A questão surge numa publicação no Facebook que desafia quem a lê a apontar um caso de reação adversa às vacinas contra a Covid-19 registado pela Direção Geral de Saúde. “Apenas um cidadão”, procura este utilizador da rede social. O mais recente Relatório de Farmacovigilância, publicado pelo Infarmed (com dados da DGS e do  Portal de Notificação de Reações Adversas a medicamentos) deu conta de 6.695 reações adversas às vacinas administradas em Portugal contra a doença, até 30 de maio de 2021.

A publicação que levanta dúvidas sobre os dados relativos à vacinação da Covid-19, nomeadamente aos problemas que tem provocado em quem a recebe, tem uma resposta clara nos dados oficialmente publicados a 4 de junho deste ano.

Existem reações adversas e têm sido noticiadas sempre que há atualização da informação. O relatório já citado (e que pode consultar aqui) mostra que, “ao longo do tempo, o número de casos de suspeitas de reações adversas a uma vacina contra a COVID-19 tem aumentado, mas se considerarmos o número de administrações de vacinas para o mesmo período, esse número tem diminuído, quer no caso de considerarmos o número total de casos, quer no caso de casos graves”.

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Excerto do “Relatório de Farmacovigilância – Monitorização da segurança das Vacinas contra a COVID-19 em Portugal”

Na tabela publicada nesse relatório do Infarmed é possível verificar a evolução dos dados, consoante o total de administrações. E também que o número de reações adversas à vacinação por mil administrações é de 1,2%, representando os casos graves 0,47%. No total de reações adversas notificadas, 40,9% foram consideradas “graves”, enquanto as outras 59,1% foram classificadas como “não graves”.

Excerto do “Relatório de Farmacovigilância – Monitorização da segurança das Vacinas contra a COVID-19 em Portugal”

Logo na introdução, o relatório aponta que “diversos estudos comprovam que as vacinas contra a Covid-19 são seguras e efetivas”, referindo-se às quatro vacinas que estão a ser administradas no país: Moderna, Pfizer, AstraZeneca e Janssen. Em Portugal registaram-se 44 reações adversas que resultaram em morte, o que significa 0,7% dos casos classificados como “graves” e o Infarmed acrescenta que esses “casos de morte ocorreram em pessoas com uma mediana de idades de 81 anos e não pressupõem necessariamente a existência de uma relação causal com a vacina administrada, uma vez que podem também decorrer dos padrões normais de morbilidade e mortalidade da população portuguesa”.

Conclusão

Não é verdade que não existam registos de reações adversas às vacinas contra a Covid-19 administradas em Portugal. Esses dados são monitorizados pelo Autoridade Nacional do Medicamento que explica que, sempre que existe uma notificação, “a informação é avaliada por uma equipa de farmacêuticos e médicos especialistas em segurança de medicamentos. A informação do caso, totalmente anonimizada, é enviada para as bases de dados europeia (Eudravigilance) e mundial da OMS (Vigibase) para efeito de uma avaliação permanente mais abrangente do perfil de segurança do medicamento”. O procedimento é igual no que diz respeito às vacinas administradas contra a Covid-19.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook

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