Em 2015, a revista satírica Charlie Hebdo, sediada em França, foi alvo de um ataque terrorista. Foram promovidas manifestações de defesa da liberdade de imprensa nos meses seguintes. E a revista, que tem sido alvo de críticas dos mais variados quadrantes, continua, até aos dias de hoje, a sua atividade. No Facebook, começou mais recentemente a circular uma alegada versão de uma capa da publicação, onde se vê o presidente francês Emanuel Macron com a sua mulher. Alega-se no texto que Brigitte Macron é transexual. Trata-se, no entanto, de uma publicação falsa.

Publicação viral alega que Charlie Hebdo fez capa com mulher de Macron. É falso.

Olhando novamente para a capa em causa, as semelhanças com outras originais são, de facto, muitas. Os traços exagerados do desenho, o tom irónico e o título “Charlie Hebdo” podem levar os utilizadores a considerar que estamos, de facto, perante uma capa daquela revista satírica.

No canto inferior direito da imagem partilhada na publicação, é possível detetar uma referência: 13 de março de 2024, a data que corresponderia à edição número 1652 da publicação, com o preço de 3,20 euros. Problema: só o preço da revista está correto.

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Na verdade, a edição número 1652 da Charlie Hebdo foi para as bancas a 20 de março deste ano, como comprova a verdadeira capa da revista, que pode consultar em baixo (ou neste link). Ao contrário do que mostra a imagem partilhada no Facebook, aquela edição fez capa com as mais recentes eleições russas, que ditaram a reeleição de Vladimir Putin na presidência do país por mais seis anos.

A 13 de março, data visível na capa partilhada em vários posts no Facebook, e que o Observador aqui analisa, a Charlie Hebdo fazia capa com o tema da morte medicamente assistida e apresentava várias figuras públicas francesas, entre as quais Emmanuel Macron deitado numa maca (como se pode ver na imagem em baixo ou neste link) e Marine Le Pen, líder da União Nacional.

Emmanuel Macron foi, como se percebe percorrendo o arquivo de capas da revista, muitas vezes escolhido para figurar na primeira página da publicação. Mas, nessa análise, não é possível encontrar nenhum resultado semelhante à imagem que vemos na publicação que o Observador verificou. Olhando para a rede X, na página oficial daquela publicação, lê-se, aliás, um categórico desmentido referente à autoria daquela capa.

“Mais uma vez, uma página manipulada da Charlie Hebdo está a circular nas redes sociais. Permaneçam vigilantes!”, pede-se na mensagem de uma conta relacionada com a publicação satírica. E a própria conta da revista no X refere: “Alô, alô. Não somos nós. Um abraço.”

Conclusão

Não corresponde à verdade dizer que a revista satírica Charlie Hebdo tenha feito uma capa com Brigitte Macron, mulher do presidente de França, retratando-a como transexual. Essa capa foi fabricada e, depois, difundida nas redes sociais. Também foi, entretanto, desmentida pela própria publicação francesa.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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