O Senado norte-americano vai começar a analisar a lei que inclui o apoio à Ucrânia e a Israel já na próxima semana.

“Vou apresentá-la na próxima semana, espero que com apoio bipartidário, porque é a única maneira de o fazer”, disse o líder da maioria, Chuck Schumer, numa conferência de imprensa semanal, citado pelo The Guardian.

Esta lei vem no seguimento do pedido de Joe Biden ao Congresso, de forma aprovar os 106 mil milhões de dólares em fundos para a segurança nacional, incluindo a ajuda à Ucrânia e a Israel. No entanto, tal não foi solicitado, especialmente depois de a Câmara dos Representantes ter aprovado um projeto-lei que incluía apoio a Israel, mas não à Ucrânia.

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, insistiu na necessidade de um cessar-fogo humanitário em Gaza face à situação “dramática” no terreno e que conduza à libertação incondicional e imediata de todos os reféns.

Numa conferência de imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque, Guterres saudou a trégua acordada entre Israel e o grupo islamita Hamas que se encontra atualmente em vigor, considerando que “foi um passo na direção certa” e “um símbolo de esperança”, mas frisou que um cessar-fogo humanitário continua a ser necessário.

“Gostaria de dizer que a trégua foi um passo na direção certa, foi um símbolo de esperança. Mas isso não resolve os principais problemas que enfrentamos”, disse. “É por isso que temos insistido na necessidade de um cessar-fogo humanitário que conduza à libertação incondicional e imediata de todos os reféns e à possibilidade de prestar ajuda humanitária eficaz a todas as pessoas em Gaza, onde quer que vivam”, reforçou o chefe da ONU.

Numa declaração conjunta, os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 disseram que apoiam o prolongamento da pausa de tréguas e a criação futura de novas pausas.

“Devem ser envidados todos os esforços para garantir apoio humanitário aos civis, incluindo alimentos, água, combustível e material médico. Apoiamos o prolongamento desta pausa e de futuras pausas, conforme necessário, para permitir o aumento da assistência e facilitar a libertação de todos os reféns”, afirma a declaração conjunta do G7, citado pelo The Guardian.

Além disso, apesar de ter sublinhado “o direito de Israel a defender-se a si próprio e ao seu povo”, disse que se deve “proteger os civis e respeitar o direito internacional”.

O G7, que é a favor da criação de um Estado palestiniano como parte de uma solução de dois Estados, instou ainda o Hamas a libertar todos os reféns “imediata e incondicionalmente”.

Finalmente, os ministros mostraram-se contra uma nova escalada do conflito, tendo ainda incentivado os Houthis do Iémen, apoiados pelo Irão, a cessar as ameaças às rotas marítimas internacionais.

Além de ter apoiado o prolongamento das tréguas, o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, disse que um dos objetivos da visita do Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, ao país é garantir que “Israel sabe que continua a ter o apoio dos Estados Unidos, que continua a obter as ferramentas, as capacidades e os sistemas de armas de que necessita”.

Além disso, e após ter sido questionado se a Casa Branca pensa que Israel tem como objetivo destruir o Hamas, Kirby disse: “Acreditamos que eles têm o direito e a responsabilidade de eliminar esta ameaça terrorista”.

“O Hamas mostrou muito bem as suas cores a 7 de outubro e continua a ser uma ameaça viável para o povo israelita”, acrescentou.

O Hamas divulgou o vídeo do quinto grupo de reféns libertado esta terça-feira, composto por 10 pessoas, 9 mulheres e uma jovem de 17 anos, que saiu com o seu cão. Foram ainda libertados dois cidadãos tailandeses neste que foi o primeiro de dois dias de extensão do acordo de cessar-fogo.

5th batch RELEASED ????????????

The handover of fighters from the Izz ad-Din al-Qassam Brigades and al-Quds Brigades for the 5th batch of Israeli detainees in the Gaza Strip as part of the humanitarian truce and the exchange of Palestinian prisoners from the occupation's prisons pic.twitter.com/Ogx0QlQYvX

— Noor Ali Ikhwan (@NoorAliIkh18071) November 28, 2023

Através do Egipto, os EUA enviaram 24.494 quilos de material humanitário para a Faixa de Gaza. Segundo a Al Jazeera, a bordo do avião C-17 ia principalmente material médico e alimentos.

