos cartões de crédito dos consumidores.

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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