Numa publicação nas redes sociais surge a acusação de que Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), terá dito num discurso ” neste tempo de Abril” que devia haver legislação que levasse à “obrigação de todos os trabalhadores serem sindicalizados”. De facto, Mário Nogueira fez um discurso durante a Manifestação de Professores e Educadores, no dia 24 de abril deste ano, mas não proferiu quaisquer palavras que se possam comparar à declaração feita na publicação.

Nessa intervenção, o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof) acusou o Governo de “embirração” com o setor da educação, referindo que “há uma embirração, uma falta de vontade política em resolver os problemas dos professores”.

Contactado pelo Observador, Mário Nogueira assegura que se trata de algo que é “absolutamente mentira”. O sindicalista reitera que a ideia de tornar a sindicalização obrigatória “não é uma posição” própria nem sequer da Fenprof.

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A liberdade da sindicalização é uma liberdade individual que deve ser respeitada” explica o representante dos professores, que defende, isso sim, o direito dos trabalhadores à sindicalização. Para Mário Nogueira, trata-se de um ato que “dá unidade ao grupo profissional e reforça posições” — mas essa liberdade não deve nunca ser imposta como uma obrigação para qualquer grupo profissional.

Aos olhos de Mário Nogueira, que entrou no sindicato no dia seguinte a terminar o curso, trata-se de uma liberdade, algo que “jamais poderia ser uma imposição” porque isso, em termos simples, “não seria democrático”. “É uma opção que cada um tem em cada momento, que pode sindicalizar-se hoje, sair amanhã, nunca ser sindicalizado ou ser sempre sindicalizado”, explica.

A publicação refere-se ainda a Nogueira como o “dinossauro do sindicalismo português”. O dirigente da Fenprof dirige o rumo da federação há quase 15 anos. É um dos mais antigos dirigentes sindicais e foi eleito em 2019 pelos seus pares com 97% dos votos. Nessa altura, garantiu que só ficava nas funções “mais três anos”. Se sair em 2022, terá acumulado quase duas décadas na liderança da mais influente força sindical dos professores.

Conclusão

Não há quaisquer provas de que Mário Nogueira alguma vez tenha proposto tornar obrigatória a sindicalização e o próprio assegurou ao Observador ser contra essa ideia.

O sindicalista considera que o direito à sindicalização deve ser garantido a todos os trabalhadores — ou seja, a sindicalização é um direito e, para Mário Nogueira, como direito se deve manter. Estes dados afastam a ideia de que pudesse ter alinhado pela defesa dessa imposição. Aliás, o secretário-geral da Fenprof enaltece ainda que todos devem poder sindicalizar-se e afastar-se dessa condição sempre que o pretendam.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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