Corria o quarto dia de greve dos motoristas de matérias perigosas, a 15 de agosto, quando um utilizador do Facebook escreveu: “Greve dos motoristas. Um acidente envolvidos 2 GNR, aqui tentando esconder o sucedido…Isto já estava previsto que poderia acontecer!… Foto de Licínio Galvão Pinto Pinto”. Para compor a informação, o texto  — que foi partilhado milhares de vezes — era acompanhado de uma fotografia do acidente entre dois camiões que transportavam matérias perigosos. É tudo falso: durante a greve não houve qualquer despiste de camiões conduzidos pelas autoridades e a fotografia é referente a um acidente que envolveu dois pesados e um ligeiro a 11 de dezembro de 2017.

O único incidente durante a greve ocorreu com um camião cisterna a 16 de agosto, como noticiou o Correio da Manhã, mas o veículo estava a ser conduzido por um motorista profissional que adormeceu ao volante. Ou seja: o acidente ocorreu durante o período de greve, mas nada teve a ver com a paralisação e muito menos esteve relacionado com a substituição de motoristas por agentes da autoridade no âmbito da requisição civil.

Quanto à fotografia, é verdadeira mas refere-se a um outro acidente, ocorrido a 11 de dezembro de 2017, como noticiou o Observador e outros órgãos de comunicação social nesse dia, como a Agência Lusa. A foto em questão não é da autoria de Licínio Galvão Pinto, mas de João Relvas, fotojornalista da Agência Lusa que registou o momento no local. Na altura, a GNR do Carregado deu conta que o acidente ocorreu às sete da manhã daquele dia, em Alenquer, e que provocou dois feridos ligeiros.

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Reaberto ao trânsito acesso da A1 no Carregado, Alenquer

As associações e sindicatos da GNR e da PSP pronunciaram-se contra o facto de os agentes e militares terem de fazer este serviço durante a greve dos camionistas. Houve inclusivamente  notícias que revelaram que militares da GNR chegaram a estar em serviço 27 horas seguidas durante para substituírem os motoristas grevistas. Apesar de as associações da guarda terem alertado para o perigo que era este transporte não ocorreu nenhum incidente.

PSP e GNR contra utilização de agentes para transporte de combustível

Apesar de ser falsa, de acordo com informações disponibilizadas pelo próprio Facebook, o post foi partilhado mais de 5,9 mil vezes desde que foi publicado e mais de mil vezes nas últimas 24 horas.

Conclusão

O texto que transmitia a informação de que houve um acidente com camiões de matérias perigosas conduzidas por militares da GNR é absolutamente falso. A forma como o post está escrito sugere que houve um acidente provocado por negligência (“Isto já estava previsto que poderia acontecer!”) do Governo ao colocar guardas a conduzir camiões. E ainda que estava tudo a ser escondido (“aqui tentando esconder o sucedido…”). A fotografia que acompanha o texto é igualmente falsa.

Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

Errado

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de factchecking com o Facebook e com base na proliferação de partilhas — associadas a reportes de abusos de vários utilizadores — nos últimos dias.

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