Já mal é notícia. Ontem de madrugada, com a ajuda de quadrilhas amigas e indistinguíveis, a quadrilha da Climáximo vandalizou a fachada da câmara municipal de Lisboa, onde pintou repetidamente a palavra “genocida”, além de pendurar um farrapo com a inscrição “Palestina livre”. Sabemos que se trata da quadrilha da Climáximo porque os protagonistas destes números circenses são sempre os mesmos e porque a própria organização criminosa divulgou e assumiu o acto nas “redes sociais”. Aí, os criminosos explicam que não podem “consentir com instituições que celebram um regime de apartheid, apoiando este genocídio”.

Isto levanta diversas questões. Uma: a que título é que a Climáximo, que alegadamente se dedica ao clima, se consome com um conflito político e bélico em que o clima não é tido nem achado? Duas: porque é que a Climáximo se preocupa selectivamente com o Médio Oriente e não, por exemplo, com o drama dos uigures na China, o massacre de não-árabes no Sudão e a desgraça dos venezuelanos na Venezuela? Três: o que leva a Climáximo a acusar de “apartheid” um dos raros países da região que não o pratica? Quatro: com que lata é que a Climáximo descreve o genocídio de uma população que cresce exponencial e consistentemente? Cinco: o que motiva as acusações específicas da Climáximo à autarquia da capital e não, sei lá, à junta de freguesia de Cebolais de Cima, em Castelo Branco? Seis: a que pretexto a Climáximo se esquece de protestar a pobreza que aqui alastra, o aumento de infelizes a dormir na soleira dos prédios, as filas de velhos ao relento nos centros de saúde de um SNS em ruínas?

Tantas perguntas, e a resposta é só uma, é óbvia e prende-se com as razões da impunidade da Climáximo, que possui dirigentes identificados e se encontra claramente vinculada a um partido, de cujo projecto político são, digamos, o braço armado – em parvo, acrescentaria se os atentados cometidos não roçassem o puro terrorismo. É verdade que alguns dos moços e moças que estragam propriedade alheia ou perturbam a circulação automóvel já foram condenados a multas irrisórias, e que três irão talvez a julgamento. Mas estas criaturinhas transtornadas são os fundilhos de uma hierarquia, pequenos fanáticos ao serviço de quem manda. Quem manda nas criaturinhas permanece protegido de maçadas, e não devo ser o único a achar que isso é uma vergonha.

Convém lembrar que Charles Manson não esteve presente nos homicídios baptizados com o seu nome. E, numa escala menor de ilicitudes, suponho que a justiça não toleraria que eu convencesse meia dúzia de “activistas” de boa cepa a remodelar à marretada uma sede do Bloco de Esquerda. Porém, à dra. Mortágua e ao sr. João Camargo, chefe da Climáximo e genro do dr. Louçã (dois delitos de gravidade comparável), não acontece nada. E não se prevê que venha a acontecer. O que é previsível, e o que a Climáximo e o BE desejam que aconteça, é uma tragédia.

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Numa manhã da semana passada, a quadrilha da Climáximo sentou-se numa estrada lisboeta para impedir a circulação do trânsito. Os vídeos e as fotografias correram por aí. A parte cómica é a imagem em que três “activistas” seguram uma faixa onde se lê: “A crise climática é um genocídio”. Para eles, tudo, do “aquecimento global” a Gaza, passando pelos maus resultados do Barreirense, é “genocídio”. Seria fácil explicar as insuficiências lexicais dos moços e moças pela escassa assiduidade escolar (uma das “extensões” da Climáximo intitula-se rigorosamente Greve Climática Estudantil, o que sugere que transformaram a gazeta numa actividade a tempo inteiro).

Sucede que a hipérbole tonta e a mentira escancarada são ingredientes indispensáveis aos movimentos totalitários, que se alimentam da radicalização do, digamos, “pensamento”. Os “argumentos” destas seitas têm de ser assim básicos, infantis, primários, quase animalescos. As seitas regurgitam slogans da exacta maneira com que os orangotangos gritam para avisar os semelhantes que vai chover. A diferença é que em geral os orangotangos acertam. As seitas do calibre da Climáximo falham com impecável consistência, aliás na medida em que nunca pretenderam estar certas. A retórica é tão primitiva que parece estatística e biologicamente impossível existirem pessoas a acreditar nela.

O facto, insisto, é que essas pessoas existem. E trazem para a rua os ensinamentos de “guerrilha” aprendidos em “workshops” leccionados por oportunistas desprovidos de escrúpulos. Quando atacam edifícios ou políticos, a reacção é débil ou nula. Quando, porém, afectam a rotina de membros menos ociosos da sociedade, a história complica-se. As filmagens do bloqueio do Túnel do Marquês mostraram igualmente os “activistas” a serem arrastados como os pesos mortos que na realidade são. Enquanto arrastava um dos trambolhos, um condutor informou-os com pedagógica lucidez: “Vão-se fod…, que há quem trabalhe”. A paciência não é elástica. Um dia, alguém a perderá de vez e a “causa”, que não é a “climática” nem a “palestiniana” e sim a ambição dos seus mentores, arranjará um mártir.

É por esse dia que a Climáximo espera, a fim de melhor “legitimar” a própria violência. Um mártir, leia-se um garoto com perturbações evidentes morto ou ferido às mãos de um cidadão exausto, garantiria dois meses de banzé noticioso e anos de cadeia ao cidadão. E uma vida de sucessos públicos para os responsáveis pela Climáximo, que celebrariam à solta a sua culpa sem castigo. Depois não se queixem. Eu posso queixar-me: para usar um termo horrendo, jamais “normalizei” essa gente.