Ao longo das últimas semanas, com cada vez mais vacinas contra a Covid-19 a serem administradas em todo o mundo, têm surgido na internet vídeos que alegam que estes fármacos servem para implantar um microchip no corpo humano, causando uma reação magnética. Os autores partilham imagens de ímanes que ficam agarrados ao braço, no local da injeção de pessoas alegadamente vacinadas contra a Covid-19. É o caso de uma utilizadora do Facebook que faz uma referência direta às “propriedades magnéticas da vacina”. Desde o seu início, a pandemia tem sido sempre acompanhada de várias teorias da conspiração. Esta é apenas mais uma.
Podemos, desde já, avançar para a principal conclusão deste Fact Check: as vacinas contra a Covid-19 não contêm objetos de metal ou microchips para implantar no corpo humano, fazendo com que as pessoas que recebem os fármacos se tornem magnéticas no local da injeção. E refutar esta teoria é fácil: basta consultar a informação disponibilizada por cada farmacêutica para verificar que as vacinas não contêm qualquer tipo de metal. Destaquemos, neste artigo, as vacinas disponíveis em Portugal: os ingredientes da vacina da Pfizer/BioNTech estão disponíveis aqui, os da AstraZeneca aqui, os da Janssen aqui e, por fim, os ingredientes da vacina da Moderna podem ser consultados aqui.
Se lermos cada uma destas fichas informativas concluímos que, entre os muitos ingredientes que as vacinas contêm, o metal não é um deles. Ao Observador, o professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, Hélder Mota Filipe, é claro: “Posso garantir que não há nenhuma vacina que pudesse ser aprovada na Europa, e eu quase me atrevo a dizer em todo o mundo, que contenha estruturas metálicas que permitam esse tipo de atividade magnética. Quaisquer produtos que tivessem uma composição desse tipo seriam liminarmente proibidos.”
O também antigo presidente do Infarmed adianta que se as vacinas contra a Covid-19 injetassem no corpo humano ingredientes metálicos, estes teriam “outros efeitos a nível fisiológico”, nomeadamente “na condução nervosa ou cardíaca”. “Por razões de segurança, nunca uma vacina, produto ou tratamento para uma infeção viral na Europa poderia aceitar na sua composição este tipo de características. Não é possível”, afirma Hélder Mota Filipe.
De facto, algumas vacinas chinesas contra a Covid-19 contêm pequenas quantidades de alumínio. Contudo, os peritos garantem que se trata de porções pequenas — que até podem ser encontradas de forma natural em comida e na água. O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos também lembra que o alumínio é utilizado em vacinas desde a década de 1930, com o objetivo de aumentar a resposta imunológica. O próprio corpo humano contém de forma natural pequenas quantidades de ferro e outros metais, que fazem parte das moléculas que compõem o ser vivo.
Mas mesmo que estes fármacos contivessem metal, nunca seriam em quantidade suficiente para causar uma reação magnética. Os profissionais de saúde do Meedan Health Desk (um grupo de peritos em saúde pública que combate desinformação online) acrescentam: “A quantidade de metal que uma vacina tinha de conter para atrair um íman teria de ser substancialmente maior do que a quantidade que uma dose do fármaco poderia conter.”
Percebemos assim que as vacinas contra a Covid-19 não implantam no corpo humano qualquer microchip nem causam uma reação magnética no local da injeção. Para o farmacêutico Hélder Mota Filipe, os vídeos divulgados na internet que mostram uma alegada reação magnética são falsos e atira: “É uma teoria da conspiração das mais patetas que já ouvi. Não tem nenhuma base real ou cientifica e só serve para criar confusão na cabeça das pessoas.”
Conclusão
Falso. As vacinas contra a Covid-19 não implantam no braço de quem é inoculado qualquer tipo de microchip nem causam uma reação magnética. Ao consultar os ingredientes que compõem as vacinas, percebemos que o metal não é sequer um deles. O antigo presidente do Infarmed Hélder Mota Filipe explica ao Observador que “por razões de segurança, nunca uma vacina poderia aceitar na sua composição este tipo de características” e afirma que tudo não passa de uma “teoria da conspiração”.
Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.