“Esperam-se mais voos nos próximos dias”, revelaram as autoridades norte-americanas.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recorreu à rede social X, antigo Twitter, para falar sobre o conflito no Médio Oriente.

“O Hamas desencadeou um ataque terrorista porque nada mais teme do que israelitas e palestinianos a viverem lado a lado em paz”, começou por escrever.

“Continuar no caminho do terror, da violência, da matança e da guerra é dar ao Hamas o que ele procura. Não podemos fazer isso”, rematou. No entanto, a mensagem foi vista como ambígua, por dar a entender ou um possível apelar a um cessar-fogo ou a uma retoma das hostilidades no final da pausa de tréguas.

Hamas unleashed a terrorist attack because they fear nothing more than Israelis and Palestinians living side by side in peace.

To continue down the path of terror, violence, killing, and war is to give Hamas what they seek.

We can’t do that.

— Joe Biden (@JoeBiden) November 28, 2023

O porta-voz da Casa Branca, John Kirby, garantiu que os EUA estão a trabalhar “todas as horas” com os seus parceiros na região para conseguirem libertar mais reféns do Hamas.

“Queremos que todos os reféns sejam libertados. Assim sendo, se a pausa for prolongada, além dos dois dias agora em vigor, apoiamos a decisão”, garantiu, citado pela Al Jazeera.

Os EUA, ainda segundo Kirby, acreditam que oito ou nove cidadãos norte-americanos continuam cativos do Hamas, após a libertação de Avigail, a menina que celebrou os quatro anos raptada. O porta-voz da Casa Branca garantiu, igualmente, que Washington não tem qualquer indicação que os terroristas não estejam a libertar os reféns norte-americanos para que estes sirvam para pressionar a posição de Joe Biden.

Após a visita do bilionário a Israel, o Hamas convidou Elon Musk a visitar Gaza, para “ver a extensão dos massacres e da destruição cometidos contra o povo, em conformidade com os padrões de objetividade e credibilidade”, disse Osama Hamdan, um alto funcionário, numa conferência de imprensa, citado pelo The Guardian.

Cerca de 40 senadores norte-americanos, de ambos os partidos, viram as imagens com 47 minutos de duração do ataque do Hamas a Israel a 7 de outubro.

A notícia é avançada pelo Haaretz, que disse que o senador Jacky Rosen e o senador Marco Rubio foram os anfitriões da exibição privada no Capitólio, tendo o primeiro apontado a importância de oferecer mais ajuda a Israel para derrotar o Hamas.

“No dia 7 de outubro, o Hamas lançou o pior ataque terrorista da história de Israel — o dia mais mortífero para os judeus desde o Holocausto. Dado o esforço de alguns indivíduos e organizações em todo o mundo para distorcer e negar o que aconteceu naquele dia, era importante que, como formuladores de políticas, testemunhássemos toda a extensão das atrocidades cometidas pelo Hamas”, disse Rosen.

“Enquanto o Congresso considera um pacote de assistência à segurança, espero que os meus colegas tenham em mente porque é que Israel precisa do nosso apoio inabalável para derrotar o Hamas e garantir a libertação dos restantes reféns”, acrescentou.

Já Rubio, disse que “é realmente importante não desanuviar esta questão ao longo do tempo, porque temos tendência a ver estes incidentes horríveis perderem o seu impacto” e que a “única coisa” que o chocou “foi o orgulho e a alegria com que estas pessoas estavam a fazer o que estavam a fazer a civis, crianças, pessoas sentadas em casa a tomar o pequeno-almoço e crianças numa festa rave”.

Pensei que os meus colegas gostariam de ver o filme, foi por isso que organizei o visionamento, para que pudessem ter uma visão clara do que aconteceu”, confessou.

Após a libertação do jovem palestiniano de 14 anos e dos outros 29 prisioneiros palestinianos, diversas pessoas estão a ser celebradas. O Al Jazeera falou com alguns deles e eles descreveram “condições horríveis” durante o tempo em que estiveram encarceradas.

“Uma delas disse-nos que foi espancada durante a sua detenção, que passou noites sem dormir em celas apinhadas, que o pessoal da prisão aparentemente batia às portas impedindo os prisioneiros de dormir”, explicou o jornal.

Além disso, outro prisioneiro disse que um dos quartos tinha duas camas e 13 prisioneiros.

“Falaram não só da privação de sono, mas também da falta de comida. Os que precisavam de tratamento médico eram privados desses cuidados”, referiu.

