Uma publicação exibe um vídeo com um grupo de pessoas, aparentemente muçulmanos a rezar (a julgar pela posição em que se encontram na imagem) no meio de uma estrada. O texto que o acompanha pede uma “proibição rígida que não permita cultos religiosos na via pública” e diz que isto “já está a acontecer também em Portugal”.

“Os portugueses fundadores da nação devem estar a dar volta nos túmulos”, conclui o texto, sem nunca referir a origem do vídeo partilhado, nem mesmo onde foi registado.

Quando se vê o vídeo, ouve-se de imediato um relato em castelhano, que parece ser do autor da captação a queixar-se de não poder avançar com o carro tendo em conta o ajuntamento no meio da estrada. Logo no início, faz uma referência — “meu país” —, indiciando que aquele momento se terá passado em Espanha. Isso mesmo é reforçado se tivermos em atenção as matrículas dos carros que é possível ver neste vídeo. Trata-se de matrículas espanholas.

Só nos comentários da publicação, e quando questionado por algumas pessoas sobre se as imagens eram de Portugal, é que o utilizador esclarece que não, reforçando que no país também já acontece — isto sem especificar, como aliás não faz na publicação quando refere que “já está a acontecer também em Portugal”.

Este vídeo não diz respeito a um acontecimento em Portugal — como induz esta publicação –, onde não existem registos de eventos não organizados, de qualquer credo religioso, a bloquearem vias públicas.

Conclusão

O vídeo partilhado onde se vê um grupo de muçulmanos a fazerem a sua oração na via pública, bloqueando o trânsito — de acordo com as queixas de quem captou o momento –, não foi captado em Portugal. O relato do suposto autor do vídeo é feito em castelhano, com referências ao seu país, e as matrículas dos carros são espanholas. O próprio utilizador reconhece, apenas na caixa de comentários, que não aconteceu em Portugal. Já no texto da publicação não só refere, sem exemplificar, que “o mesmo está a acontecer também em Portugal” como escreve que “os portugueses fundadores da nação devem estar a dar voltas nos túmulos” — duas referências que induzem quem vê o vídeo em erro.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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