Pedro Nuno Santos ficou conhecido na política portuguesa quando atacou, durante o período da troika, os banqueiros alemães. Para por as pernas desses banqueiros a tremer, ameaçaria não pagar as dívidas nacionais, se fosse ele o líder do governo português bem entendido. Não era na altura, ainda não é, mas quer ser. Aliás, não pensa noutra coisa.
PNS apareceu com um discurso populista, anti-capitalista e nacionalista, aliás cada vez mais popular entre muitas esquerdas radicais na Europa. O nacionalismo e o anti-capitalismo juntam-se na oposição à globalização, às multinacionais e aos grandes bancos internacionais.
Desde aí, prepara com afinco e profissionalismo a sua ascenção a líder do PS. Aparentemente, é muito popular entre as bases do partido. Espalha os seus soldados partidários por gabinetes de ministros e de secretários de Estado. Fora do partido, tem boas relações com o Bloco, o qual poderá ser um parceiro de governo se um dia PNS chegar a São Bento. Por vezes, o seu entusiasmo vai longe de mais, como quando obrigou António Costa a declarar que ainda não pensava na reforma. Conhecendo-se o PM, poderá ter sido um erro fatal para PNS. O próprio, obviamente, rejeita a fatalidade e resolveu enfrentar Costa no seu caminho para a liderança socialista.
Quando chegou a pandemia do Covid, em Março de 2020, PNS decidiu usar a TAP para levá-lo aos altos voos com que sonha. Como todas as companhias aéreas, sem passageiros (fechados em casa), a TAP entrou depressa em crise. O que fez então PNS? Recorreu aos seus instintos nacionalistas, anti-capitalistas e populistas. Começou por atacar o acionista estrangeiro da TAP, e não descansou até o colocar fora da companhia e fora do país. Simultaneamente, nacionalizou a TAP. O jovem turco socialista não gosta de empresas privadas. E fez tudo isto dizendo que estava a defender os contribuintes portugueses.
O que deveria ter feito PNS? Em vez de ter usado a TAP como instrumento da sua estratégia política, deveria ter defendido os interesses comerciais da companhia. Deveria ter deixado os seus preconceitos ideológicos de lado, e ajudado a gestão e os acionistas da TAP a ultrapassar a crise. Foi isso que fez o governo espanhol, capaz de arrumar a ideologia na gaveta para ajudar a companhia nacional. Não nacionalizou a Iberia e em termos relativos o governo espanhol vai gastar menos dinheiro do que o português. Os governos alemão, britânico, francês e holandês também ajudaram as companhias nacionais (as grandes europeias), sem as nacionalizaram (tornaram-se acionistas ou reforçaram a sua posição acionista durante um período de transição). A principal preocupação desses governos foi a ajuda a empresas nacionais, não foi destrui-las para depois as nacionalizar.
PNS defendeu os contribuintes portugueses? Esta é a questão central. Ao contrário do que diz o ministro, a sua estratégia vai sair muito cara aos portugueses. Provavelmente, vai custar mais do dobro do que custaria se PNS tivesse feito o que fizeram os outros governos europeus. Se o governo tivesse ajudado a TAP logo em Março do ano passado, não teria gasto mais de mil milhões de euros. E nessa altura, a TAP também teria conseguido financiar-se nos mercados, reduzindo assim a ajuda estatal.
Mas com os seus ataques bombásticos e incendiários à gestão e aos acionistas da TAP, PNS prejudicou a posição da companhia nos mercados, em vez de a defender como era a sua obrigação. A estratégia de PNS foi a desvalorização da TAP para a poder nacionalizar. Ou seja, comportou-se como os chamados “fundos abutre”: provocou a perda de valor para investir mais tarde. Mas há uma diferença fundamental. Os fundos abutres gastam o seu dinheiro. PNS gasta o dinheiro dos contribuintes portugueses.
Para os socialistas, como PNS, o uso do dinheiro público para prosseguir objectivos políticos é um direito natural. PNS acredita que a expulsão de um capitalista americano e a nacionalização da TAP vão ajudá-lo a chegar à liderança do PS. Os portugueses vão pagar pelas ambições políticas de PNS cerca de 4 MIL MILHÕES DE EUROS. Se nunca chegar a líder do PS, será o fracasso mais caro da política portuguesa. Se um dia for PM, pelo que já se viu, os portugueses pagarão um preço colossal.