O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) disse que completou a libertação de 11 prisioneiros palestinianos de centros de detenção israelitas e que estes já foram transferidos para Ramallah.

A Cruz Vermelha só costuma anunciar a libertação dos prisioneiros do qual foi diretamente responsável.

In our role as neutral intermediary, we’ve just facilitated the release of 11 Palestinian detainees, and their transfer to Ramallah.

As a humanitarian organization, we did not take part in the negotiations that led to this operation.

— ICRC in Israel & OT (@ICRC_ilot) November 28, 2023

Os Estados Unidos entregaram hoje 62 mil euros em artigos, equivalente a 24.494 quilos, destinados a ajudar a população de Gaza.

A informação é avançada pelo Al Jazeera, que disse que a entrega foi feita através do Egito e que inclui materiais médicos e alimentos.

O Crescente Vermelho Palestiniano (PRCS) denunciou que as forças israelitas detiveram uma pessoa ferida do interior de uma das ambulâncias, à entrada do Hospital Governamental de Jenin.

Segundo o Al Jazeera, a detenção ocorreu após a PRCS ter dito que a ambulância que transportava o ferido, que foi baleado na perna, foi impedida de chegar ao hospital por causa dos soldados israelitas que invadiram Jenin.

Urgent Update: ????IOF arrested the injured person from inside a PRCS ambulance ????at the entrance of Jenin Governmental Hospital.

???? اعتقال المصاب من داخل سيارة اسعاف الهلال الأحمر على مدخل مستشفى جنين الحكومي.#جنين#لست_هدفا#Jenin#IHL#NotATarget pic.twitter.com/3AhTatLkEY

— PRCS (@PalestineRCS) November 28, 2023

O embaixador francês na ONU, Nicolas de Riviere, apelou ao cessar-fogo em Gaza, dizendo que a “proteção dos civis e a ajuda humanitária devem ser prioritárias”.

“Precisamos de mais. Precisamos da libertação de todos os reféns, precisamos de avançar para uma trégua humanitária permanente e precisamos de avançar para um cessar-fogo”, confessou ao Al Jazeera.

O embaixador chegou a ser questionado sobre se o Conselho de Segurança das Nações Unidas está a preparar uma resolução de apelo ao cessar-fogo permanente, tendo dito: “Espero que, a dada altura, consigamos fazê-lo”.

O diretor da agência de informação israelita Mossad, David Barnea, e o diretor da CIA, William Burns, deslocaram-se ao Qatar para falar sobre um possível segundo prolongamento das tréguas em Gaza.

Segundo o The Guardian, que cita o Axios, os dirigentes discutiram se o “potencial novo acordo” pode “permitir a libertação de homens e soldados que são mantidos como reféns pelo Hamas”.

Os chefes dos serviços secretos e o primeiro-ministro do Qatar estão a averiguar estender a pausa por mais três dias, significando uma troca de libertação de mais de reféns por dia. Desta forma, podia elevar o número total de reféns israelitas libertados para cem.

No entanto, segundo um funcionário israelita, David Barnea garantiu que “não concorda com qualquer discussão sobre um novo acordo de reféns antes que o atual fosse totalmente implementado”.

“Pode ser possível chegar a acordos separados em torno de outros grupos de reféns, mas Israel deixou claro que isso só pode acontecer depois que o acordo atual for totalmente implementado e todas as mulheres e crianças forem libertadas”, reforçou.

O Pentágono anunciou hoje que os ataques quase diários contra as forças norte-americanas no Iraque e na Síria terminaram desde o início da pausa de tréguas entre Israel e o Hamas.

“Não houve ataques contra as forças norte-americanas no Iraque e na Síria desde 23 de novembro, desde o início da pausa operacional”, disse aos jornalistas o porta-voz do Pentágono, o general de brigada Pat Ryder, citado pelo Times of Israel.

As forças norte-americanas foram alvo de drones e bombardeamentos em ambos os países mais de 70 vezes, desde meados de outubro. Os EUA culpam o Irão por este aumento de violência.

Segundo a organização não-governamental Palestinian Prisoner’s Club, já foram detidos mais de 3.290 palestinianos desde 7 de outubrom incluindo 125 mulheres e 145 crianças.

De acordo com a informação citada pelo The Guardian, pelo menos seis dos detidos morreram nas prisões israelitas desde o ataque.