Como candidato do CDS, por Lisboa, participei num debate organizado pela Casa do Brasil, sob o tema: Imigração/Refugiados.
Estavam presentes, além do CDS, os representantes do PAN, PSD, Livre, Bloco, CDU e PS. Como parece convir nestas situações, retirando o CDS e o PSD, os representantes dos demais partidos eram mulheres negras (PS, Livre e Bloco), um imigrante (CDU) e um ex-emigrante (PAN).
Presentes, com direito a inquirir os candidatos, estiveram presentes uma miríade de organizações, que têm por fim o apoio aos imigrantes (e apenas uma de apoio a refugiados).
Concluída a 1ª ronda de questões (mais queixas aliás), constata-se – o que me pareceu normal – que o maior problema é o mau funcionamento das instituições, nomeadamente o SEF (por falta de meios). Note-se que, no orçamento, o dinheiro está lá. Só que depois é cativado…
Em resposta, disse que o problema do mau serviço é transversal na sociedade portuguesa, seja–se imigrante, ou não. Ressalvando, contudo, que para quem é imigrante – mais vulnerável – a angústia do mau serviço é maior.
Por incrível que possa parecer, começaram aqui os ataques ao CDS, e à minha pessoa.
Porquê? Porque não referi a “verdadeira razão”, subjacente aos problemas: a raça.
A candidata do Livre começou por se apresentar como: gaga, negra e mulher. Pela razão de ser gaga exigiu mais tempo para as suas exposições. Ninguém objectou, mas não se enganem, a candidata usa a gaguez como cartão de visita, como trunfo. Tal, na minha opinião, é criticável e serve para esconder uma postura intelectual altamente demagógica, sectária e eivada de ódio racial. Começou por afirmar que não se podem comparar as falhas nos serviços, porque existe um tratamento diferente para quem é de cor. Continuou dizendo peremptoriamente que os portugueses são racistas (porque ainda não nos libertámos do colonialismo) e que as leis portuguesas são racistas.
De seguida interveio o candidato do PAN que, sublinhando as afirmações da candidata do Livre, foi mais longe, afirmando que as nossas leis são criminosas. Desafio o leitor a se dar ao trabalho de ir ler a lei sobre a nacionalidade: é equilibrada, humanista e acertada. Se é, ou não, implementada é outro assunto, que não se resolve com novas leis.
O candidato do PAN, contou ainda uma história rocambolesca, a de que, nas escolas em Odivelas, constroem-se turmas de acordo com a cor da pele. Ainda balbuciei: porque não apresentam queixa? Mas não interessa, o que interessa é criar confusão, semear ódio.
Após o PAN, veio o Bloco e, cavalgando o momento, atira que este país não se recomenda para quem não é branco. Para os candidatos destes três partidos, o problema da imigração gira à volta da cor da pele. Ainda tentei dizer que existem imigrantes loiros de olhos azuis e portugueses negros, mas ninguém queria ouvir.
A candidata do PS, mulher negra, teve a honestidade de dizer que a nossa lei tem evoluído favoravelmente, e no bom sentido, desmarcando-se da luta racial instada pelos demagogos do Livre, PAN e Bloco.
Assim se chegou à minha vez de falar. Comecei por afirmar que não aceitava que se chamasse às leis do meu país – aprovadas por um Parlamento eleito democraticamente – racistas e criminosas. Se queriam que eu dissesse mal do meu país, não contassem comigo. Independentemente dos governos, eu tenho orgulho em Portugal. Aliás, calculo que os imigrantes também tenham amor e orgulho pelos seus países de origem. Tal é normal e salutar.
Continuei dizendo que me tinha dado ao trabalho de fazer um pequeno estudo de Direito comparado, onde é fácil de constatar que os emigrantes portugueses também não têm todos os direitos dos cidadãos dos países que os acolheram, nomeadamente os da CPLP.
Note-se que o Livre pretende que a idade para votar seja aos 16 e que não existam limites de idade para se concorrer a Presidente da República. Propõem igualmente que os imigrantes possam votar em todas as eleições, que os emigrantes possam votar nos referendos nacionais e que os filhos dos imigrantes nascidos em Portugal tenham automaticamente a nossa nacionalidade. Cabe aqui lembrar que a nossa lei permite que tal aconteça se um dos progenitores (podem ser os dois estrangeiros) trabalhar legalmente no nosso país há pelo menos 5 anos (o que me parece avisado).
Para concluir em “beleza” a minha intervenção, discordei de uma afirmação dita por um assistente que o problema demográfico em Portugal só se soluciona com mais imigração. Disse que a imigração deve fazer parte da solução, mas não ser a solução. Começaram os assobios e apartes… De seguida, referi que Portugal deverá promover a imigração de acordo com as suas necessidades, ou seja, se temos falta pintores, venham pintores, se temos falta de médicos, venham médicos. O ruído de fundo aumentou bastante.
Por fim, afirmei que Portugal deve facilitar a vinda não só dos imigrantes dos países da CPLP, como daqueles que aceitem viver com os nossos valores civilizacionais. A casa veio abaixo. Que eu só queria brancos, gritava a candidata do Bloco. Como? O que eu quero são pessoas que aceitem o Estado de Direito, a Democracia, os direitos das minorias (LGBT p.ex.), a igualdade entre homens e mulheres. Já ninguém ouvia.
Quando disse que temos que defender o nosso interesse nacional, ouvi: “Isso é racismo”.
PS: De refugiados nem se falou.