Muitos falaram durante a semana passada do significado do 25 de Novembro. E muitos acusaram a direita de se apropriar da data, como se a esquerda nunca se tivesse feito a dona de datas históricas, desde logo a começar pelo 25 de Abril.

Na verdade, não admira que a direita celebre o 25 de Novembro, o que surpreende é que sectores do PS se sintam incomodados em comemorar o 25 de Novembro. O político mais importante na luta contra a ameaça totalitária comunista que culminou nos acontecimentos do 25 de Novembro foi Mário Soares. O PS devia olhar para o 25 de Novembro com orgulho e como uma data importante na sua história e na sua luta contra o comunismo. Claro que, entretanto, o PS mudou e aproximou-se do PCP.

Mas para a direita, o 25 de Novembro está longe de ser tudo. É muito importante porque derrotou a ameaça totalitária comunista e porque permitiu que o 25 de Abril tivesse sido uma revolução da democracia pluralista e liberal. Mas o 25 de Novembro, para a direita, foi apenas o início de um processo que culminou com a vitória eleitoral da AD de Sá Carneiro em 1979.

Até ao 25 de Novembro, o PS Soarista e muitos no centro-esquerda definiam a luta central da política portuguesa entre o programa totalitário dos comunistas e o projecto de uma democracia pluralista e ocidental do PS. Mas o PS considerava-se o líder natural do campo da democracia pluralista, e que todos os outros partidos, nomeadamente o PPD e o CDS, estavam subordinados aos socialistas.

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O PS não aceitou facilmente que a democracia pluralista evoluísse, como seria natural, para o confronto democrático entre a esquerda e a direita. Recordemos os ataques, incluindo pessoais, do PS e de Mário Soares a Sá Carneiro e à AD.

Foi Sá Carneiro e a primeira AD que impuseram ao PS a normalidade democrática da direita em Portugal. Quando Sá Carneiro formou a AD com o CDS e com o PPM, o seu objectivo era claro: mostrar que não havia democracia pluralista sem uma direita democrática. Foi no dia 2 de Dezembro de 1979 que a direita em Portugal atingiu finalmente a sua maioridade política. A vitória eleitoral foi extraordinária. A AD conquistou mais de 2 milhões e 700 mil votos, cerca de mais de um milhão de votos do que o PS. Uma maioria de portugueses de Norte a Sul foi votar e disse de um modo bem claro que, na democracia portuguesa, a direita tinha o direito a governar.

A esquerda pode estar descansada que não estou a sugerir mais um feriado nem celebrações parlamentares, mas para quem é de direita a maioria eleitoral da AD em 1979 foi um momento histórico, fundador mesmo. Ontem, 4 de Dezembro, foi o aniversário da morte do primeiro líder da direita democrática em Portugal, Sá Carneiro. Este artigo é uma homenagem à sua memória, e um enorme agradecimento ao que ele fez pela direita em Portugal.