No dia 20 de março, o Blog de Arlindo — uma das páginas dedicadas à Educação mais consultadas em Portugal — avançava um calendário para a vacinação dos professores. De acordo com esse calendário, já a partir do próximo sábado e nos três fins de semana seguintes (até 19 de abril), todos os docentes seriam vacinados, um nível de ensino após o outro. Estará, então, oficializada a estratégia para proteger esta classe profissional da Covid-19? Numa palavra: não.
Escolas ainda não sabem quando e como vai ser a vacinação de professores e funcionários
O texto publicado no Blog de Arlindo apontava, logo à cabeça, para a informação que continha: “Calendarização da vacinação do pessoal docente e não docente”, lê-se numas garrafais letras vermelhas.
Ali se avançava a informação de que já no próximo fim de semana “serão vacinados docentes e não docentes da Educação Pré-Escolar e do Primeiro Ciclo”. E calculava-se que, nesses dois dias, fossem “vacinadas cerca de 78.700 pessoas”.
Uma semana mais tarde, e “estrategicamente”, seriam contemplados os profissionais das creches, “por se entender que o risco de transmissão é menor” entre os educadores de infância e os funcionários destes espaços que lidam com crianças até aos três anos de idade.
Nesses mesmos dias 3 e 4 de abril, os docentes do 2º ciclo e os cerca de 16 mil professores das Atividades de Enriquecimento Curricular receberiam a vacina contra a Covid-19. Ao todo, em pleno fim de semana da Páscoa seriam dadas 90 mil vacinas.
E, por fim, os profissionais do 3º ciclo e do Ensino Secundário. Um grupo composto por, sensivelmente, 112 mil professores que seriam distribuídos pelos fins de semana de 10 e 11 de abril e 17 e 19 (segunda-feira) do mesmo mês.
Contas feitas, em menos de um mês seriam vacinadas 281 mil pessoas ligadas à área do ensino em Portugal. Problema: nenhuma das entidades envolvidas no plano de vacinação contra a Covid-19 em Portugal confirma estes dados.
Marques Mendes diz que vacinação em massa começa no próximo fim de semana
O Observador procurou validar junto do Ministério da Educação o calendário consultado e comentado por milhares de educadores, professores e, de forma mais ampla, por profissionais ligados ao setor. E fê-lo já depois de o comentador da SIC, Luís Marques Mendes, garantir no domingo que o plano de vacinação de docentes (abarcando cerca de 200 mil profissionais) seria dividido em dois — e não quatro — fins de semana: uma primeira fase ocorreria já nos dias 27 e 28 de março e uma segunda fase seria remetida para os dias 10 e 11 de abril (portanto, sem que houvesse vacinação do fim de semana da Páscoa). “Só nestes dois fins de semana as autoridades esperam vacinar 200 mil pessoas ou mais”, concretizou Marques Mendes.
Mas, da parte da tutela, ainda não houve confirmação oficial.
Em meados de março, o ministro da Educação tinha apontado para o último fim de semana a data de arranque deste processo. “Existe uma estrutura que coordena e que é responsável pelo processo de vacinação e que foi criada para gerir este processo e de acordo com aquilo que fomos informados por essa ‘task force‘ já existe neste momento trabalho com as estruturas regionais e locais do Ministério da Saúde para que a vacinação seja iniciada no próximo fim de semana, nos dias 20 e 21 de março, continuando depois durante o mês de abril”, disse Brandão Rodrigues.
Entretanto, as dúvidas — já afastadas — sobre os riscos para a saúde associados à toma da vacina da AstraZeneca levaram a uma suspensão preventiva da vacinação. O processo foi retomado no início desta semana, quando já circulavam rumores sobre o suposto calendário para a vacinação dos profissionais do setor.
Relativamente a esses rumores, ao Observador, o ministério de Tiago Brandão Rodrigues remeteu uma resposta para a task force encarregue de coordenar o processo de vacinação, e que é liderada pelo vice-almirante Gouveia e Melo. Mas, da parte desse núcleo fulcral desta campanha de imunização, apenas silêncio. E, assim, os educadores e professores, que entretanto voltaram ao ensino presencial, continuam sem saber, ao certo, e de forma oficial, em que momento vão ser contemplados com qualquer uma das vacinas.
Conclusão
Há diferentes versões a circular relativamente ao plano de vacinação de professores em Portugal. Uma delas foi tornada pública no blogue especializado em temas de educação, no último sábado, e outra foi concretizada pelo comentador Luís Marques Mendes, no domingo.
Mas, até ao momento, nenhuma das versões — ou outra qualquer — foi oficialmente confirmada pelo Ministério da Educação ou pela task force que coordena o processo.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.