Uma publicação do início deste mês dá conta da votação de uma proposta de resolução pelo Parlamento Europeu para que sejam indemnizadas as “vítimas da vacinação Covid-19”. É mesmo partilhado um link deste órgão legislativo da União Europeia com uma dedicatória para “o Facebook, que vai dizer que desrespeita os padrões da comunidade”, e para “os facht-checks”, como este.

Na verdade, basta abrir o link para saber que existiu mesmo uma proposta de resolução em setembro deste ano, da eurodeputada francesa Virginie Joron, eleita pelo União Nacional de Marina Le Pen, que “insta a Comissão a criar um fundo de compensação para as vítimas das vacinas contra a Covid-19”, um texto assinado em nove individual. Mas a página a que o link nos leva não mostra os dados que tornam esta publicação falsa.

A proposta de resolução da eurodeputada de extrema-direita existiu, mas não foi sequer sujeita a votação, o que é possível confirmar através de uma pesquisa na página do Parlamento Europeu onde estão as iniciativas que foram aprovadas.

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O texto apresentado pela deputada francesa recomenda a criação do tal fundo, com base em quatro argumentos:

  1. “A Agência Europeia de Medicamentos já registou cerca de um milhão de casos de reações adversas na sequência da injeção de vacinas contra a COVID-19”;
  2. “Estes efeitos secundários são, por vezes, graves; que, por exemplo, cerca de 75.000 pessoas terão sofrido efeitos neurológicos graves após ter-lhes sido injetada a vacina Pfizer”;
  3. “A Agência Europeia de Medicamentos alega que, na União Europeia, as vacinas contra a Covid-19 tiveram consequências fatais para cerca de 5.000 pessoas”;
  4. “A Comissão Europeia negociou os contratos de aquisição e não exigiu a responsabilização dos laboratórios farmacêuticos; que os deputados ao Parlamento Europeu não tiveram acesso aos contratos durante as negociações”.

Os argumentos são baseados em valores numéricos que são reais, alguns são da EudraVigilance, uma base de dados da União Europeia para a vigilância dos efeitos secundários que se suspeita terem sido causados por determinado medicamento. Mas a interpretação destes mesmos dados, feita na proposta de resolução em causa, é feita de forma abusiva. Aliás, o site criado pela Agência Europeia do Medicamento especifica que as informações que compila se referem “a suspeitas de efeitos colaterais, ou seja, eventos médicos que foram observados após a administração das vacinas Covid-19, mas que não estão necessariamente relacionados ou causados ​​pela vacina”.

Conclusão

Não é verdade que o Parlamento tenha votado uma proposta de resolução “para indemnizar as vítimas da vacinação Covid-19”, como é afirmado na publicação divulgada por um utilizador do Facebook. A proposta foi, de facto, apresentada, mas a título individual por uma eurodeputada francesa da União Nacional — com alegações duvidosas sobre números compilados pela Agência Europeia do Medicamento relativos às vacinas contra a Covid-19 –, mas não foi votada pelo Paramento Europeu.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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