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Estamos a poucos dias de comemorar os primeiros três meses do Arterial, a secção do Observador totalmente dedicada às doenças cérebro-cardiovasculares (DCCV). Nestes 120 dias, foram muitos os conteúdos que levámos até si: reportagens, artigos de opinião, vídeos, explicadores, podcasts. Através das histórias de sobreviventes e de testemunhos na primeira pessoa temos relatado o que correu bem, o que correu menos bem, o que há a melhorar na vida dos sobreviventes. Até à data publicámos mais de trinta conteúdos no site do Observador e dezenas de partilhas nas redes sociais, como o Facebook, o Instagram e o Linkedin. |
Há muito que se fala entre os gestores hospitalares, médicos, doentes e famílias acerca da necessidade de um debate alargado sobre estratégia nacional para a prevenção, gestão e tratamento das DCCV, que representam 2% do PIB total da União Europeia. Mas é preciso alargar a conversa aos decisores políticos. Como alerta a ex-ministra da Saúde Maria de Belém Roseira, recorrendo a um estudo apresentado no ano passado no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, o custo económico estimado na União Europeia daquela que é a principal causa de morte em Portugal, foi de 282 mil milhões de euros. “Anualmente a doença cardiovascular causa 3,9 milhões de mortes na Europa e mais de 1,8 milhões na UE, representando 45% do total de mortes na Europa e 37% na UE”, destaca, no artigo que escreveu para o Arterial. |
Outro ex-ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, defende que é preciso promover trabalho de equipa e a vontade política para combater a principal causa de morte no país. Neste artigo de opinião, o médico destaca as diversas formas de prevenção das DCCV e sublinha o papel de todos – Administração Central do Sistema de Saúde, Infarmed, INEM, Direção Geral da Saúde, Ministério da Saúde, entre outros – para intervenções de saúde que pressupõem ações com a devida “coordenação, cooperação, interação e complementaridade”. |
As estatísticas são conhecidas e as DCCV, não só são as que matam mais, como também as que “incapacitam prematuramente [antes dos 65 anos], ainda que sejam preveníveis”. Além da ação do Estado e da aposta naquela que deve ser uma prioridade “como uma decisão inteligente” para o país e a sociedade, como defende Maria de Belém Roseira, cada cidadão poderá fazer a sua parte: a de controlar os fatores de risco. |
Nós, do nosso lado, vamos continuar a alertar para os projetos que correm bem, para as histórias a que importa dar destaque e para a necessidade desse debate alargado sobre uma estratégia para as doenças cérebro-cardiovasculares. E, claro, para as boas práticas que é importante desenvolver. |
Sabia, por exemplo, que é possível avaliar o risco cardiovascular a partir dos 40 anos e, assim, evitar doenças, como o AVC e o enfarte? Explicamos-lhe como na Consulta Informal em formato vídeo e em podcast, numa conversa com o médico cardiologista António Miguel Ferreira e o doente de risco moderado, João Paulo Pires. |
No último mês, parte da equipa do Arterial rumou a Coimbra para conhecer o projeto Harmonics, que permite monitorizar sobreviventes de AVC, à distância, no regresso a casa. Um projeto pioneiro da ULS Coimbra que, segundo o coordenador, o neurologista João Sargento Freitas, veio “preencher uma lacuna que existe no seguimento dos doentes, sobretudo após a alta hospitalar”. É que é nesta fase que os doentes se sentem mais “perdidos” e com maior falta de acompanhamento. A reportagem é assinada pela jornalista Carla Mateus e as fotos são do Tomás Silva e do Sérgio Azenha. |
Foi – e ainda é – precisamente esse o sentimento de Cristina Saraiva, ex-jornalista, na recuperação de um AVC que enfrentou há dez anos. Vive em Castelo Branco e sente diariamente a dificuldade de acesso a alguns serviços, fruto das desigualdades existentes ao nível de cuidados de saúde no interior do país. É sobre isso a que se refere na crónica da sua autoria e também do inconformismo perante a decisão de a reformarem por invalidez demasiado cedo. |
Experiência diferente teve Valter Vaz, que conta com uma rede de apoio próxima, que inclui a família e os amigos, mas também o patrão que suporta todas as terapias desde o primeiro momento e que conta com o comercial para voltar à empresa, estando disponível para adaptar as suas funções. |
Uma das preocupações do Arterial é dar voz a profissionais de várias áreas, uma vez que as equipas multidisciplinares são essenciais para o tratamento mais adequado destes doentes. A título de exemplo, ser enfermeiro num Serviço de Cardiologia de um hospital é difícil de expressar em palavras. Tal como o esforço que é necessário diariamente quando se está rodeado de morte e de doença. Mas também de nobre arte de cuidar. E é nessa dualidade de emoções que os enfermeiros aprendem a “almoçar em dez minutos”, a ter “a vida social por um fio” e a recusar convites repetidamente, como afirma Leonor Soares, enfermeira do Hospital de Santa Cruz. |
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